Fanfic: Demorou pra ser. | Tema: Portiñón, AyD, Dulce, Anahi

D.

É como se eu tivesse sido atingida por um míssel. Sinto meu corpo em pedaços. Minha alma morreu. Nada como sentir isso todos os dias e ainda ter de levantar do aconchego do meu edredom. "Trabalho novo, vida nova.", eu deveria pensar. 

Arrumei-me como se fosse na esquina comprar pão. Coloquei a primeira roupa que vi e saí em disparada com meu carro pela cidade. Entrar na editora sob olhares curiosos fez com que eu me encolhesse e ficasse assim o dia todo em meu lugar. Saí assim que deu meu horário de almoço e respirei aliviada.

- Posso me sentar aqui? - alguém me tirava do transe - O restaurante tá cheio. - sorri, assenti com a cabeça e continuei a comer. - É nova? - ele falou já sentado. Encarava-me com olhos curiosos esperando uma resposta.

- Diagramação - sorri de lado, forçada. Não queria sorrir. - Dulce, prazer.

- Christopher. - estendeu a mão enquanto mostrava os dentes em um sorriso. - Sou jornalista. 

Terminei de almoçar e me levantei deixando meu novo colega pra trás. Voltei ao meu lugar e o dia passou. Vi a dona da editora, e até onde eu sei minha chefe, passar uma centena de vezes e nem sequer olhar pra mim. A verdade é que tanto faz. No fim do dia peguei meu carro e fui pra casa tão animada quanto antes. No caminho recebi uma ligação.

- Ai de você se não sair com a gente, Dulce María. - gritava do outro lado da linha enquanto eu virava já na rua de casa. Parei o carro e peguei minhas coisas.

- Tá bom, Giulia! Passa aqui - entrei em casa e soltei as coisas em cima do piano enquanto Astor me rodeava abanando o rabo. - as 8h, pode ser?

- Combinado! - desligou sem me esperar responder. 

Dei atenção ao Astor e logo depois resolvi me arrumar e esperar Giulia. Sentei-me no sofá assim que terminei e olhei para o piano. Em cima dele, as nossas fotos. Eu e Larissa. Sorrindo. Juntas. 

Saudade.

Não pude evitar que algumas lágrimas rolassem, que meu peito apertasse. Não pude evitar sentir raiva de novo. Raiva do destino, de não poder fazer nada. 

Ouvi a buzina da minha melhor amiga e me apressei para sair. Despedi-me do Astor com um beijo no topo da cabeça e seu olhar foi triste. Ele sempre sabia o que eu passava. Sequei as lágrimas e tranquei a porta. De casa e da memória.