Fanfic: O dia em que a Terra parou | Tema: História Original
Levando minha mão trêmula a minha bolsa eu tiro de lá um pequeno binóculo e o estendo para Aaron.
Ele, que estava agachado no alto de uma duna que ali perto havia, pega o binóculo de minha mão e logo se põe a observar o horizonte com uma incrível atenção.
Deixo-o continuar seu trabalho enquanto eu olho ao redor para ver se não havíamos esquecido nada.
Aparentemente, tudo certo. Dou um sinal positivo para Jake e Leo que dão toques apressados nos vidros blindados do enorme tanque avisando que já poderiam dar partida.
Mas antes mesmo de Mike ter a chance de pousar suas mãos sobre o volante, Aaron se joga em cima de mim.
Um som esganiçado de tiro é ouvido, e as crianças, assustadas, gritam já alteradas.
Sinto o ritmo acelerado do coração de Aaron sobre meu ombro agradecendo-o internamente por ter me salvado. Ele apenas levanta com pressa e me dá tapinhas nas costas. Dou-lhe um sorriso rápido e aceno com a cabeça.
Ele passa o binóculo para as minhas mãos e se dirige aos garotos falando algo inaudível para mim. Tomo coragem e me levanto um pouco na tentativa de ver o nosso inimigo.
O que acabo de ver me congela os ossos.
A WNGO nunca se deu o trabalho de apresentar seus próprios soldados para nos caçar, nem mesmo no dia do ataque à Base. Porque eles apareceriam justo hoje?!
Seus soldados vestiam negro da cabeça aos pés. Suas máscaras de gás me davam arrepios e suas armas me amedrontavam, mas foi outra coisa que me chocou, foi uma bandeira familiar.
Ela era metade preta e metade branca, e em seu centro a figura de uma pomba com as asas abertas era gravada.
Eu nunca esqueceria aquela bandeira. Como poderia?
Depois que os jatos decolaram naquele dia, eu só conseguia pensar em quando voltaria, em quando veria meu pai e conhecidos novamente.
Mas eu, egoistamente não queria ter voltado. Queria ter morrido em dúvida.
A Base estava em pedaços, literalmente. Não era possível distinguir nada por dentro dela, nem sequer conseguíamos entrar, a única coisa que ali permanecia intacta era a bandeira. Aquela maldita bandeira.
Fincada no coração de meu pai. E A Base teve o mesmo destino de seu líder.
Cerrei meus punhos com tanta força que poderia jurar que as marcas ficariam ali para sempre, como símbolo de meu ódio.
– E-Eles... Estão aqui... – Gaguejei, só que desta vez não havia hesitação ou temor em minha voz, era simplesmente o rancor falando por mim.
Leo olhou confuso para mim – Ãhn, nós sabemos disso.
– Não... – balancei a cabeça negativamente travando minha mandíbula – Não... São eles, a WNGO.
Senti olhares surpresos sobre mim e Leo arrancou o binóculo de minhas mãos num gesto desajeitado, enquanto Jake e Aaron se limitaram a olhar para mim.
– Beleza, beleza... Acho que já está na hora de ir, não é mesmo pessoal? – Leo olhou espantado para o horizonte e coçando a nuca veio correndo em nossa direção.
Mike anuiu do tanque com a cabeça e o ronco do motor foi o único som emitido por nós naquele instante de tensão.
Mas o silêncio seguinte não durou por muito tempo. Há poucos metros de distância soldados em suas vestes negras lançavam impiedosamente algo semelhante a bombas ou granadas. Não tivemos tempo para sequer esboçar reação diante o perigo iminente, logo explosões podiam ser ouvidas até mesmo pelo tanque, que já estava a uma considerável distância de nós.
Nossa missão era simples; Atrase se puder, corra se não quiser morrer.
Mas as bombas de fumaça dificultavam consideravelmente nosso objetivo. Até então não tínhamos noção de quantos eram e se ainda havia mais do que os avistados. Um calafrio percorreu minha espinha. Apertei a submetralhadora que eu carregava rente ao meu tórax. Vendo que todos estavam bem indiquei a eles para continuarem, o tanque, por enquanto, estava a salvo.
Trotando apressadamente, nós quatro olhávamos frequentemente para trás temerosos. Tudo estava calmo demais para uma caçada, lento demais.
Não deixei as minhas preocupações me subirem a cabeça e indiquei aos garotos para que acelerassem o passo.
O gás aos poucos baixava nos dando uma magnífica visão do pôr do sol em meio ao mar de areia que nos rodeava, e logo também revelou manchas negras no horizonte.
Ouvi um arfar coletivo vindo de meus companheiros e logo percebi ao que se referiam. O número de soldados não passava de pouco mais de 10.
Franzi as sobrancelhas para Jake e ele também pareceu confuso. Porque Hannah faria tanto alarde por um número tão pequeno? Poderíamos muito bem ter armado uma armadilha ou algo do tipo.
Troquei um olhar com os três enquanto apontava para o rádio, eles anuíram com a cabeça. Tomei a frente deles e comecei a correr até tomar uma boa distância.
Pedi por cobertura e logo em seguida ouvi o som de tiros sendo disparados. Tentei meu máximo para aguentar firme e continuar sem olhar para trás, e assim o fiz. Quando tomei uma distância significativa agarrei o rádio que até então estava preso a minha cintura e disquei o número dado por Hannah.
Autor(a): U5H10
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– Hannah?! Olá?! – Eu gritava com o aparelho, pois o barulho que ali havia era mais do que ensurdecedor. Os tiros desta vez vieram acompanhados de gritos apressados que eu identifiquei ser de Jake comandando os outros dois garotos. A ventania agora se transformara em uma terrível tempestade de areia, não conseguia ver mais do que a ...
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