Fanfic: Vingança & Liberdade | Tema: Rebelde, Vondy.

CAPÍTULO 8

A conversa na praia dera uma marca de frieza ao início da estada de Dulce na casa de Christopher. As duas semanas seguintes foram de dias tensos, permeados de frieza, e de noites ainda mais tensas. Os dois logo caíram numa rotina em que Christopher saía depois de tomar um rápido café e de informar onde jantariam. Na manhã do segundo dia, ela lhe dissera que iria até o Centro de Convivência.
– Que tipo de trabalho você faz lá?
– Qualquer um que seja necessário. – Dulce temia entrar em detalhes, receando que ele menosprezasse seu trabalho e a visse como uma menina mimada que procurava se distrair entre as festas.
Christopher dera de ombros e continuara a tomar o café.
– Quando não estou aqui, você podefazer o que quiser. Contanto que você volte antes de eu chegar, não vejo problema.
O assunto fora encerrado. Antes de sair, ele voltara a adverti-la para não dizer nada a seu pai. O homem que lhe mostrara sua dor e desespero desaparecera totalmente. Quando estavam em casa, Christopher se mostrava educadamente frio. Mas todas as noites, quando saíam, ele se mostrava gentil, carinhoso, enfiava os dedos em seu cabelo e olhava-a com adoração. Ao final da quinta noite, Dulce percebera que ele estava se exibindo para os paparazzi. Na manhã seguinte, o jornal publicara uma foto comprometedora dos dois. Enquanto ela se encolhia com a constante exposição, Christopher a encarava com indiferença. Na terceira semana, quando o jornal publicou o resultado da primeira pesquisa de votos para a prefeitura, ela confirmou suas suspeitas. Christopher estava nadando como um tubarão. Ao ler a justificativa para os votos, Dulce levantou bruscamente e foi até a beira da piscina.
– Foi por isso que você saiu comigo todas as noites desde que eu vim para cá? Para que me rotulassem como a filha sem-vergonha de um homem que não serve para ser prefeito? – Ela quase gritou para que ele ouvisse.
Christopher interrompeu a braçada, afastou o cabelo do rosto e nadou até onde ela estava. Ao ver seu rosto molhado iluminado pelo sol, ela perdeu o fio de seus pensamentos.
– Seu pai não é digno de dirigir um grupo de detentos, quanto mais uma cidade – falou ele com desprezo. – Antes de eu acabar com ele, todos saberão disso.
Apesar de já saber o que ele pretendia e de ter percebido que, fosse o que fosse que seu pai tivesse feito, o efeito sobre Christopher fora devastador, Dulce recuou, chocada. Christopher apoiou as mãos na beirada da piscina e saiu da água. Ela precisou se controlar para não devorá-lo com os olhos. Suas entranhas se contraíam com uma excitação que não a abandonava desde a noite em que o conhecera, e que ficava cada vez mais forte, ignorando o motivo de ela estar ali e o fato de Christopher pretender usá-la para atingir seu pai. Ela precisava se controlar para evitar o risco de se magoar novamente.
– Você não nega que me usou para prejudicar a campanha do meu pai?
Christopher encarou-a sem nenhuma emoção e pegou uma toalha.
– Este era um dos meios, mas você não foi rotulada de sem-vergonha. Processarei qualquer jornal que ouse chamá-la desse jeito.
Dulce deu uma risada estrangulada.
– Existem várias maneiras de depreciar uma pessoa sem usar o devido termo, Christopher.
Ele parou de enxugar o cabelo.
– Deixe-me ver. – Ele leu e ficou aborrecido. – Vou fazer com que publiquem uma retratação.
Ela ficou revoltada e furiosa.
– A questão não é essa. O dano já foi feito. Isso significa que vou ter que deixar de ser voluntária. Não posso atrair esse tipo de atenção para o Centro.
Ele pareceu ficar aborrecido.
– Vou dar um jeito nisso.
– Esqueça. Agora é tarde demais. Parabéns: você conseguiu o que queria. Mas não vou mais ser exibida e apalpada em público. Se você está planejando mais uma noite na cidade, terá que ir sozinho.
Ele voltou a enxugar o cabelo.
– Tudo bem. Faremos outra coisa. – Ele jogou o jornal sobre a mesa.
– Como o quê? – perguntou ela, desconfiada.
– Eu lhe prometi um passeio de iate. Partiremos esta noite e passaremos o dia de amanhã a bordo. O que acha?
Quando ele se mostrava gentil, era difícil de acreditar que também estivesse determinado a se vingar do pai dela. Depois do que dissera na praia, Dulce pesquisara na internet, mas só encontrara algumas informações sobre os negócios escusos que Alexandrou Uckermann, pai de Christopher, fizera, antes de morrer na prisão. Até onde ela sabia, não havia ligação entre a sua família e a de Christopher. Os irmãos Uckermann – um deles casado e com um filho, e outro, noivo – tinham obtido enorme sucesso nos ramos de petróleo, transporte marítimo e hotéis de luxo. O trabalho de Christopher como gestor de riscos do conglomerado de milhões de dólares exigia que ele nunca ficasse muito tempo em um lugar. Era o emprego ideal para um homem cujos relacionamentos pessoais eram voláteis. E para alguém atormentado por demônios.
Dulce olhou para ele, tentando ver o homem que lhe abrira a alma, por um momento, ao falar da mãe. Mas ele se fechara.
– O que importa o que eu acho? Francamente, fico surpresa que meu pai não tenha telefonado para falar sobre as fotos.
– Ele telefonou, mas eu o dispensei.
– Eu não me referia a você. Como eu também estava nas fotos, pensei que ele fosse me ligar para descarregar sua raiva. – Ela o viu desviar os olhos e ficou desconfiada. – Ele tentou falar comigo, não foi?
– Tentou. Eu sugeri que, em vez de falar com você, ele se concentrasse em beijar criancinhas e em convencer idosas a votarem nele.
– Como ousa controlar a minha vida desse jeito?
– Você preferia que eu o tivesse deixado descarregar a raiva em você?
– O que lhe importa? É um pouco tarde para me proteger, não acha?
– Enquanto estiver sob o meu teto, você está sob a minha proteção.
– Não finja que se importa! – Ela percebeu que estava prestes a chorar e tentou fugir para o quarto, mas mal conseguiu dar dois passos porque ele a segurou.
– Pare de se aborrecer com isso.
– É uma ordem?
Ele franziu os olhos.
– Você está zangada.