Fanfic: Slife of Life | Tema: Drama

07:00 segunda-feira.

Estou andando, ao menos é isso que tento ordenar ao meu corpo esgotado a fazer. Enquanto reclamo mentalmente daquela tediosa subida, luto para manter meus olhos ao menos abertos. Tentei não me importar com o fato de ter voltado a mesma rotina de sempre, na qual eu sem dúvida não sou nenhum pouco feliz.

Pensando bem, tirando os acontecimentos recentes, quando foi que eu pude dizer que fui realmente feliz? Quando comecei a sair com a Kaguehara posso dizer que fui feliz, mas antes disso, não consigo achar nenhum momento no qual possa dizer o mesmo...

 – Uehara-kun! – diz uma voz ao longe.

Me viro lentamente, enquanto passo pelos portões da escola. Ao mesmo tempo, recebo uma mensagem no celular.

[ST] – Bom dia! Vamos nos esforçar hoje! ^o^ (07:06)

A Sakihiro parecia estar animada por algum motivo. Ou talvez não queira ficar igual a mim, pensando em bobagens que me deixam pior ainda. Seja o que for, ela conseguiu me fazer sentir melhor.

– Kajimoto-kun! Bom dia!

– Kaguehara-san?! B-bom dia... sinto muito, eu não tinha prestado atenção. Você está bem?

– Sim, eu só corri um pouquinho.

– É, essa ladeira realmente cansa. Deveríamos falar com a presidente do conselho pra ela resolver isso...

Ela riu como nunca, de uma piada tão simples. Queria tirar uma foto do sorriso dela e guardar pra sempre.

– Sinto muito, eu esqueci de te pedir o seu número outro dia. – ela disse já segurando o seu celular.

– Eu também esqueci. – então acabamos trocando nossos números e e-mails.

Bom, olhando em volta, estava claro que todos nos observavam. Era como se alguém tivesse apertado a tecla “pause”, mantendo todos estáticos enquanto mantinham seus olhares fixados em nós.

– Bom, eu vou indo na frente...

– Tudo bem então. Nos vemos no intervalo, né?

– Claro, mal posso esperar!

E assim eu fui na frente, conseguindo me livrar daqueles olhares. A Kaguehara é bem famosa em toda escola, não só por ser a presidente do conselho estudantil, então não seria nenhuma novidade ela ter alguns admiradores que por acaso não ficariam nada felizes de saber que ela estava namorando, ainda mais sendo eu.

Entrei na sala e em questão de segundos, cochichos próximo a mim começaram a me irritar. Era aquela típica cena em que eles se juntavam um pouco ao longe e começavam a cochichar olhando em sua direção e em um tom de voz onde só da pra escutar o seu nome claramente.

O professor entra na sala, um alivio e um tormento ao mesmo tempo, pois ele aplicou uma prova surpresa. Abaixei mina cabeça sobre o apoio da carteira, havia muita coisa em minha mente pra eu conseguir me concentrar naquela prova. Soishiro-sensei estava vigiando, mas daquele ângulo ele não conseguia me ver direito. Aproveitando disso, peguei o celular em meu bolso e comecei a teclar.

[SAN] – ST, você está ai? (07:22)

Olhei para a tela do celular por alguns segundos e depois na direção do professor.

[ST] – Nossa, você me assustou agora! (07:23)

[ST] – É que eu estou fazendo uma prova surpresa agora e o celular vibrando me assustou. (07:23)

[SAN] – Ah, sinto muito! (07:23)

[SAN] – Na verdade eu estou no meio de uma prova surpresa também. (07:24)

[ST] – Sério? (07:24)

[SAN] – Sim, juro! A minha é de química. Odeio química. (07:24)

[ST] – A minha é de física. Estou ficando louca com essas formulas! (07:24)

[SAN] – Bom... eu sou mediano em física. Se quiser ajuda... (07:25)

[ST – Isso seria ótimo, mas também seria colar. (07:25)

[SAN] – Isso é verdade, mas se parar pra pensar, usar o celular na sala, ainda mais no meio de uma prova, já é uma infração grave, não acha? (07:26)

[ST] – Quer saber? Eu até que sou boa em química... (07:26)

Então nos próximos 20 minutos, passamos ajudando um ao outro nas coisas que mais tínhamos dificuldades. No final de contas, aquilo só valeu por um terço da nota total daquele semestre, e devo agradecimentos a Sakihiro, pois sem ela eu teria levado bomba naquela prova. Pelo visto a semana de prova já seria na próxima semana, o que significa que terei que me focar nos estudos, ao menos por enquanto.

Ao fim da terceira aula, jogaram-me um pedaço de papel, onde estava escrito “Intervalo – Terraço”, semelhante aquele que eu tinha recebido antes, mas com uma letra um pouco diferente.

“Aquilo só pode ser sido da Kaguehara”, pensei comigo mesmo, então ao soar do alarme do intervalo, fui como de costume em direção ao local combinado.

Passando por um corredor que dava para as escadas que me levariam ao terraço, acabei esbarrando com o Shouta Yahiro, que é claro, estava acompanhado de seus outros dois amiguinhos, o alto com cabelo liso penteado para trás Hideki Toyota, e o Gordo e nanico Gouta Hibiki.

– Ora, se não é ele mesmo! Aquele no qual toda escola tá falado. – ele diz em tom provocador.

– Sinto muito. – eu digo sem olhar para seu rosto, tentando contorna-lo.

– Hey, espera um pouco! – ele puxa minha camisa, fazendo-me voltar alguns passos para trás.

Vendo que eles não iriam me deixar passar por ali, tentei voltar por onde eu tinha vindo, mas logo atrás surgiram 3 garotas.

– Parado ai! Onde pensa que vai?

Aquele parecia não ser mesmo o meu dia. Primeiro uma prova surpresa, agora isso? Afinal de contas, o que eles queriam comigo?

– Meu nome é Monzaeza Miaby. – diz a garota do meio.

Seu cabelo era longo e escuro, repartido por duas marias-chiquinhas amarradas por laços com fitas vermelhas. Ela parecia estar zangada com algo, suas finas sobrancelhas expressavam bem seu estado de espirito naquele momento. Com as mãos na cintura e suas pernas um pouco abertas, a faziam parecem uma personagem de algum anime de luta, onde ela parecia estar prestes a entrar em combate. Embora, o que me chamou a atenção foram as suas meias prestas que chegavam a metade de suas cochas, deixando um pequeno espaço entre a barra da saia do uniforme feminino, revelando o tom delicado de sua pele. Realmente não consegui parar de olhar para aquilo por alguns segundos.

– Essas são Tomoe Miazaki e Kaori Maruoka. Nós somos- – Eu sei bem quem vocês são. – eu disse interrompendo-a.

– Monzaeza Miaby, vice-presidente do conselho estudantil, também a segunda melhor aluna de toda escola Ibike. Tomoe Miazaki, presidente do clube de arco e flecha, sala 3 – A e terceira melhor aluna de toda a escola. E Kaori Mauoka, líder do time de basquete da escola, sala 3 – c e por incrível que pareça, quinta melhor aluna da escola.

– Se ele sabe quem nó somos, isso fica mais fácil. – diz a Tomoe como uma voz serena.

Tomoe Miazaki, é conhecida por ser bem culta e formal em relação ao tratamento com as pessoas. Sua beleza e serenidade a faz parecer uma sacerdotisa de algum templo.

– Ótimo, vamos resolver isso de uma vez por todas! – diz a Kaori, estralando os dedos de uma só vez.

Se a Tomoe é conhecida por sua serenidade, Kaori Mauoka é completamente o oposto. Com apenas a exceção de ambas serem lindas, Kaori é praticamente a cópia reversa da Tomoe. Alta, atlética, cabelo curto na altura do pescoço, agitada e com um temperamento explosivo.

– Kajuishiro Uehara- – É Kajimoto Uehara! – corrigi – Que seja! Nós viemos aqui para lhe perguntar algo.

– É... bem que eu desconfiei da letra naquele papel, mas acabei ignorando completamente. Me deixem passar! Tenho coisas a fazer...

– Humm... é mesmo?! – diz a Kaori estralando os punhos.

– Calma Kaori, não viemos para isso. – diz a Tomoe tentando acalmar a situação.

– Ok, vou direto ao assunto. Te chamamos aqui para que possa responder algo para nós.

– Seja lá o que for, não estou interessado, apenas me deixem passar.

– Ora Uerara-kun, não seja assim. Vai ser só uma conversinha entre amigos, né Monzaeza-san? – diz aquele ridículo do Shouta.

– Me diga uma coisa, hoje, logo cedo, várias pessoas incluindo eu mesma te vi conversando com a Kaguehara-sama... – ela cora ao menciona o nome da Kaguehara, sem contar naquele “sama” meio exagerado eu diria – O que vocês estavam falando? Ou melhor, quem te deu permissão pra falar com ela? Já se olhou no espelho? Por acaso sabe quem ela é? Acha que pode sair por ai falando com quem bem entende? Agora, responda de uma vez, qual o seu envolvimento com a presidente?!

– I-isso não é da sua conta! – eu digo rangendo os dentes.

Aqui não era bom. Aquelas pessoas eram as mais influentes de toda a escola, perto delas eu não era nada. Pelo jeito estava mais que obvio que elas faziam parte das seguidoras da Kaguehara e não estavam nada contentes com aquilo. O que iria acontecer se eu dissesse que e era seu namorado? Sem duvidas, a reputação dela iria ser abalada, talvez ela pudesse perder todo aquele prestigio que todos tinham por ela. Um exemplo como ela, namorando alguém feito eu...

– Eu sou...

– Eu sou...? O que? Não vai me dizer que você e ela estão namorando?! – o Shouta riu alto, assim como os outros dois, mas parece que não havia ninguém por perto para ver o que estava acontecendo.

– Claro que não! A Kaguehara-sama nunca iria se relacionar com alguém desse tipinho! Cê tá louco Shouta?! Olha só esse cara, é patético! – diz a Kaori e todos riam de mim.

– Vamos, responda isso de uma vez!

Droga, eles não vão me deixar sair livremente sem que eu responda algo, então nesse caso...

– Eu e a Kaguehara-san... somo apenas amigos... apenas isso... – eu disse sentindo um grande gosto amargo em minha boca.

– Mas é claro! Eu não disse, Monzaeza-san? Agora cê me deve ¥$ 1.500,00!

– Droga, depois eu acerto isso com você, Shouta. Pelo menos tiramos essa duvida de uma ve-

Por algum motivo, as palavras da Kaori se sessaram antes mesmo que ela acabasse de falar. As três parecia estar apavoradas, como se tivessem visto um fantasma. Quando me virei, percebi o motivo de tal reação. Meus olhos se arregalaram, cheguei até a perder o folego por segundos ao ver que a Kaguehara estava de pé um pouco atrás.

Um frio me subiu pela espinha, eu nunca tinha visto a Kaguehara daquele jeito antes. Sua testa estava franzida e seu olhar tão frio que poderia congelar qualquer coisa. A cada passo que ela dava em minha direção, meu coração batia mais forte, até finalmente ela estar bem diante de mim.

– Presidente! Eu, quer dizer, nó só estávamos- – Cale-se! – ela diz em um tom frio interrompendo a Monzaeza que também se mostrava estar em pânico.

– É, tem razão Shouta... Eu não sou seu amigo, Kajimoto-kun e provavelmente, nunca serei. – ela diz, descruzando os braços.

Eu senti uma angustia em meu peito, que me fez querer sair dali o quanto antes, pois eu sabia que ela estava muito puta comigo.

– Eu e o Kajimoto, somos namorados! E não vou admitir que ninguém se intrometa entre eu e ele, entenderam?!