Fanfic: After Love || Vondy | Tema: Vondy

— Nossa… — eu sussurro.

— Legal, né? — ele pergunta.

— Demais. — Passo pelo corredor lentamente, observando tudo.

— Basicamente fomos nós que criamos, e então alteramos as sementes para que ficassem assim. — De repente, ele está atrás de mim. — Olha só. — Ele me segura pelo braço e guia minha mão para tocar a pétala de uma flor cor-de-rosa cintilante. Essa flor não está brilhando tanto quanto o resto, pelo menos não até eu tocá-la e ela ganhar vida. Afasto a mão, surpresa, e ouço Pablo rir atrás de mim.

— Como isso é possível? — pergunto, encantada.

Sou apaixonada por flores, principalmente lírios, e esses botões modificados em laboratório se parecem com elas — são oficialmente a minha nova flor preferida.

— Tudo é possível quando a ciência está envolvida — ele diz, o rosto iluminado pelas flores, sorrindo.

— Que coisa mais nerd — eu provoco, e ele ri.

— Você não tem moral para me chamar de nerd — ele rebate, e eu dou risada.

— Verdade. — Volto a tocar a flor e observo quando ela brilha mais uma vez. — Que incrível!

— Sabia que você ia gostar. Estamos fazendo a mesma coisa com uma árvore; o problema é que as árvores demoram muito mais tempo a crescer do que as flores. Mas também vivem por muito mais tempo; as flores são frágeis demais. Se não receberem cuidados, elas murcham e morrem. — Seu tom de voz é suave, e eu me comparo mentalmente a uma flor, e tenho a sensação de que ele está fazendo a mesma coisa.

— Se pelo menos as árvores fossem tão lindas quanto as flores — comento.

Ele para na minha frente.

— Poderiam ser, se alguém cuidasse delas. Assim como pegamos flores comuns e fizemos isso, a mesma coisa poderia ser feita com uma árvore. Com carinho e atenção na medida certa, ela poderia brilhar como as flores, mas sendo muito mais fortes. — Permaneço em silêncio quando ele leva o polegar ao meu rosto. — Você merece esse tipo de atenção. Merece estar com alguém que faça você brilhar, não alguém que bloqueie sua luz. — E então ele se inclina para me beijar.

Dou um passo para trás e bato em uma estante de flores; felizmente, nenhuma cai enquanto me equilibro.

— Desculpa, mas não posso.

— Não pode o quê? — Ele eleva um pouco o tom de voz. — Eu quero ser a pessoa a mostrar que você pode ser feliz.

— Não… não posso beijar você, não agora. Não posso ficar alternando entre você e ele. Eu estava na sua cama ontem à noite, e então beijei Christopher hoje cedo, e agora…

— Vocês se beijaram? — ele pergunta, surpreso, e fico contente pela escuridão na sala, com o brilho vindo das flores.

— Bom, ele me beijou, mas logo me afastei. — explico. — Estou confusa, e enquanto não decido o que fazer não posso sair por aí beijando todo mundo. Não está certo. 

Ele não diz nada.

— Desculpa se estou te dando esperança ou fazendo com que pense…

— Tudo bem — Pablo diz.

— Não, não está. Eu não deveria ter envolvido você nessa situação se ainda nem sei o que fazer.

— Não é culpa sua. Eu também não dou folga. Não me importa se me der esperança, desde que me queira por perto. Sei que podemos ficar bem juntos, e tenho todo o tempo do mundo para esperar até que você veja isso — ele diz e se afasta para acender a luz.

Como ele consegue ser tão compreensivo o tempo todo?

— Não culparia você se me detestasse, sabia? — digo a ele e passo a alça da mochila sobre o ombro.

— Eu jamais odiaria você — ele responde, e eu sorrio.

— Obrigada por me mostrar isto… é incrível.

— Obrigado por ter vindo. Pode deixar, pelo menos, que eu leve você até a aula? — ele oferece com um sorriso.

***

Quando chego ao vestiário para me trocar e pegar meu tapete, a aula de ioga está para começar em cinco minutos. Uma morena alta pegou meu lugar na frente, e sou obrigada a me acomodar na fileira dos fundos, mais perto da porta. Eu tinha planejado dizer a Pablo que nunca vou sentir por ele o que sinto por Christopher, que tinha me arrependido por tê-lo beijado, e que poderíamos ser só amigos, mas ele falou todas as coisas certas.

Fui pega totalmente desprevenida quando ele me contou que Christopher esteve com John ontem. Sempre acho que sei o que fazer até Pablo começar a falar. A suavidade de sua voz e a gentileza de seus olhos sempre me encantam e mexem com minha razão. 

Preciso ligar para Christopher quando voltar para a casa de Christian para falar sobre meu almoço com Pablo, e para perguntar por que ele foi à casa de John… O que será que Christopher está fazendo agora? Ele foi para a aula hoje?

A aula de ioga foi exatamente o que precisava para clarear a mente. No fim, eu me sinto muito melhor. Enrolo meu tapete e saio da sala, e de repente ouço um “Dulce!” ao chegar ao vestiário.

Quando me viro, Christopher está correndo para me encontrar, passando as mãos pelos cabelos.

— Eu, hã… queria conversar com você sobre uma coisa… — Ele parece estranho… Está nervoso?

— Agora? Acho que aqui não é o lugar… — Não quero expor todos os nossos problemas no meio do prédio da educação física.

— Não… não é isso. — A voz dele está estridente. Ele está muito tenso; isso não deve ser boa coisa. Ele nunca fica nervoso. — Eu estava pensando… não sei… Deixa pra lá.

Ele fica vermelho e se vira para se afastar. Suspiro e me viro para entrar no vestiário e me trocar.

— Quer sair comigo? — ele grita… praticamente berra, na verdade.

Não consigo esconder minha surpresa ao me virar.

— O quê?

— Tipo um encontro… então, eu poderia ter um encontro com você? Só se você quiser, claro, mas pode ser divertido. Não sei muito bem, mas poderia… — Ele hesita, e eu decido acabar com a vergonha dele, já que está muito vermelho.

— Claro — respondo, e ele olha para mim.

— Sério? — Ele abre um sorriso. Um sorriso de nervosismo.

— Sim. — Não sei como vai ser, mas ele nunca me chamou para sair antes. A coisa mais próxima de um encontro foi quando ele me levou até um rio e depois saímos para comer. Mas aquilo tudo foi uma mentira, não um encontro de verdade. Foi seu jeito de conseguir o que queria de mim.

— Tá… Quando você quer ir? Sei lá… que tal agora mesmo? Ou amanhã ou mais para o fim da semana? — Não me lembro de tê-lo visto tão nervoso assim antes; é muito fofo, e tento não rir.

— Amanhã? — sugiro.

— É, amanhã está bom. — Ele sorri e morde o lábio inferior. O clima entre nós é esquisito, mas não de um jeito ruim.

— Então, tá…

Eu me sinto nervosa, como nas primeiras vezes em que o vi.

— Então tá — ele repete.

Ele se vira e se afasta bem depressa, quase tropeçando em um tapete enrolado. Quando entro no vestiário, começo a rir.

Isso aqui tá me lembrando a Belo Desastre kkkk O triângulo amoroso entre Dulce, Christopher e Derrick. E a Dulce achando que o Derrick seria o melhor para ela...