Fanfic: After Love || Vondy | Tema: Vondy

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POV CHRISTOPHER

Christian ficou mais confiante comigo desde a noite em que tentou me bater. Fez um escândalo no aeroporto quando me viu de pé na área de bagagem e percebeu que eu estava ali para buscá-lo, e não a mãe dele. Karen concordou que eu fosse buscar seu filho, talvez porque não quisesse sair depois da festa de Vance, ou talvez por ter pena de mim. Não sei, mas, de qualquer modo, fiquei contente.

Quanto a Christian, ele está totalmente contrariado, dizendo que sou o maior imbecil que ele conhece e se recusa a entrar no carro comigo, a princípio. Demorei quase vinte minutos para convencer o querido enteado do meu pai que ir comigo seria melhor do que andar quase cinquenta quilômetros no meio da noite.

Depois de passarmos algum tempo em silêncio, começo a conversa que deixamos morrer no terminal de chegada.

— Bom, estou aqui, Christian, e preciso que você me diga o que fazer. Estou dividido. Bem no meio.

— Entre o quê? — ele pergunta.

— Entre voltar para a Inglaterra para permitir que Dulce tenha a vida que merece e ir à casa do Pablo e matar aquele infeliz.

— Onde ela entra na segunda opção? — Eu olho para ele e encolho os ombros.

— Eu posso pedir para ela ir comigo depois que eu matasse o Pablo.

— Esse é o problema. Você acha que pode manipular a Dulce em qualquer situação, e no fim olha só o que aconteceu.

— Não quis dizer isso. É que… — Sei que ele está certo, então nem tento concluir a ideia. — Mas ela está com o Pablo… sei lá, como isso foi acontecer? Não consigo manter a cabeça fria pensando nisso — resmungo, esfregando as têmporas.

— Bom, então que tal eu dirigir? — Christian é bem irritante. — Christopher, ela passou a noite de sexta e o sábado inteiro com ele.

Minha visão escurece, literalmente.

— O quê? Então ela… eles estão namorando? — Christian desliza o dedo pela janela.

— Não sei se eles estão namorando… mas sei que, quando conversamos no sábado, ela disse que tinha dado risada pela primeira vez desde que você sumiu. — Dou uma risada irônica.

— Ela nem conhece o cara. — Não acredito que essa merda esteja acontecendo.

— Não quero ser um idiota, mas não dá para ignorar a ironia do fato de você estar tão obcecado com essa coisa de ela ficar com alguém que seja a cara dela, mas no fim acabar com alguém igualzinho a você — Christian comenta.

— Ele não tem nada a ver comigo — digo e tento me concentrar na direção antes que acabe chorando na frente de Christian. Fico calado durante todo o resto do trajeto até a casa do meu pai. — Mas ela chorou? — pergunto quando finalmente chegamos.

— Sim, durante uma semana inteira. — Ele balança a cabeça. — Cara, você não tem ideia do que fez com ela, e nem sequer se importou. Ainda está só pensando em si mesmo.

— Como você pode dizer isso depois do que fiz por ela? Fiquei longe para que ela pudesse seguir em frente. Eu não mereço a Dulce, você mesmo me disse isso, lembra?

— Sim, e continuo achando a mesma coisa. Mas também acho que essa decisão cabe a ela — ele diz, bufando, e sai do carro.

***

John dá um trago em seu baseado e olha para ele com intensidade.

— Não ando fazendo muita coisa ultimamente, estou de bobeira por aí. O Poncho quase nunca aparece; vive grudado com Anahí.

— Humm — murmuro. Tomo um gole da minha cerveja e olho ao redor em seu apartamento bagunçado. Nem sei por que vim aqui, para começo de conversa, mas não sabia para onde ir. A única certeza que tenho é a de que não vou voltar para aquele apartamento hoje. Não acredito que a Dulce está com Pablo… pu/ta merda.

E Christian não quis ligar para Dulce pedindo que fosse à casa do meu pai, mesmo depois de eu tentar forçá-lo a fazer isso. Ele é um babaca. Ainda assim, tenho que admitir que admiro sua lealdade, mas não quando atrapalha os meus planos. Christian disse que eu deveria deixar Dulce escolher se quer ficar comigo ou não, mas sei o que ela escolheria. Bom, pensei que soubesse.

Fiquei totalmente cego quando soube que Pablo passou quase o fim de semana todo com ela.

— O que está acontecendo com você? — John pergunta, soprando a fumaça da maconha na minha cara.

— Nada.

— Sou obrigado a dizer que fiquei bastante surpreso quando você apareceu na porta da minha casa hoje depois do que aconteceu na última vez em que a gente se viu — ele me lembra.

— Você sabe por que estou aqui.

— Sei?

— Dulce e Pablo. Sei que você já está sabendo.

— Dulce? Dulce Saviñon e Pablo Lyle? — Ele sorri. — Não me diga.

Ele precisa tirar esse maldito sorriso do rosto. Eu me calo e ele dá de ombros.

— Não sei de nada, sério. — Ele traga mais uma vez, e pequenos flocos de papel branco caem em seu colo, mas ele não parece notar.

— Você nunca fala sério. — Tomo mais um gole.

— Claro que falo. Então, eles estão trepando? — Ele ergue uma sobrancelha.

Quase perco o fôlego com a pergunta.

— Não fala assim, por/ra. Você viu os dois juntos? — Tento respirar devagar.

— Não, não sei de nada sobre eles. — John coloca o baseado no cinzeiro. — Pensei que ele estivesse namorando uma garota de colégio.

Olho fixamente para um monte de roupa suja no canto do quarto.

— Eu também pensei.

— Então, ela largou você para ficar com o Pablo?

— Nem tenta me zoar. Não estou no clima para isso.

— Foi você que veio aqui com esse monte perguntas. Não estou zoando você — John diz.

— Fiquei sabendo que eles saíram juntos na sexta-feira, e queria saber quem foi junto.

— Não sei. Mas eu não fui. Vocês dois não moram juntos ou coisa assim? — Ele tira os óculos de metido a hipster e coloca sobre a mesa.

— Sim, por que você acha que estou tão bravo com esse lance com o Pablo?

— Bom, você sabe que ele vai atrás do que você… 

— Eu sei. — Odeio John, odeio mesmo. E Pablo. Dulce não poderia ter escolhido ficar com o Poyato?Pu/ta merda, nunca pensei que consideraria Poyato uma boa opção para ela.

Reviro os olhos e me controlo para não arremessar John em cima da mesinha. Isso não está me levando a lugar nenhum, nada disso — a bebedeira, a ira, nada disso.

— Tem certeza de que não sabe de nada? Porque, se eu descobrir que sabe, acabo com você. Já sabe, né? — ameaço, com toda a sinceridade.

— Sim, cara, todo mundo sabe que você vira um psicopata por causa dessa mina. Para de ser tão babaca.

— Só estou avisando — digo a ele, e ele revira os olhos. 

Por que eu comecei a andar com esse cara? Ele é um baita vagabundo, e eu deveria ter deixado que a nossa amizade terminasse naquela briga.

John levanta e se espreguiça.

— Bom, cara, vou para a cama agora. São quatro da manhã. Você pode usar o sofá, se quiser.

— Não, beleza — digo e saio porta afora.

São quatro da madrugada e está frio do lado de fora. Mas nunca vou conseguir dormir, sabendo que ela está com Pablo. No apartamento dele. E se ele a estiver tocando? E se passou o fim de semana todo tocando o corpo dela? Ela transaria com ele só para me irritar?

Não, eu sei que ela não é assim. É a garota que ainda fica vermelha sempre que eu tiro sua calcinha. Mas Pablo sabe ser convincente, e pode dar bebida para ela. Sei que ela não tem resistência ao álcool — depois de duas bebidas, ela começa a xingar como um caminhoneiro e tenta abrir meu cinto.

Por/ra, se ele der bebida para ela para se aproveitar… 

Faço uma conversão proibida bem no meio do cruzamento, torcendo para que não haja policiais por perto, principalmente porque iam perceber que bebi cerveja.

Que se fo/da essa história de ficar longe dela. Posso ter sido um idiota, e a tratei muito mal — mas Pablo é muito pior do que eu. Eu a amo mais do que ele, ou qualquer outro homem, poderia amar. Sei o que tinha com ela. Sei o que perdi — e, agora que perdi, preciso reconquistar. Ele não pode tê-la, ninguém pode. Ninguém além de mim.

Merda. Por que não me desculpei com ela na festa?