Fanfic: After Love || Vondy | Tema: Vondy
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POV DULCE
Minha cabeça está pesada, muito pesada, e a luz que entra através da cortina amarela é forte, forte demais.
Cortina amarela? Abro os olhos de novo e vejo as cortinas do meu antigo quarto cobrindo as janelas. Nós nunca gostamos dessa cortina, mas minha mãe nunca pôde comprar uma nova, então tivemos que nos acostumar com ela. As últimas horas começam a voltar em fragmentos, pedaços de lembranças embaralhadas e confusas que não fazem muito sentido.
Nada faz sentido. Demora alguns segundos, talvez alguns minutos, para minha mente começar a tentar entender o que aconteceu.
A traição de Anahí é a minha lembrança mais marcante da noite passada, uma das mais dolorosas que já tive. Como ela teve coragem de fazer aquilo comigo? Com qualquer pessoa? A situação toda é tão errada, tão perversa, e me pegou totalmente de surpresa.
Lembro de ficar aliviada quando ela entrou no quarto, e em seguida entrar em pânico quando ouvi ela dizer que nunca foi minha amiga no fim das contas. Sua voz era cristalina, apesar do estado em que eu estava. Ela pôs alguma coisa na minha bebida para me deixar grogue, ou pior, me fazer desmaiar, tudo isso para executar uma espécie de vingança injustificada contra mim e Christopher. Fiquei com muito medo ontem à noite, e Anahí passou de meu porto seguro a minha predadora tão rapidamente que mal me dei conta do que estava acontecendo.
Eu fui drogada em uma festa por alguém que considerava minha amiga. A realidade me atinge com força, e limpo com raiva as lágrimas que escorrem pelo meu rosto.
A humilhação toma o lugar da dor da traição quando me lembro de Dan e sua câmera. Eles tiraram meu vestido… a luzinha vermelha da câmera no quarto mal iluminado é uma imagem que acho que nunca vou esquecer. Eles queriam me estuprar, filmar tudo e depois mostrar para as pessoas. Ponho a mão na barriga, torcendo para não passar mal de novo.
Toda vez que penso que vou ter uma folga da batalha constante que se tornou minha vida, acontece algo pior. E sou eu que me meto nessas enrascadas. Mas a Anahí? Ainda não entendo. Se entendi bem o que ela disse, e ela fez tudo aquilo porque não gosta de mim e sente alguma coisa por Christopher, por que não me disse logo de uma vez? Por que fingiu ser minha amiga por tanto tempo só para depois fazer o que fez? Como ela conseguia sorrir para mim, fazer compras comigo, ouvir meus segredos, meus temores, e depois me apunhalar pelas costas desse jeito?
Eu me sento na cama devagar, mas mesmo assim é mais rápido do que deveria. Meu coração está disparado, e quero ir correndo até o banheiro para vomitar caso ainda tenha algum resquício de droga no meu estômago. Em vez disso, porém, fecho os olhos de novo.
Quando volto a acordar, minha cabeça está um pouco mais leve, e consigo levantar da cama. Não estou usando calça, só uma camiseta que nem lembro de ter vestido. Minha mãe deve ter me trocado… mas isso não parece muito provável.
O único pijama na minha antiga cômoda está curto e apertado demais. Eu ganhei peso desde que entrei na faculdade, mas estou me sentindo mais confortável e confiante em relação ao meu corpo do que… Mais do que em qualquer outro momento na minha vida.
Saio cambaleando do banheiro, atravesso o corredor e chego à cozinha, onde encontro minha mãe encostada na bancada, lendo uma revista. Seu vestido preto está impecavelmente limpo e passado, ela está usando sapatos de salto combinando com a roupa e seus cabelos estão penteados à perfeição como sempre. Quando olho para o relógio do fogão, vejo que já passa das quatro da tarde.
— Como você está se sentindo? — minha mãe pergunta baixinho quando se vira para mim.
— Péssima — resmungo, incapaz de fazer uma cara minimamente amigável.
— Eu imaginei, depois da noite que você teve.
Lá vamos nós…
— Toma um café e uma aspirina. Você vai se sentir melhor.
Faço que sim com a cabeça e vou até o armário pegar uma caneca.
— Eu estou saindo para a igreja. Imagino que você não vá querer ir, certo? Já perdeu o culto da manhã — ela diz com um tom de voz monótono.
— Não, eu não estou em condições de encarar a igreja agora. — Só minha mãe mesmo para perguntar se quero ir à igreja quando acabei de acordar depois de ter sido drogada e quase estuprada.
Ela pega a bolsa em cima da mesa e se vira de novo para mim.
— Certo, vou dizer para Noah e para os pais dele que você mandou lembranças. Vou estar de volta lá pelas oito.
Sinto uma pontada de culpa ao ouvir o nome de Noah. Ainda não liguei para ele desde que fiquei sabendo da morte de sua avó. Sei que deveria ter telefonado, preciso fazer isso. Vou ligar logo depois que o culto terminar, isso se eu encontrar meu celular.
— Como foi que eu vim parar aqui ontem à noite? — pergunto, tentando juntar as peças do quebra-cabeça. Lembro de Pablo entrando no antigo quarto de Christopher e destruindo a câmera.
— O jovem que trouxe você se chama Pablo, se não me engano. — Ela volta a olhar para a revista, limpando a garganta.
— Ah.
Eu odeio isso. Odeio não saber das coisas. Gosto de ter tudo sob controle, e na noite passada não estava conseguindo controlar nem meu corpo nem meus pensamentos.
Minha mãe coloca a revista com força sobre o balcão.
— Se precisar de alguma coisa, me liga — ela diz com uma expressão vazia e sai andando na direção da porta.
— Certo…
Ela se vira e lança um último olhar de desaprovação para meu pijama apertado antes de sair de casa.
— Ah, e procura alguma coisa para vestir no meu armário. — Assim que a porta se fecha, ouço a voz de Christopher na minha mente.
É tudo culpa minha , ele disse. Não pode ter sido Christopher, minha mente está me enganando. Preciso ligar para Pablo e agradecer por tudo. Eu devo muito a ele por ter aparecido para me ajudar, me salvar. Sou muito grata a Pablo, e nunca vou conseguir agradecer o suficiente pelo que ele fez por mim, inclusive me trazer até aqui. Não consigo nem imaginar o que aquela câmera teria filmado se ele não tivesse entrado no quarto.
As lágrimas salgadas se misturam ao meu café pela meia hora seguinte. Por fim, resolvo sair da mesa e ir até o banheiro lavar os vestígios dos acontecimentos repugnantes da noite passada do meu corpo. Quando vou até o armário da minha mãe procurar alguma roupa para vestir, já estou me sentindo melhor.
— Você não tem nenhuma roupa normal? — resmungo, empurrando cabide após cabide com vestidos elegantes. Estou quase me rendendo à ideia de ficar sentada aqui sem roupa quando encontro uma blusa creme e uma calça jeans escura. A calça veste bem e a blusa fica apertada no peito, mas pelo menos encontrei alguma coisa informal para usar.
Enquanto reviro a casa em busca do meu celular e da minha bolsa, percebo que não tenho nenhuma lembrança que possa me indicar seu paradeiro. Por que a minha mente não consegue esclarecer o que aconteceu ontem à noite? Imagino que meu carro ainda esteja estacionado na frente do alojamento. Só espero que Anahí não tenha furado os pneus.
Volto para meu antigo quarto e abro a gaveta da escrivaninha. Meu celular está lá dentro, em cima da minha bolsa. Ligo o aparelho e espero carregar. Quase desligo de novo quando ele começa a vibrar sem parar. Mensagens e mais mensagens de texto, recados e mais recados de voz.
Christopher… Christopher… Pablo… Christopher… número desconhecido… Christopher… Christopher…
Sinto um frio na barriga ao ler seu nome na tela. Ele sabe, com certeza. Alguém deve ter contado o que aconteceu, por isso ele me ligou e me escreveu tantas vezes. Eu deveria ligar para ele e dizer que estou bem antes que ele enlouqueça de preocupação. Apesar do status atual do nosso relacionamento, ele deve ter ficado abalado com o que aconteceu… “abalado” na verdade é pouco.
Desligo o telefone quando a ligação cai na caixa postal e volto para o quarto da minha mãe para tentar dar um jeito nos meus cabelos. A última coisa que me preocupa agora é minha aparência, mas também não quero ficar ouvindo os comentários ofensivos da minha mãe sobre o meu desleixo. Além disso, cuidar da minha aparência também pode me ajudar a desviar meus pensamentos angustiados dos fragmentos de lembranças que surgem na minha mente de tempos em tempos.
Cubro as olheiras escuras, passo um pouco de rímel e penteio os cabelos, que estão quase secos, o que ajuda a dar um jeito em seu ondulado natural. Não estão nem perto do que eu gostaria, mas não tenho energia para dedicar mais um minuto que seja ao emaranhado de fios rebeldes.
O som de alguém batendo na porta interrompe meus pensamentos confusos. Quem pode ser a uma hora destas? Sinto meu estômago se revirar diante da ideia de que Christopher pode estar do outro lado da porta.
— Dulce? — uma voz conhecida me chama, e escuto a porta se abrir.
Noah entra e eu o encontro na sala de estar. O alívio e a culpa tomam conta de mim quando vejo seu sorriso familiar, mas vacilante.
— Oi… — Ele balança a cabeça, inquieto. Sem pensar duas vezes, eu praticamente me jogo em cima dele, atirando os braços em volta de seu pescoço. Enterro a cabeça em seu peito e começo a chorar.
Seus braços fortes me envolvem, nos ajudando a manter o equilíbrio.
— Você está bem?
— Estou, é que… Não, não estou. — Levanto a cabeça de seu peito, pois não quero borrar seu cardigã bege com minha maquiagem.
— A sua mãe falou que você estava na cidade. — Ele continua me abraçando, e eu continuo desfrutando do conforto familiar de seu abraço. — Então saí de fininho antes do fim do culto para poder falar um oi sem ninguém por perto. Então, o que aconteceu?
— Muita coisa, é difícil até explicar. Mas eu estou sendo muito dramática — resmungo e dou um passo atrás.
— A faculdade ainda não está sendo o que você esperava? — ele pergunta com um sorrisinho compreensivo.
Faço que não com a cabeça e faço um gesto para irmos até a cozinha, para eu fazer mais café.
— Não, de jeito nenhum. Estou me mudando para Seattle.
— A sua mãe me contou — ele diz ao se sentar à mesa.
— Você ainda vai para a WCU no próximo semestre? — Eu solto uma risadinha. — Eu não recomendo essa faculdade para ninguém. — Mas tentar fazer piada com a minha própria situação só me faz ficar com os olhos cheios de lágrimas.
— Pois é, essa é a ideia. Mas eu e… a menina com quem estou saindo… nós estamos pensando em ir para San Francisco. Você sabe que eu gosto da Califórnia.
Eu não estava preparada para essa informação, Noah está namorando. Não deveria ser surpresa, mas fico sem jeito e só consigo dizer:
— Ah, é?
Os olhos azuis de Noah brilham sob a luz fluorescente da cozinha.
— É, as coisas estão indo bem. Mas estou tentando ir devagar, você sabe… por causa de tudo que aconteceu.
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 1969
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anyvondy23 Postado em 18/08/2021 - 14:55:32
Vindo ler de novo porque não concluí rsrs
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dayanerodrigues Postado em 09/08/2020 - 18:39:14
A música é a cara da música SÓ HOJE do Jota Quest Até parece que é o Christopher ta Cantando pra ela
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dmsavinom Postado em 09/09/2019 - 22:55:04
Esse livro e o muito bom, parece que já lançaram por filme, eu não assisti mais estou mega anciosa para assistir, mesmo eles tendo cortado um cado de coisas,, e terem deixado a história menos abusiva, para mais romântica.
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Tia_Olaf Grey♥ Postado em 20/02/2018 - 22:00:49
e em nenhum momento vi ela mencionar os créditos a Anna e mesmo que ela não esteja mais ATIVA nessa conta, eu precisava dizer isso aqui, a usuária estava repostando uma história, mundialmente famosa, que não era sua, ainda por cima não deu os devidos créditos a verdadeira autora, eu sou ESCRITORA e só eu sei o que passo para conseguir escrever cada capítulo das minhas fanfics, uma vez fui vítima de plágio e sinceramente não desejo isso a ninguém, então eu precisava vim aqui, como dever de cidadã falar que isso que essa usuária fez, de repostar uma história que não era SUA e ainda por cima fazer os leitores acharem que a história lhe pertencia, sem dar os devidos créditos a autora, isso é claramente PLÁGIO, me desculpem, não gosto de causar confusão, eu apenas precisava dizer isso, como fã da Anna e do belo trabalho dela, e EU se eu repostar uma fanfic, eu obviamente vou dar os créditos a autora original,, enfim, era só isso.
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Tia_Olaf Grey♥ Postado em 20/02/2018 - 21:54:06
Eu conheço essa história, na verdade é uma série de livros, nomeada After, Anna Todd começou a postar no wattpad, e alguns dias um escritor famoso a descobriu e hoje em dia ela é uma das maiores escritoras do mundo, conhecida mundialmente pelo sucesso avassalador de After, eu estava aqui olhando, para baixar o pdf de after, quando li a sinopse dessa fanfic, que é completamente igual a after, e para piorar TODOS os capítulos são iguaizinhos, foi ai que notei que a escritora repostou sim a história de after, no total são seis livros, ela parou na quinta temporada, eu sou leitora fiel da Anna a acompanhei no wattpad, lendo e me apaixonei pela história de after, foi então que vim aqui como leitora da Anna, avisa aos leitores, ou a escritora esqueceu de colocar os créditos ou ela queria que seus leitores acreditassem que essa fanfic maravilhosa era dela, eu olhei a sinopse, procurei no primeiro.
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bustamante Postado em 11/07/2017 - 18:27:14
Pelo amor, termina sério é muito foda essa Fic, juro ..
Tia_Olaf Grey♥ Postado em 20/02/2018 - 22:13:11
Se você pesquisar assim " Série After" na internet vai aparecer todos os livros ;)
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Rebeca Postado em 03/12/2016 - 19:00:57
A conta que eu postava aqui foi excluida, por tanto não tem como eu finalizar mais essa fanfic. Mas estou com uma história nova, pra quem quiser o link: https://m.fanfics.com.br/fanfic/55473/justica-vondy-vondy
ludmilla Postado em 07/12/2016 - 04:56:10
mulherrr to nem acreditando nisso, foi uma história q eu fiquei envolvida desde o início e agr saber n vai ter mais um fim é mt difícil.
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stellabarcelos Postado em 06/11/2016 - 14:04:27
Vence fazendo o Christopher ver as coisas por uma outra perspectiva foi incrível! Esses dois estão cada vez mais quentes!! Noooossa, o Christopher transou com meio mundo em Caraca hahaha
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leticia Postado em 28/10/2016 - 18:05:09
A dulce bebada gica bem mais solta kkkk coragem de fazer isso dentro de um lugar cheio de pessoas kkkkk ri mt
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Natalya Andrade Postado em 23/10/2016 - 00:00:35
Esses dois sao o casal mais louco que eu ja vi ! Como assim transar numa balada kkkk coragem. E nao gostei muito desse professor da Dulce morando em seattle... Foi estranho !