Fanfics Brasil - Remember Days 1 Slife of Life

Fanfic: Slife of Life | Tema: Drama


Capítulo: Remember Days 1

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05:00 o alarme implacável ataca novamente. Voltar a dormir nem chega a ser uma opção, infelizmente eu tenho afazeres, ou melhor, obrigações. Levanto-me para mais um dia em minha patética existência. Paro frente ao espelho na parede em meu quarto, onde só mostra dos meus ombros para baixo. Curvo-me para ver o desastre que está no lugar do meu rosto; “Força Saki!”, tento pensar positivo. Abro a cortina da janela e vejo o sol tímido clareando o dia. Ainda de pijama, uma calça de malha na cor rosa e estampa com margaridas, na qual de tão coronha batia no meio das minhas panturrilhas, sem contar no moletom de mesma cor, no qual eu vivia debaixo daquele capuz. Destranquei cada uma das três trancas da porta do meu quarto, então eu a abri. O cheiro de vindo de algumas garrafas vazias jogadas pelo corredor me atordoou um pouco. “Credo! Como ele consegue beber isso”, penso enquanto fecho a porta. Olhando em direção ao quarto “dele”, percebi na hora que ele estava em casa, aquela porta aberta dizia tudo. Eu nem me atrevi a entrar, apenas comecei a arrumar o rastro de destruição, assim como de costume.


Não sei se isso vai soar repetitivo, mas o fato é que desde a morte da mamãe, meu pai acabou se entregando de vez ao álcool e pelo jeito que ele bebeu, acho que foi demitido novamente. Acho que esse já é o... esquece, eu já perdi a conta de quantos empregos ele já arrumou e foi despedido. Eu cansei de chorar por isso, acho que desde os 13, mas ainda assim eu me pego as vezes me questionando sobre o quão patético é a minha vida e essa rotina diária. Isso mesmo, essa é a minha rotina, acordar cedo, catar os restos de bebida, arrumar a casa, preparar algo para comer e enfim, me arrumar para ir para o meu purgatório.


Novamente em meu quarto, paro frente ao espelho. Aquele deveria ser um momento de descanso, ou até alegria quem sabe, afinal, enquanto eu enxugava meu cabelo e enrolada na toalha, observava o meu uniforme na cama. Sem dúvida, para a maioria das garotas, se não todas, aquele momento deveria ser bastante prazeroso, pois aquele era um uniforme era realmente bonito. Um azul claro lindo, tanto da saia quanto da camisa, e o blaizer, ai nem se fala, se você combinar isso com o sapato marrom colegial e meias brancas até a cocha, ficam divinamente lindos. Entretanto, comigo já é outro assunto. Amaldiçoada pelos deuses, eu tenho 1,82m, ou como eu tento me iludir 1,8199mim, então toda aquela fofura se esvai quando eu me visto.


Aos suspiros, eu largo a toalha na cama, revelando minha enorme cicatriz que percorre meu ombro até as costas e então eu começo a me arrumar. Saia, camisa social, blaizer, laço de fita preta na gola da camisa, meus preciosos sapatos All Star jeans (número eu não revelo nem sobre tortura) e finalmente, minha mochila. Estou pronta e por sinal ainda era 6:20, mas parada frene a entrada, não consegui sair. Voltei e fui em direção aos quartos.


 – Pai? Pai, acorda! Pai?! – eu digo me aproximando do mesmo.


Continuo insistindo, até que finalmente ele se rende.


– Pai, eu vou chegar tarde hoje. Tem comida na geladeira, mas não sei se o que tem na dispensa dá até o fim do mês... – eu digo séria e um pouco preocupada – Se cuida, eu já vou.


Eu saio daquele quarto sem olhar pra trás. Afinal o que é que eu queria? Eu sabia que ele ainda estava bêbado antes mesmo de entrar no quarto, mas mesmo assim me senti como se estivesse acabado de ser decepcionada, o que não deixa de ser verdade.


Tento não pensar muito nisso, enquanto caminho em direção a estação. Peguei um vício horrível de escutar música quando saio de casa. Vou colocando uma playlist enquanto entro no vagão do metrô que tinha acabado de chegar. Naquele horário sempre havia muita gente, o que era um saco ficar exprimida no meio da multidão, se bem que pra mim isso não é um problema, como já disse, eu sou bem magra e alta, então lugares assim não fazem tanto efeito em mim. Pra alívio de muitos o trem rapidamente se esvaziava, ficando apenas alguns estudantes das escolas locais e é claro, da minha escola também.


“Quem é aquela garota? Olha só!”; “Ah, aquela ali?”; “Sim, sim! Ela está vestida com o uniforme da nossa escola.”; “Aquela deve ser a Sakihiro... alguma coisa...”; Meu deus, como ela é alta!”; “Verdade! Ela parece um monstro gigante!”; “Hahahaha! Essa não, ela está olhando pra cá!” – era isso que eu conseguia entender lendo os lábios de um grupinho de garotas, enquanto eu aumentava o volume da música ao máximo. Me virei, fechando os olhos e encostando minha cabeça no vidro da janela, mas mesmo assim, eu sabia que elas ainda estavam ali, rindo, apontando e falando coisas sobre mim. Aquilo era frustrante, comecei a desejar intensamente para sair logo dali, até que finalmente o metrô parou. Acredito ser umas das primeiras a descer do vagão. Corri e corri, até chegar aos portões da escola, então senti aquela leve sensação de alivio ir embora.


– Hoje pode ser diferente... – eu digo a mim mesma de modo sarcástico.


Algumas garotas passam por mim meio desconfiadas, “tenho que parar de falar comigo mesma”, penso em imediato.


Sigo em frente e entro em sala. Primeira carteira, da direita pra esquerda, esse é meu assento. Quase uma placa dizendo que eu sou uma CDF, mas até que é bem útil pra momentos de extrema necessidade. Puxo a cadeira e sento-me colocando minha mochila no chão próximo a mim.


Infelizmente, o uso de celulares na sala de aula é estritamente proibido, então dada de fones e nada de musica para me distrair enquanto a aula não começa.


– Hey, esquisita!


Provavelmente Haturi Inade, sentada com o pé encima do apoio da carteira, junto com o seu grupinho. Eu a vi assim que entrei na sala e infelizmente eu sabia que ela estava e chamando. Abaixei a cabeça e coloquei meus braços como apoio.


– Ah, vamos! Eu sei que cê tá me ouvindo. Anda logo sua garota esquisita, eu to falando com você! – ela exalta um pouco sua voz.


Eu dou um longo suspiro, tentando me acalmar, pois aquilo já estava atingindo um ponto fraco da minha já abalada autoestima.


– Qual foi? Além de estupidamente grande, você é surda também, ahn?! – ela diz chegando bem próxima de mim.


Eram tantos sentimentos juntos que eu mal conseguia pensar direito. Raiva, ódio, desespero, agonia, vontade de correr, vontade de fugir, vontade de acertar a cara daquela vadia, vontade de dizer a ela tudo o que eu sentia, vontade de dizer o quão desagradável aquilo era, o quão desagradável eram as suas ações, o quão farta eu estava da minha vida, dos problemas, de mim mesma. mas após esse três segundos em que pensei naquilo, no final, eu não consegui dizer uma única palavra, apenas fiquei lá, sentada, vendo a professora finalmente aparecer e começar a aula. No intervalo, como sempre, almocei no banheiro, como uma derrotada que não tem amigos e que tem que fugir de gente como a Hitori.


Cinco horas frustrantes e finalmente estou livre. Apesar de minha escola ser integral, há dias como hoje, em que não há aulas vespertinas. Sem amigos e com contas a pagar, eu pego o metrô que me levará pra onde eu costumo trabalhar de meio período as vezes. Foi bem estranho ver o vagão estar tão vazio. Haviam somente cinco pessoas, contando comigo é claro. Havia um garoto usando o uniforme da escola de Ibuke. Ele tinha um cabelo um pouco comprido, escorridinho e escuro. Ele estava sentado do outro lado, um pouco afastado, o garoto, que aparentava ter mais ou menos a minha idade, parecia ser bem sério, ou pelo o que seus olhos diziam, ele estava bem infeliz.


Desviei o olhar, antes que ele percebesse e me achasse uma maluca por estar o observando. Peguei meu celular pra ver a mensagem que eu havia recebido há pouco.


[SAN] – Oi. (12:22)


Era o Kajimoto Uehara, o garoto que tinha acabado de se registrar no site, me mandando uma mensagem pelo chat privado.


[ST] – Olá! (12:25)


Eu respondi pra não ser rude deixando ele falando sozinho.


[SAN] – Parece que só somos nós aqui. (12:25)


[ST] – É mesmo. (12:26)


[ST] – Acho que os outros devem ter muita coisa pra fazer. (12:26)


[SAN] – É... isso é bem louco, não acha? (12:27)


[ST] – O que? (12:27)


[SAN] – Nós, quer dizer, os membros. Tipo, estão espalhados pelo mundo e mesmo assim estamos em situações parecidas. (12:28)


Era exatamente o que eu havia pensado algum tempo antes. O kajimoto me fazia lembrar de mim mesma, acho que talvez seja esse o motivo de eu consegui falar assim, como se eu estivesse falando comigo mesma, ou algo do tipo.


[ST] – Sim, isso é verdade. (12:29)


[ST] – SAN, obrigada! (12:29)


[SAN] – pelo que? (12:29)


[ST] – É que eu estava meio entediada. Quer dizer, eu acabei de sair da escola e estou sentada no metrô indo pra casa. (12:30)


[ST] – eu já estava ficando... bem você sabe... (12:30)


[SAN] – É, eu sei sim. Na verdade, eu também estou no metrô indo pra casa, então como pode ver, eu entendo bem como se sente. (12:31)


Eu meio que instintivamente olhei para os lados, tentando encontra-lo, mas me toquei do quão ridículo aquilo era, afinal era impossível que ele estivesse no mesmo trem, ou melhor, no mesmo vagão que eu.


[ST] – Nossa, eu diria que é uma grande coincidência, isso se eu acreditasse nessas coisas. (12:32)


[SAN] – Ahn... ST... você é uma garota não é? (12:33)


[ST] – Sim, eu sou. (12:33)


Respondo me auto analisando e me comparando com outras garotas da minha escola. Francamente, quase respondi um “não”.


[SAN] – Você tem namorado? (12:34)


Aquela pergunta me pegou de surpresa, quase que eu engasguei com a minha própria saliva.


[ST] – (O.O) por que isso de repente? (12:35)


[ST] – Bom, não. Não tenho... (12:35)


Claro que não tenho! Você saberia se visse o monstro de 1,82m aparecendo na sua frente!


[SAN] – Ah, me desculpe por fazer uma pergunta assim! (12:35)


[ST] – Não foi nada. É que só me pegou de surpresa, só isso. (12:36)


[SAN] – Foi mal. (12:36)


[ST] – Mas e você? Por acaso você tem uma, digo, uma namorada? (12:36)


Eu fiquei um pouco curiosa sobre aquilo, tipo, se ele é como eu, alguém que conseguiu achar aquele site, como ele conseguiu arrumar uma namorada? É claro que ele não deve ter, mas se ele tivesse uma? O que isso iria significar? Por que ele seria infeliz tendo uma namorada? Por que eu estou interessada nisso? E por que ele não responde logo?


[SAN] – Não, não tenho. (12:38)


Ufa! Aquilo me tirou uma tensão imensa...


[SAN] – Mas então, ST. (12:38)


[ST] – Sim? (12:38)


[SAN] – O que você acha sobre... (12:38)


[ST] – Sobre? (12:39)


[SAN] – Sobre... kiss...? (12:40)


[ST] – Beijo?!! (12:40)


Meu deus, por que isso agora?! É claro que eu não sei nada! Eu nunca tive alguém assim, ainda mais um... beijo... O que ele quer afinal? Me fazer corar ainda mais, ou arrancar de mim que eu ainda sou BV?


[SAN] – ... é. (12:40)


[SAN] – Digo, é que um colega estava falando sobre beijo, então eu só queria saber a opinião de uma garota sobre... Mas não precisa responder se não quiser! (12:41)


[ST] – Bom... não é tão assim, quero dizer, não tem problema. É que é um pouco constrangedor dizer isso, mas... eu nunca tive um namorado, quanto mais experiência em... beijos... (12:43)


É! Eu sou uma fracassada, alguém problema?!


[SAN] – Sinto muito por isso, não devia ter perguntado. (12:43)


[ST] – Bom, tudo bem. (12:44)


[ST] – Mas, eu acho que um beijo é algo muito importante. Não só pra uma garota, mas em geral. É como uma forma de expressar tudo aquilo que se sente um pelo outro. Não conhecemos outra forma de expressar algo racional a não ser por palavras. (12:44)


[ST] – Mas para sentimentos, coisas totalmente fora de logica, um beijo é mais que prefeito para tentar transmitir tal coisa... ao menos é isso o que eu acho J (12:45)


 Ao invés de deletar, eu cliquei enviar... e foi... aquela bendita mensagem embaraçosa.


[SAN] – Mais uma coisa. (12:46)


[SAN] – Se, hipoteticamente é claro, você tivesse acabado de começar um namoro... quanto tempo você acharia o bastante para rolar o primeiro beijo? (12:46)


Aquela pergunta nem foi tão invasiva como as outras, mas foi o bastante pra me fazer pensar. Abaixei o celular e a cabeça, e comecei a imaginar uma cena em que eu era a protagonista. Então tentei imaginar como seria o Kajimoto-kun e daí, finalmente o tal “primeiro beijo”, no qual ele havia dito. Fiquei com tanta vergonha de ter usado a imagem fictícia do Kajimoto, que tive que esconder o meu rosto para que ninguém me visse naquele estado.


[ST] – Bom, acho que essa pergunta eu não vou poder responder. Como eu disse antes, eu nunca tive um namorado, então não sei se sou a pessoa mais indicada para responder tal pergunta. (12:48)


[ST] – Mas... sendo apenas hipoteticamente... acho que deveria ser quando os dois estivessem prontos, de preferência com o pôr do sol de fundo. (12:48)


[ST] – (esquece a parte do pôr do sol, por favor) (12:49)


Jesus, por que eu disse aquilo do pôr do sol?!


[SAN] – Sem problemas. E muito obrigado mesmo! Isso foi de grande ajuda. (12:49)


Bom, depois disso eu tive que me despedir, pois eu já tinha chegado ao meu trabalho. Cheguei em casa por volta das 18:00 e pelo visto, não havia ninguém em casa.



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Autor(a): dkseven

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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