Fanfic: Misteriosa e Sedutora {O Baile de Máscaras} • Vondy

”A minha Noiva Perdida,

Mais um ano passou sem que EU a tivesse em meus braços.

Quantos foram? Quatro? Quatro longos e terríveis anos. Sinto demais sua falta meu amor eterno. Vc ainda espera por mim? Ou encontrou outro? Esse pensamento me persegue e me tortura.

Terá sido minha imaginação que me fez acreditar que estivemos juntos aquela noite, que fomos duas partes de um único corpo? De um único todo?

Vc ainda consegue ver meu rosto em seus sonhos nebulosos, como EU vejo o seu? Vc me ouve doce Dull, com a mesma clareza que ouço sua voz sussurrando ao vento durante a noite e mesclada ao gorjeio dos passarinhos ao nascer do dia? Ou murmurando com as águas do degelo na primavera? Ou EU não sou nada além de uma simples lembrança?

Estou perdendo vc meu doce amor. Sinto isso. E se que se isso acontecer, tbm perderei a parte de mim que vc manteve viva.

Volte para mim! Preciso de vc.”

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Ucker precisou concentar todas suas forças para permanecer na cadeira e não tomar Dulce em seu colo e carrega-la para seu quarto. Era lá, em privacidade, que pretendia lhe contar sobre sua filha. Queria ser gentil e carinhoso com ela na tentativa de amenizar o choque da revelação. Mas doña Isabella havia lhe roubado essa iniciativa.

-         Como ela se chama? – Dull perguntou por fim, dividida entre o orgulho e a angústia.

-         Sarita.

-         É um lindo nome – ela disse com uma sinceridade que lhe roubou a voz. – Quantos anos ela tem?

-         Fez três em agosto.

-         A mesma idade que meu sobrinho Donato. E a mãe de Sarita?

Se aquela conversa não acabasse logo, Dull não conteria as lágrimas. Ucker não permitiria que isso acontecesse. Doña Isabella já havia ido longe demais.

-         EU lhe contarei tudo mais tarde. – Ucker virou-se para a outra mulher. – Está satisfeita agora doña Isabella?

Para surpresa de Ucker, dessa vez ela não insistiu.

-         Lo siento, señor Uckermann. Eu debería ter esperado que desse a notícia a ela em seus próprios termos.

-         Sim, deveria. – Ucker encarou-a e não se preocupou em ser gentil. – EU a acompanho até a porta.

-         E quanto a Sarita? – Dulce quis saber.

A mulher se levantou com a ajuda de Ucker e da bengala.

-         EU a trarei no final do mês para uma visita.

Ucker deteve-se.

-         A senhora disse que...

-         Até agora, vc fez tudo que pedi – doña Isabella interrompeu-o . – Não creio que terá mais problemas.

-         EU fiz tudo que pediu ou mandou?

A mulher deu de ombros.

-         O senhor parece fazer questão de dificultar as coisas.

-         EU? As exigências nunca têm fim. Por que não diz de uma vez o que ainda espera que EU faça?

As palavras de Ucker provocaram um lampejo de cólera naqueles olhos escuros.

-         Cuidado Uckermann. Sarita ainda não está sob sua guarda.

-         Mas logo estará!

Como se não tivesse ouvido, doña Isabella parou diante de Dulce.

-         E quanto a vc? Está disposta a aceitar Sarita como se fosse sua?

-         Ela será minha filha tbm – Dull afirmou.

A declaração fez Ucker empalidecer. Implicava em permanência. E ele não podia se permitir uma aproximação maior. Era sua filha que ele queria, não uma esposa. Em especial uma esposa amorosa e dedicada como Dulce. Apenas Sarita lhe importava.

Não era mais o mesmo homem. Antes ele teria condições de oferecer algo a uma mulher como Dulce. Quando ainda era jovem e inocente e acreditava que o amor era a solução para todos os problemas. Agora não acreditava mais. Nove longos anos de solidão haviam curado sua tendência á fantasia. Tudo que conseguira aprender sobre o amor se resumia em uma palavra: Sofrimento.

A imagem que ele fazia sobre o amor era de uma sombra que envolvia um homem e que levava consigo seu coração e sua alma quando se afastava.

Por isso não podia permirtir que Dulce permanecesse a seu lado por mto tempo. Não queria magoa-la, mas tbm não queria sofrer.

-         Quero minha filha doña Isabella – Ucker insistiu. – Já fui paciente demais. Já cumpri todas as suas exigências.

-         Sim. Só resta agora saber se a casa que comprou é adequada para minha Sarita e se a esposa que escolheu será uma boa mãe para ela.

-         Não me force a ser a ser desagradável, señora!

Por uma fração de segundo, a mulher pareceu se encolher ao aviso.

-         Ela é a única bisneta que tenho. – doña Isabella declarou séria. – Um teto sobre sua cabeça não é o bastante. Se EU decidir que ela não será feliz aqui, fique certo de que a levarei commigo para o México.

-         Se o que está dizendo é verdade, por que me procurou? Por que resolveu me revelar a existência de Sarita se sua neta nunca me disse nada? Não teria sido mais fácil conserva-la para sempre ao seu lado?

Não houve resposta. Ao se retirar, doña Isabella tornou a dizer: - Sarita e EU pegaremos um avião amanhã para San Francisco. Voltaremos no final do mês. Estou interessada em saber como sua esposa se portará até lá.

Dulce ajudou a mulher a caminhar até a porta e se ofereceu para acompanha-la até o carro.

Ucker passou uma das mãso pelos cabelos em um gesto de irritação. Como se não bastasse ter de suportar a presença e as ordens daquela mulher implacável, Dulce não media esforços para agrada-la.

-         Jumbo! – chamou.

Em um piscar de olhos, um homenzarrão entrou no escritório. O que dava a entender, é claro, que ele ficara por perto o tempo todo, de antenas ligadas. Como irmão de Mojo e grande amigo de Penny, ele deveria ter sido encarregado de contar aos outros o resultado da entrevista.

-         Precisa de alguma coisa? – Jumbo se apresentou.

-         Mande servir o jantar. Com bastante bebida.

 O empregado cruzou os braços e balançou a cabeça.

-         Está pensando em se embebedar em sua noite de núpcias patrão?

-         Não é minha noite de núpcias! – Ou era? – Não me olhe desse jeito! Isso não é de sua conta droga!

A sombra de um sorriso passou pelo rosto do homem.

-         Entendi. Champanhe para sua esposa? Ou vinho?

-         Vinho. De preferência. E mantenha seu irmão longe de Dulce, ao menos hoje.

Ucker tinha certeza, contudo, de que o vinho não o ajudaria. Nada o faria esquecer o passado.

-         Ele está curioso. Ao menos tentará dar uma espiada.

-         Faça-o mudar de idéia.

-         Posso tentar. Mas se ele interpretar isso como uma afronta por parte dela, a convivência de ambos será mto difícil.

-         – Cuidaremos disso depois, se for o caso – Ucker resmungou.

Tinha problemas o suficiente para ter de se preocupar com as implicâncias de um empregado por mais que o estimasse. Principalmente porque Dulce não ficaria com eles por mto tempo.

– Então? Vc fala com Mojo ou EU terei de faze-lo?

Jumbo suspirou.

-         EU falo com ele.

CONTINUA...