Fanfic: O Príncipe dos Canalhas - Adaptada | Tema: Christopher & Dulce
Ele teve um pressentimento de que retribuiria aquele beijo. Diante de testemunhas. Ucker, a própria reencarnação de Belzebu, beijando uma dama – uma virgem. Ele sufocou o pânico.
— Srta. Saviñon – respondeu ele, com a própria voz igualmente baixa e firme. – Gostaria de vê-la tentar.
— Com os diabos – surgiu uma voz irritantemente familiar atrás de Ucker. – Tive que ir quase até aquela maldita fundição. Não é exatamente o que você queria, eu sei, mas experimentei um deles antes de trazer e garanto que não vai se decepcionar.
Sem perceber a tensão que pulsava ao redor deles, Christian colocou uma pequena caixa de charutos na mesa, bem perto da mão de Ucker. Exatamente a que ainda segurava a mão da Srta. Saviñon. Christian viu aquilo e seus olhos azuis se arregalaram.
— Que diabos, Dul – disse ele, contrariado. – Não posso confiar em você por um único momento? Quantas vezes preciso lhe pedir que deixe meus amigos em paz? – Dulce removeu a mão com frieza. O irmão lançou um olhar arrependido para Ucker.
— Não dê atenção a isso, Ucker. Ela faz a mesma coisa com todo mundo. Não sei por quê, se nunca aprova os pretendentes. É como esses gatos bobos que vemos por aí. Passam um tempão tentando pegar um rato e depois não se dão ao trabalho de comê-lo. Simplesmente largam os bichos mortos em um canto para que alguém os recolha. Os lábios de Dulce estremeceram. O indício de uma risada era o que faltava para acabar com a confusão que lorde Ucker sentia e transformá-la numa fúria gélida. Ele estreara na educação formal quando sua cabeça fora enfiada numa latrina. Já tinha sido alvo de zombarias antes. Mas não por muito tempo.
— Felizmente, Saviñon, você tem o talento de chegar ao lugar exato e no momento exato – disse ele. — Como palavras não são capazes de expressar meu alívio e gratidão, suponho que as ações devem falar por mim. Por que não vem até a minha casa depois de levar sua irresistível irmã de volta? Vawtry e os outros irão até lá para nos deliciarmos com algumas garrafas e um jogo de dados. – Depois de tolerar a animação de Saviñon, lorde Ucker despediu-se da dupla e saiu da cafeteria, audaciosamente disposto a segurar a cabeça de Saviñon debaixo d’água até que ele se afogasse. Antes mesmo de lorde Ucker chegar em casa, as pessoas que testemunharam seu tête-à-tête com a Srta. Saviñon na cafeteria já tinham espalhado seus relatos pelas ruas de Paris. Ao raiar do dia seguinte, sua orgia privativa de bebedeira e jogatina havia terminado – e Christian, com algumas centenas de libras a menos nos bolsos, estava sendo carregado por um grupo de criados até sua cama. Algumas pessoas já faziam apostas acerca das intenções do marquês de Ucker em relação à Srta. Saviñon. Às três horas da tarde, Francis Beaumont encontrou-se com Roland Vawtry no Tortoni’s e apostou 150 libras que Ucker acabaria acorrentado à Srta. Saviñon antes do aniversário do rei, em junho.
— Ucker? – repetiu Vawtry, arregalando os olhos cor de amêndoa. – Casado? Com uma solteirona aristocrata? A irmã de Saviñon? – Dez minutos depois, quando Vawtry conseguiu parar de rir e começava a respirar normalmente outra vez, Beaumont repetiu a oferta.
— Seria fácil demais – disse Vawtry. – Não posso deixar que você perca dinheiro assim. Não seria justo. Conheço Ucker desde Oxford. O que aconteceu na cafeteria deve ter sido uma de suas piadas. Queria apenas provocar alvoroço. Neste exato momento ele provavelmente está rolando de rir por ter enganado tantas pessoas de uma vez só.
— Aposto 200 libras que ele vai parar de rir em menos de uma semana – rebateu Beaumont.
— Entendo – respondeu Vawtry. – Creio que você esteja querendo jogar o seu dinheiro no lixo. Muito bem, meu camarada. Defina os termos da aposta.
— Vamos lá. Em uma semana, ele estará correndo atrás dela – disse Beaumont. – Ele a seguirá quando ela sair de algum lugar. Segurará sua mão. Diabos, que seja, ele a agarrará pelos cabelos. Isso faz mais o estilo dele, não é?
— Beaumont, correr atrás de uma mulher nunca fará o estilo de Ucker – respondeu Vawtry, pacientemente. – Ucker apenas diz: “Quero esta aqui.” Então, ele mostra o dinheiro e é a mulher que o segue.
— Ele vai seguir essa – disse Beaumont. – Exatamente como eu relatei. Diante de testemunhas confiáveis. Aposto 200 libras que ele fará isso em até sete dias. Não seria a primeira vez que o profundo conhecimento que Roland Vawtry tinha de lorde Ucker lhe renderia dinheiro. Prever o comportamento do Belzebu, na verdade, provia pelo menos metade de sua renda. Ele achava que a essa altura Beaumont deveria conhecer Ucker melhor, e o sorriso torto e o ar de superioridade no rosto dele estavam começando a irritar Vawtry. Com uma expressão de pena – para irritar Beaumont –, Vawtry aceitou a aposta.
Seis dias depois, Dulce estava na janela do appartement do irmão, olhando para a rua com uma expressão amarga no rosto.
— Vou matar você, Ucker – murmurou ela. – Vou enfiar uma bala bem onde esse seu nariz italiano encontra suas sobrancelhas negras. – Já eram quase seis horas. Christian prometera que estaria em casa às quatro e meia para se banhar e se vestir e levar a irmã e a avó até a festa de madame Vraisses. O retrato que a Sra. Beaumont pintara da anfitriã seria desvelado às oito. Como Christian precisaria de pelo menos duas horas e meia para cuidar da higiene pessoal e o tráfego prometia estar intenso à noite, elas acabariam perdendo o evento. E era tudo culpa de Ucker. Desde o encontro dos dois na cafeteria, ele não saía sem que Christian estivesse ao seu lado. Aonde quer que Ucker fosse, não importava o que fizesse, não conseguia se divertir a menos que Christian estivesse presente. O irmão, é claro, acreditava finalmente ter conquistado a amizade eterna de lorde Ucker. Avoado e ingênuo, Christian não fazia ideia de que a suposta amizade fora a maneira que Ucker tinha encontrado para se vingar dela. E isso servia apenas para mostrar que Ucker era um vilão desprezível. Tinha aquela desavença com Dulce, mas não, não podia lutar de maneira justa e honrada com alguém capaz de revidar. Tinha que castigá-la por meio de seu pobre e estúpido irmão, que não fazia a menor ideia de como se defender. Christian não sabia como não beber até cair inconsciente, ou retirar-se de um jogo de cartas, ou resistir a uma aposta que ele certamente perderia, ou protestar quando uma prostituta cobrava o triplo do preço que valia. Se Ucker bebesse, Christian se considerava na obrigação de beber também, mesmo que já não aguentasse mais. Se Ucker jogasse ou contratasse os serviços de uma prostituta, Christian o imitava. De início, Dulce não se opunha a nenhuma dessas atividades. Já ficara bêbada mais de uma vez e, em algumas, perdera dinheiro jogando ou apostando – dentro de limites discretos e razoáveis. Quanto às meretrizes, se Dulce fosse homem, ela gostaria de desfrutar disso de vez em quando – mas certamente não pagaria um centavo acima do preço habitual. Não conseguia acreditar que Ucker pagasse os valores que Christian alegava, mas o irmão jurava por sua própria honra que vira com os próprios olhos o dinheiro trocar de mãos.
— Se for verdade – disse ela exasperadamente, na noite anterior –, só pode ser por conta das exigências dele. As mulheres devem ter que se esforçar mais, não percebe? – Tudo o que Christian entendia era que a irmã insinuava que ele não era um garanhão tão devasso quanto o ídolo. Insultara sua masculinidade e por isso ele saíra pisando duro e não retornara até as sete da manhã – embora tivesse sido carregado. Enquanto isso, Dulce havia ficado acordada quase até aquela hora, imaginando o que Ucker poderia exigir de suas companheiras de cama. Graças a Genevieve, ela compreendia os aspectos básicos do que os homens normais queriam – ou proporcionavam, dependendo de como se analisasse a questão. Sabia, por exemplo, o que o cavalheiro da peruca fazia escondido debaixo das saias daquela dama, assim como compreendia que essas poses não eram comuns em relógios. Fora por isso que ela o comprara. Mas, como Ucker não era normal – e certamente pagaria por muito mais do que apenas o básico –, ela passou a noite rolando na cama, agitada pelo medo, pela curiosidade e... bem, para ser honesta, por uma boa dose de desejos ardentes, que Deus a perdoasse. Dulce não conseguia parar de pensar naquelas mãos. Já tinha contemplado cada pedaço do corpo dele também, mas com aquelas mãos enormes ela tivera uma experiência física e direta. Com a mera lembrança daquelas mãos, mesmo agora, furiosa, ela sentia algo ardente e doloroso se enrodilhar dentro de si, desde o diafragma até o fundo do estômago. O que só servia para deixá-la ainda mais irritada. O relógio da sala bateu a hora. Primeiro ela mataria Ucker, disse Dulce a si mesma. Depois, o irmão. Withers entrou.
— O porteiro retornou da residência do marquês – informou. –Christian, seguindo o costume dos parisienses, dependia do porteiro do prédio para a execução de tarefas que, na Inglaterra, costumavam ser atribuídas a lacaios, arrumadeiras e mensageiros. O porteiro deles, Tesson, tinha sido enviado meia hora antes até a casa de lorde Ucker.
— Obviamente ele não trouxe Christian de volta – disse ela. – Ou eu já teria ouvido os berros do meu irmão pelos corredores.
— O criado do marquês se recusou a responder às perguntas de Tesson – avisou Withers. – Quando ele insistiu, o lacaio insolente teve a audácia de empurrá-lo para longe da porta. Os criados, Srta. Saviñon, combinam de maneira abominável em caráter com o respectivo senhor. – Uma coisa, pensou Dulce, irritada, era Ucker explorar as fraquezas do irmão. Mas permitir que seus lacaios abusassem de um porteiro apenas porque tentava entregar uma mensagem era totalmente diferente.
— “Quem perdoa uma culpa”, disse Públio, “encoraja a cometer muitas outras. ” Dulce não estava disposta a perdoar esta. Com os punhos cerrados, ela foi em direção à porta.
Autor(a): Demolidora| Fulaninha Qualquer
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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Hey coisas cutes da minha pobre vida. Saudades de mim? (Eu sei que não ;`/). Então, eu vim aqui informa-los de que estou viva, em Brasília e noiva. (Apesar de que só caso provavelmente daqui a BASTANTE tempo). Como estou cheia de notícias boas, vou presentea-los com uma maravilhosa: Vou tirar um dia da semana que vem e vou encher você ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 257
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stellabarcelos Postado em 23/05/2016 - 15:12:52
Volta a postar linda! Tô louca pra saber o final disso tudo
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Anny Lemos Postado em 05/01/2016 - 09:54:32
COLOQUE SEU BEBE PRA SER VONDY TBM -q
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Anny Lemos Postado em 05/01/2016 - 09:50:29
ISSO AÍ É VACILO! Abandonou? Poxa vida 11/2015 Mia?! :c
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stellabarcelos Postado em 13/11/2015 - 12:40:03
Oh continua! Uma pena você ficar tanto tempo sem postar mas eu vou estar aqui esperando!
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stellabarcelos Postado em 05/11/2015 - 02:49:54
Postaaaaaa
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DaízaVon Postado em 28/10/2015 - 01:41:12
Meu coração pulou quando vi que tinha um novo capítulo. Céus, eu me tornei tão dependente desta fanfic que alguns espinhos furaram minha alma todas as vezes que eu recarreguei a página kkkk não demore desta vez flor, estou anciosa para a vingança da Dul <3
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vondyfforever Postado em 23/10/2015 - 15:12:19
Você voltooooou uhuuuuul! Nao acredito que ele fes isso com a Dul! Postaaa maaaais *-*-**-*-*-*-*-
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stellabarcelos Postado em 22/10/2015 - 22:34:38
Demorou mas voltou . Por essa reação dele eu não esperava! Continuaaa
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stellabarcelos Postado em 10/10/2015 - 10:04:43
Voltaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
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stellabarcelos Postado em 12/09/2015 - 10:33:44
Você precisa voltar a postar! Por favor! Já faz um mês! Estou muito curiosa pro resto da história!