Fanfic: ≈ღ≈→••Núpcias De Uma Noite••←≈ღ≈

Tarde daquela noite, Chris fechou a lava-louça e olhou para Dulce deitada no sofá. Não dava para ver se ela estava dormindo ou acordada. Estava preo­cupado. Seu plano estava funcionando, mas ele re­ceava ter exagerado. Queria mostrar a Dulce que trabalhar era cansativo, mas não lhe ocorrera esgo­tá-la. Durante o jantar, ele chegou a pensar que Dulce pegaria no sono enquanto mastigava. O pouco que mastigara. Porque Dulce quase não tocou na comida.

— Posso lhe servir mais alguma coisa?

— Não, obrigada.

A voz de Dulce era doce. Ele se viu de mãos ata­das. Estava acostumado a lidar com centenas de mi­lhões de dólares e com seus empregados, não com uma gestante, a mãe de seu filho. E ele se sentia responsável por ela e por seu cansaço.

— Uma sobremesa, talvez? Dulce abriu os olhos.

— Não, obrigada. O jantar estava ótimo. Havia marcas escuras ao redor deles. Talvez de­vesse levá-la no colo até o quarto.

— Você quase não comeu.

— Comi o suficiente.

Chris se sentou na ponta do sofá.

— Cansada?

Ela mal moveu a cabeça.

— Pareço ter voltado ao primeiro trimestre. O can­saço e as náuseas eram permanentes.

Chris colocou os pés de Dulce sobre suas pernas para fazer espaço.

— Enjôos matinais?

— Matinais, vespertinos e noturnos, vinte e qua­tro horas por dia, sete dias por semana.

Dulce moveu os dedos dos pés e ele tomou o gesto como um sinal para massageá-los. A última vez que havia tocado em Dulce, ela havia movido as costas contra seu peito para que ele massageasse seus ombros.

— Pensei que iria morrer. Acho que cuidar de um bebê deve ser bem mais fácil.

Chris não tinha conhecimento a respeito para po­der responder. Os livros sugeriam um desafio. Por outro lado, as pessoas tinham filhos todos os dias. Não podia ser tão difícil.

— Espero que não tenha se importado de preparar o jantar quando queria ir a um restaurante, prova­velmente.

— Não me importei.

— Isso é bom porque comida preparada em casa é mais saudável. Você não concorda?

Ele sempre comia fora ou comprava comida pron­ta. Era mais prático. Mas se Dulce quisesse, ele daria um jeito de cozinhar. Ou de contratar alguém com experiência.

— Concordo.

—  Você se ajeita bem na cozinha. Com quem aprendeu?

— Com minha mãe. — O elogio de Dulce o agra­dou mais do que desejaria admitir. Começou a lhe massagear os pés. — Eu fazia a lição de casa na cozinha enquanto ela preparava o jantar. Eu insistia em ajudá-la só para poder largar os cadernos. Foi assim que aprendi a separar a clara da gema, a abrir latas, a cortar legumes. Depois, comecei a sentir pra­zer no que fazia e ela em me ensinar. Era bom co­zinharmos juntos.

— Comigo foi diferente. Meus pais nunca se preo­cuparam com meus deveres de casa. Quanto a cozi­nhar, nós tínhamos uma cozinheira. Ela não permi­tia minha entrada na cozinha.

A declaração de Dulce o fez pensar em frieza, não em privilégio.

— E pena. Você não sabe cozinhar nada?

— Apenas o suficiente para não morrer de fome. Minha mãe só sabia fazer café. E como eu só supor­tava comer carne moída no início da gravidez, apren­di a preparar tacos e macarronada.

Chris estranhou a carne moída. Apesar dos livros que lera, a gravidez continuava a ser um mistério para ele.

— Como se sentiu quando soube que estava grá­vida? —perguntou.

— Assustada no início, mas passado o choque, a emoção tomou conta de mim. Fiquei feliz. Esperar um bebê é quase como viver um milagre.

O entusiasmo de Dulce o fez sorrir.

— O que seus pais disseram?

— Meu pai já não estava conosco. Minha mãe disse que eu era nova demais para ter um bebê. Que es­tragaria meu corpo. Como se essa fosse minha maior preocupação! Mas ela tentou me apoiar do jeito que pôde e que sabe. Afinal, ser avó não era um de seus grandes sonhos.

Sozinha no mundo. Chris não podia acreditar que estivesse acontecendo, mas ele estava sentindo pena de Dulce.

Por um momento, nenhum dos dois falou. Mas isso não causou nenhum desconforto. Ao contrário.

Ele terminou de massagear os pés e passou para os tornozelos. Dulce respirou fundo.

— Está bom?

— Se eu fosse uma gata, estaria ronronando.

— Sabia que a massagem em determinado ponto do pé pode induzir o parto?

—  Leu isso em um de seus livros?

—  Sim. O autor dizia que...

— Por favor, não diga nada — Dulce sussurrou. — O que está fazendo é delicioso.

Chris continuou com a massagem. Dulce estava quase dormindo. Era bom tocá-la e poder recompensá-la pela longa jornada no escritório.

Dulce sorriu.

— Eu tinha me esquecido desse seu talento. Chris não respondeu. Não podia. Ele não tinha esquecido o modo como ela o beijara por todo corpo. Uma outra época. Uma outra situação. Mas o que Dulce o fizera sentir em Reno jamais seria esque­cido. Sua excitação, sua inocência e sua curiosidade o fascinaram.

— Estava pensando... — Dulce murmurou e dei­xou-o com a respiração suspensa.

— O quê?

Ela abriu os olhos e fitou-o.

— É verdade que cobram antecipado o primeiro e o último mês de aluguel?

Chris pestanejou.