Fanfic: A Noiva Enganada Finalizada | Tema: AyA

Alfonso. Você precisa de um médico. Eles estavam dentro da tenda, para onde Anahi levara uma garrafa térmica contendo chá de ervas e uma lata de biscoitos que ela mesma havia feito. Poncho se recusava a colocar na boca seja o que fosse.
— Médico? Por quê?
— Porque... Você não está muito bem.
— Eu estou ótimo.
— Você teve um dia muito tenso, Poncho. Todos nós tivemos. Gostaria que fosse examinado.
O rosto de Poncho estava muito estranho.
Era como se estivesse ouvindo alguém falar com ele... e esse alguém não era ela. Havia ocasiões em que Poncho falava quase que normalmente e Anahi então pensava que tudo tinha entrado nos eixos. Mas aí ele voltava a falar coisas sem nexo... E então era como se tivessem jogado um balde de água gelada em seu ânimo.
Ela sentia-se uma perfeita idiota por ficar ali, escutando uma porção de bobagens. Por outro lado, considerava-se satisfeita só pelo fato de estar a seu lado. Precisava de companhia e ela era sua mulher. E, ah de tudo, o amava. Como nunca pensara ser possível. E era um amor profundo, interno, desesperado.
Entretanto, uma coisa era de vital importância. Poncho precisava compreender que estava doente. Tentou lhe dizer, com cuidado.
— Poncho, eu estou preocupada com você. Seu comportamento tem sido muito estranho. Nick e Jack Harris não acreditavam que tenha batido a cabeça, mas é preciso descobrir o que está havendo de errado. Por isso, o helicóptero vai levá-lo amanhã de manhã bem cedo.
Alfonso não conseguia entender o que ela falava. Por que Anahi estava berrando? Por que será que ninguém o deixava em paz?
"Todos por aqui são seus inimigos..."
"Tome muito cuidado..."
"Não se esqueça de seu passado..."
"Os espiões estão por toda parte..."
"Os agentes vão deportá-lo..."
Alfonso Herrera olhou para Anahi, tentando adivinhar se ela também ouvia aquelas vozes que o atormentavam.
Mas ela estava perguntando:
— Vamos dormir um pouco? Já está ficando tarde e nós dois estamos muito cansados.
Ele piscou os olhos, cenas do acidente com Anahi voltando-lhe à mente. Sua mulher se afogando. Sua mulher desaparecendo em meio a águas turbulentas...
A visão se foi de repente.
Anahi estava perguntando outra coisa.
— Poncho? Você entendeu o que eu falei a respeito de amanhã? Amanhã? Mas o que iria acontecer amanhã?
E por que Anahi insistia em berrar daquele jeito?
— Alfonso, me escute, por favor. Amanhã, o helicóptero virá para cá e o levará a um hospital em Grand Junction, no Colorado. Você entendeu?
"Hospital?", pensou Poncho. "Mas, por quê? Eu não estou doente..."
Poncho sabia que não estava doente, e sabia também por que um helicóptero viria buscá-lo. Para levá-lo embora. Para deportá-lo, exceto que aquilo não iria acontecer. Aquele pessoal tinha outra coisa em mente.
Eles iriam matá-lo. Da pior maneira possível. Só que Poncho era muito mais esperto do que todos eles juntos. Era só bolar um plano e fugir dali.
Passava das seis da manhã quando Anahi deixou a tenda. Não pregara o olho um minuto sequer e estava absolutamente exausta. Sentia-se tão fraca, que até o ato de pensar lhe era difícil...
Jack Harris aproximou-se dela.
— Bom dia, Anahi. Poncho está melhor?
Ela balançou a cabeça. — Acho que não e duvido que ele vá querer subir no helicóptero. Vai ser uma tarefa muito dura.
— Então vou usar o rádio para contatar o piloto e pedir para que ele traga um ou dois médicos. Tudo vai ser mais fácil assim.
— Você acha que os médicos podem convencê-lo a partir?
Jack Harris, que havia passado muitos anos acompanhando doentes numa ambulância em Los Angeles, fez que sim com a cabeça.