Fanfic: After Love || Vondy | Tema: Vondy

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POV DULCE

— Quem começou? — pergunto, tentando não tirar conclusões precipitadas, como costumo fazer.

Christopher tenta olhar em meus olhos, mas eu viro a cabeça.

— Fui atrás dele depois que levei você para a aula — ele diz.

— Você prometeu que não ia fazer isso.

— Eu sei.

— E por que fez?

— Ele provocou, começou a dizer um monte de coisas, falou que já tinha transado com você. — Ele olha para mim, desesperado. — Você não está mentindo, né? — ele pergunta, e eu quase perco a cabeça.

— Não vou responder isso de novo. Já disse que não aconteceu nada entre nós, e você está na cadeia perguntando a mesma coisa — digo, frustrada.

Christopher revira os olhos e se senta no pequeno banco de metal dentro da cela. Ele está me irritando.

— Por que você foi atrás dele? Quero saber.

— Porque ele precisava apanhar, Dulce. Precisava saber que não podia se aproximar de você de novo. Estou cansado dos joguinhos dele, e dessa mania de achar que tem alguma chance com você. Fiz isso por você!

Cruzo os braços na frente do peito.

— Como você se sentiria se eu tivesse ido atrás dele hoje depois de dizer que não iria? Pensei que nós dois estivéssemos empenhados em fazer as coisas darem certo, mas você mentiu descaradamente. E sabia que não ia cumprir sua promessa desde o início, né?

— Sim, eu sabia, e daí? Agora não importa, o que está feito está feito — ele bufa como uma criança mimada.

— Para mim importa, Christopher. Você não para de arrumar encrencas desnecessárias.

— Essa é muito necessária, Dulce.

— E o Pablo, onde está? Na cadeia também?

— Aqui não é uma cadeia.

— Christopher…

— Não sei onde ele está, nem quero saber, nem você. Você não vai mais chegar perto dele.

— Para de ser assim! Para de dizer o que posso e o que não posso fazer, está me enchendo o saco.

— Está gritando comigo? — ele diz com um sorriso divertido.

Por que ele acha que isso é engraçado? Não é nada engraçado. Eu começo a me afastar, e o sorriso desaparece de seu rosto.

— Dulce, volta aqui — ele pede, e eu me viro.

— Vou procurar seu pai para saber o que está acontecendo.

— Fala para ele resolver isso logo.

Rosno para ele, literalmente, ao me afastar. Christopher acha que, só porque seu pai é reitor, ele vai sair dessa sem dificuldades, e sinceramente, espero que dê tudo certo. Mas ainda assim é irritante ver como ele está levando tudo na brincadeira.

— Tá olhando o quê, cara/lho? — escuto Christopher esbravejar com um segurança, e esfrego as têmporas com os dedos.

Encontro Vitor e Christian junto com um homem mais velho, de cabelos grisalhos e bigode. Ele está de gravata e calça social preta, e o modo como se comporta passa a sensação de que é importante. Quando Christian me vê de pé no corredor, ele se aproxima de mim.

— Quem é ele? — pergunto baixinho.

— É o vice-reitor. — Christian parece preocupado.

— O que está acontecendo? O que eles estão conversando? — Tento ouvir os dois homens, mas não consigo entender nada.

— Bom… não está com uma cara muito boa. O laboratório onde Pablo estava foi muito destruído… estamos falando de um prejuízo de milhares de dólares. Além disso, Pablo saiu com o nariz quebrado e uma pancada na cabeça. Foi parar no hospital. 

Meu sangue começa a ferver. Christopher não deu só um susto em Pablo. Ele o machucou de verdade!

— Além disso, Christopher derrubou um professor. Tem uma garota que estuda na sala do Pablo que já escreveu um depoimento dizendo que Christopher chegou procurando especificamente por ele. A coisa está bem feia no momento. Vitor está fazendo possível para Christopher não ir para a cadeia, mas não sei se vai ser possível. — Christian suspira, passando os dedos pelos cabelos. — Ele só não vai ser preso se o Pablo não quiser prestar queixa. Mesmo assim, não sei o que vai acontecer.

Minha cabeça está girando.

— Expulsão. — Ouço o homem de cabelos grisalhos dizer, e Vitor esfrega a mão no queixo.

Expulsão? Christopher não pode ser expulso da universidade! Ai, meu Deus, que pesadelo.

— Ele é meu filho — Vitor diz baixinho, e eu dou um passo para me aproximar deles.

— Sei que é, mas atacar um professor e destruir as instalações da universidade não são coisas que podemos ignorar — o homem argumenta.

Maldito Christopher e seu temperamento explosivo.

— Que desastre — digo a Christian, e ele concorda. 

Sinto vontade de me jogar no chão e chorar, ou, melhor ainda, quero entrar na cela de Christopher e dar um soco na cara dele.

Nada disso vai resolver.

— De repente você pode conversar com o Pablo para que ele não preste queixa contra o Christopher — Christian sugere.

— Christopher vai enlouquecer se eu chegar perto dele. — Não que eu devesse ouvir o que ele diz, já que ele não dá a menor bola para o que falo.

— Eu sei — Christian responde — mas é só o que posso sugerir neste momento.

— Acho que você tem razão. — Olho para Vitor, e então para o corredor onde Christopher está.

Christopher é minha prioridade, mas me sinto péssima pelo que ele fez a Pablo, e espero que ele fique bem. Talvez, se eu for falar com ele, Pablo decida não prestar queixa, o que pelo menos eliminaria um problema.

— Onde ele está? Você sabe? — pergunto a Christian.

— Acho que ouvi dizerem que ele está no Grandview Hospital.

— Certo. Vou lá primeiro.

— Você precisa de uma carona até seu carro?

— Droga. Não vim de carro.

Christian enfia a mão no bolso e me entrega suas chaves.

— Aqui estão. Só dirija com cuidado. — Abro um sorriso para o meu melhor amigo.

— Obrigada.

Não tenho ideia do que faria sem ele, mas, como ele vai embora em breve, vou ter que descobrir. Pensar nisso me entristece, mas deixo para lá. Não posso pensar na partida de Christian por enquanto.

— Vou falar com o Christopher e contar o que está acontecendo.

— Obrigada de novo. — Abraço Christian com força.

Quando chego à porta, ouço a voz de Christopher ecoando pelo corredor.

— Dulce! Nem pense em ir atrás dele! — ele grita. Eu o ignoro e abro as portas duplas. — Estou falando sério, Dulce! Volta aqui!

O ar frio abafa a voz dele enquanto saio. Como ele ousa dizer o que devo fazer? Quem ele pensa que é? Criou um problemão porque não é capaz de controlar sua raiva e seu ciúme. Estou tentando ajudar a limpar a bagunça. Ele tem sorte por eu não me voltar contra ele por ter deixado de cumprir sua promessa. Meu Deus, que coisa frustrante!

E lá vai ela... Que saco :/