Fanfic: After Love || Vondy | Tema: Vondy

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POV DULCE

Quando acordo, Christopher está espalhado na cama, com um braço cobrindo o rosto e o outro para fora do colchão. Sua camiseta está empapada de suor, e me sinto nojenta.

Beijo seu rosto rapidamente e corro para o banheiro.

Quando volto do banho, Christopher está acordado, como se estivesse à minha espera. Ele se apoia sobre o cotovelo.

— Estou com medo de ser expulso — ele diz. Sua voz me assusta, mas sua confissão me assusta ainda mais.

Eu me sento ao seu lado na cama, e ele tenta tirar a toalha de meu corpo.

— Está?

— Sim, eu sei que é bobagem… — ele começa.

— Não, não é bobagem. Qualquer pessoa estaria com medo; eu, com certeza, estaria. Não tem nada de errado com isso.

— O que eu vou fazer se não puder mais estudar na WCU?

— Ir para outra universidade.

— Quero voltar para casa — ele diz, e sinto um aperto no peito.

— Por favor, não — digo baixinho.

— Tenho que ir, Dulce. Não posso pagar uma faculdade sem meu pai.

— A gente dá um jeito.

— Não, isso não é problema seu.

— É, sim. Se você for para a Inglaterra, a gente nunca vai se ver.

— Você tem que ir comigo, Dulce. Sei que não quer, mas tem que ir. Não posso ficar longe de você de novo. Por favor, vamos. — As palavras dele estão tomadas de emoção, e não consigo dizer nada.

— Christopher, não é tão fácil assim.

— É, sim. É fácil… você pode conseguir um emprego para fazer exatamente o que faz agora e talvez até ganhar mais dinheiro e estudar numa universidade até melhor.

— Christopher… — Olho para sua pele nua. 

Ele suspira.

— Você não tem que decidir agora.

Quase digo que vou fazer as minhas malas e ir para a Inglaterra com ele, mas não posso. Por enquanto, continuo sendo a covarde que sou, e não vou falar sobre Seattle, vou me deitar de lado para ele me abraçar.

Pela primeira vez, ele consegue me fazer voltar para a cama de manhã. Consolá-lo é mais importante para mim do que minha rotina.

***

— O dono, Drew, parece um idiota, mas ele é bem legal — Christopher diz quando nos aproximamos do prédio pequeno de tijolos aparentes.

Uma campainha soa acima da minha cabeça quando Christopher abre a porta para mim e entramos. Anahí e Poncho já estão lá.

Anahí está sentada em uma cadeira de couro, e Poncho está olhando o que parece ser… um livro de tatuagens?

— Vocês demoraram demais! — Anahí estica as pernas quando Christopher e eu passamos, e ele segura a bota dela antes que possa me acertar.

— Já está sendo irritante, pelo que posso ver… — Ele revira os olhos e tenta me levar até Poncho, mas tiro minha mão da dele e fico perto de Anahí.

— Ela vai ficar bem comigo — Anahí diz a ele, que faz uma careta, mas não diz nada.

Christopher fica a alguns metros de distância de Poncho, pega um livro preto como o que Poncho está lendo e folheia as páginas.

— Nunca vi você aqui antes. — O cara olha para mim enquanto seca a barriga de Anahí com uma toalha.

— Nunca vim aqui antes — respondo.

— Meu nome é Drew. Sou o proprietário.

— Prazer, eu sou a Dulce.

— Você vai fazer tatuagem hoje? — Ele sorri.

— Não, não vai — Christopher responde por mim, passando o braço pela minha cintura.

— Ela está com você, Uckermann?

— Sim, está. — Christopher me puxa para mais perto. Está claro que faz isso para se exibir. Ele disse que Drew é um idiota, mas não achei. Parece um cara bem bacana.

— Legal, legal. Já estava na hora de você arrumar uma namorada. — Drew dá risada.

Christopher relaxa um pouco, mas mantém o braço ao redor de meu corpo.

— Por que não faz uma tatuagem, hombre?

Um zunido toma a sala, e olho encantada para a barriga de Anahí enquanto a pistola de tinta desliza lentamente por sua pele. Drew retira o excesso de tinta com uma toalha e continua.

— Talvez eu faça — Christopher diz a ele.

Olho para Christopher, que olha para mim.

— Sério? O que quer fazer? — pergunto.

— Não sei ainda, alguma coisa nas costas. — As costas de Christopher são praticamente a única parte sem nenhum desenho.

— Sério?

— Sim. — Ele encosta o queixo na minha cabeça.

— Por falar em fazer outra tatuagem, onde diabos estão seus piercings? — Drew pergunta, enfiando a ponta da pistola em um copo pequeno de plástico cheio de tinta preta.

— Cansei deles. — Christopher dá de ombros.

— Se ele errar o desenho porque você não para de falar com ele, você vai pagar a conta. — Anahí olha feio para Christopher, e eu dou risada.

— Não vou pagar essa merda — Christopher e Drew dizem em uníssono.

Poncho finalmente se aproxima e puxa uma cadeira para se sentar ao lado de Anahí; ele segura a mão dela. Olho para o pequeno bando de passarinhos recém-desenhados na pele de Anahí. Ficou bonito, o posicionamento. Drew entrega um espelho a ela, para que possa ver melhor.

— Adorei! — Ela sorri, devolvendo o espelho a Drew antes de se sentar.

— O que você vai fazer, Christopher? — pergunto para ele, baixinho.

— Seu nome. — Ele sorri.

Chocada, dou um passo para trás, boquiaberta.

— Você não quer?

— Não! Nossa, não, isso é… não sei, é loucura — sussurro.

— Loucura? Não, é só para mostrar que sou comprometido com você e não preciso de uma aliança nem de um pedido de casamento para isso. — A voz dele está tão confiante que não sei mais se ele está brincando.

Como passamos das brincadeiras e começamos a falar de compromissos e casamento em menos de três minutos? As coisas são sempre assim com nós dois, então acho que já deveria estar acostumada.

— Está pronto, Christopher?

— Claro. — Christopher se afasta de mim e tira a camiseta.

— Uma frase? — Drew diz exatamente o que estou pensando.

— Só quero que ela tome a parte de cima de minhas costas; quero escrever: ‘A partir de hoje, não quero me afastar de você’. Quero que ela tenha uns três centímetros de altura, e faça com sua caligrafia mais bacana — Christopher orienta o tatuador e se vira para olhar para ele.

A partir de hoje, não quero me afastar de você…

— Christopher, podemos conversar sobre isso um segundo, por favor? — peço.

Juro que ele sabe a respeito de meus planos para ir para Seattle e está zombando de mim com essa tatuagem. A frase que escolheu é perfeita, mas cruelmente irônica, considerando que não contei a ele sobre minha mudança para Seattle.

— Não, Dulce, quero fazer — ele diz.

— Christopher, acho que não…

— Não tem nada de mais, Dulce, não é minha primeira tatuagem — ele brinca.

— É que…

— Se você não ficar quieta, vou tatuar seu nome e o número de sua identidade nas minhas costas todas — ele ameaça, aos risos, mas tenho a impressão de que ele seria capaz de fazer isso.

Fico em silêncio para tentar pensar no que dizer. Eu deveria falar alguma coisa antes de a pistola ser acionada sobre sua pele limpa. Se eu esperar…

O zumbido agora familiar da pistola começa, e a tinta preta aparece nas costas de Christopher.

— Agora, vem aqui e segura minha mão. — Ele ri, estendendo a mão para mim.