Fanfic: A Noiva Enganada Finalizada | Tema: AyA

Agora, os galhos secos caíam na água, sendo arrastados pela correnteza em direção ao desfiladeiro. Mais além jaziam quilômetros e quilômetros de um rio belo e indomável.
Vendo tudo aquilo, Anahi teve a certeza de que voltava ao lar. Sentia-se feliz... e triste ao mesmo tempo. Quando decidira morar em Nova York, a reação de seus amigos havia sido variada. Alguns achavam que a filha de Sam Portilla ia se dar muito bem na cidade grande. Outros diziam que o pessoal de lá não era muito confiável e que Anahi logo descobriria o fato.
Anahi descobrira bem depressa.
Então, por que continuava sentido aquele aperto horrível no coração? Por que continuava sentindo... Tanta saudade de Poncho?
Como não obtivesse resposta para suas perguntas, começou a pensar na nova vida que teria dali em diante. Olhando para o escritório, chegou à conclusão de que não era a faixa rasgada o único problema estético do local. Os jipes usados para os passeios dos turistas estavam tão velhos e enferrujados que ela sentiu um aperto no coração.
Tentando ignorar a dor, começou a pensar nos acontecimentos que a haviam levado de volta ao lar.
Diana ligara, demonstrando uma enorme preocupação. Sam precisava ser operado urgentemente, mas ela achava que ele não pretendia sossegar depois daquilo. Rapid Riggers estava atravessando sérios problemas. O melhor guia da empresa estava na América do Sul e então... Anahi decidira voltar. Apesar de saber que seu lugar era em Nova York.
"Só que não é mais."
Virou a lata de cerveja e esvaziou-a quase que de um gole só.
— Você vai passar mal se continuar a beber desse jeito
— comentou Diana.
Ela fez uma careta.
— Se você tivesse passado pelo que eu passei, também teria vontade de beber. Beber até vomitar.
Gom o canto dos olhos, Anahi percebeu que a irmã olhava para a frota de jipes ali estacionada com certo desânimo. Jamais houvera segredos entre elas. Mesmo morando em cidades diferentes, haviam permanecido unidas. Momentos maus podiam ser apagados com um simples telefonema que ligava a cidade grande àquele fim de mundo.
Riso instantâneo, amor instantâneo.
Só que, daquela vez, ela não contara à irmã toda a verdade. Diana lançou-lhe um olhar que dizia: "Bem, já que você tocou no assunto...", e perguntou:
— E seu marido? Você trouxe uma porção de malas. Por quê? O que aconteceu?
Anahi trouxera todos os seus pertences. Tudo o que tinha. O que acontecera era mais do que evidente. Mas Diana, sempre fascinada pelos dramas do mundo, queria ouvir com detalhes. Como a própria Anahi exigia os detalhes de cada receita antes de começar a prepará-la.
"Tudo bem", pensou ela. "Como fazer um perfeito Alfonso Herrera. Pegue um filho de um nobre de sete anos de idade, meta-o num uniforme desconfortável e mande-o para uma escola distante para que aprenda a ser um perfeito cavalheiro inglês. Depois..."
— Alfonso só se casou comigo porque precisava de um visto de permanência.
Diana tentou disfarçar o espanto causado por tal declaração. O vento começou a soprar, levantando uma nuvem de poeira amarelada.
— Mas isto não é... Contra a lei?
Anahi jogou a lata de cerveja no chão e fechou os olhos, as lembranças daquele fatídico dia voltando-lhe à mente.
Havia passado a tarde inteira na cama, fazendo amor com Poncho. Então Diana telefonara, falando a respeito do infarto de seu pai. Ela desligara o telefone, determinada a tomar o próximo avião para Moab. Poncho, porém, ao ouvir seus planos, ficara desesperado. Agarrara seus ombros e dissera:
— Não faça isso, Anahi. Se você for embora, nem que seja por uns dias,.os agentes da polícia federal vão cair em cima de mim. E eu preciso do visto de permanência de qualquer jeito.
"A verdade acabou escapando sem querer, não é, Poncho?" Após quatro meses de casamento. Tentando esquecer as emoções sentidas naquele nefasto dia, Anahi abriu os olhos e olhou para a irmã.
— Você não imagina como foi horrível descobrir que o homem que eu tanto amava me usou daquele modo.