Fanfic: O Príncipe dos Canalhas - Adaptada | Tema: Christopher & Dulce
Em seguida, ela o levou para o andar de cima, expulsou a babá dos aposentos e o colocou na cama. Depois que ela saiu, Christopher sentou-se na cama e pegou a pequena imagem da Virgem Maria e do Menino Jesus que sua mãe lhe dera de presente. Abraçado ao retrato, ele rezou. Havia aprendido todas as orações tradicionais da fé do pai, mas esta noite ele proferiu uma das preces que ouvira sua mãe entoar, segurando o longo terço nas mãos. Tinha ouvido aquela prece tantas vezes que já a sabia de cor, embora não houvesse aprendido muita coisa em latim para compreender todas as palavras.
– Ave Maria, gratia plena, Dominus tecum, benedicta tu in muleribus – começou ele. Ele não sabia que seu pai estava do lado de fora do quarto, escutando. Não sabia que a prece papal, para lorde Uckermann, seria a gota d’água. Duas semanas depois, Christopher foi colocado numa carruagem e levado a Eton. Após uma breve entrevista com o diretor, ele foi abandonado no imenso dormitório e deixado à mercê dos alunos da escola. Lorde Wardell, o mais velho e o mais alto, olhou para Christopher por um longo tempo e explodiu em risos. Os outros logo seguiram o exemplo. Christopher ficou paralisado, escutando o que pareciam ser mil hienas ensandecidas.
– Não é de admirar que sua mãe tenha fugido – disse Wardell ao grupo quando conseguiu recuperar o fôlego. – Ela gritou quando você nasceu, imbecil? – perguntou ele ao garoto.
– Eu não sou imbecil – disse Christopher, fechando os punhos.
– É o que eu disser que é, seu idiota – informou Wardell. – E eu digo que sua mãe deu no pé porque não suportou olhar para você nem por mais um minuto. Porque você parece uma lacraia suja. – Com as mãos às costas, ele lentamente contornou o atarantado Christopher. – O que me diz disso, imbecil? O garoto olhou para os rostos zombeteiros que o fitavam. Phelps, o cavalariço, disse que ele faria amigos na escola. Christopher, que nunca tivera ninguém com quem pudesse brincar, agarrou-se àquela esperança durante a viagem longa e solitária. Não estava vendo nenhum amigo ali, apenas rapazes que o humilhava – e todos bem maiores que ele. – Eu fiz uma pergunta, seu verme – disse Wardell. – Quando seus superiores fazem uma pergunta, é melhor você responder. Christopher olhou firmemente nos olhos azuis do seu algoz.
– Stronzo – disse ele. Wardell lhe deu um cascudo leve na cabeça.
– Nada dessa palhaçada macarrônica, imbecil.
– Stronzo – repetiu Christopher, de forma audaciosa. – Você é um cagão. – Wardell ergueu as sobrancelhas claras e olhou para os camaradas reunidos ali.
– Ei, ouviram isso? – perguntou ele. – Não só ele é feio como Belzebu; também tem uma boca bem suja. O que devemos fazer com ele, pessoal?
– Jogá-lo pela janela – disse um.
– Afogá-lo – sugeriu outro.
– Na latrina – acrescentou um terceiro. – Ele está procurando por cocô, não é? – A sugestão foi recebida com um entusiasmo vociferante. Em um instante, todos estavam sobre ele. Enquanto estavam a caminho daquele destino cruel, os rapazes deram a Christopher várias oportunidades de se retratar. Tudo o que precisava fazer era lamber as botas de Wardell e implorar por perdão, e seria poupado. Mas o monstro havia se apoderado dele, e Christopher respondera atrevidamente com todos os insultos em inglês e italiano que conhecia. Não foi a rebeldia que o ajudou naquele momento, mas certas leis da física. Por menor que fosse, seu corpo era desajeitado – os ombros ossudos, por exemplo, eram largos demais para caber na privada. Wardell apenas conseguiu enfiar a cabeça de Christopher no buraco e segurá-lo ali até que ele vomitasse. O incidente, para a irritação de Wardell e dos companheiros, não ensinou nenhum respeito ao verme. Embora dedicassem boa parte do tempo livre a educá-lo, Christopher não aprendia. Zombavam da aparência do garoto, da mistura de sangue inglês e italiano, e criavam canções obscenas sobre sua mãe. Eles o seguravam pelos tornozelos sobre o parapeito de janelas, colocavam-no dentro de um cobertor com as pontas amarradas e jogavam-no de um lado para outro, escondiam roedores mortos em sua cama. Quando ficava sozinho – ainda que houvesse pouquíssima privacidade em Eton –, ele chorava de tristeza, ódio e solidão. Em público, xingava e brigava, mas sempre saía perdendo. Entre os constantes abusos que sofria fora da sala de aula e os xingamentos dentro dela, Eton tentou arrancar dele qualquer sentimento como afeição, gentileza ou confiança. Os métodos da escola faziam aflorar o que havia de melhor em alguns garotos. Em Christopher, despertaram o que havia de pior. Aos 10 anos, o diretor o chamou para uma conversa e contou que a mãe dele morrera devido a uma febre nas Índias Ocidentais. Christopher escutou a notícia em um silêncio pétreo. Saiu do gabinete do diretor e foi arrumar briga com Wardell. O garoto era dois anos mais velho, tinha o dobro do tamanho e do peso de Christopher, além de ser rápido. Mas, desta vez, o monstro dentro dele se transformou em uma fúria amarga, e ele lutou fria e silenciosamente, com esperteza e determinação, até conseguir derrubar o oponente e deixá-lo com o nariz sangrando. Então, bastante ferido, Christopher olhou para os outros garotos ao redor e deu um sorriso torto.
– Mais alguém? – perguntou ele, embora mal conseguisse reunir o fôlego necessário para formar as palavras. Ninguém emitiu um som. Ao se virar para ir embora, os outros abriram caminho para ele. Quando Christopher já havia atravessado metade do pátio, a voz de Wardell quebrou o silêncio.
– Muito bem, imbecil! – gritou ele. Christopher parou de andar e olhou para trás.
– Vá para o inferno! – gritou em resposta. O gorro de Wardell foi lançado ao ar, acompanhado por uma salva de aplausos e gritos. No instante seguinte, vários gorros voavam e todos os garotos vibravam empolgados. – Idiotas – resmungou Christopher consigo mesmo. Ele tirou um gorro imaginário, já que o seu fora rasgado e esfarrapado, sem chance de voltar a ser como era, e saudou-os como se estivesse no palco, embora de maneira bastante irônica. Logo depois, foi cercado por garotos que riam, então erguido e colocado sobre os ombros de Wardell. E, quanto mais ele os insultava, mais os imbecis pareciam gostar daquilo. Ele logo se tornou o melhor amigo de Wardell. E então, é claro, não houve mais nenhuma esperança para ele. Entre todos os desordeiros que surravam e insultavam enquanto cresciam em Eton, o grupo de Wardell era o pior. Além das brincadeiras de mau gosto e o assédio aos habitantes indefesos, eles também apostavam dinheiro, fumavam e bebiam até cair – antes mesmo de atingirem a puberdade. E já começavam a requisitar os serviços de prostitutas. Christopher foi iniciado nos mistérios eróticos no seu décimo terceiro aniversário. Wardell e Mallory – o rapaz que dera a ideia de enfiá-lo na latrina – embebedaram-no com gim, vendaram seus olhos e o jogaram de um lado para outro por mais de uma hora. Depois, fizeram-no subir um lance de escadas até um quarto que cheirava a mofo. Arrancaram suas roupas e, depois de tirarem a venda, saíram do quarto, trancando a porta. No quarto havia um lampião que queimava um óleo malcheiroso, um colchão sujo de palha e uma garota gorducha, com cabelos louros cacheados, bochechas rosadas, grandes olhos azuis e um nariz que não era maior que um botão. Ela olhou para Christopher como se ele fosse um rato morto. Ele não precisou pensar no motivo. Embora tivesse crescido cerca de cinco centímetros desde o aniversário anterior, ainda se parecia com um duende.
– Não vou fazer isso – disse ela. Sua boca se contorceu, teimosamente. – Nem por 100 libras. Christopher descobriu que ainda lhe restavam alguns sentimentos. Do contrário, ela não teria conseguido magoá-lo. Sua garganta começou a arder e ele queria chorar, odiava a mulher por lhe causar aquela sensação. Ela não passava de uma porca ordinária e estúpida, e, se fosse um garoto, ele a espancaria até que perdesse os sentidos. Mas esconder os sentimentos já havia se transformado em uma reação instintiva e natural.
– É uma pena – disse ele, friamente. – Hoje é meu aniversário e eu estava me sentindo tão bem-humorado que pensei em lhe pagar 10 xelins. Christopher sabia que Wardell nunca pagava mais do que seis pence a uma prostituta. Ela fez uma expressão amuada e deslizou o olhar até seu membro masculino. E manteve os olhos fixos ali. Foi o bastante para despertar a atenção dele. E ele prontamente começou a crescer. O lábio da mulher começou a tremer. – Eu lhe disse que estava de bom humor – falou Christopher, antes que ela começasse a rir. – Dez xelins e seis pence, então. Nada mais. Se não gosta do que eu tenho a oferecer, posso ir a outro lugar.
– Eu espero que possa fechar os olhos – disse ela. Ele deu um sorriso torto.
– Abertos ou fechados, tanto faz para mim. Mas eu espero que valha o meu dinheiro. Ele conseguiu o que queria, e ela não fechou os olhos, mas demonstrou todo o entusiasmo que um homem poderia desejar. Havia uma lição de vida naquilo, refletiu Christopher mais tarde, e ele a aprendeu tão rápido quanto todas as outras. Dali em diante, decidiu que adotaria o seguinte lema de Horácio: “Ganha dinheiro honestamente, se puderes; senão, como puderes”.
Olha quem voltou? Tá aí mais um pedacinho do prólogo.
Respondendo Comentários:
Juh Uckermann: Continuando fofa!
Anny Lemos: EU CASO! QUANDO E QUE HORAS? EU JÁ LEIO SUA FIC SÓ QUE EU ERA UMA LEITORINHA FANTASMA (NÃO ME BATA POR FAVOR). GRITE O QUANTO QUISER, É UM PRAZER ESCUTAR SUAS LETRAS. MAIS UMA PARTE DO PRÓLOGO AÍ. - COM AMOR, PARA MINHA MELHOR LEITORA *-*.
Autor(a): Demolidora| Fulaninha Qualquer
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
A partir do momento em que chegou a Eton, as únicas notícias que Christopher recebia de casa eram bilhetes com uma única frase que acompanhavam o dinheiro enviado a cada trimestre. O secretário do pai os escrevia. Quando estava quase no fim do período de estudos na escola, ele recebeu uma carta de dois parágrafos que descrevia os pla ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 257
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stellabarcelos Postado em 23/05/2016 - 15:12:52
Volta a postar linda! Tô louca pra saber o final disso tudo
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Anny Lemos Postado em 05/01/2016 - 09:54:32
COLOQUE SEU BEBE PRA SER VONDY TBM -q
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Anny Lemos Postado em 05/01/2016 - 09:50:29
ISSO AÍ É VACILO! Abandonou? Poxa vida 11/2015 Mia?! :c
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stellabarcelos Postado em 13/11/2015 - 12:40:03
Oh continua! Uma pena você ficar tanto tempo sem postar mas eu vou estar aqui esperando!
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stellabarcelos Postado em 05/11/2015 - 02:49:54
Postaaaaaa
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DaízaVon Postado em 28/10/2015 - 01:41:12
Meu coração pulou quando vi que tinha um novo capítulo. Céus, eu me tornei tão dependente desta fanfic que alguns espinhos furaram minha alma todas as vezes que eu recarreguei a página kkkk não demore desta vez flor, estou anciosa para a vingança da Dul <3
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vondyfforever Postado em 23/10/2015 - 15:12:19
Você voltooooou uhuuuuul! Nao acredito que ele fes isso com a Dul! Postaaa maaaais *-*-**-*-*-*-*-
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stellabarcelos Postado em 22/10/2015 - 22:34:38
Demorou mas voltou . Por essa reação dele eu não esperava! Continuaaa
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stellabarcelos Postado em 10/10/2015 - 10:04:43
Voltaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
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stellabarcelos Postado em 12/09/2015 - 10:33:44
Você precisa voltar a postar! Por favor! Já faz um mês! Estou muito curiosa pro resto da história!