Fanfics Brasil - Capítulo Um O Príncipe dos Canalhas - Adaptada

Fanfic: O Príncipe dos Canalhas - Adaptada | Tema: Christopher & Dulce


Capítulo: Capítulo Um

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Paris - Março de 1828.


Não. Não pode ser – sussurrou Sir Christian Saviñon, consternado. Com os olhos azuis arregalados pelo horror, ele pressionou a testa contra a janela que dava vista para a Rue de Provence.


– Acredito que seja, senhor – disse o criado Withers.


Sir Christian passou as mãos pelos cachos castanhos e desgrenhados. Eram duas horas da tarde e ele havia acabado de se trocar, dispensando o robe de banho.


– Genevieve – disse ele, com a voz rouca. – Oh, meu Deus, é ela.


– É sua avó, Lady Pembury, sem dúvida. E sua irmã, a Srta. Dulce vem com ela. – Withers conteve um sorriso. Estava reprimindo muitas coisas naquele momento. Como o desejo louco de dançar pelo quarto, gritando “aleluia”, por exemplo.


Estavam salvos, pensou ele. Com a Srta. Dulce aqui, os problemas logo seriam resolvidos. Ele havia se arriscado bastante quando decidiu escrever para ela, mas era algo que tinha que ser feito. Pelo bem da família. Sir Christian andara com companhias malignas. Os mais malévolos companheiros em toda a Cristandade, na opinião de Withers: um bando de arruaceiros degenerados comandado por aquele monstro, o quarto marquês de Uckermann. Mas a Srta. Dulce logo daria um fim naquilo, assegurou o criado idoso a si mesmo enquanto rapidamente atava os nós do lenço que sua senhoria usava no pescoço. A irmã de Sir Christian, que já contava 27 anos, havia herdado a aparência encantadora da avó viúva: cabelos sedosos, tão negros que pareciam azulados, olhos amendoados e cinzentos, feições de alabastro e uma figura graciosa – características que, no caso de Lady Pembury, mostraram-se imunes aos efeitos do tempo. Mais importante, segundo o pragmático Withers, a Srta. Dulce herdara o raciocínio, a agilidade física e a coragem do falecido pai. Sabia cavalgar, tinha talento para a esgrima e atirava com tal precisão que se equiparava à dos melhores. Na realidade, no caso das pistolas, ela tinha a melhor pontaria de toda a família, e isso era digno de respeito. Durante dois breves casamentos, sua avó tivera quatro filhos com o primeiro marido, Sir Edmund Saviñon, e outros dois com o segundo, o visconde de Pembury. Tanto suas filhas quanto seus filhos geraram meninos em abundância. Mesmo assim, nenhum daqueles portentosos cavalheiros conseguia atirar melhor que a Srta. Dulce. Ela era capaz de arrancar a rolha de uma garrafa de vinho a vinte passos de distância – e o próprio Withers a vira fazer isso.


O criado não se incomodaria em vê-la arrancar a cigarreira das mãos de lorde Uckermann com um tiro. O brutamonte era uma abominação, uma desgraça para seu país, um patife desocupado cuja consciência não era maior que a de uma barata. Ele havia atraído Sir Christian – que, lamentavelmente, não era o mais esperto dos homens – para seu círculo nefasto e pela estrada íngreme que o levaria à ruína. Mais alguns meses com lorde Uckermann, e Sir Christian iria à falência – se as infindáveis noites de devassidão não o matassem antes. Mas não haveria “mais alguns meses”, refletiu Withers, confiante, enquanto conduzia sua senhoria relutante até a porta. A Srta. Dulce daria um jeito em tudo. Ela sempre conseguia. Chris conseguiu fingir um misto de alegria e surpresa quando viu as duas. No instante em que a avó se retirou para repousar em seus aposentos, entretanto, ele puxou Dulce até o que parecia ser a sala de visitas do estreito – e dispendioso, ela refletiu irritada – appartement.


– Que o diabo a carregue, Dul. O que significa isso? – ele exigiu saber.


Dulce pegou os jornais de esportes empilhados numa poltrona ao lado da lareira, jogou-os por sobre a grade e deixou o corpo cair com um suspiro na maciez das almofadas. O trajeto percorrido de Calais até Paris tinha sido longo, empoeirado e cheio de solavancos. Achava que, graças às condições abomináveis das estradas francesas, seu traseiro já devia estar cheio de hematomas. Ela desejava aplicar uma bela sova no traseiro do irmão. Infelizmente, embora fosse dois anos mais novo, ele era mais alto e mais forte. Os dias em que ela o espetava com um galho, obrigando-o a colocar a cabeça no lugar, já faziam parte de um passado distante.


– É um presente de aniversário – disse ela.


As feições pálidas e de aparência doentia de Chris se iluminaram por um momento, e seu sorriso idiota, familiar e afável apareceu.


– Eu agradeço Dul, é muito gentil... – E então o sorriso se desfez e ele franziu o cenho. – Mas meu aniversário é em julho. Não vá me dizer que você pretende ficar até...


– Estou me referindo ao aniversário de Genevieve – esclareceu ela. Uma das muitas excentricidades de Lady Pembury era sua insistência para que seus filhos e netos se dirigissem e se referissem a ela pelo primeiro nome. “Sou uma mulher”, rebatia ela aos que protestavam que essa terminologia era desrespeitosa. “Tenho um nome. Mamãe, vovó...”, dizia ela, estremecendo delicadamente, “é tão anônimo.”


A expressão de Chris se tornou mais desconfiada.


– E quando será isso?


– O aniversário dela, como você devia lembrar, é depois de amanhã. – Dulce descalçou as botas de pelica cinza, puxou a banqueta e colocou os pés sobre ela. – Queria que ela se divertisse um pouco. Faz muito tempo que não vem a Paris, e as coisas não vão muito bem em casa. Algumas tias andaram comentando a ideia de trancá-la num manicômio. Não que eu me surpreenda. Elas nunca a entenderam. Sabia que ela recebeu três propostas de casamento só no mês passado? Acredito que o


Número Três tenha sido a gota d’água. Lorde Fangiers tem 34 anos. A família acha isso constrangedor.


– Bem, não é exatamente digno na idade dela.


– Ela não está morta, Chris. Por que deve se comportar como se estivesse? Se ela quiser se casar com o garçom da taberna, isso é problema dela. – Dulce lançou um olhar perscrutador na direção do irmão. – Claro, seu novo marido tomaria o controle do patrimônio dela. Ouso dizer que isso preocupa a todos.


Chris ficou ruborizado.


– Não precisa me olhar desse jeito.


– Não? Você parece estar bem preocupado. Talvez pensasse que ela o livraria das suas dificuldades.


Ele deu um puxão no lenço.


– Não estou em dificuldades.


– Ah, então acho que eu é que estou. De acordo com seu administrador, quitar as suas dívidas vai me deixar com exatamente 47 libras, 6 xelins e 3 pence para passar o resto do ano. Ou seja, terei que voltar a viver com meus tios e tias... Ou trabalhar. Por dez anos fui babá dos filhos deles sem qualquer compensação. Não pretendo fazer isso nem por mais dez segundos. Sobra o trabalho.


Os olhos azuis e pálidos de Chris se arregalaram.


– Trabalho? Você quer dizer... Ganhar um salário?


– Não vejo alternativa aceitável – assentiu ela.


– Ficou louca, Dul? Você é uma garota. Encontre um marido. Alguém com os bolsos gordos. Como Genevieve fez. Duas vezes. Você é bonita como ela. Se não fosse tão exigente...


– Mas sou – disse ela. – Felizmente, posso me dar ao luxo de ser assim.


Dulce e Christian ficaram órfãos muito jovens e foram criados por tias, tios e primos que mal conseguiam sustentar suas próprias proles. A família poderia ter tido uma vida confortável se não houvesse tanta gente. Mas Genevieve vinha de uma linhagem de reprodutores prolíficos, especialmente em relação a ter filhos varões – e seus próprios filhos e netos herdaram o talento. Essa era uma das razões pelas quais Dulce recebia tantas propostas de casamento – cerca de seis por ano, mesmo agora, quando já devia estar resguardada, usando a touca de solteirona. Mas ela preferia ser enforcada a se casar e se transformar na égua reprodutora de um pateta rico e cheio de títulos – ou a usar uma touca cafona como aquela. Tinha talento para encontrar tesouros em leilões e antiquários e para vendê-los com um lucro considerável. Embora não ganhasse uma fortuna, nos últimos cinco anos Dulce conseguiu comprar as roupas e os acessórios elegantes que usava, em vez de vestir as peças descartadas pelos parentes. Era uma forma modesta de independência. E queria mais. Passara o ano anterior inteiro planejando o que faria para ganhar mais.



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Autor(a): Demolidora| Fulaninha Qualquer

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 257



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  • stellabarcelos Postado em 23/05/2016 - 15:12:52

    Volta a postar linda! Tô louca pra saber o final disso tudo

  • Anny Lemos Postado em 05/01/2016 - 09:54:32

    COLOQUE SEU BEBE PRA SER VONDY TBM -q

  • Anny Lemos Postado em 05/01/2016 - 09:50:29

    ISSO AÍ É VACILO! Abandonou? Poxa vida 11/2015 Mia?! :c

  • stellabarcelos Postado em 13/11/2015 - 12:40:03

    Oh continua! Uma pena você ficar tanto tempo sem postar mas eu vou estar aqui esperando!

  • stellabarcelos Postado em 05/11/2015 - 02:49:54

    Postaaaaaa

  • DaízaVon Postado em 28/10/2015 - 01:41:12

    Meu coração pulou quando vi que tinha um novo capítulo. Céus, eu me tornei tão dependente desta fanfic que alguns espinhos furaram minha alma todas as vezes que eu recarreguei a página kkkk não demore desta vez flor, estou anciosa para a vingança da Dul <3

  • vondyfforever Postado em 23/10/2015 - 15:12:19

    Você voltooooou uhuuuuul! Nao acredito que ele fes isso com a Dul! Postaaa maaaais *-*-**-*-*-*-*-

  • stellabarcelos Postado em 22/10/2015 - 22:34:38

    Demorou mas voltou . Por essa reação dele eu não esperava! Continuaaa

  • stellabarcelos Postado em 10/10/2015 - 10:04:43

    Voltaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

  • stellabarcelos Postado em 12/09/2015 - 10:33:44

    Você precisa voltar a postar! Por favor! Já faz um mês! Estou muito curiosa pro resto da história!


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