Fanfic: Slife of Life | Tema: Drama
Abri os olhos rapidamente, enquanto o barulho continuo do alarme do celular perturbava meus ouvidos.
─ Droga! ─ grito removendo o cobertor para longe.
Peguei o celular e vi que já era a terceira vez que ele alarmava. Eram 06:30 e eu estava futuramente atrasado.
Não liguei a música como de costume, apenas sai correndo pelo quarto, tentando me arrumar. Tomei um banho rápido e gelado, corri de volta ao quarto vestindo o uniforme o mais rápido que pude. Desci as escadas, pelo visto não havia ninguém em casa. Era quinta-feira, acho que minha mãe havia ido ao mercado. Não fiquei pensando muito nisso, eu estava nervoso... mas nervoso pelo que? Ir ao um colégio onde ninguém liga pra mim? A resposta veio em imediato, fazendo-me corar, enquanto eu amarrava o cadarço do sapato.
─ Kaguehara... ─ eu digo esboçando um sorriso tímido.
Peguei minha pasta, coloquei meu celular dentro dela e sai de casa. Corri até a estação peguei o metrô. 07:03 como dizia em vermelho, no display do metrô e eu estava no meio do caminho. Chegando ao ponto de descida, corri o máximo que pude. A ladeira, onde no alto se encontrava a escola Ibuke, nunca me pareceu tão alta e íngreme quanto hoje.
Enfim, cheguei ofegante ao portão e lá tive uma grande surpresa. Na frente do portão, estava a presidente do conselho estudantil, a bela Kaguehara Miami.
─ Bom dia, Kague- ─ o som do alarme da escola toca, indicando que a aula estava pra começar.
─ Bom dia, Uehara-kun! ─ela diz se despedindo, indo provavelmente para sua sala.
“Ah... isso não vai dar certo...” digo suspirando de cabeça baixa. Na sala, ainda pensativo, não prestei atenção alguma na aula.
O que é que eu deveria fazer? Chegar lá e dizer que tudo aquilo foi dito forçadamente? Que tudo aquilo nunca aconteceria se não fosse um site idiota? Claro que não! Ela disse sim não foi? Mas e agora?
Comecei a refletir sobre tudo, desde o site. Agora, mais calmo, acabei percebendo coisas que eu nem tinha levado em consideração. Começando por aquela mensagem, aquela missão que recebi. Ela dizia que eu deveria me confessar para uma garota, no qual eu sentisse algum tipo de sentimento. A questão é que, se levarmos ao pé da letra, eu só tinha que dizer o que eu sentia a alguma garota, quer dizer, eu poderia chegar em qualquer uma e dizer aquilo que me viesse a cabeça. Se eu visse alguém que eu odiasse, era só dizer que a odiava, ou se não sentisse nada, era só dizer. Além do mais, também não dizia nada sobre pedir alguém em namoro, isso foi por minha conta, o que me deixou mais frustrado comigo mesmo. Quanto a foto, nunca se foi afirmado que caso eu não cumprisse, ela seria divulgada. Aquilo apenas ficou implícito para que a ideia fosse deduzida. Uma trapaça ardilosamente bem pensada eu diria.
No final de contas, foi apenas eu mesmo que me pus nessas condições. Aquilo era frustrante.
Um pedaço de papel dobrado caiu bem a minha frente, roubando toda a minha atenção.
Olhei para os dois lados, mas não vi ninguém suspeito. Abri o tal papel, no qual havia algo escrito.
“Intervalo – Terraço”
Após ler, imediatamente olhei novamente para os lados, tentando descobrir quem estava me chamando par ao terraço no horário do intervalo.
Esperei ansiosamente o fim da terceira aula. Nunca os ponteiros do relógio andaram tão devagar. O alarme toca, fazendo-me correr e sair da sala, primeiro até que o professor.
Será que é alguma missão? Será que é algo do site, ou talvez o próprio criador querendo fazer contato?
Bom, isso eu estava ansioso para descobrir. Subi as escadas que davam acesso ou terraço, que ficavam no lugar do terceiro andar. A porta estava destrancada, coisa bem rara, já que ela permanecia assim desde que um professor a trancou.
Abri a porta, dando de cara com os raios do sol intenso, daquela manhã. O dia estava particularmente bonito, o céu estava em seu melhor azul, poucas nuvens apenas adornavam aquele dia ensolarado, sem contar na leve brisa que deixava o clima totalmente agradável.
Dentre aquele grande espaço que formava o terraço, alguns bancos de pedra, colocados estrategicamente por cantos a parte, no qual, e para minha surpresa, a Kaguehara estava sentada à minha espera. Acho que a resposta de minhas perguntas estava bem a minha frente.
– Bom dia, Uehara-kun! – ela ri tão graciosamente que me deixa sem jeito.
– Bom dia. – respondo sem muita empolgação, afinal eu estava morrendo de vergonha.
– Ora, Uehara-kun! Você está bem? Seu rosto está um pouco vermelho... – ela diz com um sorriso provocativo, provavelmente ao saber que eu estava corado de vergonha.
– E-eu estou bem! E você? Por quê me chamou aqui? – eu pergunto um pouco nervoso, tentando desviar o assunto.
Ela se vira pegando algo escondido – Achei que talvez pudesse me ajudar, provando algumas coisas que eu acabei fazendo... – ela diz revelando uma linda caixa onde trazia um obento.
Nela havia arroz, sushi, sashimi, pedacinhos de frango frito, e tantas outras coisas que me faziam salivar. Eu saí de casa sem nem tomar o café da manhã, então naquela hora, eu estava morrendo de fome.
– Hum...
Usando os hashis, ela pega um pequeno pedaço de sushi e leva até a altura da minha boca.
– Vamos... diga “Ahhh!”... – ela insiste, abusando de sua doçura.
Não tive escolha, a não ser fazer aquilo que ela sugeriu. Meu coração disparou, quando ela se aproximei e colocou a comida em minha boca.
– D-delicia! – eu disse empolgado.
– Que bom!
Nessa hora, meu celular começou a vibrar m meu bolso, me causando um pequeno susto. Retirei-o do bolso, quase que instintivamente, para ver o que era.
“Missão – Kiss
Objetivo: Beijar alguém, não importando quem seja.
Tempo: o prazo estipulado será uma semana, começando a partir de hoje.”
Agradeço aos deuses por ter dado tempo de eu ter me virado antes de cuspir tudo, em uma baita reação exagerada, diante de tamanho susto.
Que raios de missão é essa?! Eu vou ter que beijar a K-Kaguehara?
– Está tudo bem, Uehara?! Você se engasgou? Seu rosto está vermelho demais!
Bom, eu de fato devia estar. Digamos que não me dou muito bem com esse tipo de coisa. Quero dizer, para alguém como eu, que nunca beijou uma garota na vida, beijar a Kaguehara seria algo muito além do que eu poderia sonhar.
– Kaguehara-san...
– Hay!
– S-sobre mais tarde... digo, após a escola, sabe? Eu gostaria de saber se-
– Hum... após a escola eu tenho coisas do conselho pra resolver...
– Quero dizer, após o trabalho no conselho...
– Hum... depois do conselho eu tenho as aulas do cursinho no centro.
– Ah... entendo... – eu disse de forma desanimada.
– Mas o que você queria dizer mesmo?
– Nada! Quer dizer, não é nada não...
Não tive coragem de chama-la pra sair, imagina tentar beija-la. Que patético! O intervalo chegou ao fim, então apenas me despedi e cada um foi para sua respectiva sala.
Na quarta aula foi aplicado um teste surpresa, onde não sei se sai muito bem. Na quinta aula, nada de relevante a contar. Ao sinal do colégio, se encerra mais um dia de aula.
Sentado no vagão indo para casa, observava a paisagem mudar conforme o metrô se movia e pensava sobre as coisas que estavam acontecendo comigo. Havia gente por perto, mas por alguns momentos, senti como se só eu existisse naquele momento.
Peguei meu celular e quando me dei conta eu estava acessando aquele site estupido. Pra minha surpresa, só havia uma pessoa online, a ST, ou Sakihiro Tolka. Cliquei em seu ícone e então mandei uma mensagem no chat privado.
[SAN] – Oi. (12:22)
[ST] – Olá! (12:25)
[SAN] – Parece que só somos nós aqui. (12:25)
[ST] – É mesmo. (12:26)
[ST] – Acho que os outros devem ter muita coisa pra fazer. (12:26)
[SAN] – É... isso é bem louco, não acha? (12:27)
[ST] – O que? (12:27)
[SAN] – Nós, quer dizer, os membros. Tipo, estão espalhados pelo mundo e mesmo assim estamos em situações parecidas. (12:28)
[ST] – Sim, isso é verdade. (12:29)
[ST] – SAN, obrigada! (12:29)
[SAN] – pelo que? (12:29)
[ST] – É que eu estava meio entediada. Quer dizer, eu acabei de sair da escola e estou sentada no metrô indo pra casa. (12:30)
[ST] – eu já estava ficando... bem você sabe... (12:30)
[SAN] – É, eu sei sim. Na verdade, eu também estou no metrô indo pra casa, então como pode ver, eu entendo bem como se sente. (12:31)
[ST] – Nossa, eu diria que é uma grande coincidência, isso se eu acreditasse nessas coisas. (12:32)
[SAN] – Ahn... ST... você é uma garota não é? (12:33)
[ST] – Sim, eu sou. (12:33)
[SAN] – Você tem namorado? (12:34)
[ST] – (O.O) por que isso de repente? (12:35)
[ST] – Bom, não. Não tenho... (12:35)
[SAN] – Ah, me desculpe por fazer uma pergunta assim! (12:35)
[ST] – Não foi nada. É que só me pegou de surpresa, só isso. (12:36)
[SAN] – Foi mal. (12:36)
[ST] – Mas e você? Por acaso você tem uma, digo, uma namorada? (12:36)
Eu fiquei um pouco pensativo quanto ao que responder. Para todos os efeitos, achei melhor deixar a presença da Kaguehara em sigilo.
[SAN] – Não, não tenho. (12:38)
[SAN] – Mas então, ST. (12:38)
[ST] – Sim? (12:38)
[SAN] – O que você acha sobre... (12:38)
[ST] – Sobre? (12:39)
[SAN] – Sobre... kiss...? (12:40)
[ST] – Beijo?!! (12:40)
[SAN] – ... é. (12:40)
[SAN] – Digo, é que um colega estava falando sobre beijo, então eu só queria saber a opinião de uma garota sobre... Mas não precisa responder se não quiser! (12:41)
[ST] – Bom... não é tão assim, quero dizer, não tem problema. É que é um pouco constrangedor dizer isso, mas... eu nunca tive um namorado, quanto mais experiência em... beijos... (12:43)
[SAN] – Sinto muito por isso, não devia ter perguntado. (12:43)
[ST] – Bom, tudo bem. (12:44)
[ST] – Mas, eu acho que um beijo é algo muito importante. Não só pra uma garota, mas em geral. É como uma forma de expressar tudo aquilo que se sente um pelo outro. Não conhecemos outra forma de expressar algo racional a não ser por palavras. (12:44)
[ST] – Mas para sentimentos, coisas totalmente fora de logica, um beijo é mais que prefeito para tentar transmitir tal coisa... ao menos é isso o que eu acho J (12:45)
Aquelas palavras da Sakihiro foram mais do que eu esperava. Realmente fiquei bem impressionado com o que ela disse e como aquilo refletiu dentro de mim.
[SAN] – Mais uma coisa. (12:46)
[SAN] – Se, hipoteticamente é claro, você tivesse acabado de começar um namoro... quanto tempo você acharia o bastante para rolar o primeiro beijo? (12:46)
Novamente, ela demorou para responder. Acho que minhas perguntas são invasivas demais.
[ST] – Bom, acho que essa pergunta eu não vou poder responder. Como eu disse antes, eu nunca tive um namorado, então não sei se sou a pessoa mais indicada para responder tal pergunta. (12:48)
[ST] – Mas... sendo apenas hipoteticamente... acho que deveria ser quando os dois estivessem prontos, de preferência com o pôr do sol de fundo. (12:48)
[ST] – (esquece a parte do pôr do sol, por favor) (12:49)
[SAN] – Sem problemas. E muito obrigado mesmo! Isso foi de grande ajuda. (12:49)
Na verdade nem tanto, mas me senti responsável por faze-la falar de coisas tão constrangedoras com alguém que ela mal conhece.
Antes que me desse conta, se passaram 3 dias, nos quais mantive contato frequentemente com a ST. Aparentemente o ADM desapareceu do chat durante esse tempo. Os outros falaram que isso era normal, mesmo assim, sempre conversávamos bastante uns com os outros, madrugada a dentro. Nada formal ou privado, apenas papo furado para matar o tempo e tédio.
Quanto a Kaguehara, nossos encontros a sós no terraço também se tornaram parte da rotina. A cada dia ela preparava algo diferente, então comíamos juntos, mas nada mais que isso. Nunca ficamos após as aulas ou algo do tipo. A vida de um estudante do 3° ano é bem puxada, ainda mais para alguém que é a presidente do conselho estudantil. Tirar boas notas e ser um bom exemplo é quase uma obrigação. Aposto que ela estuda o dobro que qualquer um, mesmo tendo uma das melhores notas de toda a escola.
Hoje é sexta-feira. O que significa que das 12:00 até as 07:15 de segunda-feira, estamos livres para fazermos o que der na telha.
– Sinto muito Uehara-kun... Mas, hoje eu não tenho nada para fazer para o conselho, então se você quiser me acompanhar até o meu cursinho...
Cara, é meio impossível resistir aquele olhar, apenas tentei me conter enquanto concordava.
Ok, não foi muito o que eu imaginava. Andamos, rimos tomamos sorvete no caminho, que foi curto demais até para que pudesse chamar aquilo de “encontro”. Deixei ela na porta do cursinho e assim nos despedimos.
Passei o sábado inteiro pensando em como chama-la pra sair, quando me dei conta de que eu nem tinha qualquer contato com ela. Que tipo de namorado nem tem o número da namorada anotado no celular?
Bom, não tive muita coisa a fazer, além de me atualizar e por algumas séries em dia. Meus dias de otaku pareciam ter retornado. Passei meu domingo trancado no quarto, assistindo animes, séries em geral, lendo mangás e doujins, e jogando uma porrada de mmorpg que eu nunca mais havia jogado. Ao auge de meu cansaço já eram 04:12 da manhã de segunda-feira. Dormi sobre minha escrivaninha como nos velhos tempos.
Autor(a): dkseven
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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07:00 segunda-feira. Estou andando, ao menos é isso que tento ordenar ao meu corpo esgotado a fazer. Enquanto reclamo mentalmente daquela tediosa subida, luto para manter meus olhos ao menos abertos. Tentei não me importar com o fato de ter voltado a mesma rotina de sempre, na qual eu sem dúvida não sou nenhum pouco feliz. Pensando bem, tirando ...
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