Fanfic: O Tempo passa | Tema: tempo

    Já havia anoitecido á tempo, e nenhum sinal de socorro, em meus pensamentos mais positivistas já estava começando a cogitar a possibilidade de perecer ali, no meio do mato, sozinha, como era se de esperar de alguém como eu. Contudo em meu mais profundo ser havia um ar de mistério, como se faltasse algo naquela experiência traumática e minha busca por respostas estivesse prestes a ser concebida. Passar a noite ali não era seguro por isso segui á procura de uma caverna, pisando em folhas secas devido outono e consequentemente cheias de lama por causa da chuva, meu tênis moderno que custou o olho da cara mais um rim, já estava pronto para ir para a lixeira, o mais estranho daquela lama, e o mais perturbador também , era que tinha uma consistência diferente das que já havia presenciado, parecia mais pura, levemente pastosa, como as que se usava para fazer máscara de beleza, meu rosto jamais se atreveria á experimentar tal façanha.

      Encontrar uma caverna não foi uma tarefa fácil, fazer fogo seria o ideal mas o canal á cabo havia deixado claro que exigia treino e o máximo que eu havia feito era usar fogo em algum jogo de realidade virtual, pois minha cozinha se resumia a comida esquentada no microondas quando Johny não estava por perto, o que era recorrente devido sua ânsia por trabalho.

     Então era oficial : estava perdida, com fome, enlamada, com frio sem fogo e sem caverna. Assim que me apressei a ficar desesperada como uma garota fresca da cidade, percebi que alguns galhos estavam sendo quebrados, e com toda a inocência deste mundo sombrio, fui ver o que era. Qual não foi minha surpresa quando me deparei com homens trajando umas vestes estranhas, vestes do século 18 , assim que logo percebi o que estava acontecendo: se tratava de um parque temático! Logo que eu disse :

– Ah cara! Finalmente achei alguém, eu vim parar aqui bem no meio deste enorme parque temático! Poderiam me levar de volta á saída? Tenho pressa em tomar uma ducha!- Meus olhos estavam marejados de lágrimas que eu prendia dentro deles, pois não tinham autorização para sair.

     Os dois homens se olharam entre si e deram um sorriso tipico , sádico, psicopata, assustador, com seus trajes estranhos empunhavam algo que parecia ameador e ao passo que se aproximavam, eu me distanciava, quando me dei conta estava correndo com tais homens atras de mim. Não eram funcionários do parque, com certeza!

–Ei! Venha cá senhorita não iremos machuca-la, apenas queremos ajudar com seus....atributos- rosnava aquele nojento de forma cruel.

–Sai pra lá sua barata escrota! - vociferei até que me dei conta de que não necessitava correr! Eu fazia artes marciais e certamente poderia me defender! Parei instantaneamente , com o peito ofegante por causa da corrida, os seres monstruosos possivelmente descendentes de algum vilão de anime psicopata vieram e pararam ao meu redor dizendo palavras desnecessárias de serem mencionadas. Assim que tentaram me atacar eu desviei e quando estava prestes a lhes dar um surra como nunca haviam sentido na vida medíocre deles, um homem , de aparente idade semelhante á minha, apareceu como um fantasma agarrou os dois me impedindo de lhes darem o que mereciam, e com sua mão certamente mais refinada, como sua aparência elegante, desfechou um soco nos dois , ao mesmo tempo, pude ouvir seus gemidos de dor, o que me causou imenso prazer , admito!

     Os dois cambalearam e saíram correndo enquanto ouviam os gritos do homem desconhecido:

–Como se atrevem a tentar tirar a honra de uma donzela , vadios! - o homem parecia estar vermelho de raiva uma veia semelhante a que me recordo ver em Johny, pulsava com ferocidade em seu pescoço.

      Tal homem se virou em minha direção, seus olhos eram negros de uma expressão firme, seu corpo esbelto e roupas refinadas como nunca havia visto, certamente era um fantasia cara! Mas como funcionário deveriam disponibiliza-la para ele gratuitamente em troca de seus serviços.

– A senhorita está bem? Desculpe-me minha falta de refinamento, porém conclui que fosse..senhorita- ele disse se curvando diante de mim. Estava surpresa, muito surpresa.

– Nossa! Você me safou de uma hein cara! Agora por favor pode me levar para o seu chefe? Sabe o dono do estabelecimento, estou exausta, mas devo admitir que seu profissionalismo é gigantesco já que não deixa de atuar em momento algum- Eu estava absolutamente certa de que era um parque temático, e também estava sorridente ao ver alguém com um vocabulário tão nobre, tão diferente do meu naquele momento.

     Havia confusão no olhar do homem e por melhor que tenha sido meu elogio ele apenas se dignou a dizer:

– Creio que a senhorita esta necessitando de repouso, a encaminharei para minha residencia pois é certo que as criadas e minhas irmãs brevemente a farão melhorar. Meu nome é Charles Abott, espero que se recupere em breve- disse me mostrando o caminho enquanto seguia para o que parecia ser, entre as folhas, um cavalo negro de pelagem absurdamente brilhante. Notei também que quando me viu corou imediatante, ao olhos sem querer minha calça jeans, porém não disse uma palavra sobre o fato, talvez sua atuação não permitisse, logo que poderia haver câmeras, o que explica como me encontrou. Mas me pergunto porque não veio com uma moto daquelas de andar no barro? Sujeito estranho! Mas eu não tinha outra chance de escapar dali então o segui e permiti que me fizesse montar no cavalo, eu era uma negação nisso.

    Mesmo com sua ajuda quase cai umas seis vezes, jamais sonharia que teria que fazer isso então não via motivos para treinar ou mesmo me arriscar em algo tão patético; ao meu ver era.

    Para minha surpresa Charles seguiu viagem em silêncio, olhando disfarçadamente para mim, um olhar curioso que não me agradava . E a única coisa que passava pela minha mente é que aquele parque era fenomenal, de uma extensão gigantesca.