Fanfic: A Noiva Enganada Finalizada | Tema: AyA

— Eu não quero lhe dar trabalho, Poncho. Sem deixar de olhá-la ele respondeu:
— Não vai ser trabalho nenhum Anahi. Ajudá-la será um enorme prazer.
Poncho deixou Anahi no escritório e voltou para a cidade, a fim de comprar o material necessário para os reparos no terraço. Ia distraído pela estrada pensando em areia, cal e cimento, quando avistou uma sombra escura afastando-se de um carvalho não muito longe do asfalto. Um cachorro. Um cachorro pequeno, que arrastava ligeiramente a pata direita. Parando o carro, Poncho observou-o voltar a seu esconderijo atrás da árvore. Abriu o vidro e, pondo a cabeça para fora, chamou:
— Ei, amigo, o que está fazendo aí? Você ainda é muito pequeno para se virar sozinho no mundo.
Pequeno e mal nutrido, na verdade. Pelo que Poncho pudera ver, as costelas estavam aparentes sob o pêlo acinzentado. O pobrezinho devia estar sem comer a dias. Ele assobiou, mas o cachorro não apareceu. Assobiou de novo. Nada. Na terceira tentativa frustrada, Poncho engatou a primeira e seguiu seu caminho.
O animal, porém, não lhe saiu da cabeça. Devia estar perdido e... Faminto.
Faminto. Poncho Herrera já sentira fome na vida. E sabia o quanto aquilo era ruim.
Na volta da cidade, com o carro cheio de material de construção, ele estacionou o Austin-Healey na estrada empoeirada e assobiou de novo.
De volta ao escritório, Anahi tentou mergulhar de corpo e alma no trabalho. Não foi muito bem-sucedida. Poncho não lhe saía da cabeça. Nem aquela cena de amor que ele faria com outra mulher. Poncho, nu, na cama, ao lado de uma beldade de corpo escultural. Ele era um ator. Aquele era seu trabalho. Mas... Será que poderia aceitá-lo?
Se decidisse continuar casada, seria obrigada a fazê-lo. Às cinco da tarde, ela voltou para casa. Sentia-se exausta. Estacionou o carro ao lado do Austin-Healey de Poncho e foi procurá-lo. Ele havia mencionado um reparo no terraço da frente, mas foi achá-lo no quintal dos fundos, construindo o que parecia ser uma casinha de madeira. A seu lado, um cachorro magro e malcuidado observava-o com olhos solenes.
Ela se aproximou de ambos.
— Oi, Poncho.
Ele levantou a cabeça.
— Oi, Anahi. Você conhece esse cachorro?
Ela fez que não com a cabeça. Não conhecia o cachorro, mas podia adivinhar sua história. Mais um animalzinho abandonado por turistas sem coração.
— Ele parece faminto. Poncho deu um sorriso.
— Ele estava faminto. Não está mais. Olhe só para aquilo. Anahi olhou para o local que Poncho apontava e viu um saco de dez quilos de ração para cachorros junto à porta da cozinha. Ficou sem saber se sorria ou se franzia a testa, aborrecida. Poncho e os animais perdidos. Chloe, por exemplo. Aquilo talvez explicasse o fato de ele ter perdido o apartamento. Outro gato...
"Eu estava mal por sua causa..."