Fanfic: A Noiva Enganada Finalizada | Tema: AyA

Considerou a idéia de ligar para a copa e pedir um sanduíche e uma xícara de café.
Havia deixado sua cidade às seis da tarde do dia anterior, uma hora antes de receber o telefonema do advogado de Anahi. O pacote contendo a caixinha de música fora enviado logo após o almoço. Com as palavras do Dr. Powers ainda na cabeça, fizera as malas rapidamente e entrara no carro, pronto para iniciar a longa viagem. Dirigira doze horas na escuridão sem ao menos fazer uma pausa, então outras seis ao nascer do novo dia, as luzes tingindo o céu com cores de incrível beleza. Percorrera quilômetros e quilômetros de estradas desertas, a paisagem tão bonita e diferente que até parecia irreal.
Ao chegar no hotel, caíra na cama e dormira quatro horas seguidas. Agora estava acordado, barbeado e de banho tomado. Pronto para rever Anahi.
Porém, a pressa do reencontro já não existia mais. Afastou-se da janela e voltou a deitar-se na cama; a agonia da indecisão invadindo-lhe a alma.
Não devia estar tentando fazer tudo aquilo. Não consultara nenhum médico depois daquele triste episódio em Nova York. Como poderia voltar a ver Anahi sem entender o que acontecera em sua vida?
Mas ele estava bom de novo. Ou pelo menos, achava que estava.
Voltara a trabalhar como ator. Amava sua carreira. A carreira que quase destruíra após a partida de Anahi. Fechou os olhos, algumas cenas desagradáveis voltando-lhe à mente.
"Eu apenas perdi o controle."
As coisas eram sempre complicadas depois de um rompimento. Todo mundo sabia daquilo.
Mas ele levara um ano inteiro para reparar o dano. Se Anahi exigisse o divórcio agora, se as autoridades começassem a investigá-lo...
Fez um esforço para raciocinar com clareza. Mesmo que o pior acontecesse, era muito improvável que fosse perder o visto de permanência. Havia ganhado muito dinheiro, pagado muito impostos e ninguém em sã consciência teria coragem de deportá-lo naquele instante. Bem, mas não era por tudo aquilo que estava lá agora.
Nem pelo papel que conseguira com tanto esforço no filme Os Pioneiros, a ser rodado às margens do rio Colorado.
Estava em Moab para rever Anahi. Anahi, que pensava que ele lhe pedira em casamento a fim de legalizar sua situação no país.
E aquilo não era verdade?
Não negara o fato catorze anos atrás, naquele fatídico dia em que sua irmã ligara, falando da/doença de seu pai. O dia em que ela perguntara: "Foi por isso que se casou comigo, Poncho? Por causa do visto de permanência?"
Dizer não teria sido ao menos uma mentira parcial. E as mentiras costumavam ficar presas em sua garganta. Por esse motivo dissera apenas: "Eu te amo".
"Não foi isso que eu perguntei."
Ele não conseguira dar explicações, não naquela hora.
E ela o deixara.
Mas, agora, o reencontro não tardaria a acontecer. As filmagens durariam três meses, tempo suficiente para que as coisas entre ambos se acertassem. Se é que Anahi estivesse disposta a acertar o quer que fosse claro.
Deitado na cama, olhando para o teto, Poncho tentou relaxar e bolar um plano. Se ao menos pudesse convencê-la a lhe dar mais uma chance... E foi aí então que ele se lembrou. Levantou-se rapidamente, abriu a gaveta da mesinha-de-cabeceira e apanhou sua carteira de motorista.
Quase soltou um grito de alegria.
Ali dentro do plástico havia um pedaço de papel amassado, um dos inúmeros bilhetinhos que Anahi costumava espalhar pela casa inteira, promessas bem-humoradas que expressavam todo o amor que havia em seu coração. Leu a mensagem em voz alta, mal acreditando naquele súbito golpe de boa sorte.
"Eu te amo. Faço o que você quiser. É só pedir."
Havia dezenas de bilhetes semelhantes no apartamento onde tinham morado, em Nova York. Todos eles contendo mensagens igualmente excitantes.
Eu te amo. Faço o que você quiser. É só pedir.
Alfonso Herrera voltou a se deitar,, sentindo-se aliviado. Finalmente, encontrara uma maneira.