Fanfic: After Love || Vondy | Tema: Vondy

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POV DULCE

Quando encosto a caneta no papel, tenho intenção de escrever a respeito da minha avó, que dedicou a vida ao cristianismo, mas, por algum motivo, o nome de Christopher aparece.

— Srta. Saviñon? — A voz do professor Soto é calma, mas alta o suficiente para todo mundo da primeira fila ouvir.

— Sim? — Olho para a frente, e volto minha atenção imediatamente para Vitor. Por que ele está aqui?

— Dulce, preciso que você venha comigo — ele diz, e a loira irritante atrás de mim faz um “oooh”, como se estivéssemos de volta à sexta série. Ela provavelmente nem sabe quem ele é, não sabe que Vitor é o reitor da faculdade.

— O que está acontecendo? — Christian pergunta a Vitor quando levanto e começo a juntar minhas coisas.

— Podemos falar sobre isso lá fora. — A voz de Vitor está tensa.

— Eu vou também — Christian diz e também levanta.

O professor Soto olha para Vitor.

— Tudo bem para você?

— Sim, ele é meu filho — ele responde, e os olhos do professor se arregalam.

— Sinto muito. Não sabia. Ela é sua filha? — ele pergunta.

— Não — Vitor responde, abalado. Ele parece estar em pânico, o que está começando a me assustar.

— É o Christopher… — começo a perguntar, mas Vitor me leva para fora com Christian logo atrás.

— Christopher foi preso — Vitor diz assim que saímos. 

Eu perco o fôlego.

— Ele o quê?

— Ele foi preso por brigar, e por destruir propriedades da universidade.

— Ai, meu Deus. — É a única coisa que consigo dizer. 

— Quando? Como? — Christian pergunta.

— Há uns vinte minutos. Estou fazendo o que posso para manter o assunto dentro do campus, mas ele não está ajudando. — Vitor atravessa a rua depressa, e eu quase tenho que correr para acompanhá-lo.

Minha mente está a mil. Christopher, preso? Ai, meu Deus. Como ele foi preso? Com quem ele brigou? Mas já sei a resposta para essa pergunta.

Por que ele não conseguiu manter a calma, pelo menos uma vez? Christopher está bem? Ele vai para a prisão? Uma cadeia de verdade? Pablo está bem?

Vitor destrava as portas do carro, e nós três entramos.

— Aonde vamos? — Christian pergunta.

— Até a sede da segurança do campus.

— Ele está bem? — pergunto.

— Está com um corte no rosto e outro na orelha, pelo que me disseram.

— Pelo que disseram? Você ainda não falou com ele? — Christian pergunta a seu padrasto.

— Ainda não. Ele está fazendo escândalo, então eu sabia que seria melhor chamar a Dulce primeiro. — Vitor faz um meneio de cabeça na minha direção.

— Sim, boa ideia — Christian concorda, e eu fico calada.

Um corte na cabeça e no rosto? Espero que ele não esteja sentindo muita dor. Ai, meu Deus, isso tudo é muito louco. Eu deveria ter concordado em passar o dia todo com ele. Se tivesse feito isso, ele não teria vindo ao campus hoje.

***

Vitor percorre várias ruas secundárias, e em poucos minutos estamos na frente do pequeno prédio de tijolos aparentes que abriga a segurança do campus. Há uma placa de “Não estacione” bem na frente de onde ele para o carro, mas acho que esse deve ser um dos benefícios de ser o reitor.

Entramos correndo no prédio, e começo a procurar por Christopher imediatamente. Mas ouço primeiro sua voz…

— Não estou nem aí, você não passa de um imbecil com um distintivo fajuto! Na verdade, você é tipo um segurança de shopping center, seu trouxa do cara/lho! — Sigo a voz dele e entro no corredor à sua procura.

Ouço Vitor e Christian atrás de mim, mas só quero encontrar Christopher.

Eu caminho até uma aglomeração de gente… e vejo Christopher andando de um lado a outro dentro de uma pequena cela. Caramba. Seus braços estão algemados às costas.

— Vão se fo/der! Todos vocês! — ele grita.

— Christopher! — A voz do pai dele reverbera atrás de mim. Meu namorado nervoso olha para o lado, para onde estou, e arregala os olhos na mesma hora. Seu rosto está machucado pouco abaixo do osso da face, e a pele está cortada da orelha até a nuca, os cabelos molhados de sangue. — Estou tentando resolver a situação, e você não está ajudando! — Vitor grita com o filho.

— Eles me prenderam aqui como se eu fosse um animal, por/ra! Um pu/ta de um abuso. Chama quem tiver que chamar e manda abrir essa merda! — Christopher grita, tentando tirar as mãos das algemas.

— Para com isso! — digo a ele, olhando feio. Imediatamente, seu comportamento muda. Ele se acalma um pouco, mas continua alterado.

— Dulce, você nem deveria estar aqui. De quem foi a ideia genial de trazer você aqui? — Christopher grita com o pai e com Christian.

— Christopher, para com isso agora. Ele está tentando ajudar você. Se acalma — digo por entre as grades. Não consigo acreditar que estou conversando com ele algemado lá dentro. Não pode ser verdade. Mas é assim que as coisas acontecem no mundo real. Você é preso se atacar alguém, na faculdade ou fora dela.

Quando ele olha em meus olhos, acho que consegue ver a dor que estou sentindo por ele agora. Quero pensar que é por isso que ele desiste, balança a cabeça e diz:

— Tá bom.

— Obrigado, Dulce — diz Vitor. E então, alerta o filho: — Espere alguns minutos para eu ver o que posso fazer, enquanto isso, você precisa parar de gritar. Está só piorando as coisas, mesmo já estando com um problemão.

Christian olha para mim, e então para Christopher, e segue Vitor pelo corredor estreito. Já odeio este lugar; tudo é muito branco e preto, e pequeno, e cheira a alvejante.

Os seguranças da universidade, sentados à mesa, estão conversando no momento, ou pelo menos começaram a fingir, já que o reitor da universidade apareceu para falar com o filho.

— O que aconteceu? — pergunto a Christopher.

— Fui preso pelos seguranças do campus — ele conta.

— Você está bem? — pergunto, desesperada para passar a mão no rosto dele.

— Eu? Sim, estou bem. Não é tão ruim quanto parece — ele responde, e quando olho melhor vejo que tem razão. De onde estou, percebo que os cortes não são profundos. Seus braços estão marcados por arranhões, misturados com a tinta preta, formando uma visão bem assustadora. — Está brava comigo? — A voz dele é suave, muito diferente de momentos atrás, enquanto ele gritava com os seguranças.

— Não sei — respondo sinceramente.

É claro que estou chateada com ele, porque sei com quem brigou… bom, não é difícil adivinhar. Mas também estou preocupada com Christopher, e quero saber o que aconteceu para que ele se metesse nessa confusão.

— Não me controlei — ele diz, como se isso justificasse sua atitude.

— Eu já tinha dito que não ia querer visitar você numa cadeia, lembra? — Olho ao redor na cela onde ele está.

— Aqui não conta, não é uma cadeia de verdade.

— Para mim, parece de verdade. — Bato nas barras de metal para provar o que digo.

— Não é, não; é só um lugar idiota para me segurar até eles decidirem chamar a polícia de verdade — ele diz alto o bastante para que os dois seguranças interrompam a conversa para encará-lo.

— Para. Isso não é brincadeira, Christopher. Você pode se encrencar de verdade. — Ao ouvir isso, ele revira os olhos.

É este o problema com Christopher: ele ainda não percebeu que suas atitudes têm consequências.