Fanfic: After Love || Vondy | Tema: Vondy

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POV CHRISTOPHER

Sapato de salto e a cueca dele. É uma combinação ridícula, mas ela não deve ter outra coisa para calçar, o que pode ser um sinal de que não estava planejando dormir lá. Mas dormiu mesmo assim, e estou com muita raiva porque ela estava na cama dele. Não suporto olhar para ela com essas roupas. É a primeira vez que não quero olhar para Dulce. Ela está segurando o vestido vermelho no braço, e sei que está congelando. Tentei ceder meu casaco, mas ela me mandou calar a boca e ir para a casa do meu pai. Não me importo com essa raiva toda; na verdade, eu gosto. Estou aliviado e feliz demais por ela ter saído comigo. Poderia me xingar durante todo o trajeto que eu adoraria cada palavra. Estou furioso também, por ela ter corrido para os braços de Pablo.

Furioso comigo mesmo por tentar afastá-la de mim. 

— Tenho muitas coisas a dizer para você — digo quando entro na rua de meu pai.

Com um olhar gélido, ela mantém sua posição.

— Não quero ouvir. Você teve a chance de falar comigo nos últimos onze dias.

— Só me escuta, tá bom? — imploro.

— Por que agora? — ela pergunta e olha pela janela.

— Porque… porque sinto sua falta — admito.

— Sente minha falta? Na verdade, você ficou com ciúmes por eu estar com o Pablo. Só sentiu minha falta quando ele foi me buscar hoje à noite. Você está agindo por ciúmes, não por amor.

— Não é verdade, isso não tem nada a ver. — Certo, tem a ver, sim, mas sinto falta dela de verdade.

— Você não falou comigo a noite toda, aí saiu da casa e me disse que andou ocupado demais para falar comigo. Não é isso que as pessoas fazem quando sentem saudade de alguém — ela rebate.

— Eu estava mentindo. — Levanto as mãos.

— Você? Mentindo? Não brinca. — Ela fecha os olhos e sacode a cabeça lentamente.

Nossa! Ela está irritada hoje. Respiro fundo para não dizer algo que torne tudo pior.

— Fiquei sem telefone, para começo de conversa, e fui para a Inglaterra. — Ela levanta a cabeça e olha para mim.

— Como é?

— Fui para a Inglaterra para esfriar a cabeça. Não sabia o que mais fazer — explico.

Dulce abaixa o volume do rádio e cruza os braços na frente do peito.

— Você não atendeu às minhas ligações.

— Eu sei. Ignorei as chamadas, e sinto muito por isso. Queria ligar para você, mas não consegui, e então fiquei bêbado e quebrei meu telefone.

— Está falando isso para eu me sentir melhor?

— Não. Só quero que você seja feliz, Dulce. — Ela não diz nada; olha pela janela de novo e eu seguro sua mão, mas ela a puxa de volta. 

— Não faz isso — ela diz.

— Dul…

— Não, Christopher! Você não pode aparecer onze dias depois e segurar minha mão. Estou cansada de ter sempre os mesmos problemas com você. Finalmente cheguei a um ponto em que consigo ficar uma hora sem chorar, e aí você aparece e tenta me puxar para baixo de novo. Você faz isso comigo desde que me conheceu, e estou cansada de ceder. Se você se importasse comigo, teria se explicado. — Ela está se esforçando ao máximo para não chorar, estou percebendo.

— Estou tentando me explicar — digo a ela, e minha irritação aumenta quando estaciono na frente da casa do meu pai.

Ela tenta abrir a porta, mas eu travo todas.

— Não acredito que você está tentando me trancar no carro. Já me arrancou quase à força da casa do Pablo! Qual é o seu problema? — ela começa a gritar.

— Não estou tentando trancar você no carro. — Na verdade estou. Só que existe também o meu lado da situação: ela é teimosa e não gosta de ouvir nada do que eu digo.

Ela pressiona o botão para destravar a porta e sai.

— Dulce! Caramba, Dulce, me escuta! — grito ao vento.

— Você fica me pedindo para ouvir, mas não está dizendo nada!

— Porque você não fecha a boca para escutar! 

Sempre acabamos brigando sem parar. Preciso deixar que ela grite comigo, caso contrário, vou acabar dizendo algo que não deveria. Quero falar sobre Pablo e sobre o fato de ela estar usando a merda da roupa dele, mas preciso manter o controle sobre minhas emoções.

— Certo, desculpa, só me dá dois minutos para eu falar sem ser interrompido. Por favor? — Ela me surpreende assentindo e cruzando os braços para esperar que eu fale.

A neve está caindo pesada, e sei que ela está congelando, mas tenho que falar antes que ela mude de ideia.

— Fui para a Inglaterra porque você não voltou naquela noite. Fiquei tão bravo que não consegui pensar direito. Você estava sendo muito difícil, e eu… — Ela dá as costas para mim e começa a subir o caminho cheio de neve em direção à casa. Inferno. Sou péssimo em pedir desculpas. — Sei que não é sua culpa. Menti para você e sinto muito! — grito, esperando que ela se vire.

Ela se vira.

— Não é só a mentira, Christopher. Tem muito mais coisa envolvida — Dulce responde.

— Então fala, por favor.

— Tem a ver com você não me tratar como eu deveria ser tratada. Nunca estou em primeiro lugar para você, você sempre pensa em si mesmo. Nos seus amigos, nas suas festas, no seu futuro. Não consigo tomar decisão nenhuma a respeito de nada, e você fez com que eu me sentisse uma tonta quando disse que estava sendo louca em pensar em casamento. Não estava me ouvindo. Não estou falando de casamento, mas do fato de você não ter pensado sobre o que quero para mim e para o meu futuro. E, sim, eu gostaria de me casar um dia, não em breve, mas preciso de segurança. Então para de agir como se eu estivesse mais envolvida no relacionamento do que você. Não podemos esquecer que você estava bêbado e passou a noite toda com outra mulher. — Ela está sem fôlego quando termina de falar, e eu dou alguns passos em direção a ela.

Ela está certa, e não tem dúvida disso. Só não sei o que fazer em relação a isso.

— Eu sei, pensei que se estivéssemos só nós dois, você… — hesito.

— Eu o que, Christopher? — Os dentes dela estão batendo, e seu nariz está vermelho por causa do frio.

Cutuco as cascas de ferimentos nos dedos. Não sei dizer o que sinto sem parecer o maior imbecil egoísta do mundo.

— Você não ia querer me deixar — admito… e espero pela resposta indignada, que não vem. Mas ela começa a chorar.

— Não sei o que mais eu poderia ter feito para mostrar o quanto eu te amo, Christopher. Eu voltei todas às vezes em que você me magoou, passei a morar com você e perdoei todas as coisas horríveis que fez comigo. Abri mão do meu relacionamento com a minha mãe por você, e você continua inseguro. — Ela seca as lágrimas rapidamente.

— Não sou inseguro — retruco.

— Está vendo? — ela grita. — É por isso que as coisas não têm como dar certo. Você sempre deixa seu ego na frente de tudo.

— Não deixo meu ego na frente de por/ra nenhuma! — estouro. — No mínimo, meu ego está todo fo/dido agora porque peguei você na cama do Pablo.

— Você vai entrar nesse assunto agora?

— Sim, vou, você está agindo como uma… — Eu paro quando ela se retrai por causa palavras que sabe que virão em seguida. Sei que não é culpa de Dulce se Pablo grudou nela, ele é bom nisso, mas ainda dói muito o fato de ela ter ficado com ele.

Ela abre os braços.

— Vai em frente, Christopher, começa a me xingar.

Ela é a mulher mais enlouquecedora do mundo todo, mas eu a amo mesmo quando ela age assim. Quando me calo e tento diminuir a raiva, ela diz:

— Bom, isso é um avanço, mas vou entrar. Estou com frio e preciso estar pronta para a aula daqui a uma hora.

Ela caminha em direção a casa, e eu a acompanho, esperando que ela se lembre de que deixou a bolsa no carro do meu pai. Que está aqui, mas trancado. Depois de olhar para a porta por um momento, ela diz, mais para si mesma:

— Vou ter que ligar para o Christian, estou sem chave.

— Você pode ir para casa — sugiro.

— Você sabe que não é uma boa ideia.

— Por que não? Precisamos resolver isso. — Puxo meus cabelos com uma das mãos. — Juntos.

— Juntos? — Dulce repete, meio rindo.

— Sim, juntos. Senti muito a sua falta. Minha vida virou um inferno sem você… e espero que tenha sentido minha falta também.

— Você deveria ter me procurado. Estou cansada disso, sempre repetimos as mesmas coisas.

— Mas podemos resolver. Você é boa demais para mim, e eu sei disso. Mas, por favor, Dulce, eu faço qualquer coisa. Não posso passar mais nenhum dia assim.

Uou será que ela vai perdoar ele?

Vamos ver...

Volto em breve gatinhas, prometo ♥