Fanfic: A Noiva Enganada Finalizada | Tema: AyA

Devia ter uns trinta e poucos anos, a mesma idade do motorista que também abria a porta e descia. Ele era alto, moreno e tinha cabelos bem crespos.
A moça olhou para o terraço e disse:
— Oi. Acho que esse é mesmo o meu cachorro. Poncho sentiu que o mundo girava à sua volta.
— Já vou descer.
Era só lhe oferecer uma boa quantia e Boris seria dele
para sempre.
Mas talvez a dona não quisesse mesmo vender...
Momentos depois, Poncho convidava o casal para entrar.
A moça parecia muito interessada em Boris e disse a seu companheiro:
— Ele é igualzinho a Tamara, não é?
— É verdade. — O homem se ajoelhou em frente a Boris e tocou seu nariz com o dedo.
— Oi, amigo.
A moça perguntou:
— Qual foi o nome que vocês lhe deram?
Poncho lhe contou e aconselhou-a a chamá-lo pelo nome. Boris respondeu ao chamado. O casal gostava realmente de cachorros.
Eles eram criadores. Fora o que lhe dissera a tia da moça, a mulher que morava em Moab.
— Minha sobrinha Melissa Jackson cria cachorros para corridas. Ela tem mais de cinqüenta em sua fazenda no Alasca e quase todos eles são campeões.
Sentaram-se no sofá da sala de estar. Após inspecionar os recém-chegados, Boris deitou-se aos pés de Poncho.
O namorado de Melissa, Daniel, permaneceu em silêncio, enquanto ela dizia:
— Olhe, eu trouxe uma recompensa e também gostaria de reembolsá-lo pelas despesas que teve com veterinário e alimentação. Sei que tomou bem conta dele e estou feliz de tê-lo de volta. Poncho se levantou.
— Eu gostaria de comprar Boris.
Melissa Jackson olhou para o namorado com a testa franzida.
— Minha tia me disse que você estava interessado em fazer isso. Mas Rocky não está à venda.

Poncho achou que seria indelicado dizer uma quantia naquela hora, então disse apenas:
— Eu pagarei o que quiser.
— Dinheiro não importa. Tenho setenta e seis cachorros que criei desde que eram filhotes. A mãe de Rocky, ou Boris, como você o chama, era minha melhor cadela. Ela morreu no ano passado.
Numa corrida. Poncho tinha certeza daquilo. Ele começou a ficar nervoso, uma horrível onda de pânico invadindo-lhe o ser.
— Como foi que você perdeu Boris? Melissa lançou um olhar feroz ao namorado.
— Foi tudo culpa minha — confessou Daniel.
— Eu fui dar uma volta de bicicleta com ele... e acabamos nos separando. Nem sei como isso foi acontecer.
Poncho abaixou-se e acariciou o pêlo macio do cachorro. Boris lambeu-lhe os dedos. Olhou para Melissa, esperando que ela pudesse entendê-lo.
— Escute, Melissa. Esse cachorro e eu nos tornamos inseparáveis. É o único animal de estimação que eu e minha mulher possuímos. Você tem outros setenta e seis.
— Setenta e cinco. Este é o número setenta e seis. E eu lhe asseguro que também tenho um excelente relacionamento com cada um deles.
Poncho jogou sua última cartada.
— Eu lhe dou dez mil dólares. Melissa fez que não com a cabeça.
— Fico feliz em ver que o cachorro esteve em mãos de pessoas que gostavam tanto dele. Mas eu adorava Tamara, sua mãe. E vou levá-lo para o Alasca. Se você fizer alguma objeção, chamarei a polícia.
Não havia nada mais que ele pudesse fazer.
O cachorro iria ser levado.
O cachorro de corrida de Melissa Jackson.
Mas Poncho ainda tinha um último pedido a lhe fazer:
— Eu agradeceria muito se vocês pudessem deixá-lo aqui agora e voltassem à noite. É que Boris também pertence à minha esposa e tenho certeza de que ela também vai querer se despedir dele.