Fanfic: O Príncipe dos Canalhas - Adaptada | Tema: Christopher & Dulce
Assim que saiu, Ucker quase a derrubou, pois, por alguma razão descabida, a Srta. Saviñon não estava fugindo, e sim marchando de volta à casa dele.
– Que insolente! – gritou ela, dirigindo-se à porta. – Vou quebrar o nariz dele. Primeiro, o porteiro e agora a minha criada. E sem contar a charrete. Isso já passou de todos os limites. Ucker se colocou diante dela, o corpanzil bloqueando a entrada.
– Ah, não. A senhorita não vai fazer nada. Não conheço nem me importo com seu jogo, e...
– Meu jogo? – Ela deu um passo para trás, plantou as mãos nos quadris e fitou-o, enfurecida. Ao menos era o que parecia. Era difícil saber, por causa da enorme aba da touca que ela usava e da pouca luminosidade. O sol não havia se posto totalmente, mas enormes nuvens escuras engoliam Paris. De algum lugar ao longe ressoou o estrondo grave de um trovão.
– Meu jogo? – repetiu ela. – Seu lacaio bruto seguiu o exemplo do senhor, pelo que vejo, descontando sua frustração em quem é inocente. Sem dúvida achou que seria engraçado espantar o cavalo que puxava a minha charrete, com a minha criada dentro, e me deixar perdida aqui, depois de roubar a minha sombrinha. Ela girou sobre os calcanhares e saiu pisando duro. Se Ucker estava interpretando corretamente aquela reclamação, Herbert mandara embora a criada da Srta. Saviñon junto com o veículo alugado que as levara até lá. Uma tempestade se aproximava, Herbert pegara a sombrinha dela, e as chances de encontrar uma charrete desocupada àquela hora, com o tempo ruim, eram quase nulas. Ucker sorriu.
– Adieu, então, Srta. Saviñon – disse ele. – Aproveite sua caminhada de volta para casa.
– Adieu, lorde Ucker – respondeu Dulce, sem virar a cabeça. – Tenha uma noite agradável com as suas vacas. Vacas? Ela só estava tentando provocá-lo, Ucker disse a si mesmo. O comentário foi uma tentativa patética de rebaixá-lo. Ofender-se seria admitir que aquilo de fato o atingira. Aconselhou-se a simplesmente rir da situação e voltar para suas... Vacas. Aproximou-se dela com alguns passos furiosos.
– Isso é puritanismo ou inveja? – perguntou ele. – É o trabalho delas que a ofende, ou apenas o fato de que a natureza tenha sido mais generosa com elas? – Dulce continuou andando.
– Quando Christian me contou quanto você paga, achei que os serviços eram caros demais – disse ela. – Agora, entretanto, percebo o meu erro. Obviamente você paga por peso.
– Talvez o preço seja exorbitante – disse ele, enquanto segurava a vontade de sacudi-la. – Afinal, não sou tão bom assim em pechinchar. No futuro, a senhorita poderia conduzir algumas negociações para mim. Nesse caso, devo descrever meus requisitos. O que eu gosto...
– O senhor gosta de mulheres grandes, roliças e burras – retrucou ela.
– A inteligência raramente é relevante – respondeu ele, reprimindo um desejo feroz de arrancar aquela touca e pisoteá-la. – Eu não as contrato para debater metafísica. Mas, se já entendeu como eu gosto que sejam fisicamente, acho melhor eu explicar o que gosto que elas façam.
– Sei que gosta que elas tirem suas roupas – disse ela. – Ou talvez que as vistam de volta.
Naquele momento, era difícil ter certeza se elas estavam no começo ou no final dos trabalhos.
– Eu gosto das duas coisas – comentou ele, entre os dentes. – E, entre uma e outra, gosto quando elas...
– Eu recomendo que o senhor mesmo amarre suas calças agora - interrompeu ela. – Elas estão começando a se amontoar de forma constrangedora no alto das suas botas. – Foi só então que Ucker se deu conta de como estava vestido – ou despido, na verdade. Percebia agora que os punhos da camisa batiam soltos nos braços enquanto o restante da peça esvoaçava ao sabor do vento. Embora as palavras “tímido” e “modesto” constassem no Dicionário de Ucker, não tinham nenhuma ligação com ele. Por outro lado, seus trajes, diferentemente de seu caráter, eram sempre comme Il faut. Sem mencionar que ele se encontrava na cidade mais famosa e mais crítica do mundo em termos de moda. O calor lhe subiu pela garganta.
– Obrigado, Srta. Saviñon – disse ele, indiferente –, por chamar minha atenção para o problema. – Em seguida, com a mesma frieza e caminhando ao lado dela, ele desabotoou a calça por completo, enfiou a camisa para dentro dela e voltou a fechá-la despreocupadamente. A Srta. Saviñon emitiu um ruído estrangulado. Ucker lançou-lhe um olhar sarcástico. Não dava para saber, por causa da touca e da escuridão que se formava, mas achou que ela tinha ficado ruborizada.
– Está se sentindo mal, Srta. Saviñon? – perguntou ele. – Foi por isso que passou direto quando devia ter virado aquela esquina? – Dulce parou.
– Passei direto – respondeu ela, com a voz abafada – porque não sabia que era onde eu devia virar. – Ele sorriu.
– A senhorita não sabe o caminho de volta. – Ela começou a andar outra vez, em direção à rua que ele havia indicado.
– Vou descobrir. – Ucker a seguiu, virando a esquina.
– A senhorita ia simplesmente voltar a pé, na calada da noite, até a casa do seu irmão, mesmo sem ter a mais vaga noção de como chegar lá. É meio maluca, não é?
– Concordo que está escurecendo, mas não estamos na “calada da noite” – disse ela. – De qualquer modo, não estou sozinha e não considero imprudência ter o homem mais aterrorizante de Paris me escoltando. É muito cavalheiresco de sua parte, Ucker. Gentil até, na verdade. – Ela parou em uma rua estreita. – Ah, já estou conseguindo me orientar. Esta rua vai dar na Rue de Provence, não é?
– O que disse? – perguntou ele, a voz baixa e ameaçadora.
– Eu disse que esta rua vai dar...
– Gentil – interrompeu ele, seguindo-a quando Dulce virou a esquina.
– Ah, sim, aí está. – Ela acelerou o passo. – Estou reconhecendo aquele poste. – Se Dulce fosse homem, ele faria questão de proporcionar um encontro íntimo entre o crânio dela e o poste. Ucker percebeu que estava com os punhos cerrados. Diminuiu o passo e disse a si mesmo para voltar para casa. Agora. Nunca na vida ele levantara a mão contra uma mulher. Esse tipo de comportamento não apenas demonstrava falta de autocontrole, como também covardia. Somente os covardes usam armas letais contra pessoas desarmadas.
– Parece não haver nenhum perigo iminente em deixá-la vaguear sem rumo pelas ruas de Paris causando agitação no povo – disse ele, zangado. – Acredito que posso permitir que complete sua jornada sozinha e ficar com a consciência tranquila. – Ela parou, virou-se para ele e sorriu.
– Entendo perfeitamente. A Rue de Provence costuma ser bem movimentada a essa hora, e um de seus amigos pode avistá-lo. É melhor ir embora. Prometo não mencionar uma palavra sobre sua cortesia. – Ucker tentou se convencer de que devia simplesmente rir e ir embora. Já fizera isso mais de mil vezes e sabia que era uma das melhores saídas. Não havia como revidar quando lorde Ucker ria de você. Já tinha sofrido reveses piores. Isso não passava de um... Aborrecimento. Mesmo assim, o riso não veio e ele não conseguia virar as costas para ela. Dulce já havia desaparecido na esquina. Ucker correu atrás dela e agarrou-lhe o braço, obrigando-a a parar de andar.
– Olhe, segure a sua língua e me escute – avisou ele. – Não sou um dos seus brinquedinhos para ser zombado e humilhado por uma garotinha de meia-tigela que se acha esperta. Não dou a mínima para o que as pessoas veem, pensam ou dizem. Não sou um cavalheiro, Srta. Saviñon, e não sou gentil. Para o diabo com sua impertinência!
– E eu não sou uma das suas vacas estúpidas! – retrucou ela. – Não sou paga para fazer o que você gosta, e nenhuma lei na Terra me obrigará a agir de tal maneira. Eu digo o que quero e, nesse momento, fico muito contente em deixá-lo furioso. Porque é exatamente assim que me sinto. Você arruinou a minha noite. Nada seria melhor do que arruinar a sua, seu brutamontes egoísta, esnobe, estúpido Ela lhe deu um pontapé no tornozelo. Ucker ficou tão espantado que acabou soltando o braço dela. Então olhou para seu pé pequeno e delicado envolto por uma botinha.
– Meu Deus, você achou mesmo que ia conseguir me machucar com isso? – Ele riu. – Está louca, Dul?
– Seu bêbado idiota! – gritou ela. – Como se atreve? – Dulce arrancou a touca e golpeou o peito de Ucker com ela. – Eu não lhe dei permissão para me chamar pelo nome! – Ela o golpeou outra vez. – E não sou uma garotinha de meia-tigela, seu jumento estúpido! – Ucker baixou os olhos, confuso. Via uma mulher frágil e delicada aparentemente tentando feri-lo com uma espécie de chapéu. Ela parecia tomada pela fúria. Enquanto fazia cócegas no peito dele com aquela touca ridícula, Dulce vociferava sobre uma festa, o retrato de alguém e a Sra. Beaumont, e resmungava que ele havia estragado tudo e que pagaria caro por isso. Gritou que não se importava mais com Christian, já que o irmão não servia para nada mesmo, e que voltaria imediatamente para a Inglaterra a fim de abrir uma loja e leiloar o ícone russo, faturando 10 mil libras por ele. Por fim, disse que esperava que Ucker morresse engasgado com aquilo. Ucker não sabia com o que deveria morrer engasgado, exceto talvez de tanto rir, pois nunca vira nada tão divertido em toda a sua vida quanto o ataque de nervos da Srta. Dulce Saviñon. As faces dela estavam rosadas, os olhos soltavam faíscas prateadas e os longos cabelos negros desciam-lhe em cascata pelos ombros. Eram bem negros, o mesmo azeviche que tingia os cabelos dele. Mas com algumas diferenças. Ucker tinha fios grossos, esparsos e encaracolados. Já os de Dulce pareciam um véu de seda esvoaçante. Algumas madeixas se soltaram dos grampos e pendiam de maneira provocante sobre o corpete. E foi neste momento que ele se distraiu. O casaco cor de maçã verde estava abotoado até o alto de seu pescoço pálido. Era uma peça bem justa, que valorizava a curva dos seios. Se comparados aos, digamos, generosos dotes de Belinda, os seios da Srta. Saviñon eram insignificantes. Quando visualizados em um corpo esguio, de ossatura graciosa e cintura fina, entretanto, as curvas femininas subitamente ficavam mais do que amplas. Os dedos de lorde Ucker começaram a coçar, e uma onda de calor se agitou e se contorceu em seu estômago. A touca que lhe fazia cócegas começou a irritá-lo. Ele a agarrou, amassou-a e jogou-a no chão.
– Já chega! – disse ele. – Você está começando a me aborrecer.
– Aborrecer? – gritou ela. – Aborrecer? Vou aborrecê-lo agora, seu paspalhão ignorante! – Dulce recuou, fechou o punho e o acertou bem no meio do peito. Foi um bom e sólido golpe, e se ela houvesse atacado um homem que não tivesse uma compleição física tão formidável, poderia tê-lo feito cambalear. Ucker mal sentiu o baque. Os pingos de chuva preguiçosos que caíam na sua cabeça tinham praticamente o mesmo impacto. Mas ele a viu gemer quando encolheu a mão e percebeu que havia se machucado, e isso lhe deu vontade de gritar. Ucker agarrou a mão de Dulce e a largou, com medo de que pudesse esmagá-la por acidente.
– Que o diabo a carregue, vá para o inferno! – gritou ele. – Por que não me deixa em paz, mulher? – Um vira-lata que estava cheirando o poste ganiu e fugiu em disparada. A Srta. Saviñon nem pestanejou. Ficou onde estava, fitando com uma expressão amarga e obstinada o lugar onde se machucara, como se esperasse por alguma coisa. Ele não sabia o que era. Tudo o que Ucker sabia – e não sabia como sabia, mas tinha tanta certeza quanto a tempestade que se erguia e rugia acima dos dois – foi que ela não havia conseguido o que queria e não iria embora até que o conseguisse.
– Que diabos você quer? – berrou ele. – Qual é o seu problema? – Dulce ficou calada. Os pingos de chuva começaram a ganhar força e tamborilavam sobre o trottoir. As gotas reluziam no cabelo de Dulce e brilhavam nas faces rosadas. Uma delas deslizou pela lateral do nariz e parou no canto de sua boca.
– Maldição – disse ele. – E parou de se importar com o que pudesse esmagar ou quebrar. Estendeu os braços e enlaçou as mãos enormes ao redor da cintura dela, erguendo-a até que seu rosto úmido e emburrado estivesse bem diante do seu. Antes que ela pudesse gritar, Ucker pressionou sua boca forte e depravada contra a dela.
Autor(a): Demolidora| Fulaninha Qualquer
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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stellabarcelos: Ela é phoda par um excelêntíssimo senhor cassete amr kkk. Cá Ferreira: Jamais iria me esquecer de vocês muffin de baunilha. São meus amores, como esquecer? Fala pra Anny não ficar com ciúmes porque vocês são únicas no meu sz`. Foi o Thiago (meu noivo) que colocou isso d ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 257
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stellabarcelos Postado em 23/05/2016 - 15:12:52
Volta a postar linda! Tô louca pra saber o final disso tudo
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Anny Lemos Postado em 05/01/2016 - 09:54:32
COLOQUE SEU BEBE PRA SER VONDY TBM -q
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Anny Lemos Postado em 05/01/2016 - 09:50:29
ISSO AÍ É VACILO! Abandonou? Poxa vida 11/2015 Mia?! :c
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stellabarcelos Postado em 13/11/2015 - 12:40:03
Oh continua! Uma pena você ficar tanto tempo sem postar mas eu vou estar aqui esperando!
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stellabarcelos Postado em 05/11/2015 - 02:49:54
Postaaaaaa
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DaízaVon Postado em 28/10/2015 - 01:41:12
Meu coração pulou quando vi que tinha um novo capítulo. Céus, eu me tornei tão dependente desta fanfic que alguns espinhos furaram minha alma todas as vezes que eu recarreguei a página kkkk não demore desta vez flor, estou anciosa para a vingança da Dul <3
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vondyfforever Postado em 23/10/2015 - 15:12:19
Você voltooooou uhuuuuul! Nao acredito que ele fes isso com a Dul! Postaaa maaaais *-*-**-*-*-*-*-
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stellabarcelos Postado em 22/10/2015 - 22:34:38
Demorou mas voltou . Por essa reação dele eu não esperava! Continuaaa
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stellabarcelos Postado em 10/10/2015 - 10:04:43
Voltaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
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stellabarcelos Postado em 12/09/2015 - 10:33:44
Você precisa voltar a postar! Por favor! Já faz um mês! Estou muito curiosa pro resto da história!