Fanfic: Misteriosa e Sedutora {O Baile de Máscaras} • Vondy

-         Ela foi apenas um passatempo.

-         E vc? Tbm foi apenas um passatempo para ela?

-         Sim. Ela era uma jovem moderna e rebelde que não aceitava viver segundo as regras impostas pela família.

-         E a família dela soube sobre vc?

-         Sim.

-         E eles a afastaram tbm?

A situação não poderia ser mais irônica. E séria.

-         Não Dulce. Eles não se comportaram como seu irmão Cláudio. Eles a mandaram para fora de casa sem nem sequer um centavo.

-         Como puderam? – Dull indagou chocada.

-         Orgulho ferido. Vergonha. Quem pode saber? A única que a ajudou foi a avó, doña Isabella.

-         Vc não fez nada para ajuda-la Ucker? Por que não a pediu em casamento?

-         EU não sabia que os pais dela a haviam expulsado de casa. Mesmo que soubesse, não iria adiantar nada. Anahí pensava o mesmo que EU sobre casamento. – Ucker apoiou o queixo na cabeça de Dulce. – EU falei a verdade. Não foi um relacionamento sério. Quando percebeu que a paixão havia acabado de ambas as partes, Anahí foi embora pra fora do país com sua avó. Uma semana depois, EU mudei de cidade e arrumei um novo emprego.

-         Nunca lhe contaram sobre Sarita?

-         Não. EU só soube que tinha uma filha alguns meses atrás. A própria doña Isabella me comunicou, disse que a menina tinha nascido depois de um parto complicado de onde Anahí não saíra viva. E minha filha e EU ainda não fomos apresentados um ao outro.

-         A mãe da Sarita mo... rreu? – falou Dul chocada.

-         Sim.

-         Uma surpresa e tanto, EU diria.

-         Mais do que surpresa. Um choque tbm. Depois da boa notícia de que tinha uma filha, veio a triste notícia da morte da Anahí. Apesar de não ama-la, e triste para uma criança crescer sem uma mãe. – falou Ucker.

-         O que terá acontecido para doña Isabella mudar de idéia? Por que, de repente, ela decidiu procurar vc Christopher?

Dulce havia chegado à mesma conclusão que ele. O fato simplesmente não fazia sentido.

-         Por mais que EU refletira a respeito, não consigo entender. Se doña Isabella não quer se separar de Sarita. Por que me contou sobre sua existência?

-         É difícil entender.

-         Ela me concede o direito de cria-la, desde que EU seja capaz de lhe dar um lar.

-         E uma mãe adotiva tbm? – Dulce não pôde evitar a pergunta. Incapaz de responder, Ucker fez somente um gesto afirmativo com a cabeça.

-         Acho que este é um bom momento Ucker, para vc me dizer o que pretende de mim exatamente.

Ucker franziu o rosto.

-         Vc já sabe...

-         EU sei o mesmo que Jumbo. Fizemos um trato. Vc precisava de uma esposa que lhe proporcionasse um lar. – Antes que Ucker pudesse impedi-la, Dulce se afastou e levantou da cama. – Apenas não mencionou que o lar seria para sua filha, e não para nós.

-         EU sinto mto. Já admiti que deveria ter lhe contado sobre minha filha antes de nosso casamento.

-         Como não contou, por que não diz o que quer de mim, de uma vez por todas?

Ucker não sabia o que responder. Levantou-se da cadeira, foi até a cômoda e apanhou uma camiseta.

-         Para vc. Uma camisola improvisada. Nós dois estamos cansados e EU não sei onde Jumbo colocou as malas.

-         Não quero dormir aqui.

-         Então escolha um dos outros quartos. Para mim tanto faz onde iremos dormir.

-         EU quis dizer que não quero dormir com vc.

Ele havia entendido, mas não fez caso.

-         Nós combinamos que dormiríamos juntos e não em quartos separados Dulce.

O tom de voz de Ucker não admitia insistências. Dulce mordeu o lábio e praguejou baixinho. Ucker fingiu que não havia escutado. Tbm fingiu indiferença, mas estava aliviado por ter ganho aquela batalha. Sem olhar para Dulce, ele se dirigiu à porta e abriu-a para verificar se Jumbo havia trazido a refeição. Apanhou a bandeja e estava fechando a porta quando viu de relance, Dulce ajoelhada sobre a cama, vestindo a camiseta que ele lhe dera. Ela estava de perfil. Ele viu rapidamente seu corpo curvilínio. Os seios altos e redondos projetaram-se para cima com o movimento dos braços. Uma onda devastadora de desejo o inundou. E a força de seu olhar a fez perceber o que estava acontecendo naquele momento.

Quando seus olhares se encontraram, ela se apressou a ajeitar a camiseta de forma a se proteger. Ucker fechou imediatamente a porta e o quarto voltou a ficar escuro, mergulhado em sombras.

Mas a respiração se recusou a dar alívio a seu peito. Ele estava ofegante. Tudo que ele queria naquele momento, era se livrar da bandeja que tinha nas mãos e marcar Dulce com sua paixão.

-         Ucker?

A voz de Dulce soou tensa. Ele se obrigou a recuperar o controle. Não podia fazer nada que a magoasse ainda mais. Seguiu para a cama, mais por instinto do que por visão.

-         Vc não jantou. Pedi que Jumbo mandasse preparar esta bandeja.

-         Vc tbm não jantou Ucker.

Ele acendeu a luz do abajur e notou que Dulce havia se coberto com o lençol até o queixo. Conforme suspeitara, havia sinal de lágrimas em seu rosto. Os cílios estavam úmidos e o nariz vermelho. Uma raiva surda o invadiu. Raiva de si mesmo por ter provocado aquelas lágrimas e raiva de Dulce por permitir que ele a magoasse. Sem culpas. Sem expectativas.

Ele colocou a bandeja diante dela. Mojo havia preparado filezinhos de frango e uma salada colorida. Ucker cortou um pedaço do filé e levou-o à boca de Dull.

Ela o aceitou sem protestar. Por fome talvez, mas mais provavelmente por cansaço.

Ele esperou que ela mastigasse e engolisse a porção antes de dizer:

-         Minha proposta é a seguinte. Estou disposto a fazer o que for preciso para ter minha filha comigo. No momento, doña Isabella está com todas as cartas. Se ela. Decidir mudar de idéia e levar Sarita consigo para o México, não poderei impedi-la. A menos que tente obriga-la a me entregar Sarita por meios legais, o que levará anos.

-         Ou seja, EU sou seu único recurso para conseguir o que quer. – Fosse o cansaço ou a conformação, a voz de Dulce soou firme. – Foi por isso que casou comigo. Para conseguir a custódia de sua filha.

-         Sim.

Dull baixou os olhos para que Ucker não visse o conflito de emoções. Sua aparência não demonstrava o que se passava em seu interior. Parecia calma e indiferente. E isso, por alguma razão, o perturbou.

A vontade de Ucker era de segurar o queixo de Dulce e força-la a encara-lo. Mas se isso acontecesse ele poderia não resistir ao desejo de beija-la. Céus! O que estava havendo com ele?

-         O que irá acontecer quando e se  doña Isabella lhe entregar Sarita? – Dull perguntou enfim.

-         Está querendo saber o que acontecerá com vc, não é Dulce? – Ucker adivinhou.

Dulce concordou com um gesto de cabeça.

-         Diga Ucker. O que acontecerá comigo se conseguir Sarita e EU não estiver grávida?

CONTINUA...