Fanfic: Slife of Life | Tema: Drama

Fui para dentro de casa, parando de costas para a porta, ainda segurando o estranho saco marrom em minhas mãos.

Subi as escadas, com uma expressão desacreditada em meu rosto. Entrei em meu quarto, fechando a porta em seguida. Fiquei parado, novamente sem reação por alguns segundos, até finalmente me dar conta daquilo que eu estava carregando. Abri o saco e constatei que de fato, havia o meu par de sapatos em seu interior.

Larguei o tal saco no chão e fui direto pro espelho. Comecei a examinar o meu corpo, procurando algum sinal que pudesse indicar uma contusão na cabeça, ou de eu ter caído e não poder me lembrar, pois era mais provável eu estar sonhando, do acreditar que ela havia me dito que aceitou meu pedido de namoro...

─ EU NÃO ACREDITO!!!

O grito que dei do meu quarto, ecoou pela casa toda e quem sabe pela rua toda, fazendo-me levar uma bronca da minha mãe pelo barulho.

Eu não estava nem ai. A pura felicidade irradiava por todo o meu corpo. Dei pulos e gargalhadas em comemoração, encima de minha cama. Uma cessação tão incrível que eu mal podia acreditar. Quem poderia imaginar uma coisa dessas? Quem diria que por causa de-

Parei de pular na cama e comecei a procurar pelo celular, até enfim encontra-lo. Abri o flip e vi uma mensagem do aplicativo “HELP ME!”.

“Parabéns, Missão cumprida!

Agradeço pelo empenho e coragem aplicados para concluir uma de muitas missões que virão. Espero continuar contando com a sua participação em prol da felicidade.

A HELP ME agradece a sua atenção. (12:00)”

Acho que com isso quer dizer que eu consegui a tempo. Imprecionante como uma coisa conseguiu tirar toda a minha alegria de saber que eu estou namorando a Kaguehara.

Corri para o computador, aonde passei horas tentando descobrir uma forma de acessar aquele site. Baixei e instalei aplicativos para acessar a deep web, mas nem lá eu consegui informações. Aquele site era um site fantasma. Sem endereço, IP ou qualquer rastro de sua existência, no entanto, ele existia de fato. Seja lá quem o fez, está muito à frente de um pobre nerd como eu.

00:00 e todos os meus esforços foram e vão. Enquanto comia frente ao computador, naquele quarto escuro, meu navegador fecha e reabre sozinho, revelando em sua nova guia, o tão procurado site.

─ Só pode ser brincadeira! ─ eu digo de boca cheia.

Aquele site fantasma estaca começando a me assustar surgindo do nada. Cliquei no login e digitando rapidamente a minha senha: KagueharaMiami; entrei em minha conta.

 O chat já estava animado, indicando que eles já estavam lá há um bom tempo.

[MS] ─ Então foi isso, quase morri kkkkkkkk’

[SAN] ─ Boa noite gente!

[BG] ─ Boa noite? Aqui ainda é dia kkkkkkk’

[FH] ─ Boa noite SAN! Aqui também é dia.

[FH] ─ Eu moro e Paris.

[BG] ─ Eu moro em Boston aqui está de tarde.

[SAN] ─ Nossa, que incrível.

[ST] ─ O que é incrível?

[SAN] ─ Achei que isso era apenas um site local.

[SAN] ─ Porque vocês falam bem minha língua.

[MS] ─ kkkkkkkk’

[ST] ─ É que o site traduz fielmente o que nós queremos dizer.

[FH] ─ É realmente fascinante, tenho que admitir.

[MS] ─ Diego, tá ai cara?

[DS] ─ Sim.

[YN] ─ Oi Diego!

[FH] ─ Olá Diego ^o^

[DS] ─ Oi, boa tarde, dia ou noite, pra vocês.

[MS] ─ Você tem que aparecer mais no chat cara.

[YN] ─ Alguém tem alguma novidade?

Aquela pergunta me fez lembrar imediatamente da Kaguehara.

[YN] ─ Hoje eu recebi minha missão e só recebi um ponto por cumpri-la.

[SAN] ─ Ponto?

[MS] ─ Ah é, o SAN também recebeu uma missão hoje.

[SAN] ─ Sim, mas de que pontos vocês estão falando?

[FH] ─ Acontece, SAN, que o propósito das missões é na verdade uma incógnita. Mas ao cumprir uma delas, podemos ganhar pontos, que aparecem no seu medidor de felicidade.

[SAN] ─ Medidor de felicidade?

[YN] ─ Sim, cara. Basta você procurar na página, ou no celular mesmo, caso tenha um.

Fiquei intrigado, fechei a página e comecei a procurar sobre. Um ícone cilíndrico, com suas bordas arredondadas, semelhante a um termômetro, apenas mais rechonchudo, esse era o tal medidor e nele haviam três barrinhas, seguido de um numeral 3, escrito em negrito.

─ 3?! Quer dizer que nesse medidor, a minha felicidade é apenas um 3?! ─ eu disse comigo mesmo, um pouco indignado.

Aquilo deveria estar errado. Claro que eu sei que aquele número é consequência da minha resposta ao entrar no site, mas devido as circunstâncias, isso não deveria mudar? Quer dizer, essa missão, ela deveria me dar pontos suficientes para encher esse medidor. No entanto, nada mudou nesse medidor... será que eu não esteja feliz? Não, não, eu já estou pensando bobagem. Deve haver algum motivo desse troço não ter mudado.

Analisando os fatos, tirando a parte em que eu me declarei e tudo mais, eu diria que... foi só mais um dia comum. Quer dizer, não importa por onde olhe, com a exceção de namorar a Kaguehara, nada mudou. Escola, casa, amigos, família, tudo está como antes.

O choque de perceber que a minha vida patética continuava a mesma, me deixou tão pra baixo que acabei esquecendo da coisa mais importante do meu dia. Me encostei contra a cadeira e colocando a cabeça para trás, fechei os olhos e ri com desgosto por algum tempo.

A conversa no chat continuava, mas eu não tinha nenhuma vontade de interagir, apenas fiquei olhando a conversa.

[MS] ─ Então quando eu já estava prestes a ter um ataque de fúria, um cachorrinho aparece, todo molhado e tremendo por conta da chuva e então sambe o meu sapato.

[ST] ─ Ain... que fofo! :3

[FH] ─ Que história linda MS ^o^

[MS] ─ Pois é, então eu não pude deixa-lo ali sozinho. Ele tá aqui, dormindo no meu quarto, enrolado em uma camisa minha do Led zeppelin.

[YN] ─ Aiii! Que fofo!!! O cachorro, não você MS :P

[MS] ─ Ha, há muito engraçado ( ¬_¬)

[ADM] ─ Acho que já podemos começar.

[YN] ─ Bom dia, tarde ou noite ADM!

[BG] ─ Bem na hora.

[ADM] ─ Hoje estamos em 8

[ADM] ─ Há alguém que gostaria de dizer algo?

[BG] ─ Eu queria ser o da vez, por hoje.

[ADM] ─ Todos a favor?

Todos confirmaram, até eu confirmei. BG, um cara ou uma garota, que quase nunca fala no chat, ao menos não tanto como o MS e a FH, estava prestes a contar um pouco de sua vida.

[BG] ─ Meu nome é Brian Germmam, moro em Boston e tenho 20 anos. Estudo, faço faculdade, meu pai quer que eu seja advogado, seguir o caminho da família. Quando eu tinha 15 anos, o médico da família constatou que eu era depressivo. Antissocial, até mesmo com parentes. Acho que foi até um alivio para minha mãe, que pensava que eu era algum tipo de retardado ou autista. Sabe, pra um adolescente não é nada fácil admitir que se é depressivo. Quer dizer, quando se pensa em depressão, se vê alguém velho ou adulto, mamais alguém de 15 anos. Ao longo do tempo, eu tive altos e baixos, no entanto, por mais que tomasse os remédios, aquela sensação de vazio ainda permanecia. Foi então, em um dia quando eu achei que tinha chegado ao limite, eu tentei me matar. Tomei uma quantidade absurda de remédio e sofri uma overdose. Mesmo após disso, meu pai nunca tocou no assunto. Nunca discutimos nada que não fosse de seu interesse para com meu futuro.

Problemas com o pai. Brian tinha uma casa, pais vivos, dinheiro e uma carreira a frente. Aparentemente uma boa vida, entretanto, tão insuportável que ele tentou tirar a própria vida. Fico penando se um dia eu chegaria a tal ponto...

[ADM] ─ Acho que por hoje já chega...

[ADM] ─ Acredito que todos devem ter algo mais a fazer, então me despeço por hoje.

Com isso, todos os outros que estavam online, deslogaram, ficando apenas eu no chat. Suspiro profundamente, enquanto esfrego os olhos. Já se passava das duas horas da manhã e estranhamente eu estava morrendo de sono. Contradizendo a minha condição atual, me deitei em minha cama para dormir, coisa que não acontecia há um bom tempo.