Fanfic: Vingança & Liberdade | Tema: Rebelde, Vondy.

Naquela manhã, ela tentara fazê-lo ver as coisas de maneira diferente, mas ele não aceitara. O relacionamento dos dois duraria até que ele se vingasse de seu pai. Ela não tinha nada a ver com as mulheres que ele conquistara antes e com as que viriam depois. Quando ele se afastou e levantou, ela se sentiu vazia. Precisava se controlar. Seus hormônios estavam confusos porque acabara de ter sua primeira relação sexual. Não podia se derreter. Dulce foi até o banheiro e voltou trazendo  uma  toalha  úmida. Quando ela percebeu o que ele pretendia, ergueu-se e tentou pegar a toalha.

–  Não. Fique deitada... – murmurou ele.

Ela corou, voltou a deitar e deixou que ele a limpasse. Enquanto ele fazia isso, ela reparou que suas narinas fremiam – um sinal que ela aprendera ser uma tentativa para controlar o desejo. Dulce sentiu o corpo reagir imediatamente e seus mamilos se eriçaram.

–  Você precisa de tempo para se recuperar – disse ele.

Quando ela concordou, ele pareceu ficar desapontado. Levou a toalha de volta para o banheiro e, quando voltou, deixou a luz acesa. Deitou-se ao lado dela, puxou as cobertas sobre os dois e abraçou-a. Dulce se aninhou no peito de Christopher, e os dois ficaram em silêncio, até que ela soltou outra risada.

–  Eu estou começando a ficar preocupado, anjo.

–  Acho que esta é a hora em que começamos a tagarelar sobre sexo, mas eu não sei o que dizer.

Ele lhe beijou a testa.

–  Errado. Essa é a hora em que eu geralmente vou embora ou faço novamente o que acabei de fazer com você.

–  E então?

–  Estou tentando controlar os meus instintos primitivos para não deitá-la de costas novamente.

Sentindo-se mais ousada que de costume, Dulce abriu a boca para dizer que ele não precisava se conter, mas acabou dando um bocejo. Ele riu.

– Acho que a conversa será esquecida em favor do sono. – Ele a beijou. Em alguns segundos, o beijo ameaçava entrar em combustão. Ele se afastou, gemeu e puxou-a contra o peito. – Durma, Dulce.

Ela deu um sorriso de satisfação e, já estonteada de sono, abraçou-o pela cintura.

***

Dulce de madrugada depois de ter dormido algumas horas. Christopher estava deitado de lado, com o cabelo caindo sobre a testa. À luz suave do abajur, ele parecia mais jovem e sossegado, mas ainda sexy como o diabo. Ela sentiu vontade de desenhá-lo. Levantou da cama, vestiu a camisa que ele deixara no chão e foi até seu quarto pegar o caderno. Voltou silenciosamente, sentou-se ao pé da cama e começou a desenhar. De vez em quando, fazia uma pausa e pensava na situação em que se encontrava. Estava dormindo com o homem que pretendia destruir sua família, mas não se sentia culpada. Pelo contrário: sentia vontade de salvá-lo de seus demônios. Dulce engoliu a tristeza que crescia dentro dela. Apesar de Christopher querer se mostrar invencível, ela testemunhara a sua batalha. Uma batalha que ele achava que venceria por meio da vingança... Ela ficou paralisada ao ouvi-lo emitir um som misto de dor e de raiva. Ele estendeu as mãos e cerrou os punhos. Seu corpo ficou rígido por um instante, antes que o peito dele começasse a subir e descer aos solavancos. Dulce soltou o bloco.

– Christopher?

– Não! Não! Thee mou, não! – implorava ele apavorado, estendendo os braços e sacudindo violentamente a cabeça.

– Christopher! – Ela ajoelhou sobre a cama sem saber o que fazer.

–  Não! Pare! Argh! – Ele se ergueu abruptamente, dando um grito de gelar o sangue. O suor escorria por seu rosto e sua respiração estava entrecortada.

– Deus, você está bem? – A pergunta era inútil, mas foi o que ela conseguiu dizer porque seu coração se revirava de compaixão pelo que ele  estava passando. Ela tentou tocá-lo, mas ele se afastou.

–  Não me toque!

–  Christopher, sou eu, Dulce. – Ela lhe tocou o braço. Ele estremeceu violentamente e se afastou, olhando para ela sem vê- la, antes que sua expressão se tornasse apavorada.

– Dulce – resmungou ele sombriamente. – Eu dormi? – Ele parecia estar furioso por ter abaixado a guarda e deixado seus demônios aparecerem. 

– Sim. Você... teve um pesadelo.

Ele retorceu a boca com cruel ironia.

–   Não diga. O que está fazendo aqui? – disse ele, olhando em volta do quarto, sem vê-lo.

Ela franziu a testa.

–  Nós dormimos juntos depois de.... –     ela se calou e corou.

Christopher afastou o cabelo da testa e seus olhos começaram a clarear.

–  Nós fizemos sexo. Agora eu me lembro.

Ela se encolheu e olhou para ele com cautela. Ele afastou os lençóis embolados, aproximou-se e parou a um centímetro dela.

- Eu posso tocar em você? – perguntou ela, temendo que ele se afastasse, mas querendo acalmar a turbulência que via em seus olhos.

– Você quer me confortar?

–  Se você deixar.

Antes que ela pudesse concordar, ele a puxou sobre a sua ereção e controlou o ritmo segurando-a pelos quadris.

–  Christopher – murmurou ela, sentindo-se derreter por dentro e  aproximando-se do êxtase.

–  Shh, não fale.

Ela se calou e olhou para ele. No seu rosto fascinante misturavam-se prazer, ansiedade, raiva e sofrimento. Ele ainda estava preso no inferno dos pesadelos, e ela se comovia com sua angústia. Dulce tentou ver seus olhos para lhe transmitir outro tipo de conforto  que não fosse apenas físico, mas Christopher evitava encará-la: escondeu o rosto em seus seios e estimulou seus mamilos até que ela reclamasse daquela  tortura. Ele a ergueu com uma força quase sobre-humana e puxou-a de volta. O orgasmo a atingiu, derrubando-a com a sua força e atordoando-a. Ela o ouviu soltar um grito gutural enquanto tinha um orgasmo. Os dois estavam suados, com as respirações ofegantes e exaustos. Mas, desta vez, não houve carícias de satisfação, e rir era a última  coisa em que ela pensava. Ele se virou, colocou-a sobre a  cama e foi para o banheiro. Dulce ficou deitada, pensando no que acontecera. Nas últimas 24 horas, vira o homem torturado por pesadelos, vira um lado de Christopher que poucas pessoas deveriam conhecer. Em vez de querer preservar seu coração, ela queria abri-lo ainda mais para ele e encontrar um jeito de acabar com seu tormento. Não aprendera uma lição com Constantine? Não. Christopher não era como  o homem que tivera prazer em humilhá-la. A retratação que ele prometera fora publicada pelos jornais, e ela tinha certeza de que ele se arrependera ao vê- la ler as notícias. Escuridão e luz. Ela estava irremediavelmente atraída pelos dois. Ela ouviu um barulho alto vindo do banheiro, seguido de um sonoro palavrão. Antes de pensar duas vezes, Dulce pulou da cama e correu naquela direção.

–  Eu estou bem! – gritou ele.

Ela parou na porta e olhou para ele. Christopher se agarrara à beirada da pia e abaixara a cabeça.

– O que aconteceu, Christopher?

– Droga, mulher, eu não sou de cristal. Já combatia meus sonhos muito antes de você aparecer. Deixe-me em paz!

– Não me afaste – falou ela, magoada.

Ele olhou para ela através do espelho e suspirou.

–  Você é teimosa demais para o seu próprio bem, sabia?

–  Talvez, mas, antes que você me ponha para fora, eu preciso usar o banheiro – mentiu.

–  Ótimo: ele é todo seu. – Ele começou a se virar, e ela viu as cicatrizes.

– Meu Deus, o que aconteceu com você? – sussurrou ela apavorada, aproximando-se.