Fanfic: A Noiva Enganada Finalizada | Tema: AyA

Antes que Anahi pudesse abrir a boca para dizer alguma coisa, uma buzina estridente soou do lado de fora do escritório.
Diana correu até a janela.
— É Nick. Que bom que ele já chegou. Espero que os turistas tenham gostado do passeio.
— Se não gostaram do passeio — murmurou Anahi — devem ter gostado, e muito, do próprio Nick. Ele é sempre tão... Insinuante...
— Ora, Anahi, pare de implicar com o coitado. Ele é excelente funcionário. — Ela fez uma pausa.
— Agora, quanto a Alfonso Herrera...
— Eu não quero falar sobre ele, Diana. Na verdade, gostaria de esquecer até o dia em que o conheci.
A mentira soou falsa até para seus próprios ouvidos.
— Anahi...
— Vá conversar com Nick. Veja se tudo correu bem. Ela observou Diana deixar a cozinha e, assim que a irmã sumiu de vista, abriu a revista e começou a folheá-la rapidamente. Não tardou a encontrar o que procurava. Ali, na página dez, havia um anúncio do jeans Ben Rogan, o tal que fora proibido em algumas cidades do país. Teve de levar a mão à boca para reprimir um grito.
Então era aquilo que Poncho vinha fazendo ultimamente. Bancando o modelo de publicidade. Expondo seu corpo, e que corpo, por sinal, para quem quisesse ver. Um corpo que ela conhecia como a palma de sua mão.
Poncho não vestia o tal jeans. As calças estavam jogadas no chão e ele, tendo apenas uma minúscula cueca para cobrir-lhe a nudez, fazia menção de apanhá-las. Então era aquilo que seu marido vinha fazendo nos últimos tempos. Propaganda de gosto duvidoso. Enchendo os bolsos de dólares obtidos em troca de seus músculos.
Anahi ficou ali, parada, olhando para o anúncio durante um longo tempo. Ouviu vagamente as risadas de Diana e Nick vindas lá de fora, então tomou sua decisão. Precisava conversar com seu advogado e avisá-lo que Alfonso fora encontrado. Pelo menos, nas páginas de uma revista. Não iria ser difícil tentar localizá-lo. A verdade era uma só. Aquela farsa tinha de acabar.
Não podia continuar casada com um homem que não lhe telefonava, não lhe escrevia e nem a visitava.
"E isso aí, Anahi. Seu sonho acabou."
Levantou-se e, tirando o fone do gancho, começou a discar. Quanto antes fizesse aquilo, melhor. Alfonso Herrera jamais a amara. A mentira chegara ao fim.
Anahi tomava uma xícara de café em sua sala quando viu, através do vidro da janela, que uma caminhonete de entregas estacionava ali na frente. Levantou-se e, ao chegar à recepção, sua irmã, Diana já entrava com uma enorme caixa de papelão nas mãos.
— É para você, Anahi.
— Para mim? Mas quem terá mandado isso? Não é meu aniversário.
Diana levantou uma sobrancelha.
— Há um cartão aqui em cima com o nome do remetente. Anahi apalpou a tal caixa, pegou o cartão e, lendo-o,
sentiu o estômago se contrair. Fora enviada por Zachary Herrera.
Tremendo, rasgou o papelão com a lâmina de seu pequeno canivete. Ali dentro da caixa havia um pacote embrulhado com um papel cheio de corações desenhados com caneta vermelha.
Diana comentou:
— É difícil odiar um homem que desenha tão bem. Anahi não fez nenhum comentário. Não havia nada a ser dito. Aquele pacote era o primeiro sinal de vida de seu marido em catorze meses. Deixaria para pensar naquilo mais tarde. Agora, a única coisa que importava era absorver aquilo que ele estava querendo dizer. Desfez o embrulho com cuidado, o estômago ainda mais contraído, a respiração ofegante. Era uma caixinha de música. Feita a mão. Certamente feita pelo próprio Poncho.
Diana forçou um sorriso. Estava tão tensa quanto à irmã.
— Que presente bonito. Por que não aperta o botão para ver que música toca?
— Eu sei que música vai tocar, Diana — Anahi apanhou o cartão que acompanhava a caixa e voltou para seu escritório, seu coração cheio de emoções confusas e desencontradas.
Sentou-se à sua mesa e abriu o envelope. Reconheceu imediatamente a letra familiar e elegante de Alfonso Herrera. Com o coração explodindo de dor, raiva e esperança, leu a mensagem em voz baixa:
"Querida Anahi,
Estou indo a Moab a fim de participar de um filme, ao qual sua empresa de turismo servirá de consultora. Gostaria de passar algum tempo a seu lado e conversar a respeito do que aconteceu entre nós. Sinto muito ter demorado tanto tempo para procurá-la. Jamais a esqueci.
Beijos, “Alfonso.”
Anahi ficou aturdida. Poncho estava vindo para Moab? Ele tinha um papel naquele filme?
Leu o cartão novamente, então o jogou dentro da gaveta.
Poncho Herrera. Ele viria visitá-la. Por causa do filme, claro. Sua carreira sempre fora muito mais importante do que ela própria. Na verdade, Portilla, Anahi lembrou a si mesma, foi exatamente por isso que ele se casou com você. E agora, estava de volta pela mesma razão. Para salvar seu visto de permanência, já que um novo papel tinha aparecido. Com certeza havia mandado o presente a fim de acalmá-la, assim que o advogado o procurara para falar do divórcio.
Não. Aquilo não era possível. O Dr. Power lhe havia telefonado no dia anterior. Poncho não teria tido tempo de fazer a caixa de música e enviá-la pelo correio.
"Jamais a esqueci."
Será que aquilo significava que...
Não. Não significava nada. Precisava parar de ter esperanças. Não podia deixar que Poncho a fizesse de boba novamente. Tentou endurecer seu coração, tornar-se tão forte e insensível como o aço.
Não foi nada fácil. Vindo da recepção, chegou-lhe aos ouvidos o som da música tocada na caixinha. A música que marcara seu namoro e casamento. A música de ambos, Love is here to stay.
Alfonso Herrera estava de pé junto à janela de seu quarto no Grande Hotel de Moab, olhando para a cidade escura. O prédio em estilo moderno ficava a um quarteirão da rua principal, ao lado de um restaurante em frente a uma banca de revistas, já fechada àquela hora.