Fanfic: After Love || Vondy | Tema: Vondy
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POV DULCE
Desdobro o papel, e meus olhos se arregalam de surpresa. A folha está inteiramente coberta com palavras escritas à mão com tinta preta, frente e verso. É uma carta — uma carta de Christopher, escrita à mão. Quase tenho medo de ler… mas sei que preciso.
Dul,
Já que não sou bom com palavras quando tento expressar o meu eu interior, roubei algumas do sr. Darcy, de quem você gosta tanto. Escrevo sem nenhuma intenção de incomodá-la, ou de me humilhar, insistindo em desejos que, para a felicidade de ambos, tão cedo não serão esquecidos; e os esforços que a redação e a leitura desta carta devem ocasionar deveriam ter sido evitados, não fosse uma exigência do meu caráter que tudo seja escrito e lido. Você deve, portanto, perdoar a liberdade que tomo ao pedir sua atenção; seus sentimentos, bem o sei, haverão de ser contrariados, mas apelo aqui ao seu senso de justiça…
Sei que fiz um monte de coisas horríveis para você, e que não te mereço, de jeito nenhum. Mas estou pedindo — ou melhor, implorando —, por favor, para deixar de lado as coisas que fiz. Sei que não é pedir pouco, como sempre, e sinto muito por isso. Se pudesse voltar atrás, eu faria isso. Sei que você está com raiva e decepcionada com os meus atos, e isso me mata por dentro. Em vez de criar pretextos para o jeito que sou, vou contar a você ao meu respeito, contar sobre a pessoa que eu era, e que você nunca conheceu. Vou começar pelas merdas que lembro — tenho certeza de que tem muito mais, mas juro, a partir de hoje, não esconder mais nada de você.
Quando tinha uns nove anos, roubei a bicicleta do meu vizinho e quebrei a roda, depois menti a respeito. Naquele mesmo ano, quebrei a janela da sala de estar com uma bola de beisebol e menti a respeito. Você já sabe da minha mãe e dos soldados.
Meu pai foi embora um pouco depois, e fiquei feliz com isso.
Não tinha muitos amigos, porque era um babaca. Implicava com as crianças da minha turma, muito. Todos os dias, praticamente. Era um idiota com a minha mãe — aquele foi o último ano em que disse que a amava. A provocação e a grosseria com todo mundo continuaram até agora, então não sou capaz de relatar todos os casos, só sei que foram muitos.
Com cerca de treze anos, eu e uns amigos invadimos uma farmácia na rua da minha casa e roubamos um monte de coisas. Não sei por que fiz isso, mas, quando um dos meus amigos foi pego, fiz ameaças para que assumisse a culpa, e ele assumiu. Fumei meu primeiro cigarro aos treze. Tinha um gosto horrível, e tossi por dez minutos. Nunca mais fumei de novo até começar a fumar maconha, mas já vou chegar nisso.
Aos catorze, perdi a virgindade com a irmã mais velha do meu amigo Mark. Ela era uma vagabunda e tinha dezessete anos na época. Foi uma experiência estranha, mas eu gostei. Ela dormiu com toda a nossa turma, não só comigo. Depois de experimentar o sexo pela primeira vez, não fiz de novo até os quinze anos, mas aí eu já não podia mais parar. Ficava com um monte de garotas em festas. Sempre mentia a idade, e as meninas eram fáceis. Nenhuma delas gostava de mim, e eu não dava a mínima para elas. Foi nesse ano que comecei a fumar maconha, e com frequência. Comecei a beber mais ou menos na mesma época — eu e meus amigos roubávamos bebida dos pais ou de qualquer lugar que conseguíssemos. Comecei a brigar muito também. Apanhei algumas vezes, mas na maior parte do tempo levava a melhor. Sempre tive muita raiva — sempre —, e era bom machucar alguém.
Procurava briga o tempo todo para me divertir. A pior foi com um garoto chamado Tucker, que era de uma família pobre. Ele usava roupas velhas, farrapos, e eu o torturava por isso. Fazia uma marca na camiseta dele com uma caneta só para provar quantas vezes usava a mesma sem lavar. É doentio, eu sei.
Enfim, um dia eu o vi na rua e dei um soco no ombro dele só para irritar. Tucker ficou com raiva e me chamou de idiota, então o espanquei. Ele quebrou o nariz, e a mãe dele não tinha dinheiro nem para pagar uma consulta médica. E eu continuei enchendo o saco do cara depois. Alguns meses mais tarde, a mãe dele morreu, e Tucker foi adotado, por sorte, por uma família rica. Um dia ele passou de carro por mim. Era o meu aniversário de dezesseis anos, e ele estava num carro novo. Fiquei com raiva e queria encontrá-lo só para quebrar o nariz dele de novo, mas, agora que penso nisso, fico feliz por ele.
Vou pular o restante do meu décimo sexto ano, porque tudo o que fazia era beber, ficar doidão e brigar. Na verdade, isso vale para os dezessete também. Eu arranhava carros, quebrava janelas.
Conheci James aos dezoito. Ele era legal porque não dava a mínima para nada, que nem eu. Bebíamos todos os dias, com o nosso grupo. Voltava para casa bêbado toda noite e vomitava no chão, e minha mãe tinha que limpar. Quase toda noite quebrava alguma coisa… Ninguém se metia com a nossa turma, que era uma espécie de gangue. Dá para entender por quê.
As brincadeiras começaram — as que contei para você —, e você sabe o que aconteceu com Megan. Essa foi a pior, juro. Sei que está com nojo por eu não me importar com o que aconteceu com ela. Não sei por que não me importava, mas era assim. Só hoje, quando estava dirigindo aqui para este quarto de hotel vazio, é que pensei em Megan. Ainda não me sinto tão mal quanto deveria, mas comecei a pensar: e se alguém tivesse feito isso com você?
Quase tive que parar o carro para vomitar só de pensar em você no lugar de Megan. Eu estava errado, muito errado de fazer isso com ela. Uma das outras meninas, Melissa, também se apegou a mim, mas não deu em nada. Era chata e histérica. Eu espalhei uma história de que ela não era muito limpinha, lá embaixo… então todo mundo implicou com ela por causa disso, e ela nunca mais me incomodou. Fui preso por bebedeira em público, e minha mãe ficou com tanta raiva que me deixou passar uma noite na delegacia. E aí, quando todo mundo descobriu sobre a história da Megan, ela cansou. Tive um ataque quando minha mãe falou sobre me mandar para os Estados Unidos. Não queria deixar minha vida na Inglaterra, por mais doentio que tudo aquilo fosse — eu era doentio.
Mas, quando espanquei uma pessoa na frente de uma multidão durante um festival, minha mãe disse chega. Me inscrevi na WCU e passei, claro. Quando cheguei aos Estados Unidos, odiei tudo. Tudo. Estava tão chateado por precisar estar perto do meu pai que me rebelei mais ainda, bebendo e zoando na fraternidade o tempo inteiro. Conheci Anahí primeiro. Foi numa festa, e ela me apresentou para o restante do grupo. Eddy e eu ficamos amigos de cara. Dan e John eram uns babacas, John era o pior. Você já sabe da irmã do Dan, então vou pular isso. Transei com algumas meninas desde então, mas não tantas quanto você deve imaginar. Dormi com a Demi uma vez depois de você e nos beijamos, mas só fiz isso porque não conseguia parar de pensar em você. Não conseguia tirar você da cabeça, Dul.
Ficava pensando o tempo todo que só podia ser com você. Achei que ia ajudar, mas estava errado. Eu sabia que ela não era você. Com você teria sido melhor. Continuei dizendo a mim mesmo: se eu encontrar Dulce mais uma vez, vou perceber que isso é só uma obsessão ridícula, mais nada. Só tesão.
Mas toda vez que te via eu queria mais e mais.
Ficava pensando em maneiras de te irritar só para ouvi-la dizer meu nome. Queria saber o que você estava pensando na sala de aula para olhar para o seu livro com o rosto franzido, queria alisar a ruga entre as suas sobrancelhas, saber o que você e Christian tanto cochichavam, o que você escrevia naquele maldito bloco. Na verdade, quase roubei de você uma vez, naquele dia em que ele caiu e eu peguei para devolver. Você provavelmente não se lembra, mas estava com uma camiseta roxa e aquela saia cinza horrorosa que costumava usar dia sim, dia não.
Depois daquele dia no seu alojamento, quando espalhei suas anotações e beijei você encostada contra a parede, não dava mais para voltar atrás. Pensava em você o tempo todo. Todos os meus pensamentos eram consumidos por você. Não sabia o que isso era a princípio, não sabia por que estava tão obcecado. A primeira vez que você passou a noite comigo é que eu soube, eu ENTENDI que te amava. Entendi que faria qualquer coisa por você. Sei que soa falso agora, depois de tudo que fiz você passar, mas é verdade. Juro.
Eu ficava sonhando acordado — imagina, EU sonhando acordado — sobre a vida que poderia ter com você. Imaginei você sentada no sofá com uma caneta entre os dentes e um livro no colo, os pés no meu colo. Não sei por quê, mas não conseguia tirar essa imagem da cabeça. Era uma tortura querer você do jeito que eu queria e saber que nunca sentiria o mesmo. Ameacei todo mundo que tentou sentar naquele lugar ao seu lado, ameacei Christian, só para sentar ali, para ficar perto de você. Eu dizia a mim mesmo que só estava fazendo aquelas coisas estranhas para ganhar a aposta. Sabia que era mentira, mas não estava pronto para admitir. Eu fazia as maiores merdas para alimentar minha obsessão por você. Marcava trechos nos meus livros que me faziam lembrar de você.
Quer saber o primeiro? Era: “Desceu até a pista, evitando olhá-la de frente, como se ela fosse o sol, mas, sol que era, também não precisava de a olhar para vê-la”.
Sabia que estava apaixonado quando comecei a sublinhar Tolstói.
Quando disse que te amava na frente de todo mundo, estava falando sério — só era idiota demais para admitir depois que você me rejeitou. No dia em que você me disse que me amava foi a primeira vez em que senti que havia esperança para mim. Esperança para nós. Não sei por que continuei te magoando e te tratando daquele jeito. Não vou desperdiçar seu tempo com uma desculpa, porque não tenho. Só tenho muitos instintos e hábitos ruins, e estou lutando contra eles por você. Tudo o que sei é que você me faz feliz, Dul. Você me ama quando não devia, e eu preciso de você. Sempre precisei e sempre vou precisar.
Quando você me abandonou na semana passada, quase morri, fiquei perdido. Completamente perdido sem você. Saí com uma pessoa na semana passada. Não ia contar, mas não suporto a chance de perdê-la novamente. Não dá nem para chamar de encontro, na verdade. Não aconteceu nada. Eu quase a beijei, mas me segurei. Não podia beijar aquela menina, não podia beijar ninguém além de você. Ela era chata, não era nada comparada a você. Ninguém é, ninguém nunca vai ser.
Sei que provavelmente é tarde demais para isso, especialmente agora que você sabe todas as merdas que fiz. Só posso rezar para que continue me amando mesmo depois de ler isto. Senão, tudo bem. Vou entender. Sei que você pode arrumar coisa melhor.
Não sou romântico, nunca vou escrever um poema ou cantar uma música para você.
Não sou nem gentil.
Não posso prometer que não vou te magoar de novo, mas posso jurar que vou te amar até o dia em que morrer. Sou uma pessoa terrível, e não mereço você, mas espero que me dê a chance de recuperar sua fé em mim. Lamento a dor que causei, e entendo se você não puder me perdoar.
Desculpa. Esta carta não era para ser tão longa. Acho que já fiz mais merda do que pensava.
Eu te amo. Sempre.
Christopher.
Autor(a):
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 1969
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anyvondy23 Postado em 18/08/2021 - 14:55:32
Vindo ler de novo porque não concluí rsrs
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dayanerodrigues Postado em 09/08/2020 - 18:39:14
A música é a cara da música SÓ HOJE do Jota Quest Até parece que é o Christopher ta Cantando pra ela
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dmsavinom Postado em 09/09/2019 - 22:55:04
Esse livro e o muito bom, parece que já lançaram por filme, eu não assisti mais estou mega anciosa para assistir, mesmo eles tendo cortado um cado de coisas,, e terem deixado a história menos abusiva, para mais romântica.
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Tia_Olaf Grey♥ Postado em 20/02/2018 - 22:00:49
e em nenhum momento vi ela mencionar os créditos a Anna e mesmo que ela não esteja mais ATIVA nessa conta, eu precisava dizer isso aqui, a usuária estava repostando uma história, mundialmente famosa, que não era sua, ainda por cima não deu os devidos créditos a verdadeira autora, eu sou ESCRITORA e só eu sei o que passo para conseguir escrever cada capítulo das minhas fanfics, uma vez fui vítima de plágio e sinceramente não desejo isso a ninguém, então eu precisava vim aqui, como dever de cidadã falar que isso que essa usuária fez, de repostar uma história que não era SUA e ainda por cima fazer os leitores acharem que a história lhe pertencia, sem dar os devidos créditos a autora, isso é claramente PLÁGIO, me desculpem, não gosto de causar confusão, eu apenas precisava dizer isso, como fã da Anna e do belo trabalho dela, e EU se eu repostar uma fanfic, eu obviamente vou dar os créditos a autora original,, enfim, era só isso.
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Tia_Olaf Grey♥ Postado em 20/02/2018 - 21:54:06
Eu conheço essa história, na verdade é uma série de livros, nomeada After, Anna Todd começou a postar no wattpad, e alguns dias um escritor famoso a descobriu e hoje em dia ela é uma das maiores escritoras do mundo, conhecida mundialmente pelo sucesso avassalador de After, eu estava aqui olhando, para baixar o pdf de after, quando li a sinopse dessa fanfic, que é completamente igual a after, e para piorar TODOS os capítulos são iguaizinhos, foi ai que notei que a escritora repostou sim a história de after, no total são seis livros, ela parou na quinta temporada, eu sou leitora fiel da Anna a acompanhei no wattpad, lendo e me apaixonei pela história de after, foi então que vim aqui como leitora da Anna, avisa aos leitores, ou a escritora esqueceu de colocar os créditos ou ela queria que seus leitores acreditassem que essa fanfic maravilhosa era dela, eu olhei a sinopse, procurei no primeiro.
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bustamante Postado em 11/07/2017 - 18:27:14
Pelo amor, termina sério é muito foda essa Fic, juro ..
Tia_Olaf Grey♥ Postado em 20/02/2018 - 22:13:11
Se você pesquisar assim " Série After" na internet vai aparecer todos os livros ;)
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Rebeca Postado em 03/12/2016 - 19:00:57
A conta que eu postava aqui foi excluida, por tanto não tem como eu finalizar mais essa fanfic. Mas estou com uma história nova, pra quem quiser o link: https://m.fanfics.com.br/fanfic/55473/justica-vondy-vondy
ludmilla Postado em 07/12/2016 - 04:56:10
mulherrr to nem acreditando nisso, foi uma história q eu fiquei envolvida desde o início e agr saber n vai ter mais um fim é mt difícil.
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stellabarcelos Postado em 06/11/2016 - 14:04:27
Vence fazendo o Christopher ver as coisas por uma outra perspectiva foi incrível! Esses dois estão cada vez mais quentes!! Noooossa, o Christopher transou com meio mundo em Caraca hahaha
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leticia Postado em 28/10/2016 - 18:05:09
A dulce bebada gica bem mais solta kkkk coragem de fazer isso dentro de um lugar cheio de pessoas kkkkk ri mt
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Natalya Andrade Postado em 23/10/2016 - 00:00:35
Esses dois sao o casal mais louco que eu ja vi ! Como assim transar numa balada kkkk coragem. E nao gostei muito desse professor da Dulce morando em seattle... Foi estranho !