Fanfic: A Noiva Enganada Finalizada | Tema: AyA

Quando o despertador tocou às seis horas, a primeira coisa que ela viu foi aquele lindo par de olhos encarando-a. Ela havia ganhado um amigo.
Foi para a cozinha e encheu a tigela de ração. O coitado esvaziou-a em poucos segundos. Contente pelo fato de Poncho tê-lo achado antes que morresse de fome, Anahi abriu a porta dos fundos para que ele pudesse sair e olhou para fora. O dia já tinha amanhecido, mas o céu estava coberto por nuvens escuras. Era provável que começasse a chover dali a pouco.
Voltou para o quarto, a fim de se vestir. Poncho ficara de chegar às seis e meia. Como todo bom inglês, ele era muito pontual e ela não queria se atrasar. Vestiu um agasalho, calçou um par de tênis e estava acabando de pentear os cabelos, quando ouviu o ruído do motor do Austin-Healey. Poncho tinha chegado. Olhou para o relógio. Seis e vinte. Ele estava adiantado.
Correu para recebê-lo.
Abriu a porta da cozinha, louca de vontade de abraçá-lo. Estava começando a chover. Observou-o descer do carro e caminhar em sua direção. E reparou em algo muito estranho. Poncho não fizera a barba. Justamente ele, que detestava sair de casa sem antes se barbear... Usava um agasalho meio velho e parecia um tanto sonolento. Parou a fim de acariciar o cachorro abandonado, mas o sorriso que deu não chegou a alcançar seus olhos. Ao endireitar o corpo, evitou encarar Anahi.
Ela se lembrou da noite passada, do modo como ele a beijara no estacionamento.
Talvez estivesse bêbado.
Mas ele não tinha bebido muito...
— Bom dia, Poncho.
— Bom dia, Anahi.
— Eu... Já dei de comer ao cachorro. Ele ainda evitava encará-la.
— Obrigado.
Poncho sentia-se muito estranho. Não dormira direito. Só fora até a casa de Anahi porque tinha obrigações ali. O cachorro. O conserto da casa.
E porque o cooper matinal fazia bem à saúde.
Começaram a corrida, debaixo de chuva. O cachorro os seguiu, ainda arrastando ligeiramente a pata.
Poncho levou-o de volta para casa e fechou o portão, dizendo:
— Quando estiver bom, poderá vir conosco. Agora, trate de descansar.
E continuou a correr, a fim de alcançar Anahi.
A chuva começou a cair com mais força, fazendo com que o rio transbordasse, enchendo o ar com cheiro de ozônio e de terra molhada. Anahi mostrava o caminho e Poncho se encantava com aquela paisagem agreste e diferente. Uma hora depois, ao voltarem para casa, ele já se sentia melhor. Cansado, ensopado, ofegante, mas melhor. Vivo.
O cachorro correu para recebê-lo. Poncho se abaixou a fim de examinar-lhe a pata machucada.
— Ele é um amor — comentou Anahi.
— Dormiu no meu quarto essa noite.
Poncho não disse nada.
Ela abriu a porta da cozinha.
— Pode usar o banheiro. Vou lhe pegar uma toalha e roupas secas.
— Obrigado.
Ele estava frio com ela. Anahi lembrou-se de outras corridas pela manhã e de outros banhos... E sentiu vontade de chorar.
Minutos depois, ao entrar em seu quarto, começou a pensar no estranho comportamento de Poncho aquela manhã. Será que estaria embaraçado por causa das confissões que fizera? Era provável.