Fanfic: A Noiva Enganada Finalizada | Tema: AyA

Embora respondesse todas as perguntas corretamente, Anahi percebeu que ele ia ficando cada vez mais nervoso. Não parava de olhar para a entrada da tenda, como se algum monstro fosse aparecer a qualquer instante. Até para ela própria ele olhava com desconfiança. Anahi queria falar com ele, perguntar o que estava havendo de errado, mas sabia que devia deixar Jack Harris terminar seu exame primeiro. Quando o paramédico lhe perguntou se ele costumava usar drogas, Poncho fez que não com a cabeça e o encarou com tanto ódio, que Anahi mal o reconheceu. Ele parecia tão estranho... Era como se estivesse... Paranóico.
As lembranças vieram-lhe à mente como um choque elétrico.
"Eu tive um surto psicótico..."
Anahi piscou os olhos.
Não. Poncho não estava andando nu ali em volta. Não mais falava a respeito de microfones ocultos em suas roupas.
Na verdade, Poncho mal estava falando o que quer que fosse.
Anahi olhou para ele. Alguma coisa estava errada. Sabia daquilo. Não havia diferença em suas pupilas, mas a expressão de seu rosto era absolutamente aterradora.
— Poncho... Por acaso você está sentindo o que costumava sentir em Nova York?
Ele a encarou durante alguns instantes, então, de súbito, pareceu bem mais feliz.
— Mais ou menos. Mas melhor. Incrivelmente melhor. Aliás, tudo tem sido ótimo desde... — Olhou para Nick Colter e Jack Harris e cortou a frase.
— Estou bem. Não sei por que vocês estão tão preocupados.
Com a voz cheia de entusiasmo, ele disse a Anahi.
— Gostaria de sair por aí e olhar as estrelas a seu lado. Vamos?
Nick e Jack se entreolharam, então o paramédico levantou os ombros como se dissesse:
— Por que não? "Muito cuidado..." "O rio é perigoso..."
"Os homens são perigosos..." Poncho franziu a testa.
— Alguém por aqui tem um rádio?
Nick, Jack e Anahi fizeram que não com a cabeça. Deixaram a tenda e lá fora, Poncho olhou para o rio e para a fogueira que haviam acendido e respirou o aroma doce da madeira queimada no ar.
— Você está bem?
Era Norton Stills que perguntava, aproximando-se do grupo. Como Poncho não respondesse, ele se virou para Jack Harris.
— Como ele está?
O paramédico sorriu.
— Parece que já está bem.
Anahi sentiu um aperto no coração. Sabia que Poncho não estava nada bem. E não tinha o que fazer a respeito.
Nick enfiou as mãos dentro dos bolsos da calça de seu abrigo esportivo. Soprava um vento frio.
— Tivemos um dia péssimo hoje. Acho que todos nós estamos cansados e tensos.
Anahi pensou: "Talvez isso seja tudo." "Cansaço. Estresse."
Olhou para Poncho, que lhe estendia a mão, pronto para começar um passeio.
Conforme as horas foram se passando, Anahi começou a ficar convencida de que realmente algo de muito sério estava acontecendo com Poncho. Ele se recusou a tirar as roupas de Sêneca Howland e a remover a maquiagem borrada de seu rosto. Não queria dormir. Como estivesse um pouco agitado, Anahi o levou para mais um passeio às margens do rio.
Sentaram-se na areia e Anahi perguntou:
— Poncho, você se lembra do que me contou a respeito de Nova York, depois que eu fui embora?
Poncho olhou para a água corrente. Piscou os olhos, sentindo-se confuso e atrapalhado.
"Nova York é passado..."
"Diga a ela para calar a boca..."
As vozes não paravam de atormentá-lo. Eram agudas, irritantes e aborrecidas. Ficava difícil pensar com clareza.
— Eu fazia o papel de Adrian. Por que está fazendo perguntas a respeito daquela época? Não quero falar a respeito!
Anahi tomou as mãos dele nas suas e as apertou. Perguntou, após alguns momentos:
— Como está se sentindo? Ele olhou para ela.
— Muito bem. Sabe de uma coisa, Anahi? Sou um homem escolhido por Deus. Sou um ator. Mas às vezes é difícil ser uma pessoa tão especial, porque nossos sentidos ficam mais aguçados. Você entende, não é?