Fanfic: Misteriosa e Sedutora {O Baile de Máscaras} • Vondy

Durante o jantar, os olhares de Jumbo não poderiam ser mais significativos.

-         Ofereça mais vinho a ela – Dull ouviu Ucker dizer.

-         Mais vinho?

-         Não, obrigada.

-         É um vinho leve...

-         Não estou com sede, obrigada.

Nem com apetite. Dulce havia dispensado a salada e tbm o pão. Ele esperava que ela não fizesse o mesmo com o prato principal e com a sobremesa. Assim como fizera com as tentativas de Ucker de puxar uma conversa.

Irritado, Ucker depositou a taça na mesa com tanta força que o vinho que ficara no fundo pulou, manchando a toalha branca. A única em bom estado que havia na casa.

-         Não a pressione chefe – Jumbo aconselhou enquanto colocava um prato diante de Ucker. – Pode ser que ela não goste de vinho. Se está mto determinado a embebeda-la, tente oferecer outra coisa.

-         Repita a palavra.

Jumbo olhou para Ucker sem entender.

-         Que palavra?

-         Chefe.

-         Chefe?

-         Exatamente. Quero que reflita sobre seu significado antes de tornar a abrir a boca para pronuncia-la. Assim, talvez, consiga conservar seu emprego.

Dessa vez a expressão de Jumbo foi de total perplexidade.

-         O que foi que EU fiz?

-         Em primeiro lugar, está se intrometendo demais onde não foi chamado. Em segundo, está falando o que não deve. Em terceiro, EU não estou tentando embebedar minha esposa.

-         Não é o que parece.

-         Jumbo!

O grito foi o que finalmente o fez entender.

-         Quer que EU me cale?

-         Sim, de sua livre vontade se for possível. Caso contrário, EU resolverei o caso de outra maneira.

Jumbo fez um sinal indicando que seus lábios ficariam selados.

-         Não direi mais nenhuma palavra – ele disse a Ucker e se virou par Dulce. – Posso lhe servir mais alguma coisa?

-         Não, obrigada – Dull se apressou a responder, divertida.

-         Espero que goste. E que coma tudo que coloquei em seu prato.

-         EU não estou com mta fome – Dull explicou.

Jumbo fez um movimento com a cabeça.

-         Espero que não esteja falando sério. Se não comer a comida de Mojo, ele se  sentirá ofendido e virá lhe perguntar o que há de errado.

-         Jumbo! – Ucker chamou a atenção do empregado mais uma vez.

-         Estou apenas querendo ajudar chefe – o homem se apressou a se defender. – Conhece Mojo. EU estou tentando proteger sua propriedade.

-         Minha esposa não é minha propriedade! – Ucker retrucou irritado. Porque se referiam a Dulce dessa forma com relação a ele? Cláudio fizera a mesma coisa. Os dois não viam que Dulce era uma mulher forte e independente sob o aspecto frágil e feminino? – Ela sabe o que quer para si.

-         Esse é seu erro chefe – Jumbo respondeu. – Quando um homem fala assim de um mulher, as rédeas escapam a seu controle.

Ucker olhou para Dulce.

-         Como deve ter notado, Jumbo não é o mais esclarecido dos seres. Talvez seja por essa razão que nunca se casou.

-         Quer um conselho? – Jumbo insistiu.

-         Não.

Dull estava surpresa com o comportamento de Ucker e do empregado. Era óbvio que o relacionamento em questão não era dos mais tradicionais.

-         Não deveria ter comprado uma esposa.

-         EU não comprei uma esposa! Nunca disse que faria isso! – Ucker protestou.

-         Não exatamente, mas foi assim que todos entenderam – Jumbo afirmou.

Ao ver Dulce colocar o guardanapo na mesa e empurrar a cadeira para trás, Ucker tentou explicar:

-         EU não usei essa palavra, doçura. Juro que não.

-         Negociar, então, em vez de comprar? – Jumbo insistiu.

-         Afinal, foi uma troca, não? Vc lhe deu um lar e ela se responsabilizou por cuidar dele.

Dulce se levantou.

-         Com licença.

-         Espere querida...

Ela ouviu o pedido, mas fez o contrário. Não correu, mas se afastou com passos rápidos em direção ao fundo da casa onde ficavam os quartos.

Ucker virou-se para o empregado.

-         Mande Mojo preparar uma refeição leve, coloca-la em uma bandeja e leva-la ao meu quarto. Sem discutir entendeu? Ou vc não verá o sol nascer amanhã nesta propriedade.

Sem esperar por uma resposta, Ucker foi atrás de Dulce. Encontrou-a no corredor que dava para os quartos, olhando para as diversas portas sem saber qual abrir. O problema foi resolvido de uma maneira impetuosa, pela qual Dull certamente não esperava. Ucker ergueu-a nos braços e carregou-a para seu quarto. Para o quarto que agora seria de ambos.

Ele se deteve para acender a luz, mas Dull o impediu. Ela certamente não queria ser vista chorando.

-         Precisamos conversar Dulce.

-         Não é preciso.

-         EU acho que é.

-         Está bem então. Mas não acenda a luz.

Ucker preferia observar as reações que Dulce teria ao ouvilo, mas não discutiu seu pedido. Diante das circunstancias, achava mais do que justo respeitar sua vontade.

Colocou-a na cama e se afastou para pegar uma cadeira. Sentou-se então, de maneira a apoiar os braços no encosto.

-         Sinto muito Dulce. Por tudo que Jumbo acabou de dizer, e principalmente por não ter contado sobre Sarita antes do casamento.

Dull virou-se de lado e abraçou o travesseiro dele. Por um momento, Ucker quase esqueceu o motivo que os levara ao quarto.

Dulce o abraçara da mesma forma na noite do baile.

-         Por que não o fez? Por que manteve segredo sobre sua filha?

Ucker baixou os olhos e observou por algum tempo o brilho da aliança que estava usando.

-         EU estava com raiva. Achei que não lhe devia nada, muito menos explicações.

Foi a vez de Dull baixar os olhos e tbm a cabeça. Os cabelos esconderam seu rosto. Aos últimos raios de sol que se infiltrava pela janela, eles o fizeram lembrar um campo de rosas vermelhas.

-         Estou arrependido Dulce. Não apenas por ter omitido a existência de Sarita, mas por sua existência.

-         Nós não estávamos mais casados. – Dull disse com um fio de voz. – Vc não me devia fidelidade. Entendo que tenha tido uma filha.

-         De verdade? – A pergunta foi feita sem que ele raciocinasse. Mas, subitamente, era de suma importância que Dull fosse sincera.

-         Parece difícil de acreditar, mas é verdade. EU entendo sua situação. Sabe por quê?

Ucker preferia que a conversa fosse encerrada. Mas embora Dulce não estivesse exigindo detalhes sobre sua vida passada, ele achava que ela tinha o direito de saber.

-         O nome dela era Anahí. Ela foi um alento para mim naqueles tempos difíceis.

Dulce olhou para ele, mas foi como se estivesse usando novamente aquela máscara. Sua expressão estava indecifrável.

-         Vc a amou Ucker?

-         Acha realmente necessário me fazer essa pergunta?

-         Vc não se julga capaz de amar alguém, não é?

A pergunta sussurrada na penumbra o fez estremecer. Talvez por causa da frieza com que foi dita. Ou talvez, pela imensa capacidade de compreensão de Dull. Seu perfume o estava inebriando. Sem perceber, ele se inclinou e a atraiu para seus braços.

-         EU te amei um dia Dulce. Isso não basta?

-         Não! – ela protestou e se desvencilhou do abraço. – Vc tem medo de viver Ucker. Nunca pensei que tivesse medo de algo, mas estava enganada.

-         Não se trata de medo minha querida – Ucker retrucou. – Mas de cautela.

Dull virou a cabeça antes que acontecesse um beijo. Mas Ucker recusou-se a solta-la. Ou simplesmente não conseguiu solta-la.

-         O que houve com Anahí? – Dulce quis saber.

CONTINUA...