Fanfic: Slife of Life | Tema: Drama

Impressionante como duas semanas e meia se passaram tão rápido, sério mesmo. As provas se foram, o que foi um alivio a parte, o site continuou fora do ar como previsto, eu e a ST conversávamos todos os dias madrugada adentro, a Kaguehara e eu íamos bem, mas passei por uns maus bocados por conta dos amiguinhos da Kaguehara. Arrombaram meu armário umas centenas de vezes, sumiram com meus livros, papeis importantes, até meus sapatos uma vez, onde encontrei jogado na lixeira. Eu não contei nada a ela, afinal aquilo não era sua culpa e eu não tinha provas de que os dedos do Shouta e da Kaori estavam metidos nessa.

Tentei abstrair daquilo tudo, conversando com a Sakihiro, naquelas alturas ela já era a minha melhor amiga. Aquela na qual eu podia falar de tudo, seu eu mesmo, o que era bem estranho porque afinal de contas, ela era uma garota e próximo a garotas, eu fico meio... embaraçado, diga-se de passagem.

[Kajimoto Uehara] – Oi ST. Você ta ai? (10:20)

Achei estranho ela não me responder, mesmo tendo passado uns cinco minutos. Guardei meu celular no bolço e fui pra dentro da sala, a aula estava pra começar. Mais trinta minutos e eu não resisti, saquei o celular e vi que ela ainda não havia respondido. Aquilo era um pouco estranho, ela nunca demorou tanto pra me responder de volta. Eu estava no meio da aula, mas não tava nem ai se o professor me pegasse. Ela poderia estar em sala, ou poderia estar fazendo algo, sei lá, ocupada com alguma coisa, mas aquele sentimento de que havia alguma coisa errada insistia. Pensei em ligar pra ela, mas meus dedos ficaram paralisados na expectativa de responder as duas opções que haviam na pequena tela “ligar” ou “sair”. Mordi a ponta do meu polegar, pensativo em o que fazer, mas no final, acabei fechando-o e guardando o aparelho no bolso da calça. Após as aulas eu e a Kaguehara vamos sair, então não há motivo de eu ficar me preocupando, pensei.

O alarme finalmente toca e todos foram dispensados pelo professor. Coloquei meus livros no armário, troquei de calçado e fui em direção ao portão.

[Kajimoto Uehara] – Sério, responde. Você tá bem?

Eu digitei e enviei enquanto andava, quando uma voz feminina me chamou pelo primeiro nome.

– Uehara-kun!

Olhei para frente e vi a garota mais linda da escola olhando pra mim.

– Oi, Kague-hara...san? – eu contive minhas palavras ao ver o seu rosto de reprovação – Digo, olá Miami-san! – eu me corrijo meio envergonhado.

– Sem o “san” ficaria melhor, mas já é um avanço. Somos namorados, então chamar pelo primeiro nome é algo que já deveríamos ter feito.

– É verdade. – eu digo meio abobalhado, em seguida ela agarra o meu braço direito – Ahn... Kagu- digo, Miami-san, o que é que você está fazendo?

– Ora, já passamos pelos portões da escola, então estamos livres para ir onde bem intendermos. Vamos logo!

E puxado pelo braço, ela e eu saímos por ai. Pascíamos pelo centro da cidade, comemos no McDolnad’s, tomamos sorvete, andamos por várias lojas. Enfim, foi cansativo, mas foi divertido. As quatro horas, nós decidimos ir embora, então fomos a estação mais próxima.

Enquanto esperávamos abraçados o metrô chegar, meu celular vibrou em meu bolso. Automaticamente pensei na Sakihiro, e pegando-o rapidamente, vi que se tratava dela mesmo.

[Sakihiro Tolka] – Não... não estou bem. (16:09)

Logo após ler aquilo rapidamente, o celular vibra novamente, desta vez uma ligação e da Sakihiro. Aquilo me surpreendeu um pouco.

– Alguém está ligando pra você? Quem é? – pergunta a Kaguehara um pouco interessada.

– É apenas... – eu digo pensativo se atendo ou não.

– É apenas... o que? – ela me olha meio desconfiada.

Eu travo, mas acabo atendendo por impulso.

– Alô, Saki-chan?! Você está bem? Eu recebi sua mensagem agora e- – interrompi minhas palavras pois ouvi sua respiração.

– Olha, eu vou aqui rapidinho comprar uma água, minha garganta está um pouco seca. – diz a Kaguehara largando meu braço e saindo.

– Oi Uehara-kun... tem algo que eu preciso te dizer pessoalmente... – diz a Sakihiro ao celular.

– Bom... eu estou pra pegar o metrô agora. – olho pro lado e o vejo se aproximando – E pelo que vejo, ele já tá vindo...

– Verdade? Em que estação você está?

Eu olho pra cima vendo o letreiro então respondo – Eu estou na estação 22 de Ibuke, mas o que é que você quer falar comigo?

– Como você está? Rápido!

– Bom... eu estou em pé, perto da linha amarela, falando contigo ao telefone...

– Isso já tá bom! – ela diz desligando.

O metrô finalmente chega e logo abre suas portas e em seguida escuto alguém chamando meu nome. Eu me viro para o lado, querendo ver de onde vinha aquela voz, então eu tenho uma grande surpresa.

Na porta do metrô semivazio, estava uma garota alta que fitava-me enquanto segurava as alças de sua mochila em suas costas.

– Saki... chan?! – perguntei boquiaberto, abaixando vagarosamente o celular da orelha.

Não pude evitar de olha-la dos pés à cabeça, aquilo parecia ser mais forte do que eu. Ela usava sapatos estilo All Star de cor azul escuro, tipo jeans, de cano um pouco maior que o convencional, aparentemente sem meias. Conforme ela se aproximava, pude perceber com maior detalhe a cor esbranquiçada de suas pernas magras e compridas, acompanhadas de uma mini saia azul e um blaizer de cor creme por cima da camisa social de mesma cor que a saia, finalizando com uma fita negra em sua gola, um pequeno adorno feito em um simples laço.

Ela enfim parou a dois passos de mim, o que foi muito perto. Pude confirmar que ela realmente era um pouco mais alta que eu, e olha que e tenho 1,79 (ou 1,80 não sei ao certo). Seu rosto estava bem avermelhado, como se tivesse sido estapeado, ou o que seria mais provável, passado maquiagem demais. Entretanto, aquilo não lhe tirava nenhum ponto no quesito beleza. Não é que ela fosse a mais lida do mundo, mas havia algo nela que a fazia... diferente, não sei explicar, mas ao vê-la fiquei paralisado. Talvez pelo seu jeito ou por finalmente conhece-la, ou pela forma em que as mechas soltas do seu cabelo castanho-claro brilhavam em um tom avermelhado ao contato com a luz. Algo em mim não estava certo.

– Você é o Kajimoto Uehara-kun, não é? – ela pergunta olhando para baixo e depois olhando pra mim por alguns segundos.

– Ah... Hai! Meu nome é Kajimoto Uehara, prazer em conhece-la! – eu digo curvando-me logo em seguida.

– Eto... Eu vim aqui porque eu tenho algo pra falar com você... – nessa hora, seu rosto cora bastante, o suficiente pra me fazer pensar besteira.

“O que? Ela veio aqui me encontrar só pra se declarar pra mim? Até parece!”, pensei naquele exato momento.

– Bom, é que... – ela tenta olhar pra mim, mas desvia novamente o olhar para baixo – Nós conversamos bastante, não só por agora, mas desde que você apareceu por lá, você sabe o site, e então, várias coisas aconteceram. Coisas ruins e coisas boas, coo naquele dia em que eu te liguei e ficamos conversando até tarde, falando de mil coisas... – com olhos marejados ela finalmente olha em meus olhos – Então, pouco a pouco, eu fui descobrindo que você era o único no qual eu conseguia ser eu mesma, sem drama ou que os meus problemas me atrapalhassem... O que eu estou querendo dizer é que, com o tempo eu fui descobrindo algo que eu mal sabia se era real ou não... Kajimoto-kun, eu vim aqui lhe dizer que eu estou apa-

– Enfim, voltei! Havia uma máquina que não queria funcionar direito, quase que nós perdíamos o- Ora, Uehara-kun, quem é essa? Amiga sua? – diz a Kaguehara chegando bem na hora e agarrando o meu braço.

A Sakihiro parecia estar realmente surpresa, tanto é que deu dois passos para tras, afastando-se de mim. A sua expressão mudou completamente com a presença da Kaguehara. Ela parecia meio abalada, triste ou decepcionada com algo ou alguém, não sei ao certo, mas ela estava bem diferente de momentos antes.

– Eu... – lagrimas começaram a brotar incessantemente em seus olhos, então ela se vira e sai correndo em direção a saída da estação.

Meu coração estava acelerado, tanto é que minha respiração estava um pouco ofegante. Eu tive que lutar comigo mesmo para vencer aquele impulso estranho de sair correndo atrás dela, afinal eu estava ao lado de quem eu pertencia, a garota na qual eu sempre sonhei...