Fanfic: After Love || Vondy | Tema: Vondy

12

POV DULCE

— A pizza está boa? — pergunto a Smith do outro lado da mesa.

Ele olha para mim, com a boca cheia, e faz que sim com a cabeça. Suas mãozinhas seguram garfo e faca para cortar a comida. Isso não me surpreende.

Quando termina, ele sai da mesa, leva o prato até a lava-louças e o coloca lá dentro.

— Vou me retirar para dormir. Estou com sono — o pequeno cientista anuncia.

Christopher balança a cabeça se divertindo com a maturidade do menino. Eu me levanto e pergunto:

— Você precisa de alguma coisa? Água ou que a gente vá com você até o quarto? — Mas ele recusa e pega seu cobertor no sofá antes de subir para o quarto.

Observo Smith subir a escada, depois me sento de novo e me dou conta de que Christopher trocou menos de dez palavras comigo na última hora. Ele está mantendo distância, e não consigo não comparar o comportamento dele hoje com o modo como falou ao telefone comigo essa semana. Uma parte de mim gostaria que estivéssemos ao telefone agora e não sentados em silêncio no sofá.

— Preciso mijar — ele avisa e sai da sala enquanto zapeio pelos canais da tevê de tela plana.

Momentos depois, Emily e Peter entram pela porta da frente, acompanhados de outro casal. Uma mulher alta e loira com um vestido dourado curto atravessa o piso de madeira.

Olho para seus saltos altíssimos e meus tornozelos começam a doer por ela. Ela sorri para mim e acena enquanto acompanha Emily atravessar a saleta e chegar à sala de estar. Christopher aparece no corredor, mas não entra na sala.

— Zoraida, essa é a Dulce e esse é o Christopher — Emily nos apresenta com gentileza.

— Prazer. — Sorrio, odiando o fato de não ter vestido um pijama melhorzinho.

— Prazer — Zoraida responde, mas ela está olhando diretamente para Christopher, que olha para ela por um momento, mas não a cumprimenta nem entra totalmente na sala de estar.

— A Zoraida é amiga de um sócio do Peter —  Emily explica.

A explicação é dirigida apenas para mim, porque Christopher não está prestando atenção nelas e mantém os olhos fixos no programa sobre vida selvagem em que acabei parando.

— E este é o Max, que trabalha com o Peter.

O homem, que estava conversando e rindo com Peter, aparece atrás de Zoraida, e quando finalmente olho para ele fico surpresa ao ver que é o amigo de Victor da faculdade, o pai daquela garota chamada Kristen.

— Max — repito, olhando discretamente para Christopher e tentando chamar a atenção dele para o rosto familiar a nossa frente.

Percebendo, Emily olha para Max e para mim.

— Vocês já se conhecem?

— Nos conhecemos em Sand Point — respondo.

Os olhos escuros de Max são intimidantes, e ele tem uma presença forte que imediatamente domina a sala, mas seus traços frios se suavizam com a lembrança.

— Ah, sim. Você é a… amiga de Christopher Uckermann — ele diz, com um sorriso.

— Na verdade, ela é… — Christopher começa, finalmente se juntando a nós na sala de estar.

Observo com irritação enquanto Zoraida acompanha Christopher com o olhar enquanto ele atravessa a sala. Ela ajusta as alças douradas do vestido e passa a língua nos lábios. Estou com a maior raiva de mim mesma por estar usando essa calça enorme.

Christopher olha para ela, e vejo como ele a examina de cima a baixo, observando seu corpo alto, mas cheio de curvas, antes de olhar para Max.

— Ela não é só uma amiga — Christopher continua quando Max estende a mão para um cumprimento rápido e esquisito.

— Entendo. — O homem mais velho sorri. — Bom, de qualquer modo, ela é uma moça linda.

— É mesmo — Christopher murmura. Consigo ver a irritação dele com a presença de Max. Emily, a anfitriã perfeita de sempre, caminha até o bar e pega copos para os convidados.

Gentil, ela pergunta o que cada um quer beber enquanto eu tento não olhar fixamente para Zoraida, que se apresenta a Christopher pela segunda vez.

Ele inclina a cabeça de leve e se senta no sofá. Sinto uma pontada de decepção quando ele deixa um espaço grande entre nós. Por que me sinto tão carente de repente? É por causa da beleza de Zoraida ou do modo como Christopher deu uma checada no corpo dela, ou do comportamento estranho dele ao longo da noite?

— Como está a Kristen? — pergunto para quebrar o constrangimento e a tensão, além do ciúme que está me consumindo.

— Está bem. Anda atarefada com as coisas da faculdade — ele responde com frieza. Emily entrega a ele um copo de bebida marrom, e ele vira metade em segundos. Ergue uma sobrancelha para Peter. — Bourbon?

— Só o melhor — Peter responde sorrindo.

— Você deveria ligar para a  Kristen qualquer dia desses. Você seria uma boa influência para ela. — Max diz olhando para Christopher.

— Acho que ela não precisa de nenhuma influência — respondo. Não fui muito com a cara de Kristen, por causa do meu ciúme, mas sinto uma necessidade incontrolável de defendê-la do pai.

Tenho a impressão clara de que ele está se referindo à orientação sexual dela, e isso me incomoda muito.

— Ah, eu discordo. — Ele sorri, exibindo os dentes branquíssimos, e eu me afundo nas almofadas do sofá.

Essa conversa toda foi desconfortável. Max é charmoso e rico, mas não consigo ignorar a escuridão que espreita seus olhos castanhos e a maldade escondida em seu largo sorriso.

E por que ele está aqui com Zoraida? Ele é um homem casado, e pelo vestido curto dela e o modo como sorri para ele, eles não parecem ser só amigos.

— Kristen é nossa babá de sempre! — Emily diz

— Mundo pequeno. — Christopher revira os olhos para parecer pouco interessado, mas sei que ele está muito irritado.

— É mesmo, não é? — Max sorri para Christopher. O sotaque britânico dele é mais forte ainda que o de Christopher ou o de Peter, mas não muito agradável de ouvir.

— Dulce, vai lá pra cima — Christopher diz baixinho para mim. Max e Emily olham para ele, mostrando que ouviram a ordem.

A situação está mais estranha agora do que estava segundos antes. Agora que todo mundo ouviu Christopher me mandando ir lá para cima, eu definitivamente não quero obedecer. Mas conheço Christopher e sei que ele vai dar um jeito de me fazer subir, mesmo que tenha que me carregar.

— Acho que ela deveria ficar e beber um pouco de vinho, ou experimentar esse bourbon. É envelhecido e muito bom — Emily diz enquanto se levanta e caminha em direção ao pequeno bar. — O que você quer? — Ela sorri, claramente desafiando Christopher.

Ele olha para ela irritado e contrai os lábios. Eu sinto vontade de rir do modo como Emily está desafiando Christopher, ou de sair da sala  provavelmente as duas coisas, mas Max está observando a conversa com curiosidade demais, e eu fico onde estou.

— Vou beber uma taça de vinho — digo.

Emily serve o líquido claro em uma taça de haste comprida e a entrega a mim.

O espaço entre Christopher e eu parece estar aumentando a cada segundo, e praticamente consigo sentir o calor que emana dele em pequenas ondas. Tomo um gole do vinho, e Max finalmente para de olhar para mim.

Christopher está olhando para a parede. Seu humor mudou drasticamente desde que nos beijamos, e isso me preocupa bastante. Pensei que ele ia ficar animado, feliz e, principalmente, pensei que ia ficar excitado e querer mais, como sempre faz, como eu sempre faço.

— Vocês dois moram aqui em Seattle? — Zoraida pergunta a Christopher. Tomo mais um gole de vinho. Tenho bebido muito ultimamente.

— Eu não. — Ele não olha para ela ao responder.

— Hum, e onde você mora?

— Não é em Seattle.

Se essa conversa estivesse acontecendo em qualquer outra circunstância, eu o repreenderia por ser tão grosseiro, mas no momento fico feliz com a atitude dele.

Zoraida franze o cenho e se recosta em Max. Ele olha para mim antes de delicadamente afastá-la para o outro lado. Eu já sei que você está tendo um caso, não precisa dar uma de inocente.

Zoraida fica quieta, e Emily olha para Peter procurando ajuda para mudar de assunto e tornar a conversa mais agradável.

— Bom… — Peter limpa a garganta. — A inauguração foi ótima. Quem poderia imaginar que a procura seria tão grande?

— Aquela banda foi incrível… Não me lembro do nome, mas a última… — Max começa.

— The Reford alguma coisa…? — Emily sugere.

— Não, não era isso, amor. — Peter ri, e Emily se aproxima e se senta no colo dele.

— Bem, independentemente de qual seja, precisamos contratá-los para o próximo fim de semana também — Max diz.

Minutos depois de eles começarem a falar de negócios, Christopher se vira e desaparece pelo corredor…

— Ele costuma ser mais bem-educado — Emily diz a Zoraida.

— Não costuma, não, mas gostamos dele mesmo assim. — Peter ri e todos na sala riem com ele.

— Vou… — começo.

— Fica à vontade. — Emily acena, e eu me despeço rapidamente dos convidados.

Quando chego ao fim do corredor, Christopher já está no quarto de hóspedes e fechou a porta. Hesito por um momento antes de girar a maçaneta e abrir a porta. Quando finalmente entro, Christopher está andando de um lado a outro no quarto.

— Aconteceu alguma coisa? — pergunto a ele.

— Não.