Fanfic: A Noiva Enganada Finalizada | Tema: AyA
Olhou para Poncho e viu o sol refletido em seus cabelos. Os olhos tinham um estranho brilho, mas o resto do seu rosto, o nariz reto como o das estátuas gregas e os lábios cheios e sensuais, lábios que a haviam beijado do jeito mais íntimo do mundo, eram os mesmos. Por alguns instantes, lembrou-se daquela época, da proximidade de ambos, do amor que sentiam um pelo outro. A pessoa à sua frente era exatamente o mesmo homem. Em algum lugar dentro dele, era o Poncho de sempre.
Forçou-se a ficar calma, a não sentir medo, muito embora o corpo dele estivesse trêmulo, muito embora seu rosto estivesse tão alterado. Muito embora ele fosse psicótico.
Ela disse apenas:
— Eu te amo, Poncho. Eu te amo muito.
Respirou fundo mais uma vez. "Relaxe", ordenou a si mesma. "Relaxe e ele também vai relaxar".
Ficou ali, de pé durante um momento, observando a praia, que era rodeada pelas pedras e pela água. Era impossível sair dali.
"Boa escolha, Nick. Boa escolha."
Poncho não poderia fugir para nenhum lugar. Agora era só uma questão de tempo. O helicóptero não tardaria a chegar.
Sentou-se na areia, abaixou a cabeça e fechando os olhos tentou parar de tremer.
Anahi estava tão exausta, que chegou a cochilar na areia. Só acordou com o ruído do helicóptero sobrevoando a praia.
Levantou-se imediatamente e olhou em volta. Poncho, ali adiante, tinha os olhos tão esbugalhados que pareciam prestes a saltar das órbitas. Sabia que tinham vindo buscá-lo. Eram eles. Os inimigos.
"Fuja, Poncho"
"Não deixe que eles o peguem..."
"Você é muito mais esperto do que todos eles juntos..."
Poncho viu que ela vinha se aproximando dele. Anahi. A mulher que empurrara o barco em direção à correnteza, para que eles ficassem presos ali. Anahi, a mulher que um dia o abandonara, a mulher que saíra de sua vida sem ao menos olhar para trás.
— Poncho, o médico que vai tratar de você está chegando.
O ruído do helicóptero era mais alto que sua voz, abafando-a quase que totalmente. Assim que a aeronave foi pousando, Poncho sentiu seus cabelos voarem, cobrindo-lhe o rosto. Seu coração começou a bater com mais força. O que iria acontecer com ele? Sentiu vontade de chorar. Mas que diabo estava havendo por ali? Por que tudo parecia tão confuso e complicado?
O helicóptero se aproximava do solo. A ventania era quase insuportável e a terra pareceu tremer. Poncho não estava entendendo nada. Por que tinha de entrar naquele helicóptero? Anahi dissera qualquer coisa a respeito de um médico. Mas ele não estava doente... Ou será que estava?
O ruído era tão forte agora, que ele levou as mãos aos ouvidos.
Anahi o abraçou com força, sentindo o suor gelado que emanava de seu corpo. Também havia suor em seu rosto. Suor de medo. Mas ele permaneceu onde estava, seus olhos abertos observando o helicóptero que pousava na praia.
As portas se abriram.
Dois enfermeiros uniformizados desceram, seguidos por um homem alto, loiro, de bigode, usando jeans e uma camiseta polo.
Poncho fixou os olhos no grupo que se aproximava.
Anahi percebeu que ele tremia e murmurava qualquer coisa para si mesmo. Então, soltou um grito horrível e saiu correndo em direção ao desconhecido.
O homem loiro alcançou Anahi e estendeu-lhe a mão.
— Sou o Dr. Mark Scott. O que está havendo por aqui? E, dizendo isso, olhou para Poncho que continuava a correr. Tão resumidamente quanto possível, Anahi lhe contou
tudo, inclusive o episódio de Nova York.
— Ele tem sido violento?
Anahi hesitou, lembrando-se de que ele havia gritado com ela.
— Seu humor muda a toda hora. Ele está muito assustado.
— Seu marido usa drogas?
— Não. Nem cigarros ele fuma.
— Está tomando algum remédio atualmente? Anahi fez que não com a cabeça. Virou-se para Poncho.
Ele tinha desaparecido de vista. O médico estava dizendo:
— Não se preocupe, sra. Herrera. Nós o acharemos. Ele não está armado, está?
Era como se aquele pessoal fosse caçar um bandido perigoso. O pesadelo era insuportável.
— Não.
— Tudo bem. Vamos tomar conta dele. A senhora conhece esse local? Há alguma possibilidade de seu marido escapar?
Só se fosse a nado. Rumo à morte.
— Não.
— Ótimo. Nós o acharemos. Vamos conversar com ele, ver como está seu estado e deixá-lo saber o que está acontecendo.
— Eu... Posso ir junto?
— Não acho conveniente, Sra. Herrera. É melhor esperar aqui. Talvez tenhamos de lhe dar algum remédio e sua presença poderia deixá-lo ainda mais agitado.
Anahi teve de se conformar com aquilo.
Poncho estava recostado numa pedra enorme. Havia tirado os tênis e seus pés descalços pisavam a areia molhada. Podia sentir o cheiro da floresta ali em volta.
Um grupo de estranhos, gente que jamais havia visto na vida, encontrava-se à sua frente.
O homem de calças jeans e camiseta polo estava falando com ele, mas era difícil compreender o que dizia.
— Poncho, sou o Dr. Mark Scott. Seus amigos, que estão filmando lá no rio, me chamaram, porque estão preocupados com você. Anahi, sua mulher, disse que não está se sentindo muito bem. E verdade?
Alfonso Herrera sentiu o sangue ferver nas veias. Estava louco da vida.
— Não toque em mim!
— Ninguém vai tocá-lo agora. Mas queremos que se controle um pouco. Acha que é possível?
— Estou controlado. Estou controlado. Estou controlado! "As coisas não são o que parecem. Cuidado..."
Ele queria ao menos parar de tremer.
— Poncho, acalme-se, por favor. Vamos medicá-lo e levá-lo para o hospital. Você vai ficar bem de novo. Você confia em mim, não confia?
Poncho sentiu um arrepio de horror. Não. Não confiava naquele homem. Não conhecia aquele pessoal. O que iriam fazer com ele? Por que não o deixavam em paz?
Um pássaro cantou nas proximidades, deixando-o ainda mais assustado. Por alguma estranha razão, pensou em Anahi. Em como era apaixonado por ela. Em como gostava de despi-la e beijar seu corpo todo. Em como gostava de ouvi-la gritar na hora do amor.
— Poncho?
Ele deu um pulo.
O homem loiro estava falando com ele.
— Poncho, vou lhe contar o que vamos fazer.
Ele não conseguia acompanhar o que o médico dizia. Por que estavam lhe fazendo aquilo? Por que Anahi permitia um absurdo daqueles? Tinha que dar um jeito de fugir. Era uma questão de sobrevivência.
"Corra até não poder mais..."
"Você é mais forte do que eles..."
"Você é alguém especial, um homem escolhido por Deus..."
"Nada no mundo vai poder destruí-lo..."
E foi o que ele fez. Virou as costas e começou a correr, a correr, a correr...
Até que o grupo de estranhos voou sobre ele, derrubando-o ao chão, segurando-o com força.
Alfonso tentou se debater, mas estava bem imobilizado. Jamais alguém o segurara daquela maneira e só havia uma coisa a fazer: gritar!
— Vocês não passam de uns vermes! Exijo que me larguem imediatamente!
Alguém afastava suas roupas.
— Poncho, você vai sentir uma picadinha.
Ele percebeu que recebia uma injeção. Uma injeção letal, talvez? Aquele pessoal ia matá-lo! Continuou a gritar:
— Parem! Não façam isso! Socorro! Socorro! Alguém me ajude! Vocês não podem me matar!
— Acalme-se, Poncho — soou uma voz estranha.
— Você vai melhorar muito antes do que imagina.
Mas ele não precisava melhorar. Estava tão bem... Ouvia o pessoal conversando, mas não conseguia compreender o que diziam. Percebeu vagamente que estava sendo amarrado e que alguém colocara algo embaixo dele. Uma maça. Os rostos estranhos olharam para ele. O loiro de camisa polo lhe disse:
— Poncho, você vai melhorar. Estamos amarrando-o para que não se machuque nem machuque ninguém no helicóptero.
Fitas adesivas gigantes continuaram a tolher seus movimentos. Moveu a cabeça, tentando morder um braço qualquer. Não conseguiu. Então começou a gritar:
— Vou processá-los! Isso é contra a lei! Estou aqui legalmente! Tenho o visto de permanência! Há uma embaixada inglesa nesse país! Exijo uma audiência com o embaixador! Sou filho de lorde Herrera, um conde vindo de uma das famílias mais tradicionais de toda a Inglaterra!
Os estranhos continuavam encarando-o como se ele fosse um monstro. Quem era aquela gente?
— Acalme-se, Poncho. Ninguém vai machucá-lo. "Eles são o diabo..."
"Eles querem o seu mal..."
Os homens ainda o seguravam. Um deles estava bem próximo e Poncho cuspiu nele. Cuspiu em todos. Alguém comentou:
— Temos de acalmá-lo. Não podemos levá-lo desse jeito. Poncho ouviu a voz de Anahi, mas não compreendeu o
que ela dizia. Alguém lhe fazia perguntas.
Ele sabia que iriam operá-lo e tentou gritar, mas nenhum som saiu de sua garganta.
Sentiu outra picada. Estavam lhe aplicando mais uma injeção. E dessa vez... era para matá-lo.
Mas por que alguém iria quer acabar com a sua vida? Ele nunca tinha feito mal a uma mosca... Ou será que tinha?
Percebeu vagamente que estava sendo carregado.
— Poncho?
Os olhos que o encaravam eram familiares. Castanhos. Alguém acariciava-lhe os cabelos. Sentiu uma estranha calma invadindo-lhe o ser, mas ainda estava com medo. Ela lhe sorria, mas parecia um sorriso triste.
— Eu te amo, Poncho... Sempre te amarei...
— Não deixe que eles me matem... Por favor, Anahi... Ela continuava a acariciá-lo.
— Não tenha medo, meu amor. Jamais deixaria que alguém fizesse alguma coisa contra você.
O sentimento de calma aumentou. Não era algo na tural, mas era agradável. Mais agradável ainda era ter Anahi tocando seus cabelos. Não conseguia entender o que ela dizia, alguma coisa como ir vê-lo no hospital, mas o que importava era que o medo tinha desaparecido quase que por completo.
Autor(a): Mika
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Como o primeiro helicóptero estivesse lotado, um segundo desceu para apanhar Anahi em Range Canyon vinte minutos depois. Em pouco tempo, ela desembarcava no aeroporto de Moab, onde Diana a esperava de carro para levá-la a Grand Junction, Colorado. Para o hospital. Para Poncho. Sua irmã lhe fizera uma mala contendo roupas e objetos de uso pessoal e agora ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 29
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queren_fortunato Postado em 16/12/2015 - 15:09:02
Que lindooooo
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hadassa04 Postado em 02/10/2015 - 00:35:35
Sem palavras texto muito bem escrito, enredo envolvente, fiquei totalmente apaixonada.
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hadassa04 Postado em 01/10/2015 - 17:59:39
Ai gente tadinho do Poncho surtou de vez.
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hadassa04 Postado em 01/10/2015 - 15:44:53
Tadinho do Poncho... ele surtou por amor....
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hadassa04 Postado em 01/10/2015 - 15:25:38
Pq agora eu sei que aconteceu alguma coisa. Então vou parar de comentar e ler um pouco mais.
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hadassa04 Postado em 01/10/2015 - 15:24:45
Vontade de dar umas porradas na Annie por ter deixado as coisas como estavam
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hadassa04 Postado em 01/10/2015 - 15:23:59
Vontade de matar o Poncho por não ter dado sinal de vida por 14 meses
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hadassa04 Postado em 01/10/2015 - 15:23:19
Mikaella essa fic é bárbara, estou lendo sem conseguir parar
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hadassa04 Postado em 01/10/2015 - 14:08:23
Mikaella sei que ja finalizou mas agora que estou começando... Então vou comentando de acordo com a leitura.
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franmarmentini♥ Postado em 02/08/2015 - 00:34:03
Foi intensa essa fic*