Fanfic: After Love || Vondy | Tema: Vondy

Era o que eu deveria ter feito. Deveria ter caído de joelhos na frente de todo mundo e implorado para ela me perdoar, e nós dois poderíamos estar juntos na nossa cama agora. Mas, em vez disso, eu discuti com ela, e sem querer a derrubei quando estava tão bravo que não conseguia distinguir quem era quem.

Pablo é um otário. Quem ele pensa que é para ir busca-la naquela festa? Ele só pode estar de brincadeira. Minha ira está me dominando. Preciso me acalmar antes de chegar lá. Se eu ficar calmo, ela vai falar comigo, espero.

Quando chego à casa de Pablo, são quatro e meia da madrugada.

Fico parado por alguns minutos em uma tentativa de me acalmar. Finalmente, bato e espero com impaciência. Quando estou prestes a transformar a batida em socos, a porta se abre, e vejo Tyler, o colega de apartamento de Pablo, com quem conversei algumas vezes nas festas que eles davam.

— Uckermann? E aí, cara? — ele pergunta com a voz mole.

— Cadê o Pablo? — Eu passo por ele, sem querer perder mais tempo.

Ele esfrega os olhos.

— Cara, você sabe que são cinco da manhã, né?

— Não, são só quatro e meia. Onde… — Mas então vejo o cobertor dobrado no sofá. Muito bem dobrado: um indício de Dulce. Demoro um pouco para entender por que o sofá está vazio.

Onde ela está senão no sofá?

Sinto a bile subir pela minha garganta, e perco a capacidade de respirar pela centésima vez na noite. Atravesso o apartamento, e Tyler fica confuso e parado na sala.

Quando abro a porta de Pablo, está escuro, quase totalmente escuro. Pego o telefone do bolso e ligo a lanterna. Os cabelos escuros de Dulce estão espalhados no travesseiro, e Pablo está sem camisa.

Ai, meu Deus.

Quando encontro o interruptor e acendo a luz, Dulce se remexe e se vira de lado. Bato o pé na beira de uma mesa e faço barulho. Ela fecha os olhos e então os abre um pouco para descobrir quem estava causando a interrupção.

Tento pensar no que dizer ao processar a cena diante de meus olhos. Dul e Pablo juntos na cama.

— Christopher? — ela geme e franze a testa quando parece despertar. Ela olha para Pablo antes de olhar para mim, claramente chocada. — O que… o que você está fazendo aqui? — ela pergunta, desesperada.

— Não, não. O que você está fazendo na cama com ele? — Faço o melhor que posso para não gritar, cerrando os punhos com força.

Se eles transaram, tudo terminou, a por/ra toda está acabada.

— Como você entrou aqui? — ela pergunta, com o rosto tomado pela tristeza.

— O Tyler abriu a porta. Você está na cama dele? Como foi parar na cama dele?

Pablo fica de barriga para cima, passa as mãos nos olhos, e então se senta, olhando para mim, parado na porta.

— Que merda você está fazendo no meu quarto? — ele pergunta.

Não faz nada, Christopher, continua parado. Preciso ficar parado ou alguém vai parar no hospital. Esse alguém é Pablo, mas, se quero tirá-la dele, tenho que ficar o mais calmo que conseguir.

— Vim buscar você, Dulce. Vamos — digo e estendo a mão, apesar de estar do outro lado do quarto.

Ela franze a testa.

— Como é que é?

Lá vem a infame coragem de Dulce…

— Você não pode entrar no meu apartamento e começar a mandar nela.

Pablo se mexe para sair da cama, e vejo que está usando só um short com uma cueca por baixo. Acho que não vou conseguir ficar calmo.

— Não só posso como vim. Dulce… — Fico esperando que ela saia da cama, mas isso não acontece.

— Não vou a lugar nenhum com você, Christopher — ela responde.

— Você ouviu o que ela disse, cara. Ela não vai com você — Pablo diz para mim.

— Se eu fosse você, ficava quietinho. Estou tentando com todas as forças não fazer nenhuma merda, então cala essa por/ra dessa boca — rosno.

Ele abre os braços para me desafiar.

— É o meu apartamento, meu quarto, e ela não quer ir com você, então não vai. Se quiser me bater, pode bater. Mas ela não vai sair daqui se não quiser. — Quando ele termina, lança para ela o olhar mais falso que já vi. Dou uma risada bem alta.

— É esse o plano, certo? Você me irrita o suficiente para levar por/rada, ela fica se sentindo culpada, e eu viro o monstro de quem todo mundo tem medo? Você não pode acreditar nessa merda, Dulce! — eu grito.

Não consigo tolerar o fato de ela ainda estar na cama dele, e ainda menos o fato de não poder partir para a ignorância, porque é exatamente o que ele quer.

Dulce suspira.

— Vai embora.

— Dulce, me ouve. Ele não é quem você pensa, ele não é o Coitadinho Inocente.

— E por que não? — ela me afronta.

— Porque… bom, não sei… ainda. Mas sei que ele está usando você para alguma coisa. Ele só quer transar com você… você sabe disso — digo a ela, tentando controlar minhas emoções.

— Não, ele não quer — ela responde sem se alterar, mas vejo que está se irritando.

— Cara, você precisa ir embora… ela não quer sair. Você está fazendo papel de idiota. 

Quando ele diz isso com os lábios machucados, meu corpo começa a tremer. Tenho muita raiva dentro de mim que preciso extravasar.

— Eu mandei você calar a boca. Dulce, para de dar uma de difícil e vamos. Precisamos conversar.

— É madrugada, e você… — ela começa, mas eu a interrompo.

— Por favor, Dulce.

Sua expressão muda ao ouvir minhas palavras, e não sei por quê.

— Não, Christopher, você não pode simplesmente entrar aqui e me mandar ir embora!

Pablo encolhe os ombros e diz:

— Não me força a chamar a polícia, Christopher. — Essa é a gota d’água. Dou um passo na direção dele, mas Dulce sai da cama e para entre nós.

— Não. De novo, não — ela implora olhando diretamente em meus olhos.

— Então vem comigo. Você não pode confiar nele — digo a ela. Pablo ironiza:

— E pode confiar em você? Você estragou tudo, admite de uma vez. Ela merece coisa melhor, e se você simplesmente permitisse que ela fosse feliz…

— Permitisse que ela fosse feliz? Com você? Como se realmente quisesse um relacionamento com ela? Sei que você só está atrás de uma trepada!

— Não é verdade! Eu gosto dela, e sou capaz de cuidar dela muito melhor que você! — ele grita na minha cara, e Dulce pressiona as mãos contra o meu peito. Sei que é idiota, mas sinto prazer com o toque dela, com suas mãos sobre meu corpo. Faz tempo que não sinto esse toque.

— Vocês dois, parem, por favor! Christopher, você precisa ir embora.

— Não vou, Dulce. Você é ingênua demais, ele não está nem aí para você! — digo na cara dela.

Ela nem pisca.

— E você está? Ficou ‘ocupado demais’ para me ligar durante onze dias! Ele ficou do meu lado quando você sumiu, e se… — ela grita e continua gritando algo para mim, mas, nesse momento, percebo o modo como está vestida.

É isso mesmo? Não pode ser.

Dou um passo para trás para ter certeza.

— Isso é… que por/ra é essa que você está vestindo? — gaguejo e começo a andar de um lado para o outro. Ela olha para baixo, e como se tivesse se esquecido de como estava vestida. — Essa merda de roupa é dele? — quase grito. Minha voz fica esganiçada e puxo meus cabelos.

— Christopher… — ela tenta falar.

— É, sim — Pablo responde por ela.

Se ela está usando as roupas dele…

— Você transou com ele? — pergunto, e as lágrimas ameaçam escorrer a qualquer momento.

Ela arregala os olhos.

— Não! Claro que não!

— Me diz a verdade, Dulce. Você transou com ele, cara/lho?

— Já respondi! — ela grita também.

Pablo dá um passo para trás e observa a cena com os olhos preocupados e o rosto machucado. Eu deveria ter batido ainda mais.

— Você encostou nele? Ai, cara/lho. Ele encostou em você? — Estou desesperado e não me importo de mostrar.

Não consigo lidar com isso; se ele a tocou, eu não aguentaria; não conseguiria aguentar. Eu me viro para Pablo antes que um deles possa responder.

— Se você encostou nela, juro por Deus, não me importa se ela estiver aqui ou não, vou… — Ela se coloca entre nós de novo, e vejo o medo em seus olhos.

— Saia do meu apartamento agora ou vou chamar a polícia — Pablo me ameaça.

— Polícia? Você acha que estou preocupado com… 

— Eu vou. — A voz de Dulce soa serena em meio ao caos.

— O quê? — Pablo e eu dizemos em uníssono.

— Vou com você, Christopher, só porque sei que você não vai embora se eu não sair daqui.

E eu sinto alívio. Bem, um pouco. Não me importa por que ela está indo, desde que vá. Pablo se vira para ela, quase implorando.

— Dulce, você não precisa ir; vou chamar a polícia. Você não precisa sair com ele. É isso que ele faz, ele controla você amedrontando todo mundo ao seu redor.

— Você não está errado… — Ela suspira. — Mas estou exausta, são cinco da manhã e temos coisas para conversar, então essa é a maneira mais fácil.

— Você não precisa…

— Ela vai comigo — digo a ele, e Dulce me lança um olhar que certamente me mataria se olhares matassem.

— Pablo, ligo para você amanhã. Me desculpa por ele ter vindo aqui — ela diz com delicadeza e, por fim, ele assente, compreendendo finalmente que eu ganhei. Ele está só fazendo drama, e é melhor que ela não se deixe enganar.

Na verdade, fico surpreso por ela estar concordando em ir comigo tão facilmente… mas ela me conhece melhor do que ninguém, então estava certa quando disse que eu não iria embora sem ela.

— Não precisa se desculpar. Toma cuidado e, se precisar de alguma coisa, pode me chamar — ele responde.

Deve ser péssimo ser um merda e não conseguir fazer nada quando apareço em seu apartamento no meio da madrugada e levo Dulce comigo.  Dulce não sai do quarto dele em silêncio e entra no banheiro do outro lado do corredor.

— Não chega perto dela de novo. Já avisei antes, e você ainda não se ligou — digo quando chego à porta do banheiro.

Pablo olha feio para mim e, se não fosse Dulce me chamando da sala de estar, eu teria acabado com ele.

— Se você magoá-la, juro por Deus que vou acabar com isso de uma vez por todas! — ele diz alto o bastante para ela ouvir ao passar pela porta e sair na neve.