Fanfic: Vingança & Liberdade | Tema: Rebelde, Vondy.

Dulce recuou e recolheu a mão. Ele ainda levou alguns segundos para se lembrar de onde estava. Não estava num buraco escuro e fundo de uma fazenda distante, na Espanha. Estava no Rio. Com a filha do homem que continuava a lhe causar constantes pesadelos.
– O que aconteceu com você? – perguntou ela com cautela.
Ele inspirou profundamente e trincou os dentes.
– Nada. Eu vou direto ao ponto. O acordo estipulava que eu assumiria o controle da Saviñón Holdings e receberia cinquenta por cento dos lucros, em troca de fundos para financiar a campanha política de seu pai. Mas o contrato que seu pai redigiu tem um enorme furo, do qual eu posso me aproveitar facilmente.
Aos poucos, ele foi se acalmando e notou que ela distraidamente massageava o punho. Ele repassou o que acontecera quando ela o tocara e ficou aliviado por não tê-la machucado durante a crise de pânico. Enquanto olhava para ela, suas emoções confusas deram lugar a outra coisa e, apesar de não ter intenção de se deixar seduzir pelos encantos de Dulce Maria, ele ficou contente por estar excitado.
– Você não deveria dizer isso ao meu pai e lhe dar uma chance de corrigir essa falha?
Ele riu da ingenuidade.
– Por que deveria? Assinando o contrato do jeito que está, eu só tenho vantagens.
Ela ergueu as sobrancelhas.
– Então, por que está me contando isso? O que me impede de dizer a ele assim que eu sair daqui?
– Você não dirá.
– Você me subestima... – disse ela.
Christopher se dirigiu ao bar e se serviu de uma dose de vodca.
– Se você contar, eu não assino o contrato e a oferta de apoio financeiro desaparece.
Dulce ficou sem cor.
– Isso é chantagem. Qual seria o objetivo?
– Isso não lhe diz respeito. Só sei que há um furo que eu posso explorar ou deixar passar, dependendo da sua cooperação.
– O que o impede de ir em frente com seus planos depois de eu cooperar com... O que você quer exatamente de mim?
– Esta é a parte mais simples, anjo.
Eu quero ficar com você, até me cansar. Depois, você estará livre.

QUANDO ELA por fim compreendeu o que ele queria, sentiu um calafrio e estremeceu. Com que facilidade ele falara. Como se a resposta lhe fosse indiferente. Claro que não era. Ele planejara tudo com antecedência: o encontro na cafeteria, o convite para jantar. Provavelmente sabia que o pai dela não viria por ter outro compromisso. A ida até o iate causaria uma reação em Pietro e o levaria a beber mais que de costume, deixando-a sozinha...
– Você planejou isso tudo – acusou ela, tentando engolir a raiva.
– Eu planejo tudo, Dulce.
Ela viu seu olhar determinado e ficou angustiada. Tentou falar, mas sua boca tremia. Se demonstrasse fraqueza, seria devorada viva. Não que isso não fosse acontecer de qualquer maneira... Dulce quase ficou histérica, mas se dominou e o encarou.
– Você quer que eu me torne sua amante?
Ele deu uma gargalhada.
– É assim que você se descreveria?
– Como descrever o que você acaba de me pedir? Sua sugestão é antiga o suficiente para ser chamada desse jeito. Ou, sob a sua visão pseudomoderna, o melhor termo seria brinquedo?
– Não, Dulce. Eu também não gosto deste termo. Não pretendo brincar com você. O que tenho em vista é muito mais adulto – declarou ele em tom sensual.
Em vez de se sentir chocada ou ofendida, ela percebeu que estava excitada. Não!
– Sim – disse ele, como se tivesse lido seus pensamentos.
– Não importa que termo você use, eu me recuso a fazer parte do seu jogo. Vou procurar Pietro e...
Christopher afundou na cadeira com um ar displicente.
– E dizer a ele que você destruiu a possibilidade de ele ocupar um cargo no alto escalão da administração do seu pai porque não quis se sacrificar por eles? Não creio que você esteja em posição de recusar qualquer exigência que eu faça, anjo.
– Não me chame desse jeito! Eu não vou ser uma peça do jogo que você está fazendo com meu pai e meu irmão.
Pietro sabe disso.
– Sério? Desde quando? Não foi para ajudar seu pai que você abandonou a faculdade? Não foi por isso que tentou arrancar dinheiro do pobre Alfonso? Por que parar agora quando está tão perto da sua meta? E por que clamar inocência, quando isso é algo que você já fez antes?
Dulce ficou profundamente abalada e ferida. Não percebeu que se aproximara, até estar diante dele, encarando seu sorriso arrogante.
– Eu jamais quis ser... essa pessoa que você acha que eu sou. Só estava tentando ajudar a minha família. Avaliei mal a situação e...
– E se apaixonou pelo seu alvo.
– Não sei o que você quer dizer. – Mas, no fundo, ela desconfiava.
– Você escolheu um alvo e se apaixonou por ele. Não foi isso que aconteceu com Blanco?
Ela ficou atordoada.
– Você sabe sobre Constantine?
– Eu sei tudo que preciso saber a respeito da sua família, anjo. Mas, me diga, por que você se enganou tanto? –
O cinismo dele irritava-a.
– Admito que cometi um erro. Julguei mal um homem em quem achei que podia confiar.
– Você queria usá-lo, mas descobriu que ele também queria usá-la? – Theo debochou. – Alguns chamariam isso de
justiça poética.
Dulce ficou nauseada ao pensar que Constantine a humilhara em público, chamara-a de vários nomes nos jornais.
– Você é desprezível. – Ela ergueu o queixo. – Presumindo que você esteja próximo da verdade, eu não seria tola se cometesse o mesmo erro?