Fanfic: Vingança & Liberdade | Tema: Rebelde, Vondy.

CAPÍTULO 9

Eles lancaram âncora a pouco mais de 1,5km do litoral de Copacabana e pegaram um bote para levá-los até a praia. Dulce observava o vento fustigar o cabelo de Christoher, jogando-o sobre o rosto, e sentia vontade de tocá-lo. Eu a manteria por muito mais tempo, anjo. Talvez, para sempre. As palavras lhe soavam na cabeça e atingiam direto seu coração, tirando-lhe o ar, deixando-a tonta. Estava com sérios problemas... O grito de um banhista lhe chamou a atenção, e Dulce reparou na quantidade de pessoas e na algazarra dos turistas que aproveitavam o fim de tarde do domingo. De repente, ela sentiu que perdera a tênue conexão que estabelecera com Christopher na noite passada e naquela manhã. Que bobagem. Não havia conexão. Apenas uma trégua. E a excitante tarefa de desenhar um barco para a Uckermann, o que a enchera de alegria pelo resto do dia. O bote atingiu a areia, e Christopher lhe ofereceu a mão para ajudá-la a desembarcar: ela pegou na mão dele.
– Estou querendo comer algo típico e sei exatamente onde ir. Você confia em mim?
Pisando em terreno sólido, ela concordou. Ele franziu os olhos.
– É uma boa caminhada. – Ele olhou para os sapatos de plataforma que ela calçara, com um ar duvidoso.
– Não se preocupe. Eu já nasci de sapatos altos.
– Tenho pena da sua mãe – disse ele.
Os dois riram, e ele a puxou pela mão.
– Vamos, anjo.
Dez minutos mais tarde, ela se admirou quando eles pararam diante de uma porta com uma tabuleta desbotada abaixo de uma única lâmpada.
– Disseram-me que eles servem uma das melhores feijoadas do Rio – disse ele ao ver a expressão de Dulce.
Ela engoliu as lágrimas: a tabuleta indicava um lugar que fizera parte da sua distante e feliz infância.
– É verdade. Eu... Como você ficou sabendo desse lugar?
Ele apertou a mão dela e levou-a aos lábios. Dulce sentiu o coração acelerar loucamente.
– Eu tive o cuidado de descobrir.
Ela novamente sentiu as lágrimas lhe subirem aos olhos e não conseguiu falar por alguns minutos.
– Obrigada.
– De nada.
Eles pararam na entrada, para acostumar os olhos à obscuridade das velas.
– Pequena estrela! – Uma senhora corpulenta se aproximou, com o rosto iluminado por um sorriso. Depois que elas se abraçaram, Dulce apresentou-a a Christopher.
– Camila e minha mãe eram muito amigas. Quando eu era criança, muitas vezes vinha comer aqui depois de sair da escola.
Christopher cumprimentou gentilmente a senhora, em perfeito português, fazendo com que ela corasse. Ela os levou até uma mesa no centro da sala. – Você quer o de sempre? – perguntou Camila depois de trazer uma cesta com pão e anotar o vinho que eles tinham escolhido.
Dulce olhou para Christopher.
– Você concorda que eu escolha?
– Você manda, anjo.
Ela fez o pedido, adicionando alguns pratos que Camila fazia questão de mostrar que aprovava, à medida que ela falava, antes de se afastar. Sozinha com Christopher, Dulce tentava se acalmar e não atribuir grande significado ao fato de ele tê-la trazido até ali. Mas suas emoções se recusavam a sossegar.
Considerando as circunstâncias, ele estava fazendo com que ela sentisse coisas que não deveria. Seu coração corria o risco de ser quebrado e, desta vez, os sinais de perigo não estavam disfarçados como acontecera no caso de Constantine. Ela estava entrando na armadilha com o coração e os olhos bem abertos...
– Você está franzindo a testa com muita força, querida.
Ela pegou uma fatia de pão e tentou se concentrar em não romper a trégua.
– Acho que pedi muita comida.
– Você tem bom apetite. Não há nada de errado nisso.
– É o bom apetite que me deixa gorda.
– Você não é gorda. É perfeita.
Ela parou a mão a caminho da boca e viu que ele a olhava com admiração. Admiração que lentamente se transformou num desejo que estava estampado em todo o seu rosto. Dulce sentiu a excitação se espalhar pelo corpo, lançando ondas de calor que se concentravam no vértice de suas coxas.
– Obrigada – murmurou ela.
Ele se inclinou e tirou a fatia de pão da mão dela. Partiu um pedaço e aproximou-o de sua boca. Ela abriu a boca, e ele colocou o pedaço em cima da sua língua e ficou olhando enquanto ela mastigava. Depois disso, ele voltou a recostar na cadeira e comeu o resto da fatia de pão. Dulce conseguiu engolir o pão e tentou arranjar um assunto que não envolvesse seu pai nem as emoções que circulavam entre os dois. Christopher percebeu sua dificuldade, e ela ficou agradecida quando ele perguntou:
– A sua mãe cresceu aqui perto?
– Não. Ela e Camila cresceram no sul do Brasil, mas ela passou parte da infância no Arizona, onde a minha avó nasceu. Os pais da minha mãe e de Camila eram proprietários de ranchos vizinhos. Depois que elas se casaram, mudaram para o Rio, mas sempre mantiveram contato. Camila é como uma segunda mãe para mim...
– A Saviñón Holdings não é uma empresa de pecuária – disse Christopher, logo se arrependendo.
Ela sorriu depressa, querendo manter a falta de animosidade do ambiente.
– Não. Depois que meu avô morreu, minha mãe vendeu o rancho e ajudou meu pai a expandir a empresa. – Ela ficou aliviada ao ver que Camila trazia o vinho e o primeiro prato. O sorriso caloroso e o jeito acolhedor da senhora alegravam a atmosfera.