Fanfic: A Noiva Enganada Finalizada | Tema: AyA
Anahi não conseguiu reprimir um grito de desespero. Não queria ver Poncho através de uma janela. Queria estar no quarto dele. Queria tocá-lo. Beijá-lo dizer-lhe que tudo iria acabar bem. Que iria ficar a seu lado apesar de tudo.
Mesmo que não tivesse certeza daquilo.
— Mas por que não posso falar com ele? Sou sua mulher. Prometi que viria.
— Estamos tentando acalmá-lo. Sei que gostaria de estar a seu lado, mas nossa primeira obrigação é para com o paciente. Isso é o melhor para ele. Uma visita agora poderia lhe fazer muito mal.
— Mas...
— Ele tem sido bastante violento, Sra. Herrera.
Anahi não se surpreendeu. Poncho ficara apavorado quando o helicóptero aparecera. Agora, estava trancado num quarto. Onde só gente estranha ia vê-lo. Devia estar ainda mais assustado.
Porém, ela tentou jogar sua última cartada:
— Acho que ele ficaria mais calmo se me visse, Dr. Holyoak. Talvez eu até consiga convencê-lo a tomar os remédios.
O médico deu um ligeiro sorriso.
— Sra. Herrera, é muito difícil convencer um psicótico de qualquer coisa que seja. Vamos dar uma olhada nele?
Não havia outro jeito.
O médico a conduziu através de um longo corredor, no fim do qual havia uma pesada porta trancada. Ele tirou uma chave do bolso, abriu-a e ambos entraram na ala de segurança máxima do hospital. O ar cheirava a detergente, a anti-séptico e a remédios.
A prisão de Poncho.
Um lugar do qual ela podia sair quando quisesse.
Ele, não.
"Ela não podia nem mesmo conversar com ele."
Atravessaram outro corredor. Um homem de terno passou por eles e Anahi especulou se seria um médico. Era provável que sim, já que ninguém naquela ala usava roupas brancas. Provavelmente uniformes hospitalares assustavam os pacientes.
A esquerda, havia duas salas. O Dr. Holyoak apontou para uma delas, a porta se abriu e o homem mais alto que Anahi já vira na vida apareceu. A porta se fechou de novo atrás dele.
— Como está ele? — perguntou o psiquiatra. O atendente levantou uma sobrancelha.
— Mais violento a cada momento que passa.
O telefone celular do médico tocou. Antes de atender o chamado, ele virou-se para o gigante e disse:
— Jason, esta é a Sra. Herrera. Ela gostaria de ver seu marido através do vidro.
— Pois não, doutor.
O enfermeiro virou-se para Anahi.
— Por aqui, senhora.
Abriu a porta da sala de onde havia acabado de sair e indicou-lhe uma pequena janela protegida por barras de ferro.
Anahi espiou através das grades.
Alfonso. Seu marido. Seu único e verdadeiro amor.
Ele andava de um lado para o outro, usando apenas a calça do pijama do hospital. Apesar de seu estado deplorável, que podia ser percebido mesmo de longe, Anahi ficou feliz em poder vê-lo. Seu marido. Ele falava com alguém invisível e era quase como se estivesse ensaiando. Poncho parecia um homem alucinado. Parecia o que ele realmente era. Um doente mental.
Doente ou não doente, ela sentiu um amor tão intenso por ele, que chegava a transbordar de seu coração. Amava-o de uma forma quase que absurda. Ele era o homem a quem prometera amor e fidelidade até o resto de sua vida.
Queria-o de volta a qualquer custo.
Cruzando os braços, Anahi olhou para o pequeno quarto através das barras. A única mobília era uma pia, um vaso sanitário e um colchão sem lençóis. Ela virou-se para o gigante.
— Por que não há cobertas na cama?
Jason ficou embaraçado.
— Porque seu marido... Poderia se enforcar com elas. Anahi pensou que fosse desmaiar. Poncho, seu muito amado Poncho, cometendo suicídio. "Oh, Deus..."
O enfermeiro estava falando alguma coisa:
— Nós aparecemos por aqui de dez em dez minutos e lhe dizemos onde ele está, o que lhe aconteceu e asseguramos que ninguém vai lhe fazer mal algum. — Ele fez uma pausa. — Pode acreditar Sra. Herrera. Estamos cuidando bem de seu marido.
Era o que ela esperava.
E também recusava-se a acreditar que ele ficaria daquele jeito para sempre. Poncho tinha de melhorar. A qualquer preço.
Olhou de novo atrás da janelinha e viu a expressão insana que emanava dos olhos dele.
Naquele momento, Anahi percebeu que a realidade precisava ser encarada de frente.
Seu marido era louco.
Diana estava à sua espera na recepção do hospital. Anahi havia respondido todas as perguntas do Dr. Holyoak, relatando tudo que acontecera em Nova York e às margens do rio Colorado. O médico escutara a história inteira com muita atenção, mas, quando ela lhe perguntava a respeito dos prognósticos, ele se limitava a comentar:
— Ainda é muito cedo para dizer qualquer coisa. Vamos esperar para ver como ele vai reagir.
Diana a levou para o hotel escolhido, que ficava a um quarteirão do hospital. O quarto era grande, tinha um banheiro e uma pequena cozinha.
Assim que sua irmã partiu para Moab, Anahi jogou-se na cama e procurou não pensar.
Sabia que devia avisar os pais de Alfonso, mas só havia trocado duas ou três palavras com eles. Os Herrera não aprovavam o casamento do filho com uma plebéia americana. Poncho jamais lhe falara aquilo, mas ela pressentira o fato desde o começo. O que poderia fazer agora? Pegar o telefone e dizer: "Olá, sir Herrera, aqui é Anahi, sua nora. Estou ligando para dizer que Poncho ficou louco".
Não. Nem pensar naquilo. E se lady Herrera estivesse tendo outro daqueles surtos de depressão?
Aborrecida, Anahi olhou para o relógio. Deu um suspiro de alívio. Era madrugada na Inglaterra. Deixaria para lidar com os Herrera depois.
Sem se incomodar em tirar as roupas, jogou longe os sapatos e tentou dormir. Mas não conseguia. Em poucos minutos, a fronha do travesseiro ficou ensopada com suas lágrimas. Jamais havia se sentido tão assustada na vida.
Quando finalmente o sono veio, os pesadelos foram tenebrosos. Sonhou que estava se afogando nas águas do rio Colorado, sendo arrastada pela correnteza e não havia ninguém para salvá-la e era cada vez mais difícil manter a cabeça erguida, cada vez mais difícil, cada vez mais difícil...
Acordou sobressaltada e levou alguns segundos até compreender onde estava... E por quê.
Sentiu um desespero dez vezes maior do que havia sentido no sonho. Poncho fora embora. Era quase como se tivesse se transformado numa outra pessoa. E ela o queria de volta.
"Por que você não está aqui?", ela pensou, sabendo que a pergunta beirava as raias do absurdo. "Por que você nunca está a meu lado nas horas em que mais preciso de sua presença?"
— Se encostarem um dedo em mim, eu processo vocês dois e esse maldito hospital! — Poncho berrou ao falso médico e seu comparsa. Esse último parecia ter três metros de altura. Tudo por ali parecia ser grande. O farsante estava dizendo alguma coisa:
— Ninguém está encostando em você, Poncho.
Engraçado, mas era como se alguém realmente estivesse tocando em seu corpo. Alguém ou alguma coisa. Poncho sentia como se houvesse insetos em cima dele desde o momento em que entrara naquele lugar. Piolhos. Tinha certeza daquilo. Não se encontrava em um hospital. Aquilo era um asilo medieval. A qualquer momento, iriam lhe dar banhos gelados e choques elétricos. E lhe fariam um lobotomia. Poncho tentou se controlar, mas não era fácil.
— Vocês não sabem com quem estão falando. Meu pai pertence à Casa dos Lordes. Sou Alfonso Herrera e exijo que me soltem imediatamente! Estão entendendo?
— Poncho, ninguém está aqui para machucá-lo. Sou o Dr.
Michael Holyoak, chefe da psiquiatria do hospital Grand Mesa, em Grand Junction, Colorado. E esse é Jason Smith, meu ajudante.
Durante alguns instantes, Poncho ficou especulando se tudo aquilo era mesmo verdade. Se realmente estava num bom hospital. Se aqueles homens estavam lá a fim de ajudá-lo. Se ele era mesmo... Psicótico.
Lembrou-se do livro que tinha em casa. Problemas da Mente.
"A vida nos prega muitas peças..."
"Poncho, não acorde sua mãe. Ela está dormindo agora porque não dormiu à noite..."
"Quer casar comigo, Anahi?"
"É o que mais quero na vida..."
"Poncho, você me enganou..."
O Dr. Holyoak estava dizendo:
— Queremos o seu bem, Poncho. Queremos que você melhore e tenha uma vida normal. Esse é nosso único objetivo.
Poncho tentou entender o que ele tinha falado. Mas em difícil pensar com clareza, porque as vozes não paravam de soar:
"Você se casou comigo por causa do visto de permanência..."
"Você não passa de um cafajeste, Alfonso Herrera..."
Não. Aquele homem disfarçado de médico não passava de um inquisidor da Idade Média, sedento de sangue. Tinha de dar um jeito de sair dali antes que decidissem operá-lo.
Transplantes do cérebro. Lobotomia. Castração.
Olhou para o homem de três metros de altura. Ele e o médico estavam à sua frente.
Correu em direção a ambos pronto para atacá-los. O gigante gritou algo e a porta se abriu de repente. Uma porção de gente entrou. Todos fortes e grandes. Poncho já os tinha visto antes. Deu um passo para trás.
— Afastem-se! Tirem as mãos imundas de cima de mim! Eles se afastaram.
Momentos depois, Poncho voltava a ficar sozinho. Chutou a porta, tentando abri-la de qualquer jeito. Mas ela não abria, não importava o que fizesse. Então, vagamente, se lembrou de outra porta que também estava sempre fechada.
Havia caído numa enorme armadilha. E os insetos... Podia senti-los em suas pernas, subindo em direção aos genitais. Começou a gritar:
Autor(a): Mika
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— Tirem essas porcarias de cima de mim! Por favor! Tentou se livrar deles com as mãos, mas o problemaera que não conseguia vê-los.— Por favor! Alguém me ajude! Meu corpo está cheio de insetos!Mas ninguém apareceu para ajudá-lo.Anahi não compareceu à audiência com o juiz na manhã seguinte. ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 29
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queren_fortunato Postado em 16/12/2015 - 15:09:02
Que lindooooo
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hadassa04 Postado em 02/10/2015 - 00:35:35
Sem palavras texto muito bem escrito, enredo envolvente, fiquei totalmente apaixonada.
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hadassa04 Postado em 01/10/2015 - 17:59:39
Ai gente tadinho do Poncho surtou de vez.
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hadassa04 Postado em 01/10/2015 - 15:44:53
Tadinho do Poncho... ele surtou por amor....
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hadassa04 Postado em 01/10/2015 - 15:25:38
Pq agora eu sei que aconteceu alguma coisa. Então vou parar de comentar e ler um pouco mais.
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hadassa04 Postado em 01/10/2015 - 15:24:45
Vontade de dar umas porradas na Annie por ter deixado as coisas como estavam
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hadassa04 Postado em 01/10/2015 - 15:23:59
Vontade de matar o Poncho por não ter dado sinal de vida por 14 meses
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hadassa04 Postado em 01/10/2015 - 15:23:19
Mikaella essa fic é bárbara, estou lendo sem conseguir parar
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hadassa04 Postado em 01/10/2015 - 14:08:23
Mikaella sei que ja finalizou mas agora que estou começando... Então vou comentando de acordo com a leitura.
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franmarmentini♥ Postado em 02/08/2015 - 00:34:03
Foi intensa essa fic*