Fanfic: Misteriosa e Sedutora {O Baile de Máscaras} • Vondy

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-         Ok. Esse é o fim da linha. Pode marcar.

Dul olhou para trás, sem entender. Estava ajoelhada no chão e ali permaneceu.

-         Marcar o quê?

-         Um traço no chão. – Ucker empurrou o chapéu que havia deslizado sobre os olhos e cruzou os braços. – EU não a fiz parar quando decidiu botar um dos banheiros abaixo. Fui tolerante o bastante. Tbm não dei uma lição naquele eletricista que deveria ser preso por atentado ao pudor. E fui o homem mais compreensivo do mundo apesar de vc ter esburacado o chão e as paredes.

-         Vc foi tudo isso?

-         Sim. Portei-me como um cordeiro durante todo o dia. – E Ucker estava parecendo tão sincero ao olhar para ela que Dul foi forçada a aceitar que ele acreditava realmente em tudo que estava dizendo. – Nenhum outro homem admitiria o que admiti hoje sem perder o controle.

-         Nenhum?

-         Nenhum – Ucker repetiu. – Mas a verdade é que vc foi longe demais.

Dul olhou ao redor.

-         Se está nervoso pq precisei usar seu escritório, acalme-se. Mais cinco minutos e EU sairei daqui.

-         Do jeito que vc espalhou coisas pelo chão, não tenho condições de chegar a minha mesa – Ucker protestou.

-         Mas EU tenho. – Dulce se levantou no mesmo instante. – Basta dizer do que esrá precisando e EU pego para vc.

-         O caso não é esse – Ucker resmungou e indicou os fios espalhados com pequenas lâmpadas presas em toda a extensão.

-         Isso está me parecendo um enfeite de Natal.

Dul apertou os lábios. O tom de voz era de raiva duramente contida. Ucker estava encarando-a como se tivesse cometido um crime.

-         É um enfeite de Natal – Dul confirmou. – Pensei em decorar a casa para o ...

-         Não quero decorações de Natal em minha casa!

-         Vc não quer? – Dulce perguntou espantada.

-         Não. Nem hoje nem nunca. Não comemoramos o Natal neste rancho.

Dul pestanejou.

-         Como assim, vcs não comemoram o Natal?

-         Não comemoramos. Simples assim. Nada de luzinhas piscando dentro dessa casa. Nada de árvores tbm. Nada de fios prateados nem anjos nem bolas coloridas. Acima de tudo, não quero figuras do Papai Noel. As cores vermelhas e verde estão proibida aqui dentro. – Ucker fez uma pausa e esfregou o queixo. – A menos que sejam de comer. – Ucker encarou-a . – Estou falando sério ouviu Dulce Maria? Esqueça o Natal.

-         Não!

Os olhos de Ucker pareceram mais brilahntes.

-         Não quero repetir tudo o que disse aqui Maria.

A briga não chegou a acontecer. Jumbo se apresentou no local no momento exato.

-         Oh-oh! – ele exclamou, olhando de um para o outro, com os braços carregados de milhares de lampadazinhas.

Dul recorreu a ele.

-         Seu chefe está me dizendo que aqui ninguém comemora o Natal. Vc confirma Jumbo?

O homem ficou mudo por um momento.

-         Sou um simples empregado nesta casa madame. Não tenho o que dizer.

-         Vc não diz pq não quer ou pq não pode? – Dulce insistiu.

O homem baixou os olhos.

-         Acho melhor EU não dizer nada madame. Só sei que há cinco anos, desde cqque conheci o patrão, ele passa o Natal trancado em seu escritório com uma garrafa de Johnnie Walker, um bloco e uma caneta, não sabemos para que nem o que ele escreve todos esses anos.

Ucker tirou o chapéu e jogou-o no chão.

-         Jumbo!

As luzinhas tremeram nos braços do empregado.

-         O que EU fiz de errado dessa vez.

-         Se EU quisesse que minha esposa soubesse sobre meu caso com aquela garrafa e aquele bloco de folhas, EU mesmo lhe diria droga! – Ucker encarou Jumbo e apontou o dedo para ele. – Não se esqueça de que sou EU quem assina seu cheque todos os meses!

-         Caramba chefe! Vc é quem precisa se lembrar de que estou ajudando sua esposa a seu mando. Estou apenas cumprindo ordens.

Dulce decidiu que era hora de interromper a discussão antes que sangue inocente fosse derramado. Ela se levantou e apontou o dedo para seu marido, por sua vez.

-         Agora responda para mim. O que vc tem contra o Natal? Ou serei obrigada a recorrer a Jumbo outra vez Christopher?

Ucker não queria que ela soubesse a razão. Sua expressão não podia ser mais clara. Mas ela não desistiria enquanto ele não lhe desse uma explicação. Se Ucker era obstinado, ela tbm era. Viu-o fazer um sinal com a cabeça para que Jumbo se retirasse do escritório.

-         Responda Ucker. Não sairei daqui enquanto não me disser o que quero saber – Dulce insistiu quando ficaram a sós.

-         O Natal me traz más recordações – Ucker confessou.

Para ela tbm. Mais um motivo portanto, para eles comemorarem e substituírem as más recordações por boas.

-         Não poderia me falar a respeito? – ela pediu, agora com extrema gentileza.

Ucker negou com um movimento de cabeça.

-         Sinto mto. Não estou preparado para isso ainda.

Dulce engoliu em seco. Não iria pressiona-lo. Sabia que isso pioraria a situação. Por outro lado, não estava disposta a desistir da decoração natalina.

-         Posso entender sua relutância Ucker, mas desta vez, ao menos, vc não poderá evitar de comemorar o Natal. Não com Sarita aqui.

Ucker estreitou os olhos.

-         Não meta minha filha nesta história!

-         Acredita realmente que o Natal deixará de existir só pq vc prefere ignora-lo? Não meu queriso, pelo menos enquanto EU estiver embaixo desse mesmo teto.

Ele deu de ombros.

-         Tem funcionado, e vc não me desafie.

-         Mas não funcionará comigo. Nem com Sarita. E EU garanto que não funcionará com doña Isabella.

-         Ela não estará aqui nesta época.

-         E EU? Talvez EU ainda esteja aqui no Natal. Minha vontade não conta?

-         Talvez, vc disse certo. Não sabemos ainda. Ou vc já sabe e não me contou?

O modo como Ucker a encarou a atingiu como um golpe. Não queria fraquejar, mas estava sendo mto difícil conter as lágrimas. Aquele não era o homem com quem casara nove anos antes. As circunstancias o haviam transformado em um estranho. Seu coração parecia feito de gelo. O que poderia ter acontecido para ele mudar tanto? O que poderia fazer para ter seu Christopher de volta?

-         Ainda não sei se estou ou não grávida – murmurou Dul.

Um silencio pesado invadiu o ambiente. Ucker olhou para ela e para seu ventre, imaginado ela carregando um filho seu ali e pediu que o desculpasse.

-         Era Natal quando vc perdeu Anahí? – Dul quis saber.

Por um instante, Dul pensou que Ucker fosse sair e deixar-la sozinha. Em vez disso, ele suspirou.

-         Isso não tem nada a ver com Anahí. Não gosto de comemorar o Natal, apenas isso.

-         Então essa é sua última palavra?

-         Sim, esta é minha última palavra.

CONTINUA.