Fanfic: After Love || Vondy | Tema: Vondy
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Christian me manda uma mensagem com o endereço — Cornell Road, 2875 —, que copio e colo no GPS do meu celular. O trajeto deve levar uns quinze minutos. O que deve estar acontecendo para Christian precisar me chamar?
Quando chego, estou tão confusa quanto no momento em que saí do quarto. Noah me telefonou duas vezes nesse meio-tempo, mas ignorei suas ligações. Precisava manter a tela do GPS aberta e, para ser sincera, o olhar no rosto dele quando o deixei sozinho ainda assombrava minha mente.
As casas da rua são todas enormes, praticamente mansões. Aquela em particular é pelo menos três vezes maior que a da minha mãe. É uma construção antiga de tijolos, com um jardim da frente em declive, que dá a impressão de que a residência fica no alto de uma colina. Mesmo com a iluminação fraca da rua, dá para ver que é linda.
Deve ser a casa do pai de Christopher, já que claramente não é uma república, e essa seria a única razão para Christian também estar aqui. Respiro fundo, desço do carro e subo os degraus até a entrada. Bato com força na porta de mogno maciço, que se abre em questão de segundos.
— Dulce, obrigado por vir. Desculpe, sei que você está acompanhada. Noah também veio? — pergunta Christian, olhando para o carro enquanto me faz um gesto pedindo que entre.
— Não, ele ficou no campus. O que está acontecendo? Cadê o Christopher?
— Lá no quintal. Ele está descontrolado — Christian diz com um suspiro.
— E eu estou aqui por quê? — pergunto com a maior educação possível. O que tenho a ver com o descontrole de Christopher?
— Então, sei que você não gosta dele, mas pelo menos vocês conseguem conversar. Ele está muito bêbado, totalmente enlouquecido. Apareceu aqui, abriu uma garrafa de uísque do pai e virou metade! Depois começou a quebrar tudo: os pratos da minha mãe, um armário de vidro, o que encontrou pela frente.
— Como assim? Por quê? — Christopher me disse que não bebe… era mentira também?
— O pai dele acabou de contar que vai casar com minha mãe…
— E…? — Ainda estou confusa. — Então Christopher não quer que eles se casem? — pergunto enquanto Christian abre caminho pela enorme cozinha, onde constato com surpresa o estrago provocado por Christopher. Os pratos quebrados estão espalhados pelo chão, e uma cristaleira de madeira está tombada, suas portas de vidros em pedaços.
— Não, mas é uma longa história. Acho que Christopher veio para brigar com o pai. Ele nunca vem aqui. Mas depois que o pai dele ligou para contar, ele e minha mãe foram viajar para comemorar — Christian explica e abre a porta dos fundos. Vejo um vulto sentado a uma mesinha no quintal. Christopher.
— Não sei o que você pensa que posso fazer para ajudar, mas vou tentar. — Christian balança a cabeça e põe a mão no meu ombro.
— Ele estava gritando seu nome — ele diz baixinho, e sinto meu coração parar.
Vou andando na direção de Christopher, que se vira para mim. Seus olhos estão vermelhos, e seus cabelos, escondidos sob um gorro cinza. Ele arregala os olhos e em seguida fecha a cara. Tenho vontade de dar meia-volta. Seu aspecto chega a ser assustador sob a luz fraca do quintal.
— O que está fazendo aqui? — Christopher grita e se levanta.
— Foi Christian… Ele… — Assim que começo a falar me arrependo.
— Por/ra, você ligou para ela? — ele berra na direção de Christian, que volta para dentro.
— Pare de implicar com ele, Christopher… Christian só está preocupado com você — eu o repreendo.
Ele volta a se sentar e me convida com um gesto a fazer o mesmo. Acomodo-me na cadeira em frente e o vejo levar a garrafa de bebida quase vazia à boca. Seu pomo de adão se mexe para cima e para baixo enquanto engole. Depois de beber, Christopher bate a garrafa com tudo no tampo de vidro da mesa, dando-me um susto e me fazendo temer que mais alguma coisa se quebre.
— Ah, vocês dois são uma coisa mesmo. Tão previsíveis. O coitadinho do Christopher está chateado, então vocês se juntam e tentam me fazer sentir culpado por ter quebrado umas porcelanas vagabundas — ele resmunga com um sorrisinho sarcástico.
— Pensei que você não bebesse — comento, cruzando os braços.
— E não bebo mesmo. Quer dizer, não bebia. Não vem querer dar uma de superior para cima de mim. Você não é nem um pouco melhor do que eu. — Ele aponta o dedo para mim e pega a garrafa para dar mais um gole.
É uma situação temerária, mas não consigo negar que, quando estou perto dele, mesmo nesse estado embriagado, me sinto cheia de vida. Estava com saudade da sensação que Christopher me provoca.
— Não disse que sou melhor que você. Só quero saber por que resolveu beber justo agora.
— Que diferença faz pra você? Cadê seu namorado? — Ele me fuzila com os olhos, e o sentimento transmitido por eles é tão forte que sou obrigada a me virar para o outro lado. Se ao menos eu soubesse que sentimento é esse… Ódio, provavelmente.
— Ficou no meu quarto. Só estou querendo te ajudar, Christopher. — Inclino-me um pouco sobre a mesa para pegar sua mão, mas ele recusa meu toque.
— Ajudar? — ele cai na risada. Quero perguntar por que ele estava gritando meu nome se ia me tratar dessa maneira, mas não quero expor Christian mais uma vez. — Se quer me ajudar, então vá embora.
— Por que você não me conta o que está acontecendo? — Baixo os olhos e começo a mexer nas unhas.
Ele suspira, tira o gorro e passa as mãos pelos cabelos antes de colocá-lo de volta.
— Meu pai decidiu me contar só agora que vai casar com Karen… e o casamento vai ser no mês que vem. Ele já devia ter me contado isso há muito tempo, e não pelo telefone. Tenho certeza de que Christian, o menino perfeito, já sabe de tudo faz um tempão. — Ah. Não era isso que eu esperava que ele dissesse, por isso fico sem saber o que responder.
— Com certeza ele tinha um bom motivo para não contar.
— Nem conheço o cara. Ele não está nem aí pra mim. Sabe quantas vezes conversamos no último ano? Umas dez! Ele só se preocupa com seu casarão, com sua nova esposa e com seu novo filhinho perfeito. — Christopher dá mais um gole na bebida. Fico em silêncio enquanto ele continua: — Você precisa ver o buraco em que a minha mãe está morando na Inglaterra. Ela diz que gosta, mas sei que é mentira. A casa inteira é menor que o quarto do meu pai! Minha mãe praticamente me obrigou a vir fazer faculdade aqui… pra ficar mais perto dele… pra ver se a gente se dava bem! — Com o pouco de informação que ele me deu, começo a entendê-lo muito melhor. Christopher está ressentido. E por isso é assim.
— Quantos anos você tinha quando ele foi embora? — pergunto.
Christopher me olha com desconfiança, mas responde:
— Dez. Mas, mesmo antes de ir embora, ele nunca estava por perto. Estava sempre em um bar qualquer. Porém agora ele é o cara perfeito e tem tudo isso aqui. — Ele aponta para a casa.
O pai de Christopher abandonou o filho de dez anos, assim como o meu, e também era um bêbado. Temos muito mais em comum do que eu imaginava. Aquele Christopher embriagado e magoado parece alguém muito mais jovem e mais frágil do que o sujeito de presença forte que eu conhecia até então.
— Lamento muito que tenha abandonado vocês, mas…
— Não preciso que você tenha pena de mim — ele interrompe.
— Não tem nada a ver com pena. Só estou tentando…
— Tentando o quê?
— Ajudar você. Apoiar — digo baixinho.
Ele sorri. Seu sorriso é encantador e me dá a esperança de que eu posso ajudá-lo a superar aquela situação, mas na verdade já sei o que está por vir.
— Você é patética. Não está vendo que não quero você aqui? Não quero seu apoio. Só porque tivemos um lance isso não significa que estou interessado em algo mais. E, mesmo assim, aqui está você, deixando de lado seu namorado bonzinho, que pelo menos quer sua companhia, para vir até aqui tentar me ‘ajudar’. Isso, Dulce Maria, é a definição clássica de patético — ele diz, fazendo as aspas com os dedos.
O tom de sua voz é cheio de veneno, bem como imaginei que seria, mas tento ignorar a dor que sinto no peito quando olho para ele.
— Sei que não é assim que você pensa. — Eu me lembro de uma semana atrás, quando ele ria e me jogava na água. Não sei se ele é um grande ator ou um grande mentiroso.
— É, sim. Vai pra casa — ele me diz, e ergue a garrafa para dar mais um gole. Estendo o braço para o outro lado da mesa, arranco a bebida de sua mão e jogo no chão. — Que por/ra é essa? — ele grita, mas eu o ignoro e saio andando na direção da porta dos fundos.
Escuto seus passos cambaleantes, e ele surge na minha frente.
— Aonde você vai? — Seu rosto está a poucos centímetros do meu.
— Vou ajudar Christian a limpar a bagunça que você fez e depois vou embora. — Minha voz soa muito mais tranquila do que na verdade estou.
— Por que vai ajudar Christian? — A contrariedade em seu tom de voz é bem nítida.
— Porque ele, ao contrário de você, merece minha ajuda — respondo, e vejo a decepção estampada em seu rosto. Eu não deveria estar conversando com Christopher. Deveria estar gritando com ele, por causa das coisas terríveis que me falou, mas sei que assim só estaria fazendo seu jogo. É a especialidade de Christopher: magoar todo mundo ao seu redor e se divertir com o caos que se instala depois.
Sem dizer nada, ele sai da minha frente. Quando entro na casa, encontro Christian agachado, levantando o armário.
— Tem uma vassoura aqui? — pergunto quando ele termina. Christian me olha com um sorriso de gratidão.
— Bem ali — ele aponta. — Obrigado por tudo. — Faço um aceno de cabeça e começo a varrer os cacos dos pratos, que são muitos. Lamento muito o fato de que, quando a mãe de Christian chegar, vai descobrir que não tem mais nenhum prato em casa. Espero que nada daquilo tenha valor sentimental para ela.
— Ai! — grito quando um pedacinho de vidro entra no meu dedo. Gotas de sangue começam a cair sobre o piso de madeira enquanto corro até a pia.
— Você está bem? — pergunta Christian, todo preocupado.
— Estou, foi só um pedacinho, nem sei por que está saindo tanto sangue. — Na verdade nem está doendo muito. Fecho os olhos e deixo a água fria cair sobre o ferimento. Logo depois, escuto a porta dos fundos se abrindo. Abro os olhos e vejo Christopher me encarando quando me viro.
— Dulce, posso conversar com você, por favor? — ele pede. Sei que seria melhor responder que não, mas alguma coisa na vermelhidão em torno de seus olhos me leva a fazer que sim com a cabeça. Ele olha para minha mão, depois para o sangue no chão.
Christopher vem até mim correndo.
— Você está bem? O que aconteceu?
— Não foi nada, só um pedacinho de vidro — explico.
Ele pega minha mão e põe sob a torneira. Quando toca meu braço, sinto a mesma eletricidade de sempre. Christopher olha para meu dedo, franze a testa e depois vai andando até Christian. Ele acabou de me chamar de patética e agora está todo preocupado comigo? Isso vai acabar literalmente me enlouquecendo, vou terminar trancafiada em uma cela de hospício.
— Onde tem curativo? — ele pergunta como se desse uma ordem, e Christian diz que no banheiro.
Em menos de um minuto, Christopher volta e pega minha mão outra vez. Depois de passar antisséptico, ele cola o curativo no meu dedo com gestos delicados. Fico em silêncio, aparentemente tão confusa com o comportamento de Christopher quanto com o de Christian.
— Posso conversar com você, por favor? — ele pede de novo, e sei que é melhor dizer que não. Mas desde quando faço o que é melhor para mim quando o assunto é Christopher?
Faço que sim com a cabeça, e ele me pega pelo pulso e me leva lá para fora.
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30 Quando voltamos à mesinha do quintal, Christopher me solta e puxa uma cadeira para mim. Sentindo minha pele se incendiar com seu toque, passo os dedos sobre o pulso enquanto ele arrasta uma cadeira pelo chão de cimento e a posiciona na minha frente. Quando ele se acomoda, está tão próximo de mim que seus joelhos ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 1969
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anyvondy23 Postado em 18/08/2021 - 14:55:32
Vindo ler de novo porque não concluí rsrs
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dayanerodrigues Postado em 09/08/2020 - 18:39:14
A música é a cara da música SÓ HOJE do Jota Quest Até parece que é o Christopher ta Cantando pra ela
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dmsavinom Postado em 09/09/2019 - 22:55:04
Esse livro e o muito bom, parece que já lançaram por filme, eu não assisti mais estou mega anciosa para assistir, mesmo eles tendo cortado um cado de coisas,, e terem deixado a história menos abusiva, para mais romântica.
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Tia_Olaf Grey♥ Postado em 20/02/2018 - 22:00:49
e em nenhum momento vi ela mencionar os créditos a Anna e mesmo que ela não esteja mais ATIVA nessa conta, eu precisava dizer isso aqui, a usuária estava repostando uma história, mundialmente famosa, que não era sua, ainda por cima não deu os devidos créditos a verdadeira autora, eu sou ESCRITORA e só eu sei o que passo para conseguir escrever cada capítulo das minhas fanfics, uma vez fui vítima de plágio e sinceramente não desejo isso a ninguém, então eu precisava vim aqui, como dever de cidadã falar que isso que essa usuária fez, de repostar uma história que não era SUA e ainda por cima fazer os leitores acharem que a história lhe pertencia, sem dar os devidos créditos a autora, isso é claramente PLÁGIO, me desculpem, não gosto de causar confusão, eu apenas precisava dizer isso, como fã da Anna e do belo trabalho dela, e EU se eu repostar uma fanfic, eu obviamente vou dar os créditos a autora original,, enfim, era só isso.
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Tia_Olaf Grey♥ Postado em 20/02/2018 - 21:54:06
Eu conheço essa história, na verdade é uma série de livros, nomeada After, Anna Todd começou a postar no wattpad, e alguns dias um escritor famoso a descobriu e hoje em dia ela é uma das maiores escritoras do mundo, conhecida mundialmente pelo sucesso avassalador de After, eu estava aqui olhando, para baixar o pdf de after, quando li a sinopse dessa fanfic, que é completamente igual a after, e para piorar TODOS os capítulos são iguaizinhos, foi ai que notei que a escritora repostou sim a história de after, no total são seis livros, ela parou na quinta temporada, eu sou leitora fiel da Anna a acompanhei no wattpad, lendo e me apaixonei pela história de after, foi então que vim aqui como leitora da Anna, avisa aos leitores, ou a escritora esqueceu de colocar os créditos ou ela queria que seus leitores acreditassem que essa fanfic maravilhosa era dela, eu olhei a sinopse, procurei no primeiro.
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bustamante Postado em 11/07/2017 - 18:27:14
Pelo amor, termina sério é muito foda essa Fic, juro ..
Tia_Olaf Grey♥ Postado em 20/02/2018 - 22:13:11
Se você pesquisar assim " Série After" na internet vai aparecer todos os livros ;)
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Rebeca Postado em 03/12/2016 - 19:00:57
A conta que eu postava aqui foi excluida, por tanto não tem como eu finalizar mais essa fanfic. Mas estou com uma história nova, pra quem quiser o link: https://m.fanfics.com.br/fanfic/55473/justica-vondy-vondy
ludmilla Postado em 07/12/2016 - 04:56:10
mulherrr to nem acreditando nisso, foi uma história q eu fiquei envolvida desde o início e agr saber n vai ter mais um fim é mt difícil.
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stellabarcelos Postado em 06/11/2016 - 14:04:27
Vence fazendo o Christopher ver as coisas por uma outra perspectiva foi incrível! Esses dois estão cada vez mais quentes!! Noooossa, o Christopher transou com meio mundo em Caraca hahaha
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leticia Postado em 28/10/2016 - 18:05:09
A dulce bebada gica bem mais solta kkkk coragem de fazer isso dentro de um lugar cheio de pessoas kkkkk ri mt
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Natalya Andrade Postado em 23/10/2016 - 00:00:35
Esses dois sao o casal mais louco que eu ja vi ! Como assim transar numa balada kkkk coragem. E nao gostei muito desse professor da Dulce morando em seattle... Foi estranho !