Fanfic: After Love || Vondy | Tema: Vondy

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POV CHRISTOPHER

— Não — ela mente e fica na ponta dos pés para tentar tirar a caixa da minha mão esquerda. Eu a levanto ainda mais.

— Essa etiqueta está com meu nome — eu digo, e ela olha para baixo.

Por que está com tanta vergonha?

— É que… bom, eu comprei umas coisas antes, mas agora parecem bem bobas; não precisa abrir.

— Eu quero — digo a ela e sento na beira da cama. Eu não deveria ter quebrado aquela cadeira horrorosa.

Ela suspira e mantém a distância enquanto puxo as bordas do papel de embrulho. Fico meio irritado com a quantidade de fita que ela usou para essa caixa, mas admito que estou um pouco…

… Animado.

Não animado, exatamente, mas feliz. Não consigo me lembrar da última vez em que recebi um presente de aniversário de alguém, nem mesmo da minha mãe.

Quando era mais novo, fiz questão de passar a detestar aniversários, e agia de um modo tão idiota ao receber qualquer presente da minha mãe que ela parou de me presentear antes dos meus dezesseis anos.

Meu pai enviava algum cartão imbecil com um cheque dentro todos os anos, mas eu me divertia queimando aquela merda. Cheguei até a mijar no que chegou no meu aniversário de dezessete anos.

Quando finalmente consigo abrir a caixa, vejo várias coisas ali dentro.

Primeiro, uma cópia desgastada de Orgulho e preconceito. Quando eu a pego, Dulce se aproxima e retira o livro de minhas mãos.

— Este é idiota… ignora — ela diz, mas é claro que não vou fazer isso.

— Por quê? Quero de volta — peço, estendendo a mão.

Quando fico de pé, ela parece se dar conta de que não vai vencer essa batalha, então põe o livro de novo em minhas mãos. Enquanto eu folheio as páginas, percebo marcações amarelas ao longo do texto.

— Você lembra que me disse que grifava trechos de Tolstói? — ela pergunta, corada como nunca.

— Sim.

— Bom… eu fiz isso também — ela admite e olha em meus olhos.

— É mesmo? — pergunto e abro em uma página que está praticamente toda grifada.

— Sim, principalmente com este livro; você não precisa reler nem nada. Só pensei… sou péssima em dar presentes, de verdade.

Mas não é, não. Eu adoraria ver as palavras que a fazem se lembrar de mim em seu romance preferido. É o melhor presente que alguém poderia ter me dado. São essas coisas simples que me dão esperança de que, de alguma forma, posso fazer tudo dar certo, o fato de nós dois estarmos fazendo a mesma coisa, lendo Jane Austen, quando não nos conhecíamos.

— Não é, não — digo a ela e sento na cama.

Coloco o livro embaixo da perna para evitar que ela o tome de mim de novo. Dou risada quando pego outro item da caixa.

— Para que serve isso? — pergunto sorrindo, erguendo um fichário de couro.

— Para o seu trabalho. Aquele fichário que você usa está caindo aos pedaços e é muito desorganizado. Viu, esse tem fichas para cada semana, ou assunto, você decide. — Ela sorri.

Esse presente é engraçado, porque percebo as caretas que ela faz sempre que enfio os papéis de qualquer jeito no fichário antigo. Eu me recuso a permitir que ela o organize para mim, apesar de já ter insistido muito, e sei que isso a deixa maluca. Não quero que ela veja o que tem lá dentro.

— Obrigado. — Eu dou risada.

— Este não é bem um presente de aniversário. Eu comprei há um tempo e ia jogar fora o antigo, mas não tive a oportunidade — ela admite aos risos.

— Porque ele está sempre comigo. Eu sabia que você queria fazer isso — provoco. A sacola pequena precisa ser aberta e, mais uma vez, estou rindo do que ela escolheu.

Kickboxing é a primeira palavra que vejo no ingresso.

— É uma semana de aulas de kickboxing na academia perto do nosso… do seu apartamento. — Ela sorri, claramente orgulhosa de seu presente espirituoso.

— E por que você acha que eu me interessaria em fazer kickboxing?

— Você sabe por quê.

Para extravasar parte da minha raiva, o motivo está na cara.

— Nunca fiz.

— Pode ser divertido — ela diz.

— Não tão divertido quanto chutar alguém sem proteção — respondo, e ela franze a testa. — Brincadeira — digo e pego o CD que ainda está dentro da sacola. O idiota que existe dentro de mim quer provocá-la por ela ter comprado um CD se eu poderia tê-lo baixado. Vou gostar de ouvi-la cantarolando; imagino que seja o segundo do Fray.

Tenho certeza de que ela já sabe todas as letras de todas as músicas e vai adorar explicar o sentido delas para mim enquanto estivermos no carro ouvindo.

Postei 6 capítulos porque quero acabar logo essa temporada :) Já tá no finalzinho... E Nathy, você acha mesmo que ele vai esquecer isso? kkkk Até parece, logo logo vai atrás dele.