Fanfic: Vingança & Liberdade | Tema: Rebelde, Vondy.

CAPÍTULO 6

– NÃO VAI mesmo! – repetiu Pietro pela décima vez, enquanto o motorista estacionava o carro diante da mansão da família, em Ipanema. Dulce desceu do carro e correu para a porta, mas Pietro foi atrás dela.
– Você ouviu o que eu disse?
– Alto e claro. Você esquece que eu não sou uma criança. Tenho 24 anos. Já passei muito da idade de poder fazer o que quero.
Ele passou a mão na cabeça.
– Olhe, posso tê-la pressionado para participar mais ativamente na campanha do papai, mas não acho que seja uma boa ideia se envolver com Uckermann.
Dulce se comoveu com sua preocupação, mas não podia sossegá-lo porque ela também não sabia qual seria o seu futuro.
– Eu lhe agradeço pela preocupação, mas sou adulta.
– Você está tão apaixonada por ele? O que eu vi no deque falava por si mesmo, mas vocês só se conheceram ontem!
– Antes de ontem à noite, eu também não conhecia Alfonso Herrera, e você queria que eu o atraísse.
– Atraísse, não que fosse morar com ele!–
É inútil discutir. Eu já me decidi.
– Isso é algum tipo de rebelião? – perguntou Pietro.
– Claro que não. Eu já pretendia me mudar, assim que você e papai saíssem em campanha.
– Para onde? Este é o seu lar, Dulce.
– O meu mundo não começa e acaba nesta casa, Pietro. Eu pretendo alugar um apartamento e arranjar um emprego.
– Então não estrague sua vida com Pantelides.
Ela engoliu em seco.
– A minha reputação já foi arruinada por Constantine. Não tenho nada a perder.
Ela começou a subir a escada que levava aos quartos. Atrás dela, ouvia Pietro caminhando agitadamente pelo saguão.
– Isso não faz sentido, Dulce. Talvezuma boa noite de sono lhe devolva a sensatez. Ela não respondeu. Não queria perder tempo lhe dizendo que a decisão fora tomada por ela. Pelo fato de Christopher tê-la beijado daquele jeito, abrindo caminho para as mentiras que ela deveria contar, Dulce sabia que suas ameaças eram reais. Seria uma tola se tentasse testar até onde ele iria.
Ela se despiu, entrou debaixo do chuveiro e começou a se ensaboar, lembrando-se daquele beijo que lhe provocara uma sensação que nunca sentira. Seus lábios ainda pareciam formigar.
No dia seguinte, entraria na cova do leão e, pelo bem da família, se deixaria ser devorada. A gargalhada histérica que ela deu foi abafada pelo ruído da água que caía do chuveiro. Pietro finalmente mostrara sinais de ser o irmão que sempre fora antes que a mãe deles morresse. Era uma pena que ela precisasse se sacrificar pelo bem da família para que ele se manifestasse. Quanto a seu pai... Dulce ficou triste ao pensar que, mesmo que soubesse, provavelmente não levantaria um dedo para defendê-la.

Christopher olhou para o telefone pela décima vez em vinte minutos. Naquela manhã, falara com Dulce e tinham marcado de se encontrar às 11 horas, duas horas antes de ele assinar o contrato no escritório do pai dela. Já eram 11h25 e ela ainda não aparecera. Provavelmente ficara presa no tráfego ou se atrasara fazendo as malas para a estada de três meses. As mulheres sempre se atrasavam. Desde criança, ele sabia disso. Sua mãe nunca chegara a algum lugar na hora. Sua mãe... As lembranças o golpearam com violência, roubando-lhe o fôlego. A mãe estivera ausente antes e depois do seu sequestro por capangas de Fernando Saviñón. Durante semanas, depois que fora resgatado e voltara para casa machucado e arrasado, ele perguntara por ela. Ari dera diversas desculpas para sua ausência, mas Christopher não conseguira aceitar o fato de que a mãe, que sempre o tratara como se fosse o centro do seu mundo, não tivesse se preocupado sequer em telefonar para saber como estava o filho traumatizado física e psicologicamente. Quando a imprensa abalara a todos, revelando os negócios escusos e os casos amorosos de seu pai, Ari mantivera a família unida. Por muito tempo, Theo vivera com a convicção de que, entre os três irmãos, seria o preferido do pai, apenas por ser o filho miraculoso, que não era mais esperado. Seu sequestro e o que ele descobrira a seguir tinham acabado com esta ilusão: seu pai sempre soubera das ameaças de Fernando Saiñón e nada fizera para avisá-lo ou protegê-lo. A reação de sua mãe fora abandonar o marido, deixar os filhos e se esconder. Apesar de tudo, Christopher ainda se agarrava à esperança de que seu pai não tivesse percebido a seriedade da ameaça de sequestro, de que não soubesse que, ao ser prejudicado em uma negociata, Fernando reagiria sequestrando seu filho de 17 anos, fotografando sua tortura e enviando as imagens para a família como forma de pressão para receber os milhões de dólares que lhe eram devidos. O telefone tocou, arrancando Christopher de seus amargos devaneios. Ele viu o número de quem chamava e ficou pálido de raiva.
– Uckermann.
– Bom dia. Acabo de ter uma conversa interessante com minha filha.
Christopher ouviu o tom raivoso da voz de Fernando e sorriu com ironia. – Ela parece determinada a fazer algo em que você está envolvido.
– Sua filha é uma mulher muito firme, que sabe exatamente o que quer – respondeu Christopher calmamente.
– Tem razão. Ainda assim, esta decisão me parece precipitada – falou Fernando desconfiado.
– Da minha parte, foi algo muito bem pensado. Diga, Fernando, ela já saiu de casa?
– Sim, contra a minha vontade.