Fanfics Brasil - 17h40 Se eu ficar - Finalizada {Adaptação Ponny}

Fanfic: Se eu ficar - Finalizada {Adaptação Ponny} | Tema: Rebelde, Ponny.


Capítulo: 17h40

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Estou um pouco aturdida agora. Vovô e vovó saíram há pouco tempo, mas eu fiquei para trás, aqui, na UTI. Estou sentada em uma das cadeiras, lembrando da conversa entre eles, que foi tranquila até saírem da UTI. Já do lado de fora, e eu os segui, logo atrás vovô virou-se para a vovó e perguntou:


— Você acredita que a decisão depende dela?


— Que decisão?


Vovô pareceu meio incomodado e diminuiu o passo.


— Ah, você sabe... Decidir... — sussurrou.


— Do que você está falando? — A voz da vovó soou ao mesmo tempo exasperada e terna.


— Sei lá do que estou falando. Quem acredita em anjos aqui é você.


— Mas o que isso tem a ver com a Anne? — indaga vovó.


— Se eles se foram, mas continuam aqui, como você acredita, podem querer que ela se una a eles. E então? E se ela quiser se unir a eles?


— Não funciona assim — retrucou vovó.


— Ah. — Foi tudo o que o vovô respondeu.


E as perguntas se acabaram.


Depois que saíram, fiquei pensando que talvez, algum dia, eu contaria à vovó que eu nunca acreditei muito na teoria dela de que pássaros e coisas do gênero poderiam se tornar anjos da guarda das pessoas. E agora, mais do que nunca, tenho certeza de que esse tipo de coisa não é possível.


Meus pais não estão aqui. Não estão segurando a minha mão, nem tentando me animar. Eu os conheço o suficiente para saber que, se pudessem, eles o fariam. Talvez não os dois.


Provavelmente mamãe teria de ficar com Teddy enquanto o papai ficaria comigo. Mas nenhum dos dois está aqui.


E é enquanto reflito sobre isso que penso sobre o que a enfermeira disse. É ela quem comanda o show. E, de repente, entendo a pergunta que vovô fez à vovó. Ele também tinha ouvido o que a enfermeira disse. E compreendeu a mensagem antes de mim.


Se eu ficar. Se eu viver. A escolha é minha.


Todo esse lance de coma induzido é papo de médico. Não cabe aos médicos. Não depende dos anjos que não podemos ver. Também não depende de Deus que, se existir, está em algum outro lugar por aí neste momento. Só depende de mim.


Mas como é que eu vou decidir isso? Como é que posso ficar sem mamãe e papai aqui comigo? Como é que posso partir sem Teddy? Ou sem Alfonso? Isso é demais para mim. Não sei nem mesmo como é que isso funciona, como estou aqui neste estado em que me encontro e nem como sair dele se for este o meu desejo. Se eu pudesse falar, diria que quero acordar , e, nesse caso, será que eu acordaria agora mesmo, neste exato momento? Já tentei levantar e sair à procura de Teddy e já tentei me transportar para o Havaí, mas não funcionou. Tudo isso parece demasiadamente complicado.


Mas apesar de tudo, acredito que é verdade. Ouço as palavras da enfermeira de novo. Sou eu quem está no comando. Todos estão esperando por mim.


Sou eu quem deve decidir. Agora sei.


E isso me aterroriza mais do que qualquer outra coisa que aconteceu hoje.


E onde será que Alfonso está?


Uma semana antes do Halloween, no meu último ano do Ensino Médio, Alfonso apareceu na porta da minha casa, triunfante. Ele segurava uma capa plástica, dessas que a gente usa para proteger o vestido, e estava com um sorriso de orelha a orelha.


— Prepare-se para morrer de inveja. Acabo de conseguir a melhor fantasia do mundo — disse.


Alfonso abriu o zíper da capa. Dentro, havia uma camisa branca cheia de babados, uma calça curta e um casaco longo de lã com dragonas.


— Você vai se vestir de Seinfeld com uma camisa bufante? — perguntei.


— Pfff! Seinfeld. E você se considera uma musicista clássica. Eu vou me vestir de Mozart.


Espere, você nem viu os sapatos ainda!


Alfonso pegou um saco plástico e retirou dele um par de sapatos pretos desajeitados, com fivelas de metal na parte de cima.


— Legal. Acho que minha mãe tem um par igualzinho — falei.


— Você está com inveja porque a sua fantasia não é tão legal quanto a minha. E eu vou usar meia-calça também. Tenho plena consciência da minha masculinidade. E também vou usar uma peruca.


— Onde foi que você conseguiu tudo isso? — perguntei, pegando a peruca que parecia feita de estopa.


— Num site. Paguei só cem dólares.


— Você gastou cem dólares numa fantasia de Halloween?


E ao ouvir a palavra Halloween, Teddy desceu as escadas em disparada, me ignorando totalmente e puxando a corrente que estava presa à carteira de Alfonso.


— Espere aqui! — exigiu ele, subiu as escadas correndo e voltou alguns segundos depois segurando uma sacola. — Gostou desta fantasia? Ou vou ficar com cara de bebezinho? — perguntou Teddy, tirando um tridente, um par de chifres demoníacos, um rabo vermelho e um macacão vermelho.


— Óóóh! — exclamou Alfonso dando um passo para trás e arregalando os olhos. — Estou tremendo de medo só de olhar essa fantasia e olha que você nem chegou a vesti-la!


— Sério? Você não acha que o macacão me deixa com cara de bobão? Não quero que fiquem tirando sarro de mim — declarou Teddy com as sobrancelhas franzidas, deixando clara a seriedade do assunto.


Sorri para Alfonso que se esforçava para sufocar uma gargalhada.


— Macacão vermelho, chifre de diabo e rabo pontiagudo é tão satânico que ninguém vai se atrever a rir de você, a menos que não estejam nem aí para a maldição eterna — assegurou Alfonso.


Teddy abriu um largo sorriso, mostrando uma janela entre os dentes da frente.


— Foi mais ou menos isso que a mamãe disse, mas eu queria ter certeza de que ela não estava me falando só pra eu não reclamar da fantasia. Vocês vão me levar para brincar de “gostosuras ou travessuras”, não é? — Agora, ele olha para mim.


— Como fazemos todos os anos — respondi. — Como é que eu vou conseguir uns doces se não for assim?


— Você também vai com a gente? — perguntou para Alfonso.


— Não vou perder isso por nada.


Teddy deu meia-volta e subiu as escadas voando. Alfonso virou-se para mim.


— Teddy já escolheu a fantasia dele. E a sua? Qual vai ser?


— Ah, eu não sou o tipo de garota que usa fantasia.


Alfonso revirou os olhos.


— Ora, então vai virar uma. É Halloween, o nosso primeiro juntos. A Shooting Star vai fazer um grande show hoje à noite. O traje é à fantasia, e você prometeu que iria.


Por dentro, resmunguei. Depois de seis meses com Alfonso, me acostumei com a ideia de


sermos o casal estranho da escola — as pessoas nos chamavam de “O Moderninho e a Nerd” e eu já estava me acostumando também com os colegas de banda dele e cheguei até mesmo a aprender algumas gírias do rock. Já conseguia me virar bem quando Alfonso me levava ao Porão do Rock, uma casa meio estranha perto da faculdade onde o resto da banda morava. Eu podia até mesmo participar das festas punk rock em que todos os convidados tinham de levar alguma coisa da própria geladeira, algo que estava próximo de vencer ou estragar. Juntávamos todos os ingredientes e cozinhávamos alguma coisa. Eu era realmente muito boa em encontrar maneiras de transformar carne de soja, beterraba, queijo de cabra e damasco em algo comestível.


Mas continuava odiando os shows e me odiando por isso. Os lugares onde a banda se apresentava eram fumacentos, o que fazia os meus olhos arderem e deixava as minhas roupas fedendo. Os amplificadores reproduziam o som tão alto que a música retumbava e permanecia zunindo nos meus ouvidos mesmo depois do término do show, me impedindo de dormir. Eu me deitava na cama, ficava repassando mentalmente a noite estranha e me sentia cada vez pior diante das cenas.


— Não me diga que você vai amarelar — disse Alfonso parecendo magoado e irritado ao mesmo tempo.


— Mas e Teddy? Prometemos a ele que o levaríamos para pedir doces e...


— Sim, às cinco da tarde. Precisamos chegar lá no local do show até as dez da noite.


Duvido que até mesmo o Mestre Teddy conseguiria brincar de “gostosuras ou travessuras” por cinco horas seguidas. Logo, você não tem desculpa, e é melhor que ponha uma fantasia bem legal porque vou ficar lindo, e num estilo meio século 18.


Depois que Alfonso saiu para trabalhar, entregando suas pizzas, senti uma pontada no estômago. Subi as escadas e fui praticar a peça de Dvořák que a professora Christie havia me dado como lição de casa, e para digerir o que estava me aborrecendo. Por que eu não gostava dos shows dele? Será que é porque a Shooting Star está ficando famosa e eu estou com ciúmes? Será que o amontoado de tietes que não parava de crescer estava me incomodando?


Isso me parecia uma explicação perfeitamente lógica, mas não era verdadeira.


Depois de dez minutos que eu estava tocando, minha ficha caiu: minha aversão aos shows de Alfonso não tinha nada a ver com a música, nem com as tietes e muito menos com ciúmes. O problema eram as dúvidas. As mesmas dúvidas perturbadoras que sempre tive em relação a não fazer parte de alguma coisa. Eu sentia como se não fizesse parte da minha família e agora era como se eu não pertencesse ao mundo do Alfonso, exceto pelo fato de que, diferentemente da minha família, que tinha um vínculo comigo, Alfonso havia me escolhido. E isso eu não conseguia compreender. Por que ele se apaixonou por mim? Não fazia o menor sentido. Sabia que a música, acima de tudo, foi o que nos uniu, o que nos colocou no mesmo lugar, de maneira que pudéssemos nos conhecer melhor. E sabia que o Alfonso adorava a maneira como eu me envolvia com a música e que ele entendia o meu senso de humor que era “tão negro que era quase impossível de se compreender”, conforme ele mesmo dizia.


E, por falar em negro, sabia que ele tinha uma queda por garotas com cabelo escuro, porque todas as namoradas que Alfonso teve tinham o cabelo escuro. E eu sabia que quando ficávamos juntos, sozinhos, poderíamos conversar por horas e horas, ou simplesmente ficar lendo um ao lado do outro, cada um com o seu iPod ligado e ainda assim, nos sentíamos completamente unidos. Tudo isso estava muito bem resolvido e entendido na minha cabeça, mas não no meu coração. Quando eu estava com Alfonso, me sentia eleita, escolhida, especial, e isso só fazia com que eu me perguntasse ainda mais: por que eu?


E talvez fosse este o motivo pelo qual, mesmo que Alfonso estivesse disposto a assistir a um concerto das sinfonias de Schubert, bem como aos recitais nos quais eu me apresentava, me dando um buquê de lírios (minha flor preferida), eu ainda preferia ir a uma consulta com o dentista a assistir a um dos seus shows. O que era uma grosseria de minha parte. Pensei no que mamãe me dizia, às vezes, quando eu estava me sentindo insegura: “Finja até que as coisas deem certo”. Depois que terminei de tocar a peça pela terceira vez, decidi que eu não só iria aos shows dele, mas que daquele momento em diante eu me esforçaria ao máximo para compreender o mundo do Alfonso, da mesma forma que ele compreendia o meu.


— Preciso da sua ajuda — falei para mamãe naquela noite depois do jantar, enquanto estávamos uma ao lado da outra na pia, lavando a louça.


— Acho que chegamos à conclusão de que eu não sou muito boa em trigonometria. Talvez seja melhor que você tente um tutor on-line ou alguma coisa do tipo — disse mamãe.


— Não é nenhum problema de matemática. É outra coisa.


— Faço o que puder pra ajudar você. O que precisa?


— De um conselho. Quem é a garota mais legal, mais durona, mais sexy e mais roqueira que você conhece?


— Debbie Harry — respondeu.


— Aquel...


— Não terminei — interrompeu mamãe. — Não me peça pra escolher uma só. Isso parece com A escolha de Sofia. Tem a Kathleen Hannah. A Patti Smith, Joan Jett. Courtney Love, do seu jeito destrutivo e maluco. Lucinda Williams que, embora cante country, é tão durona quanto as garras de um tigre. Tem a Mai Gordon do Sonic Youth, que já está chegando aos cinquenta e continua firme e forte. Cat Power. Joan Armatrading. Mas por que quer saber isso? Alguma pesquisa para estudos sociais?


— Mais ou menos — respondi, enxugando um dos pratos. — É para o Halloween.


Mamãe juntou as mãos cheias de sabão num gesto de satisfação.


— Você está pensando em se fantasiar como uma de nós?


— Sim. Você pode me ajudar?


Mamãe saiu do trabalho mais cedo para vasculharmos as lojas. Ela decidiu que seria melhor criar um look de roqueira próprio para mim, mais do que tentar copiar alguma artista. Compramos uma calça de couro justa e brilhante, uma peruca loira com franja, à lá Debbie Harry nos anos 1980, na qual a mamãe pintou algumas mechas com tinta roxa. De acessórios, compramos uma pulseira de couro preta para um braço e um conjunto com vinte braceletes agrupados para o outro. Minha mãe encontrou uma camiseta antiga dela da banda Velvet Underground — e me advertiu para não tirá-la de jeito nenhum, pois teAnne que alguém a roubasse e a vendesse no eBay por centenas de dólares — e botas pretas de couro e bico fino, as mesmas que ela usou em seu casamento.


No Halloween, ela me maquiou, desenhando com o delineador traços espessos e pretos, que deixaram meus olhos com um ar de perigosos. Um pó compacto para deixar a minha pele pálida. Desenho de um corte profundo e vermelho nos meus lábios. Um anel no nariz. Quando olhei no espelho, vi minha mãe me espreitando. Talvez fosse pela peruca loira, mas aquela foi a primeira vez de fato que me senti como um membro da minha família.


Meus pais e Teddy ficaram lá embaixo esperando por Alfonso enquanto eu fiquei no meu quarto. Era como se aquilo fosse um baile de formatura ou algo do gênero. Papai ficou com a câmera. Mamãe estava praticamente dançando de tanto entusiasmo. Quando Alfonso atravessou a porta, dando um banho daquelas balas Skittles para Teddy, mamãe e papai me avisaram para descer.


Desci as escadas com o maior cuidado possível, sobre os saltos. Esperava que Alfonso fosse ficar enlouquecido quando me visse, sua namorada que sempre usava jeans e suéteres, toda produzida. Mas ele me cumprimentou com aquele sorriso de sempre, com uma risadinha a mais.


— Fantasia legal. — Foi tudo o que ele disse.


— Só estou retribuindo. Nada mais justo — falei, apontando para o traje à la Mozart dele.


— Acho que você está assustadora, mas linda — disse Teddy. — Eu ia dizer sexy, também, mas sou seu irmão, então não ia ser legal.


— Como é que você sabe o que significa sexy? Você só tem seis anos — indaguei.


— Todo mundo sabe o que significa sexy — ele respondeu.


Todos, menos eu, pensei. Mas naquela noite, acho que aprendi. Quando batemos às portas para perguntar por “gostosuras ou travessuras?”, meus próprios vizinhos que me conheciam há anos não me reconheceram. Caras que nunca nem sequer me olharam de relance, me olharam não uma, mas duas vezes. E, toda vez que isso acontecia, eu me sentia um pouquinho mais como a garota sexy e perigosa que eu estava fingindo ser. Fingir até que as coisas dessem certo parece que, de fato, funcionava.


O clube onde a Shooting Star se apresentaria estava lotado. Todos estavam fantasiados, a maioria das garotas com roupas insinuantes, muitas num estilo empregada francesa com decotes generosos, dominadoras com chicotes à mão, Dorothys de O mágico de Oz num estilo muito mais vulgar, com minissaias que deixavam a cinta liga à mostra, o que normalmente me fazia sentir como uma completa idiota. Mas não me senti uma idiota naquela noite, mesmo que aparentemente ninguém tenha notado que eu estava fantasiada.


— Você tinha que ter vindo fantasiada — retrucou um cara com fantasia de esqueleto antes de me oferecer uma cerveja.


— Nossa! AMEI a sua calça! — exclamou uma garota bem no meu ouvido. — Você comprou em Seattle?


— Você não faz parte da Crack House Quartet? — perguntou um cara com uma máscara de Hillary Clinton, se referindo a uma banda que Alfonso amava e eu odiava.


Quando a Shooting Star começou a tocar, não fiquei nos bastidores, que era o que eu normalmente fazia. Lá, eu poderia simplesmente me sentar numa cadeira, sem ninguém para atrapalhar a minha visão do show e sem ter de conversar. Desta vez, fiquei no bar e, quando a mesma garota que me perguntou sobre a calça me agarrou pelo braço, me juntei a ela para dançar no meio da pista, no bate-cabeça.


Nunca tinha participado de um bate-cabeça na minha vida. Nunca me interessei por correr em círculos, bêbada, entre os caras grandões com roupas de couro que pisariam nos meus pés. 


Mas naquela noite, me deixei envolver por tudo aquilo. Entendi qual era a sensação de dividir a energia com a multidão e absorver a energia deles também. Entendi que quando você está ali, as coisas acontecem naturalmente, e que não precisa caminhar ou dançar. Basta apenas se deixar levar como se estivesse sendo sugada por um redemoinho.


Quando Alfonso terminou a apresentação, eu estava ofegante e suada, do mesmo jeito que ele.


Não fui para os bastidores cumprimentá-lo antes de todo mundo. Esperei que ele viesse até a plateia para cumprimentar todos, do jeito que sempre fazia ao final de cada show. E, quando ele apareceu, com uma toalha pendurada no pescoço e bebendo a goladas uma garrafa de água, me atirei em seus braços e dei-lhe um beijão de língua, sem sentir vergonha, e na frente de todos. Pude sentir que ele sorria enquanto me beijava.


— Uau! Parece que alguém aqui incorporou o espírito de Debbie Harry — disse ele, limpando um pouco do batom que manchou o seu queixo.


— Acho que sim. E você? Está se sentindo meio Mozart?


— Tudo que sei sobre ele é o que vi no filme. Mas lembro que no filme ele estava excitado, e, depois desse beijo, acho que estou também. Podemos ir? Vou arrumar as coisas e já vamos embora.


— Não, vamos ficar aqui até o final.


— Sério?! — perguntou Alfonso com as sobrancelhas erguidas, surpreso.


— Sim. Acho até que posso ir para o bate-cabeça com você.


— Você bebeu? — ele brincou.


— Só refrigerante — respondi.


Dançamos, parando de vez em quando para um beijo, até o clube fechar.


A caminho de casa, Alfonso segurou a minha mão enquanto dirigia. Várias vezes ele virou para me olhar e sorriu, sacudindo a cabeça.


— E então, você gosta de mim assim? — perguntei.


— Hummm...


— Isso significa sim, ou não?


— Claro que gosto de você.


— Não, não é isso. Quero saber se você gostou de mim assim, hoje à noite.


Alfonso se endireitou.


— Gostei que você entrou no espírito do show e não ficou reclamando pra gente ir embora logo. E adorei dançar com você. E também gostei muito de ver o quanto você pareceu à vontade em meio à ralé.


— Mas você gostou de mim assim? Gostou mais?


— Mais do quê? — perguntou. Alfonso pareceu extremamente surpreso.


— Mais do que o normal.


Agora, comecei a ficar irritada. Estava me sentindo tão solta naquela noite, como se aquela fantasia tivesse me trazido uma nova personalidade, uma personalidade mais digna de Alfonso, de minha família. Tentei explicar isso a ele, mas, para a minha decepção, notei que estava quase chorando.


Alfonso perceber que eu estava magoada. Ele parou o carro no acostamento e se virou para mim.— Anne, Anne, Anne — disse ele, acariciando os fios rebeldes que escaparam da peruca. — É de você que eu gosto. Você está, sem dúvida, mais sexy e, sabe, essa peruca loira é diferente e tal. Mas a Anne que está aqui, nesta noite, é a mesma por quem me apaixonei ontem e a mesma que vou amar amanhã. Amo esse seu jeito frágil e ao mesmo tempo durão, resguardado e ao mesmo tempo despojado. Cara, você é a garota mais punk que já conheci, não importa quais bandas você ouve nem o que você veste.


Depois disso, toda vez que eu começava a duvidar dos sentimentos de Alfonso, pensava na peruca, que já estava começando a pegar poeira dentro do meu guarda-roupa, e ela me trazia a lembrança daquela noite. E então eu não me sentia mais insegura. Sentia-me apenas uma garota de muita sorte.


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Autor(a): LollaVondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 6



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  • byaoliveyra1 Postado em 03/06/2015 - 23:09:38

    Continua por favor estou amando a fanfic e queria tirar uma dúvida a prévia que você escreveu o capítulo na verdade que está assim prévia ( pra onde ela foi) ponny faz parte da fanfic se eu ficar? Por favor me responde e continuaaaaaa não abandona a fanfic please

  • dudanunes Postado em 25/05/2015 - 15:24:02

    Maissss

  • Evelin✩ Postado em 25/05/2015 - 10:52:28

    Posta Mais <3 PFT *-*

  • dudanunes Postado em 25/05/2015 - 10:20:23

    Posta mais <3

  • Site Una Fénix Postado em 22/05/2015 - 12:34:42

    To lendo <3 <3 . posta mais <3

  • Mikaella Borges Postado em 22/05/2015 - 11:54:57

    Continua pleas, to amando


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