Fanfic: A Noiva Enganada Finalizada | Tema: AyA

Anahi não entendia por que Poncho não ajudava. Aborrecida, tentou se convencer de que isso se devia ao fato de ele ter ficado muito abalado com o que acontecera. Porém, não podia deixar de ficar embaraçada ao ver os olhares Curiosos que Nick lançava a Poncho. O rapaz respeitava as pessoas que davam sua cota de participação no trabalho c desprezava os que não davam. Geralmente Poncho era o primeiro a se oferecer para ajudar. Mas agora, limitava-se ;i ficar ali, parado, olhando. Quando finalmente resolveu lazer alguma coisa, Anahi quase soltou um suspiro de alívio.

Vinte minutos depois, ela começava a preparar o jantar cujo cardápio incluía salada de bacalhau, galinha frita e alguns pratos mexicanos. Quando já estava tudo pronto, ela voltou à tenda a fim de dar uma olhada em Poncho. Estava preocupada com ele.
A tenda estava vazia. Começou a procurá-lo pela praia.
— Poncho? Poncho?
Nick aproximou-se dela.
— O que aconteceu? Poncho sumiu de novo? Ela fez que sim com a cabeça.
— Sumiu. Vou procurá-lo por aí.
— Quer que eu vá com você?
— Não, obrigada. Prefiro ir sozinha.
— Então não vá muito longe. A floresta é perigosa depois que anoitece.
Anahi estava cansada de saber daquilo. Havia sido criada naquele ambiente.
— Não se preocupe comigo. Estou levando uma lanterna. j Ela começou a andar. Estava nervosa. Poncho não conhecia
aquele lugar. E se tivesse se perdido? Ou caído e se machucado? Poderia estar com uma perna quebrada...
A floresta estava em silêncio, exceto pelo barulho dos insetos e do rio que ficara para trás.
— Poncho? Onde está você?
O vento frio daquela noite de maio bateu-lhe no rosto. Iria se sentir uma grande idiota se voltasse às margens do rio e o encontrasse ali, tranqüilamente, conversando com os amigos.
Mas quando Anahi iluminou o solo com a lanterna, avistou marcas recentes de botas. As botas que ele usava. Aquilo estava parecendo uma história de terror.
Alguma coisa roçou num galho de árvore à sua esquerda.
— Alfonso?
Uma enorme coruja surgiu na escuridão, batendo as asas, e Anahi soltou um grito. A ave se foi e ela se apoiou num tronco, tentando se recuperar do susto. Com a voz trêmula, gritou:
— Poncho? Onde está você?
Iluminou o solo novamente, à procura de novas pegadas.

Acabou encontrando-as e começou a segui-las, o coração em frangalhos. Estava muito nervosa, embora não soubesse o que exatamente a preocupava. Aquela floresta era distante de tudo. Não devia haver uma alma viva sequer por ali, exceto Alfonso.
Onde estava ele?
Apontou o fecho de luz para um arbusto à sua frente. Ao ver um formato humano, soltou um grito.
Era Poncho.
Sentiu-se apavorada.
Ele a olhava através das folhas e dos galhos, encolhido, muito frio. Usava as roupas de Sêneca Howland, mas era ele mesmo, Alfonso, os cabelos longos caindo-lhe no rosto, tapando-lhe ligeiramente os olhos. Mas, por alguma misteriosa razão, parecia um estranho. E Anahi sentiu como se tivesse levado um soco no estômago. O instinto lhe dizia para correr, fugir dali e pedir ajuda. Só que não podia fazer aquilo.
"Esse é Poncho. Esse homem é meu marido. Meu amante. Meu amor por toda a eternidade. Não posso lhe virar as costas."
Ele parecia estar amedrontado. Mas por quê? O que será que o assustara? Anahi não conseguia entender o motivo pelo qual Poncho estava ali sentado, como se estivesse esperando alguém. Por um momento, ele lhe pareceu mais um predador do que uma vítima e então Anahi chegou à conclusão de que aquela idéia toda era ridícula e absurda.
— Oi, Poncho. Estava à sua procura.
Ele não respondeu e ela sentiu novamente um arrepio desagradável na barriga. Pensou novamente em voltar ao rio e pedir ajuda. Mas aquilo era igualmente ridículo.
O homem que estava à sua frente era Poncho. Seu marido. Seu único e verdadeiro amor.
Mas ela estava com medo dele. Não dava para negar o fato.
Alfonso a observava através da escuridão. Aquela mulher que acabara de chegar parecia ser Anahi, mas tudo estava tão estranho por ali... Então, achou que talvez não fosse ela, mas uma pessoa disfarçada, tentando enganá-lo. Mas, enganá-lo por quê?
"Por quê?"
"Não sei, mas, e se não for ela?"
Poncho esfregou a testa, tentando tirar aquelas vozes da cabeça. Eram vozes suaves, mas podia ouvi-las perfeitamente e aquilo o deixava aborrecido. Sentia-se confuso. Por que Anahi estava nervosa?
Então, achou que talvez a moça não fosse mesmo Anahi.
— Poncho — ela chamou de novo.
— O que está fazendo aí? Estou preocupada com você.
A voz era dela. Ao menos, parecia ser. Mas... E se não fosse?
— Poncho, por favor!
Ele ficou exatamente onde estava. O brilho em seus olhos era assustador.
"Tome cuidado..."
"Abra os olhos. Essa gente é perigosa..."
"Eles querem lhe fazer mal..."
"Podem até matá-lo..."
Agora eram vozes distintas, que pareciam pertencer a duas ou mais pessoas. Poncho tentou compreender o que diziam, mas não era fácil seguir a conversa. Falavam tão depressa...
Anahi observou-o com cuidado. Era evidente que alguma coisa muito errada estava acontecendo com ele. Mas não conseguia imaginar o que fosse.
Ouviu um barulho às suas costas. Alguém vinha chegando. Virou-se e viu Nick, seus longos cabelos pretos como a noite brilhando na escuridão.
— Oi, Anahi. Você o achou?
Ela fez que sim com a cabeça. E, como sabia que falar com Poncho de novo não ia adiantar nada, apontou para o arbusto.
— Ele está ali atrás.
Nick percebeu o alarme nos olhos de Anahi. Era provável que ela estivesse pensando que Poncho pudesse estar ferido... ou coisa pior.
Acendeu sua própria lanterna e apagou-a imediatamente após focalizar os olhos assustados que o encaravam. Deu dois passos à frente.
— Oi, Poncho. Tudo bem por aí? Alfonso não respondeu.
Nick, pensou ele. Nick Colter. O Lindo Nick. Será que podia confiar nele?
"Ele deve estar apaixonado por Anahi..."
"Tome cuidado..."
"Não se deve confiar em estranhos..."
Levantou-se lentamente e aproximou-se de ambos.
"Muito cuidado..."
"Não feche os olhos essa noite. Eles podem tentar matá-lo..."
"As forças do mal são muito poderosas..."
Nick o observava.
— Poncho, será que você bateu a cabeça? Há algum galo nela?
— N... Não.
— Você está sentindo alguma tontura? Poncho considerou a pergunta. Estava tonto?
— N... Não. "Cuidado!"
"Ele pode ser um espião!"
— Você acha que consegue voltar ao rio, onde estão todos à sua espera?
"O que eles vão fazer comigo?"
Olhou para Anahi, que parecia ter lágrimas nos olhos.
Será que alguém estava lhe fazendo algum mal? Era seu marido. Tinha de protegê-la de qualquer medo. Aproximando-se murmurou baixinho:
— Vamos.
Anahi estava assustada. Talvez Nick estivesse certo e Poncho tivesse mesmo batido a cabeça. Aquilo podia explicar a confusão mental em que se encontrava. Era provável que o caso fosse grave. Olhou para o marido e tentou forçar um sorriso.
— Acho melhor voltarmos para o rio, Poncho. Talvez você tenha batido a cabeça. Por isso que esteja se sentindo um pouco esquisito.
"E agindo de forma mais esquisita ainda." Alfonso olhou para baixo. Realmente, estava se sentindo muito esquisito. Talvez Anahi tivesse razão.
— Tu... tudo bem.
Na tenda que dividia com Anahi, Poncho foi examinado por Nick e pelo paramédico que acompanhava a equipe, Jack Harris. Examinaram sua cabeça à procura de gaios, iluminaram suas pupilas, verificaram seu pescoço e fizeram algumas perguntas:
— Quem é o presidente dos Estados Unidos?
— Você sabe onde está?
— Quantos irmãos você tem?
— Como s.e chamam seus pais?