Fanfic: Um garoto com o seu olhar

Capítulo 18 - Movimentos

                O professor Maia, como era comumente chamado pelos alunos, lançara em Felipe um olhar de curiosidade desde que este chegara. Isso incomodava bastante Felipe, que odiava ser o centro das atenções. Mas, logo ele aprenderia que assim que nasce você será vítima de julgamentos pelo resto da vida. E pós-vida.

                Felipe prestava bastante atenção às aulas e achava o assunto particularmente atraente. Pessoas introspectivas como ele gostavam de assuntos relacionados à religião, que estava sendo abordado como tema da aula. Vez por outra o professor e Felipe se olhavam fundo nos olhos, ao que Felipe insistia no olhar. Não gostava da situação, mas sentia-se obrigado a responder à altura. Era uma espécie de jogo psicológico no qual Felipe era uma peça debilitada.

                Após uma hora de aula, o professor questionou a existência de Deus e pediu para que cada um escrevesse uma redação a ser entregue ao final de suas duas horas de aulas. Nesse ínterim, passou a observar Felipe, que percebia claramente. O clima entre os dois estava realmente tenso. Finalmente, chegou o segundo intervalo. Os alunos entregaram as redações, inclusive Felipe, que viu o professor devorando sua redação assim que este saiu da sala.

                No intervalo, Felipe e Emanuel almoçaram juntos. Como eles ainda tinham quinze minutos, Emanuel quis mostrar mais partes do colégio a Felipe. Foram até o ginásio, onde as líderes de torcida conversavam. Estavam todas sentadas em volta do círculo central da quadra, conversando sobre as apresentações que realizariam nos jogos do campeonato interclasse.

                Felipe avistou Amanda e pediu a Emanuel que saíssem. Emanuel obedeceu e, logo em seguida, mostrou-lhe a piscina. Felipe notou que o professor Ronaldo Maia entrara cautelosamente no vestiário masculino, no outro lado da piscina. Parecia querer esconder algo, ou se esconder de algo.

                O intervalo se foi e Felipe voltou à sala de aula, onde a professora de química aplicada aguardava a todos com um teste surpresa. Felipe finalizou o teste em apenas quarenta minutos, o que era uma surpresa, pois a maioria dos alunos não conseguia finalizar nem mesmo utilizando-se das duas horas de aula. Contudo, resolveu não ser o primeiro a entregar o teste, pois percebera nas últimas aulas que a professora não gostava de alunos muito assíduos. Faltando quinze minutos para as 14 horas, Joana entregou o teste. Felipe aguardou cerca de cinco minutos e entregou também.

Felipe saiu da sala e foi em direção ao lado de fora da escola, quando algo chamou a sua atenção. Passava por uma sala onde só estava o professor Ronaldo Maia sentado, mexendo em sua maleta. Jurou ter visto o professor Maia guardando uma arma. Por que um professor de ensino médio portaria uma arma? Logo dentro da escola! Estava tudo muito estranho.

Felipe voltara para casa com o seu avô e não comentara nada a respeito do seu professor de filosofia e política. Mas tudo o intrigava. Além disso, sentia-se triste por não ter mais a presença de Amanda, pois ela voltara para a casa da mãe.

Felipe passou a tarde estudando fazendo o trabalho de biologia que o professor exigira para a segunda. Quando já estava escuro, seu avô perguntou se ele não estava afim de dar uma volta pela cidade.

Vô Schnell: É sexta-feira. Todos os jovens da sua idade vão à praça central. Fica em frente ao cinema, você sabe onde fica. Por que não sai? Pegue a sua bicicleta e vá passear!

                Felipe decidiu sair. Eram sete horas da noite.

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