Fanfic: After Love || Vondy | Tema: Vondy

— Oi — retribuo o sorriso, e Christopher só mexe a cabeça.

— Você está linda — ela me elogia, me olhando de cima a baixo.

— Obrigada… você também. — Ela está vestindo um cardigã simples e calça cáqui.

— Certo, se vocês duas tiverem terminado… — Christopher reclama.

— É bom ver você também, Christopher. — Kristen revira os olhos para ele, que amolece um pouco, abrindo um sorrisinho.

Enquanto isso, Emily está andando pela sala de estar, calçando os sapatos de salto e conferindo a maquiagem no espelho grande acima do sofá.

— Smith está lá em cima. Devemos chegar por volta da meia-noite.

— Está pronta, amor? — Peter pergunta a ela. E quando ela faz que sim, ele abre os braços e faz um gesto para a porta.

— Vamos em carros separados — Christopher diz.

— Por quê? Temos um motorista para hoje —  Peter diz.

— Quero ir com o meu carro para o caso de querermos ir embora antes. — Peter dá de ombros.

— Você é que sabe.

Enquanto saímos, olho com mais atenção para a camisa de Christopher, que não é muito diferente da que ele costuma usar quando é forçado a se arrumar. A diferença é que essa camisa tem uma leve estampa de animal…

— Não fala nada — Christopher me avisa quando percebe que estou olhando.

— Não vou falar. — Mordo o lábio, e ele resmunga.

— É horrorosa — ele diz e eu vou rindo até o carro.

A casa de jazz fica no centro de Seattle. As ruas estão cheias, como se fosse uma noite de sábado, e não quarta-feira. Esperamos dentro do carro de Christopher até um carro preto parar perto de onde estamos e Emily e Peter saírem.

— Riquinho metido a besta — Christopher diz, apertando minha coxa antes de sairmos do carro.

Com um sorriso simpático, o leão de chácara careca solta a corda de veludo do suporte prateado e nos deixa passar. Momentos depois, Emily está mostrando a casa, apontando várias particularidades do local enquanto Peter se afasta sozinho.

Blocos de pedra cinza servem como mesas e há sofás pretos enfeitados com almofadas brancas. A única cor vem dos buquês de rosas vermelhas em cima de cada bloco de pedra. A música suave que toca pela casa é relaxante, mas estimulante ao mesmo tempo.

— Moderno. — Christopher revira os olhos. Ele fica lindo à meia-luz. A camisa de botões de Peter com a calça jeans me deixam excitada.

— Legal, né? — Emily se vira, sorrindo.

— Sim, sim — Christopher responde.

Quando nos aproximamos das mesas cheias, Christopher passa a mão pelo meu quadril e me puxa para mais perto dele enquanto caminhamos.

— O Peter está na área VIP. Ela é toda nossa — Emily diz.

Vamos até os fundos do clube, e uma cortina de cetim aberta revela um espaço de tamanho moderado com mais cortinas pretas servindo de paredes. Quatro sofás contornam o ambiente, e há uma pedra grande no centro, coberta com garrafas de bebida alcoólica, um balde de gelo e vários petiscos.

Estou tão distraída que quase não vejo Max sentado em um dos sofás, na frente de Peter. Ótimo. Não vou muito com a cara do Max, e sei que Christopher também não gosta dele.

Christopher me abraça com mais força e lança um olhar irritado na direção de Peter. Emily sorri, sempre a anfitriã perfeita.

— Que bom ver você de novo, Max.

Ele sorri.

— Você também, querida. — Ele segura a mão dela e a leva aos lábios.

— Com licença. — Ouço a voz de uma mulher atrás de mim.

Christopher e eu damos um passo para o lado, e Zoraida aparece no pequeno espaço. Sua altura intimidadora e o vestido branco que quase não se nota a ajudam a se tornar o centro das atenções.

— Que ótimo — Christopher diz, ecoando meu pensamento de segundos atrás. Ele está tão feliz em ver Zoraida quanto eu estou em ver Max.

— Zoraida. — Emily tenta parecer feliz ao vê-la, mas não consegue. Um dos problemas da sinceridade de Emy é que é difícil para ela esconder suas emoções.

Zoraida abre um sorriso caloroso para ela e se senta no sofá, ao lado de Max. Os olhos escuros dele se voltam para os meus como se ele estivesse pedindo permissão para se sentar com sua amante.

Desvio o olhar quando Christopher me guia até o sofá de frente para eles. Emily se senta no colo de Peter e se inclina para frente para pegar uma garrafa de champanhe.

— O que você achou do lugar, Dulce Maria? — Max pergunta com seu sotaque pesado.

— Hum. — Eu hesito ao ouvir meu nome completo. — É… é bonito.

— Vocês dois querem um pouco de champanhe? — Emily pergunta. Chistopher responde por mim.

—  Eu não, mas a Dulce quer. — Eu me recosto no ombro.

— Se você não vai beber, então é melhor eu não beber também.

— Pode beber, não me importo. Só não estou a fim.

Sorrio para Emy.

— Não quero, mas obrigada.

Christopher franze o cenho e pega uma taça cheia da mesa.

— Você deveria beber um pouco, teve um dia longo.

— Você só quer que eu beba para eu não fazer perguntas — sussurro, revirando os olhos ao dizer isso.

— Não. — Ele sorri, divertindo-se. — Só quero que você se divirta. Era o que você queria, não era?

— Não preciso beber para me divertir. — Quando olho ao redor, vejo que ninguém está prestando atenção a nossa conversa.

— Eu nunca disse que você precisa beber para se divertir. Só estou dizendo que a sua amiga está oferecendo de graça um champanhe que provavelmente custou mais do que a sua roupa e a minha juntas. — Ele passa a ponta dos dedos pela minha nuca. — Então, por que não beber uma taça?

— Tem razão. — Eu me encosto nele de novo, e ele me entrega a taça de haste comprida. — Mas só vou tomar uma.

Trinta minutos depois, acabei de beber a segunda taça e estou pensando em pegar uma terceira para não me sentir desconfortável enquanto observo Zoraida desfilando por um espaço tão pequeno. Ela diz que só quer dançar, mas se fosse verdade, ela poderia muito bem ir para a pista e dançar lá. Piranha exibida.

Levo a mão à boca como se tivesse dito as palavras em voz alta.

— O que foi? — Christopher está entediado, dá para perceber. Bem entediado. Eu noto pela maneira como ele está olhando para a cortina preta, subindo e descendo a mão pelas minhas costas.

Balanço a cabeça em resposta. Eu não deveria estar pensando essas coisas em relação a uma mulher que nem conheço. Só sei que ela está dormindo com um homem casado… E provavelmente isso é tudo que preciso saber. Não consigo gostar dela.

— Podemos ir? — Christopher sussurra em meu pescoço e leva a outra mão a minha coxa.

— Só mais um pouco — digo a ele. Não estou necessariamente entediada, mas preferiria estar a sós com Christopher em vez de ficar evitando olhar para Zoraida e sua calcinha quase exposta.

— Dulce, quer dançar…? — Emily sugere, e Christopher fica tenso.

Meus pensamentos voltam para a última vez em que fui a uma balada com Emily. Dancei com um cara só para irritar Christopher, apesar de ele estar a quilômetros de distância.

Eu estava tão arrasada naquele dia, tão triste, que mal conseguia pensar direito. O cara acabou me beijando, e eu acabei chateando Christopher no quarto do hotel quando ele descobriu que Poyato estava lá. Foi um grande mal-entendido, mas, quando me lembro, concluo que a noite terminou muito bem para mim.

— Eu não sei dançar, lembra? — digo.

— Bom, vamos dar uma volta. — Ela sorri. — Você parece estar prestes a pegar no sono.

— Tudo bem, uma voltinha. — Eu me levanto. — Você vem? — pergunto a Christopher, mas ele balança a cabeça para dizer não.

— Ela vai ficar bem; vamos demorar só um minutinho — Emily diz a ele.

Ele não parece muito contente por ela estar me levando dali, mas não tenta impedi-la. Ele está tentando me mostrar que pode pegar mais leve, e eu o amo por isso.

— Se você perder a Dulce, não precisa voltar — ele diz.

Emily ri e me leva pelas cortinas, para dentro da casa lotada.