Fanfic: A Noiva Enganada Finalizada | Tema: AyA

Conforme ia avançando na leitura, Anahi ficava cada vez mais preocupada. O que Poncho tinha era muito grave.
Talvez Diana estivesse certa quando dissera que, em certos casos, o psicótico nunca mais voltava ao normal.
"Deus do céu, o que vai ser da minha vida se Poncho ficar assim para sempre?"
Poncho estava deitado em seu colchão no chão. Jason Smith havia acabado de sair. Mais uma vez, o gigante fora até lá lhe dizer onde ele estava, o que vinha se passando e que ninguém iria machucá-lo. Agora, Poncho acreditava. Ainda não conseguia entender tudo, mas compreendia vagamente que entrara num surto psicótico, que tinha recusado medicação e que o hospital conseguira uma ordem judicial para medicá-lo à força.
Tentava juntar os pedaços do quebra-cabeça. O rio Colorado, o filme, Anahi, o que lhe acontecera em Nova York... Não se lembrava de tudo, mas alguns flashes vinham-lhe à mente.
De uma coisa, Poncho tinha certeza. Havia dado muito trabalho às pessoas e aquela constatação o deixava triste; e constrangido. Onde estava Anahi? O que ela estaria; pensando dele agora?
Ouvindo um barulho na porta, olhou para cima e viu que Jason Smith voltava acompanhado de um outro homem, um barbudo de cara simpática que se aproximou dele.
— Olá, Poncho. Sou o Dr. Michael Holyoak. Nós já nos conhecemos, mas não sei se está se lembrando de mim.
Poncho se lembrava. Embaraçado por seu comportamento recente, ele disse apenas:
— Olá.
— Você sabe onde está e por que está aqui?
Poncho olhou em volta. Estava preso como um animal. Porque se comportara exatamente como um. Fez que sim com a cabeça.
— Estou num hospital porque sou um psicótico. Poncho sentia-se tonto. E estava com saudade de Anahi.
Onde ela estaria naquele momento? Ele desejava que as coisas estivessem um pouco mais claras. Que vontade de abraçá-la...
— Como está se sentindo agora?—perguntou o psiquiatra. Ele não sabia o que responder e limitou-se a balançar os ombros.
— Mais ou menos.
— Continua ouvindo vozes?
Poncho se mexeu, sentindo-se pouco a vontade. Como que o dr. Holyoak ficara sabendo daquilo? Balançou a cabeça.
— Não. Elas pararam completamente.
— Ótimo. Você gostaria de ver sua mulher?
Poncho olhou para a porta, mas não viu ninguém atrás da janela.
— Sim. Muito.
— Ela lhe trouxe algo para comer. Poncho sentiu vontade de chorar.
— Que bom.
Michael Holyoak abriu a pesada porta e Anahi entrou no quarto. Usava jeans, uma malha cor-de-rosa e trazia um embrulho nas mãos.
O coração de Anahi disparou ao ver Poncho. Ele parecia sonolento, mas muito melhor do que antes. Seus cabelos estavam despenteados, a barba por fazer, mas, mesmo assim, conseguia ser o homem bonito que sempre fora.
Mas, em seu rosto, ela via a doença* Os remédios estavam apenas contendo os sintomas. Ele levantou-se ao vê-la.
Ignorando o médico e o gigante, Anahi aproximou-se dele e o abraçou.
Alfonso. Seu marido.
Os dois homens continuavam no mesmo lugar. Estariam com medo de que ele a machucasse ou algo parecido? Era provável.
— Sente-se Anahi.
Eles se sentaram no colchão e ela abriu o pacote contendo a torta de limão, num prato de papelão, um garfo de plástico e um guardanapo de papel. Assim que começou a comer, Poncho sentiu seu apetite voltando. Anahi acariciou-lhe os cabelos.
— Eu quero que você melhore logo a fim de poder voltar para casa, meu amor. Sinto muita saudade. — Lembrando-se de que Diana comentara a respeito do cachorro, acrescentou:
— E Boris também.
O animal abandonado. Poncho lembrou-se de seus pêlos macios, do rabo que não parava de abanar quando o via. Aquele pensamento o emocionou tanto quanto, o fato de Anahi ter lhe trazido a torta de limão. Estava louco de vontade de voltar para casa, de prosseguir sua vida. Abraçou Anahi com força e lhe deu um beijo na boca.
Que a audiência fosse para o meio do inferno.
O dr. Holyoak esperou que ele terminasse a torta, então se aproximou de ambos e explicou que Poncho seria transferido para um quarto normal no dia seguinte.
— Vamos começar a lhe dar medicação por via oral, em vez das injeções que está tomando agora. É provável que tenha de continuar com os remédios durante muito tempo. Anos, talvez. E importante que eles sejam tomados diariamente, mesmo que sua mulher tenha de lembrá-lo.
Poncho concordou com a cabeça. Detestava tomar seja lá o que fosse até mesmo aspirina. Porém, sabia que não tinha escolha. Não queria ser psicótico. Respirou fundo e perguntou.
— Quais são os efeitos colaterais?
O médico respondeu que os agentes anti-psicóticos estavam entre as drogas mais seguras da medicina. Entretanto, os efeitos colaterais que poderiam ocorrer incluíam tremores nas mãos e nos pés, inquietação, impotência, alterações no sono e uma certa dificuldade para articular as palavras.
— De qualquer modo — continuou o médico — não vamos pensar nisso agora. O importante é que você fique bem de verdade. Pelo que sua mulher me disse um episódio parecido com esse lhe aconteceu em Nova York, um ano atrás, é verdade?
Poncho fez que sim com a cabeça.
— É.
— Você tem noção de quanto durou?
— Quase um mês.
— E como passou? Você procurou ajuda? Ele abaixou a cabeça.
— Não. Saí do surto sozinho.
O Dr. Holyoak observou-o durante alguns instantes.
— Gostaria de lhe fazer algumas perguntas sobre aquela época. Não agora, é claro, mas quando estiver se sentindo melhor. Isso vai nos ajudar a entender realmente o que lhe aconteceu.
Poncho pensou em sua mãe depressiva e em todas as coisas que havia lido no livro Problemas da Mente. Não sabia se queria mesmo compreender o que tinha acontecido. Não sabia se poderia agüentar.