Fanfics Brasil - Capítulo Três - Última Parte O Príncipe dos Canalhas - Adaptada

Fanfic: O Príncipe dos Canalhas - Adaptada | Tema: Christopher & Dulce


Capítulo: Capítulo Três - Última Parte

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Queria arrancar os sapatos e deslizar o pé coberto pela meia de seda por aquela bota, de cima a baixo. Queria deslizar seus dedos por baixo da camisa engomada que ele usava e acompanhar os contornos das veias e os músculos do seu pulso e sentir-lhe a pulsação. Acima de tudo, queria pressionar seus lábios naquela boca dura e depravada e beijá-lo até perder os sentidos. É claro que um ataque tão ensandecido a deixaria deitada de costas e resultaria na rápida eliminação da sua virgindade – possivelmente à vista de todos os clientes da cafeteria. Em seguida, se ele estivesse de bom humor, poderia até mesmo lhe dar um tapa carinhoso no traseiro e mandá-la voltar para casa, refletiu ela, melancólica.


— Srta. Saviñon – disse ele. – Tenho certeza de que as outras meninas na escola achavam seu senso de humor hilário. Entretanto, talvez se parasse de piscar os olhos por um momento, sua visão se desanuviaria e você perceberia que eu não sou uma garotinha. – Ela não estava piscando. Quando Dulce queria bancar a coquete, fazia isso com convicção, e não era ingênua para usar esse método com Belzebu.


— Piscar? – Repetiu ela. – Eu não preciso piscar os olhos, meu senhor. É assim que faço. – Ela lançou um olhar para um francês atraente sentado nas proximidades e depois fitou Ucker de soslaio. – Isso não é piscar – disse ela, libertando o francês instantaneamente enfeitiçado e concentrando outra vez toda a sua atenção em Ucker. Embora ninguém pudesse acreditar que fosse possível, a expressão dele ficou ainda mais sisuda.


— Eu também não sou nenhum garotinho – disse ele. –Recomendo que guarde esses olhares fatais para os rapazotes tolos que respondem a eles. – O francês agora a observava com uma fascinação intensa. Ucker se virou e olhou para ele. O homem imediatamente desviou o olhar e começou a conversar com seus companheiros. Ela se lembrou do aviso de Genevieve. Dulce não sabia ao certo se Ucker tinha intenção de fisgá-la para si. Mas percebeu que ele havia acabado de erguer uma placa de “Proibido pescar”. Uma forte emoção percorria seu corpo, mas ela já esperava por isso. Era a reação primitiva de uma mulher quando um homem atraente exibia os sinais irritadiços de posse. Tinha consciência de que os sentimentos que nutria por ele eram decididamente primitivos.


Por outro lado, ela não estava completamente fora de si. Conseguia ver grandes problemas se formando. Era fácil perceber. Escândalos o seguiam aonde quer que fosse. Dulce não pretendia ficar no meio de um deles.


— Eu apenas estava demonstrando uma distinção sutil que aparentemente lhe escapou – disse ela. — A sutileza, pelo que vejo, não é o seu forte.


— Se isso for uma forma sutil de me lembrar que eu deixei passar o que seus olhos penetrantes encontraram naquela pintura imunda...


– Aparentemente, o senhor não prestou atenção nem quando ela estava limpa – disse ela. – Caso contrário, teria reconhecido um trabalho típico da escola de Stroganov, e não me insultaria com uma oferta de 50 libras. – Os lábios dele se retorceram.


— Não lhe ofereci nada. Expressei uma opinião.


— Para me testar – disse ela. – Todavia, sei tanto quanto o senhor que aquela peça não apenas tem as características de Stroganov, como também é uma forma extremamente rara. Mesmo as miniaturas mais elaboradas costumavam ser emolduradas em prata. E tudo isso sem mencionar que a madona...


— ... tem olhos cinzentos, não castanhos – interrompeu Ucker, com uma voz bem entediada.


— E ela está quase sorrindo. Geralmente as mulheres são retratadas com expressões bastante infelizes.


— Não, Srta. Saviñon. Elas parecem apenas mal-humoradas. Imagino que isso se dê pelo fato de serem virgens. Por terem que sofrer todos os infortúnios da gravidez e do parto e não poderem aproveitar a parte mais divertida disso tudo.


— Falando em nome das virgens, meu senhor – disse ela, inclinando-se na direção dele –, posso lhe dizer que existe uma infinidade de experiências divertidas. Uma delas é possuir uma obra de arte religiosa rara que vale, no mínimo, 500 libras. – Ele riu.


— Não há necessidade de me revelar que a senhorita é virgem – disse ele. – Consigo identificar uma a cinquenta passos de distância.


— Por sorte, não sou tão inexperiente em outras questões – disse ela, sem se deixar abalar. – Não tenho dúvidas de que o russo louco de Le Feuvre vai me pagar 500 libras. Sei também que o russo deve ser um bom cliente, para quem ele deseja intermediar uma boa compra. Então talvez eu possa conseguir bem mais em um leilão. – Ela alisou o tecido das luvas. – Observei várias vezes como a inteligência dos homens fica prejudicada quando a febre do leilão começa a queimar. É impossível calcular o valor que os lances podem alcançar. Os olhos de Ucker se estreitaram. Naquele momento o anfitrião chegou com o pedido. Com ele vieram quatro lacaios que se ocupavam com os preparativos, colocando as toalhas na mesa, a prataria e as peças de porcelana com tanta precisão que chegava a doer. Nenhuma migalha podia macular um prato, nenhum traço de oxidação marcava o brilho impecável da prata. Até mesmo o açúcar fora serrado em cubos perfeitos – o que não era algo a se desprezar, já que os blocos de açúcar ficavam entre o granito e o diamante na escala de dureza. Dulce sempre imaginou como os ajudantes dos cozinheiros conseguiam quebrar aqueles blocos sem usar explosivos. Ela aceitou uma pequena fatia do bolo amarelo com a cobertura leve e branca. Ucker deixou que o proprietário bajulador adornasse seu prato com diversos confeitos frutados, dispondo-os artisticamente em círculos concêntricos. Eles comeram seus doces em silêncio até que Ucker, após devorar confeitos suficientes para deixar todos os dentes latejando, pousou o garfo na mesa e franziu a testa enquanto olhava para as mãos de Ucker.


— Será que todas as regras mudaram desde que saí da Inglaterra? – Perguntou ele. – Sei que as damas não costumam expor suas mãos nuas. E também sei que é permitido retirar as luvas para comer.


— É permitido – disse ela. – Mas não é possível. – Ela ergueu a mão para mostrar-lhe a longa fileira de minúsculos botões de pérola. – Eu levaria a tarde inteira para desabotoá-los sem a ajuda da minha criada.


— E por que diabos a senhorita usa coisas que incomodam tanto? – Exigiu saber ele.


— Genevieve as comprou especialmente para combinar com este casaco – disse ela. – Se eu não usasse as luvas, ela ficaria muito magoada. – Ele ainda fitava as luvas.


— Genevieve é minha avó – explicou ela. Ucker não a havia conhecido. Chegara à casa dela assim que Genevieve havia se deitado para a sesta, embora Jessica achasse que a avó tinha se levantado para espiar pela porta entreaberta assim que ouviu aquela voz forte e masculina. O dono da voz agora erguia o rosto, com os olhos negros brilhando.


— Ah, sim. O relógio.


— Essa também foi uma escolha inteligente – disse Dulce, colocando o garfo no prato e voltando a assumir uma postura profissional. – Ela ficou encantada.


— Não sou sua vovozinha de cabelos brancos – disse ele, percebendo o que ela queria dizer. – Não fico tão encantado com ícones, mesmo que seja um Stroganov, a ponto de pagar um centavo além do que eles valem. Para mim, aquilo não vale mais do que mil libras. Mas, se a senhorita prometer não me entediar com o regateio e não me fuzilar com esses olhares, ficarei feliz em lhe pagar 1.500 libras. – Ela esperava conseguir amaciá-lo aos poucos. O tom com que Ucker ditou a barganha, entretanto, indicava que ele não tinha intenção nenhuma de ser amaciado. Direto ao ponto, então; o ponto que ela havia decidido horas antes, após perceber a expressão dele ao permitir que ele examinasse a descoberta incrível que ela fizera.


— Ficarei feliz em lhe dar a obra, meu senhor – disse ela.


— Ninguém me nada – disse ele, friamente. – Faça seu jogo com outra pessoa. Esta é a minha oferta. Minha única oferta.


— Se conseguir fazer Chris voltar para a Inglaterra, o ícone é seu – disse ela. – Caso contrário, vou vendê-lo em leilão.


Se Dulce Saviñon entendesse o estado em que Ucker se encontrava, teria parado na primeira frase. Não, se ela realmente tivesse entendido, acabaria por se levantar da mesa e sairia correndo o mais rápido que pudesse. Mas ela não conseguia entender o que o próprio lorde Ucker não entendia. Ele queria aquela madona russa, com seu rosto dividido entre o sorriso e a saudade e o Menino Jesus com uma expressão amarga junto ao peito, como nunca quis tanto alguma coisa na vida. Sentiu vontade de chorar quando viu a pintura e não sabia por quê. A obra era primorosa – uma arte sublime e humana ao mesmo tempo – e ele já havia se emocionado anteriormente por outras obras de arte. O que ele sentia neste momento não era nem remotamente parecido. Sentia o velho monstro que rugia por dentro. Assim como acontecia quando ele tinha 8 anos, Ucker não sabia dar nome àquelas sensações. Nunca se incomodou com isso, apenas expulsava-as, até que, como seus colegas de escola, elas parassem de atormentá-lo. Como nunca tiveram a oportunidade de amadurecer, aquelas sensações permaneciam num patamar primitivo e infantil. Agora, inesperadamente preso pela sua intensidade, lorde Ucker não conseguia raciocinar como adulto. Não conseguia dizer a si mesmo que Christian Saviñon era um maldito estorvo, alguém que Ucker devia ter despachado havia muito, muito tempo. Nunca ocorreu ao marquês a possibilidade de ficar tão contente quando a irmã daquele panaca fez a proposta de lhe pagar – ou, mais adequadamente, de suborná-lo – generosamente para que o fizesse. Tudo o que Ucker conseguia ver era uma garota excessivamente bela que o provocava com um brinquedo que ele queria muito. Ele ofereceu o maior e melhor brinquedo que tinha em troca. E ela riu e ameaçou jogar seu brinquedo numa latrina, apenas para vê-lo implorar. Mais tarde, Ucker entenderia que isso – ou algo igualmente imbecil – era o que gritava em seu cérebro. Mas isso só aconteceria muito depois, quando já fosse tarde demais. Neste momento, ele tinha cerca de 8 anos por dentro e 33 por fora. E estava fora de si. Ele inclinou o corpo para a frente, aproximando-se dela.


— Srta. Saviñon, não há outros termos – disse ele, com a voz perigosamente baixa. – Eu lhe pago 1.500 libras e todos voltam felizes para casa.


— Não, não voltam. – O queixo dela se ergueu, inflexível. – Se não mandar Chris de volta para a Inglaterra, nunca fecharei negócio algum com o senhor. O senhor está destruindo a vida dele. Nenhum dinheiro no mundo pode compensar isso. Nem que estivesse prestes a morrer de fome.


— É fácil dizer isso quando sua barriga está cheia – disse ele. Em seguida, em tom jocoso, citou Públio Siro em latim: – “Quando o mar está calmo, qualquer um pode ser timoneiro. ” –Com o mesmo tom, ela citou uma passagem do mesmo sábio: – Não se pode calçar o mesmo sapato em todos os pés. – A expressão de Ucker não traiu sua estupefação.


— Parece que a senhorita também leu Públio – disse ele. – É intrigante que uma mulher tão inteligente não consiga ver o que está diante dos olhos. Não sou uma língua morta com a qual pode brincar, Srta. Saviñon. A senhorita está navegando em águas muito perigosas.


— Porque é nessas águas que meu irmão está se afogando – disse ela. – Porque o senhor está segurando a cabeça dele sob a superfície. Não sou grande ou forte o suficiente para afastá-lo. O que eu tenho é algo que o senhor quer, algo que nem mesmo pode tirar de mim. – Os olhos cinzentos dela brilharam. – Só existe uma forma de conseguir o ícone, meu senhor Belzebu: mande-o de volta. – Se conseguisse raciocinar como um adulto, Ucker reconheceria que as razões que ela apresentava eram excelentes – e era o que ele faria caso se encontrasse no mesmo dilema. Talvez pudesse até admirar o fato de ela ter sido clara e precisa quanto ao que deveria fazer, em vez de lançar mão de malícias e artimanhas femininas para manipulá-lo. Mas ele não conseguia raciocinar como um adulto.


O brilho da irritação nos olhos dela não devia causar nenhum dano. No entanto, aquilo o acertou em cheio, acendendo um pavio dentro dele. Ele pensava que o pavio era a raiva se manifestando. Pensava que, se ela fosse um homem, ele a arremessaria com toda a força contra a parede. Pensava que, como ela era mulher, ele teria que encontrar uma forma igualmente eficiente de lhe ensinar uma lição. Lorde Ucker só não sabia que atirá-la longe era exatamente o oposto do que queria fazer. Não sabia que as lições que queria ensinar eram as de Vênus, não as de Marte. A Ars amatoria, de Ovídio, não a De bello gallico, de César. Consequentemente, acabou cometendo um erro.


— Não, não está enxergando bem. – Disse ele. – Sempre há outra maneira. A senhorita acha que não, porque presume que vou jogar de acordo com todas as preciosas regras da sociedade. Acha, por exemplo, que o fato de estarmos num lugar público e de a senhorita ser uma dama significa que vou agir com bons modos. É provável até que pense que eu respeito a sua reputação. – Ele abriu um sorriso malévolo. – Talvez seja melhor repensar tudo isso. – Os olhos cinzentos dela se estreitaram.


— Acho que o senhor está me ameaçando – disse ela.


— Permita-me deixar tudo bem claro, como a ameaça que a senhorita mesma fez. – Ele se inclinou. – Posso destruir sua reputação em menos de trinta segundos. Em três minutos, posso reduzi-la a pó. Nós dois sabemos que, sendo quem sou, não preciso me esforçar muito. A senhorita já se tornou alvo de especulações somente por ter sido vista em minha companhia. – Ele fez uma breve pausa para que ela absorvesse aquelas palavras. Dulce ficou calada. Seus olhos contraídos faiscavam furiosamente.


— Veja como as coisas funcionam – prosseguiu ele. – Se aceitar a minha oferta de 1.500 libras, eu me comportarei: acompanharei a senhorita até um cabriolé e me certificarei de que chegue em casa em segurança.


— E, se eu não aceitar, vai tentar destruir a minha reputação – retrucou ela, concluindo o raciocínio.


— Não será uma tentativa – refutou ele.


Ela se sentou de maneira bastante ereta na cadeira e cruzou as mãos delicadas e enluvadas sobre a mesa.


— Pois eu gostaria de vê-lo tentar – declarou ela.




 


Tá legal, podem me bater que eu mereço. Jurei de dedinho e não cumpri. Pois bem, agora estou cumprndo. Mais um bem grandão pra vocês. Respondo os comentários no próximo. Beijos no coração coisas cutes *-*.



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Autor(a): Demolidora| Fulaninha Qualquer

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

Ucker deu à Srta. Saviñon várias oportunidades para perceber seu erro. Suas advertências não podiam ter sido mais claras. De qualquer maneira, hesitar numa situação como esta seria uma demonstração de dúvida ou, pior, fraqueza. Fazer isso com um homem era perigoso. Fazer isso com uma mulher era fatal. Assi ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 257



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  • stellabarcelos Postado em 23/05/2016 - 15:12:52

    Volta a postar linda! Tô louca pra saber o final disso tudo

  • Anny Lemos Postado em 05/01/2016 - 09:54:32

    COLOQUE SEU BEBE PRA SER VONDY TBM -q

  • Anny Lemos Postado em 05/01/2016 - 09:50:29

    ISSO AÍ É VACILO! Abandonou? Poxa vida 11/2015 Mia?! :c

  • stellabarcelos Postado em 13/11/2015 - 12:40:03

    Oh continua! Uma pena você ficar tanto tempo sem postar mas eu vou estar aqui esperando!

  • stellabarcelos Postado em 05/11/2015 - 02:49:54

    Postaaaaaa

  • DaízaVon Postado em 28/10/2015 - 01:41:12

    Meu coração pulou quando vi que tinha um novo capítulo. Céus, eu me tornei tão dependente desta fanfic que alguns espinhos furaram minha alma todas as vezes que eu recarreguei a página kkkk não demore desta vez flor, estou anciosa para a vingança da Dul <3

  • vondyfforever Postado em 23/10/2015 - 15:12:19

    Você voltooooou uhuuuuul! Nao acredito que ele fes isso com a Dul! Postaaa maaaais *-*-**-*-*-*-*-

  • stellabarcelos Postado em 22/10/2015 - 22:34:38

    Demorou mas voltou . Por essa reação dele eu não esperava! Continuaaa

  • stellabarcelos Postado em 10/10/2015 - 10:04:43

    Voltaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

  • stellabarcelos Postado em 12/09/2015 - 10:33:44

    Você precisa voltar a postar! Por favor! Já faz um mês! Estou muito curiosa pro resto da história!


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